Lavagem do Bonfim 2017
Contar estórias e histórias; ficção e realidade se misturando para fazer rir, chorar, viver.
segunda-feira, 30 de outubro de 2017
quarta-feira, 25 de outubro de 2017
Podia ser bem diferente
O relógio da sala badalava. Ela,
acordada, ouvia do quarto,: duas, três, quatro horas da manhã. Inútil tentar
dormir, melhor levantar e ir fazer alguma coisa; ler por exemplo. Pegou o
livro, mas não tinha qualquer concentração para a leitura. Uma leve dor no
peito que ela não entendia. Da última vez que falou com um médico sobre isto,
após ter feito exames de sangue, eletro e outras coisas mais, ele lhe disse que
isto era angústia.
Angústia! Que tipo de angústia é
esta que doe tanto, que é dor física mesmo? É como se dentro do seu peito
tivesse uma madeira que quer entrar em algum lugar e encontra resistência,
então ela aumenta a pressão. É assim que dói. Dor passageira? Sim, mas
frequente.
Por que esta angústia? Agora que tudo já deveria estar completamente
apaziguado, controlado até, aparece esta angústia? Por que e para que? Sexagenários não deveriam sentir mais nada,
principalmente dor no peito. Não é bom para saúde nem física e nem mental.
O tempo inexorável passou. Alguns
sonhos vão ficar no caminho, não serão mais realizados, não há tempo e nem mesmo
força física para eles. Então você, beirando os setenta, vai sair do seu país e
morar em outro? Evidentemente que não, mui principalmente quem ganha em reais.
Vai para onde?
As limitações começam, as enfermidades
também, por mais que se faça exercícios, tente a alimentação saudável (kkkkkkkkk
esta é boa), o tempo é inexorável e não dá para esconder os seus efeitos, mesmo
com as plásticas rejuvenescedoras. Triste, até porque ela está pensando nisto
de madrugada. Evidente que sabe que muitas pessoas, como ela, estão curtindo
uma insônia, mas, puta merda: precisa ser assim!
Nunca teve problemas para dormir,
agora parece que tem um reloginho biológico que gosta das três horas da manhã,
ou será para lembrá-la que tem de rezar! Sim rezar, porque a porcaria do
relógio, um deles, porque ela não satisfeita com um, tem dois, a cada um quarto
de hora, toca um quarto da Ave Maria. Acreditem, é verdade.
Bom, se era para lembrar que tem
de rezar, continua a oração onde o relógio deixou, mas de nada adianta, a sua
angústia continua, parece até crescente.
Pega o computador e tenta
escrever. Sim, ela adora escrever da vida e sobre ela, mas não da sua, e agora
tem de colocar no papel o que sente, porque não tem amigos, não pode falar com
ninguém das suas dores; pior ainda, se falar as pessoa vão fazer comentários tais como: Com uma casa
desta! Com a vida que você tem! Você está procurando problemas onde não
tem. Sim, ´problemas onde não tem: esta
expressão sempre é utilizada pelo seu companheiro. Problemas onde não tem! Ah
se eles soubessem quantos: a vida de um complicada: a casa de alguém que está
caindo, é uma tia doente que precisa de alguém para tomar conta de si, é uma
amiga com câncer de mama, é um sonho de alguém que não se realiza, é a sua
própria sorte indefinida no momento, definida só na idade, mas indefinida em
tudo mais.
Ninguém venha para cá dizer que
todos tem a sua vida e que você tem de viver a sua sem se preocupar com a do
outro. Engano! Não pode ser assim, não há como a pessoa afastar o outro desta
maneira, mui principalmente quando o outro, se não tem afinidade sanguínea, tem
a do coração. Como alguém pode estar bem se não pode, nem mesmo, ajudar o outro
seja materialmente seja espiritualmente. Não, não se pode ficar bem. E não é a
história de tentar ser “espiritualista” que vai resolver. Não, não é isto! O
outro precisa é de coisas materiais, coisas físicas e não de conforto espiritual.
Alguns até precisam dele, mas, antes dele, você tem de resolver o problema
material, porque ele é premente.
É, parece que ela vai viver
angustiada ainda durante muito tempo. Não se conforma de não poder ajudar, não
entende porque as pessoas tem de passar por determinadas coisas. Não pode ser
feliz com tantas coisas acontecendo com pessoas de quem gosta. Ninguém pode ser feliz assim.
Chora muito, aliás tem chorado muito por toda a sua vida, pois sempre se
preocupou em demasia com os outros: irmãos, amigos, até mesmo desconhecidos.
Uma vez, uma pessoa que se diz
muito espiritualizada, lhe disse que cada pessoa tem seu carma, tem de passar
por isto e por aquilo, e que a gente não deve nem mesmo tentar interferir. Não
acredita que seja assim, que porra de destino miserável é este, que traz ao
mundo alguns que, desde o momento do nascimento sofrem, passam necessidades,
alguns nunca alcançam seus sonhos? Não é
correto isto, não pode ser assim.
Depressão!, Não isto não é
depressão. Angústia! Sim, ´pode ser. Vai passar? Não, não vai, porque ela vai
morrer assim, está envelhecendo assim, pensando, tentando entender, querendo uma
igualdade que sabe não é possível.
sábado, 16 de setembro de 2017
Quem encontrar, não deixe escapar
Cada encontro uma festa, cada olhar uma
emoção, cada toque um verdadeiro calafrio.
Sim, era assim que vivia aquele
imenso amor. Não tinham vergonha de nada, nem mesmo de demonstrar o amor que
sentiam um pelo outro. Bem verdade que ela não gostava de agarramentos em
público, mas também nem precisava, todos que os olhavam sabiam que ali existia
amor, cumplicidade, paixão.
A cada dia uma nova descoberta do
outro, a cada momento um conhecer, seja de defeito seja de qualidades.
Qualidades! Sim, ambos as tinham:
ele muito mais que ela, pois tinha uma virtude imensa, que era a paciência. Ela
muito menos paciente, dir-se-ia até mesmo nervosa, mas ele classificava o
nervosismo dela como ansiedade.
Brigavam, sim, brigavam, ou
melhor, tinham desentendimentos, a maioria deles provocados por ela, mas nada que um pedido de desculpa
não resolvesse, as vezes nem necessitava a desculpa, um simples olhar e já
estava tudo mais de que esquecido.
Nunca viveram juntos, é verdade,
e talvez por isso mesmo é que as coisas funcionassem tão bem. Ambos ficavam
saltitantes quando marcavam alguma coisa, uma festa, um show, um passeio, um
café, enfim, só a perspectiva de estarem juntos já era suficiente para que a
emoção estivesse á flor da pele
Ela se arrumava para encontra-lo,
embora ele a achasse linda de qualquer maneira, aliás ele tinha verdadeira
tesão pela calça jeans, camisa, um cinto largo e as velhas botas de cano alto,
complementados pelo casaco e cachecol.
Ele sempre dizia que ela ficava maravilhosa de saltos altos, parecia uma
artista. Sim, ela bem o sabia, este tipo de roupa lhe caia bem, mas quando ela
estava de saia, vestido, era a mesma coisa, o olhar dele brilhava do mesmo
jeito.
Sabia quando ela estava com uma
peça nova. Percebia quando ela aparava,
minimamente, os cabelos. Se mudava o tom da pintura dos cabelos ele não deixava
passar desapercebido. Quando não gostava do que ela vestia, simplesmente nada
dizia, tempos depois, comentava que aquela roupa não lhe favorecia muito.
Ela estava encantada, um homem
como aquele nunca passara pela sua vida, parecia que ele adivinhava os seus
pensamentos, aflições, tudo.
Se gripava, lá vinha um chazinho
de limão quentinho. Dor de estomago, um chazinho de erva doce, uma dor de
cabeça uma grande preocupação. Se estava deitada com algum problema, lá estava
ele, juntinho dela, alisando a sua cabeça, ou apenas segurando a sua mão.
Adorava quando ele sabia que ela
estava preocupada, chorosa por algum motivo, ele deitava e fazia com que ela
deitasse e repousasse a cabeça sobre o seu peito e ficava ali lhe fazendo
carinho horas a fio.
Sabia respeitar tudo, cansou de
deixa-la sozinha porque ela precisava estar só naquele momento, ele percebia e
não lhe questionava, pois entendia que era o melhor para ela fazer a sua
introspecção.
Adoravam visitar lugarejos, lugares
pequeninos, onde a vida parecia ter estacionado no século XVIII. Ruínas,
muralhas, aquedutos, igrejas: quantas visitadas, ele até perguntava-lhe quando
estavam chegando em algum lugarejo pela
primeira vez: Primeiro a Igreja não
é? Sim, primeiro sempre a Igreja.
Gostavam de sentar em mesas das tendas que eram armadas nos dias de feira
destes pequenos lugarejos. Como se divertiam.
Qualquer programa estava bom para
eles, de feiras aos domingos pela manhã, a discotecas. O que gostassem é que
seria o programa do dia.
Divertiam-se muito, muito mesmo,
mas tudo tem de ter um começo, um meio e um fim. E chegou o dia do fim deles.
Tristes, chorosos, uma despedida que parecia tão remota, mas que tinha de
acontecer. Ele teria que arrumar algo para fazer em outro lugar, pois onde
residia as coisas estavam complicadas, e ele iria procurar novos horizontes.
Ela, por sua vez, acabara tudo o que fora fazer naquelas paragens, não havia
mais como continuar vivendo ali. Forçados a uma separação que não queriam, num
triste dia de outono, cada um para o seu lado, e pronto, tudo acabado, Resta, de tudo isto, ao
menos para ela, uma lembrança boa: conheceu um homem com alma feminina, um
homem que sabia dos sentimentos de uma mulher e da importância de um carinho,
de uma palavra, de um gesto, de um olhar. Um homem que respeitou tudo, até
mesmo os seus calundus.
Ela só pode agradecer e pedir
que, onde ele estiver, esteja bem e distribuindo, se não amor, mas o seu olhar,
o seu carinho, a sua atenção, seja para uma mulher, seja para quem precisar de
um amigo, de um companheiro.
Saudades.
segunda-feira, 7 de agosto de 2017
Paraíso e o Bolero
E lá ia ela toda cheia de planos.
Estava feliz, estava a caminho de realizar um sonho, um pequeno sonho, mas um
sonho e prestes mesmo a materializar-se. A estrada ia passando, para ela era como se fosse a
estrada que se movesse, e não o carro onde ela ia feliz ao lado do parceiro que
se propusera ajudá-la no “ come true” daquele devaneio.
Organizara tudo, vinha
idealizando a coisa fazia tempo. Não poderia dar nada errado, não queria
incomodar ninguém nem fazer ninguém sofrer, apenas queria dar asas a sua
imaginação e fazer o que sempre tivera vontade, desde os tempos de menina,
quando os sonhos daquele tipo eram proibidos, tão proibidos e pecaminosos, que
nunca tivera coragem de revelá-los a quem quer que fosse.
Xitãozinho e Xororó cantavam
bolero e ela ria, pois aquela trilha
sonora fazia parte de tudo que ainda estaria por vim naquele final de tarde
inicio de noite em que tudo seria permitido e tudo poderia acontecer.
O verde ainda predominava na paisagem, do carro,
mesmo com a velocidade, ainda se avistava aqui e ali algumas coisinhas brancas se mexendo, vacas nelore pastando naquele imenso gramado,
que se perdia de vista.
Tudo perfeito até então. Nenhuma
detalhe esquecido. |A garrafa de Champagne, as taças, o queijo de cabra,
fatias de jámon, um paté , torradinhas, água mineral com gás. Na dúvida, mais
uma garrafa de champanhe por gelar, mas isto não seria problema, com certeza,
onde ia, seria fácil gelar, mesmo que acabasse o gelo que estava na caixa
térmica, onde tudo estava guardado. Mentalmente visualizou tudo que estava no
carro: sim, não esquecera de nada, tudo perfeito. O CD com as músicas, o
computador carregado, tudo, tudo
certo, aquela noite ia ser perfeita, nada ia estragá-la.
A estrada reta já dava os
primeiros sinais da proximidade do destino final, saída a 30km. Menos de meia
hora separavam aquele instante do momento ideal, correto, certo. Mais verde, mais água, menos luminosidade;
para Paraíso, aguarde no acostamento e
vire à esquerda. A entrada era perigosa.
Não tinha rótula, não tinha nada, apenas este
pequeno aviso, se alguém não estivesse atento passaria batido.
Entram na estradinha minúscula
que levava a Paraíso. Seria mesmo um
Paraíso? Quem já esteve no local garante que sim. O hotel reservado, não
quisera correr risco, mas depois de andar bem uns trinta km naquela estradinha
de pedrinhas que batiam no fundo do carro, começou a achar que não era
necessário ter reservado o hotel, correra um risco desnecessário, era melhor
chegar e pronto, mas preferiu correr o risco de que não ter onde ficar, ainda
mais que o objetivo era ficar exatamente no hotel convento: E se chegasse ali,
depois de toda aquela preparação e não tivesse um quarto? Melhor assim.
A noite já tomara conta de tudo,
mas havia uma lua que também parecia ter sido programada, aliás, assim podia ser concebida, pois ela
escolhera, propositadamente, aquela noite, exatamente porque sabia que a lua
estaria cheia e iluminaria mais os seus sonhos.
Agora percebia o acerto desta
escolha, a iluminação da estrada, onde não passava nem gente e nem outro carro, naquela paisagem
só o carro em que eles estavam e o caminho, que parecia estreitar a cada avanço
estava iluminado, graças a enorme lua que acompanhava o veículo...
De repente uma luz lá no alto e
bem distante: “Será ali, onde está aquela luz”?
- Acho que não, ainda faltam uns
vinte e cinco km.
- Tudo isto? E se esta estrada
afinar mais? Não chegaremos em lugar algum e teremos de voltar.
- Não se preocupe. Se ela
estreitar mais voltaremos.
- Só se for de ré.
- Kkkkkk, não se preocupe,
daremos um jeito. Se anime porque estamos muito próximos.
Calada, pois não queria que a sua voz
indicasse a sua apreensão, olhava
o riacho que acompanha a estrada. A lua permitia que ele fosse visto, e não só: permitia que a sua
beleza deixasse nela a vontade de pedir para parar o carro e entrar naquela água,
que de cima da estrada parecia tão clara, límpida.
Perdeu-se neste pensamento e o
tempo passou mais depressa. Percebeu que o radio do carro não mais tocava nada,
ali, naquela imensidão do nada, ele não
funcionava
“Seráque o computador vai funcionar?
Se não funcionar não posso colocar música e ela faz parte desta estória. Não,
não queria pensar nisto, mas o pensamento não se desfazia, entretanto, lembrou
do aparelhinho de CD e se tranquilizou, ouviria música sim.
A luz se aproximava vagarosa.-
Faltam somente cinco KM.
-Só!, aquela luz não deveria
estar mais perto?
-Não, aquela luz não é do hotel
para onde vamos, ela não teria condição de aparecer, porque o hotel não fica em
um alto.
-Não fica em um alto? Duvido.
Então o hotel não é uma velha construção de padres? Não é um convento antigo?
-Sim, lembre-se que
padres não são militares, e não precisavam de conventos em cimos de montanhas,
o hotel fica no centro da cidade de
Paraiso.
-No centro da cidade? Em local
muito movimentado?
- Paraíso! Local movimentado? Kkkkkkkkkk.
De repente ela vê uma placa PARAISO, 2,5km
Mais um pouquinho: “Prepare-se: Você
está há 1,km do PARAÍSO”
“BEM VINDO AO PARAÍSO”.
Um muro de pedra começa a
aparecer do lado direito da pista, uma mureta na verdade, mas pedras que
deixavam que os visitantes lhe adivinhassem a idade, muito velhas mesmo, aquilo
parecia um muro romano, se estivesse na Europa, certamente, estariam entrando
em alguma ruina romana
Um arco feito com as com as mesmas pedras aparece e eles passam por
ele e entram, efetivamente, em Paraíso.
As ruas de pedras faziam o carro
balançar. As casinhas todas fechadas, nenhuma janela aberta, ninguém pela rua,
parecia uma cidade fantasma, não fossem as luzas que se entrevia pelas frestas
e vidraças das janelas fechadas, parecia que nelas não morava ninguém. De repente uma praça enorme e, do seu lado
direito, uma imponente construção: uma igreja com três torres, toda pintada de
branco, cada torre com um sino imenso e, ao lado da Igreja, parecendo sair da
sua lateral como um apêndice, uma constrição de dois andares que se perdia de
vista, tão branca quanto a própria Igreja e com janelas e portas verdes.
-Meus Deus, quem faria uma
construção desta num lugar deste?
-Os beneditinos. Aquele era um
convento beneditino, que fora ali construído no século XVII. Ela procurara
saber de toda a história, que era mesmo fantástica, e por isso mesmo o
desejo de ali realizar aquele sonho que
de há muito a acompanhava.
Param o carro e entram pela porta
lateral semiaberta: Não há vivalma ali. Uma
companhia, daquelas que parece uma sineta. Batemos, não batemos? O que faremos
então? De repente, veem, embaixo da sineta, um papel e uma
chave: Hóspedes Juliana e Joshua,
chambre 10. Boas vindas e tenham uma boa noite.
-Será que só nós estamos aqui
hoje?
Ao lado da portaria uma escadaria
gigantesca. Toras de madeira trabalhadas imensas, seja na expessura seja na
largura: a escada devia ser formada por madeira de 2 a 2,5 de largura. E eles
pegaram as coisas no carro e subiram aquelas escadas, que ressoava
apenas as suas próprias passadas. Um claustro imenso aparece quando chegam ao último degrau, uma placa e uma seta indicam onde ficava o quarto que eles procuravam. O último
do fim do corredor ao lado direito. Enquanto se encaminhavam para o quarto
olhavam o pátio lá embaixo, muitas flores, um lago artificial, muitas e
muitas plantas e muitas, mas muitas mesmo,
orquídeas, que se amostravam sob a luz do lar. Ela queria vê-las todas e
de perto, mas àquela hora, pensa que tinha mais coisas a fazer de que ver
orquídeas.
Chegaram ao quarto; sim, ali havia sido, sem a menor dúvida, a
cela de um beneditino. Embora a adaptação feita para acomodar hospedes tenha
sido muito bem feita, não retirou a originalidade da construção e da sua
finalidade. Uma só janela que dava para
um bosque. A cama imensa, um antigo
móvel fantástico do lado direito. O armário embutido atrás de uma madeira rústica,
o frigobar que ali também estava instalado e uma passagem, que só de olhar lhe fez tremer; era uma passagem mesmo, entre
aquelas paredes de quase um metro de espessura, uma fenda que dava para um
vasto banheiro, fantasticamente trabalhado, mas cujo piso ainda trazia a marca
dos votos da pobreza feita pelos monges que habitaram aquele convento.
Ela estava radiante, aquele local
era parte do seu sonho, ela sempre sonhara em dormir num quarto daqueles,
depois que tomou conhecimento que os antigos conventos e castelos
medievais viraram pousadas, ela
alimentou aquele desejo de dormir em um convento, mas num quarto que já
pertencera aos padres, embora já tivesse dormindo, muitas vezes, nos
dormitórios coletivos dos internatos dos conventos por onde passou, talvez por
isso mesmo sempre tivera a curiosidade de saber como seria uma “cela” de um
padre ou de uma freira, pois nunca lhe permitiram entrar.
Olhou tudo, viu as toalhas
brancas, limpíssimas, as roupas de cama bem alvas, a coberta de fustão, enfim,
tudo arrumadíssimo. Abriu a caixa térmica e olhou se tudo estava sob controle,
tirou o queijo, o presunto, o patê e
colocou em uma bandeja que estava em cima do móvel.
Disse a Joshua que ia tomar um
banho e lhe perguntou se não seria
melhor darem uma volta na cidade para ver o que encontravam. Ele riu e nem disse sim e nem não, apenas aproximou-se
mais dela e lhe deu um grande e caloroso beijo, que a deixou bem excitada e sem
já sem muita vontade de repetir o convite.
Foi para o banheiro com a sua
mala. Entrou naquela câmara e ficava tentando entender porque ali, ao invés de
ser um local hiper quente, chegava mesmo a fazer um friozinho, quando tirou a
roupa notou o endurecimento imediato dos mamilos, que, a bem da verdade, já
estavam bem calibrados após aquele
beijo, prenuncio do que estava por vim.
Entrou no box e deliciou-se
naquela água fantástica, o chuveiro era mesmo fabuloso, estava ali embaixo
daquela cachoeira, deixando que a água quentinha molhasse todo o seu corpo, que nem percebeu Joshua entrando no banheiro e no box, só sentiu mesmo a sua
presença quando ele já estava agarrando-a, puxando-a para si e lhe fazendo os
mais diversos carinhos, aos quais ela não resistiu mesmo e, ali mesmo, se
amaram e muito.
Enrolados nas toalhas saíram
daquela câmara do prazer falando exatamente
do que poderia ter acontecido naqueles quartos. Lembraram de Humberto
Eco em O nome da Rosa e realmente
perceberam que em um lugar daqueles seria muito fácil mesmo
viver uma vida dupla, entre a santidade e a safadeza. Ali as paredes não
permitiriam que ninguém ouvisse o que se fazia dentro daquelas celas, dificilmente alguém seria salvo até
mesmo de um assassinato.
Vestiram a roupa e decidiram
procurar um local para um jantar romântico regado um bom vinho. Saíram caminhando do hotel e a
Praça parecia dormir, nenhuma pessoa, nenhuma porta aberta, só eram oito e trinta da noite. Deram a volta
inteira na praça e decidiram retornar ao hotel, talvez o restaurante do estivesse
funcionando, ao entrarem no hotel, mais uma vez, não havia qualquer pessoa na
recepção. Bateram a sineta, mas ninguém apareceu, deram uma volta pelo pátio,
olharam as orquídeas de perto, muitas e de diversas cores e formas, lindas, mas
gente que era bom, nada. Quando estavam
desistindo, viram mesas e cadeiras do lado direito e deduziram que ali seria o
restaurante, todavia, ao se aproximares constaram que as portas de acesso
estavam fechadas, ou seja, iam para o quarto mesmo, não havia Esperança de
encontrar nada aberto e nem qualquer pessoa para dar informações.
terça-feira, 20 de junho de 2017
Quatro décadas depois
Era uma segunda feira
como outra qualquer. Fôra para a faculdade como era normal, teria aula de
Introdução ao Estudo de Direito, ou Teoria Geral do Direito, com Machado Neto,
que, mais uma vez, e com certeza, iria falar de Cossio. Ela não entendia zorra
nenhuma, mas ficava atenta e isto lhe dava um imenso cansaço mental. Depois das
primeiras duas horas teria aula de Constitucional com o professor Modesto, e
não se lembra mais quer aula teria após esta.
Acabada a jornada da manhã
iria para o Terreiro, para a faculdade de medicina, onde, estranhamente, teria
aula de Filosofia com o professor Fernando, depois voltaria para casa no seu
busu, toda amassada e pronto, estudar um pouco se fosse possível, pois não é
nada fácil estudar filosofia e direito em uma casa onde vivem umas dez pessoas.
Não há concentração certa, mas tinha de ser assim.
O Universo, entretanto, resolveu
meter o dedo na rotina daquela menina, e após as três primeiras horas de aula
ela foi à cantina da escola, fora comer um pãozinho delicia, que ela chamava de
“pão cebeludo”, por causa dos fiapos de queijo que ficavam em cima deles.
Como sempre, o dominó
estava comendo no centro, os jogadores, quase sempre os mesmos, em uma outra
mesa o carteado, era assim que os universitários passavam o tempo entre uma
aula e outra, ou substituíam as aulas pela brincadeira.
De repente ela ouve
alguém dizer que iam fazer um sambão e que o pessoal do samba estava se
reunindo. Ela não era desta turma, mas essa segunda feira mudou tudo.
Já não voltou para a
aula, dali mesmo, junto a alguns colegas, que não eram da sua turma, todas eram
de turmas anteriores, entretanto ela conhecia a todos por força de ser amiga de uma outra colega delas, a quem
conhecia há muito tempo, antes de ter passado no vestibular..
Confusão danada. Quantos
carros tem? Quantas pessoas? Cadê os instrumentos? Quanto se tem de dinheiro? Uma vaquinha começa, pouco dinheiro, mas
suficiente para algumas batidas, e ainda tinha o dinheiro do pobre do
“Percutino”, dinheiro de cliente que ele teria de devolver, mas que fora
descoberto pelos colegas que não perdoaram. Ela calhou de ir no fusca verde, ela e mais umas seis a sete pessoas, todos encolhidos, mas felizes, jovens vivendo os seus momentos. Acomodou-se exatamente na
direção do retrovisor de onde podia ser vista pelo motorista e foi exatamente o
que aconteceu. Os olhares se encontraram algumas vezes, em princípio por puro
acaso, depois o acaso deu lugar à intenção.. A cada olhada algo ia crescendo, não sabia
mesmo o que, mas sentia vontade de fixar aquele olhar, era como um ima, mas era
impossível, afinal o olhador era o motorista que não podia se desviar tanto a sua atenção.
O carro parou em um
boteco em Brotas, ali se vendia uma batida, e ficaram ali durante
algum tempo. Brotas!, por ironia do destino, começava ali uma, estória de
amor. A ironia estava no fato de que, por muito tempo na sua infância,
frequentara aquele bairro, onde a sua família, pelo lado paterno, morava, aliás,
Brotas devia se chamar Brotalicia (mistura de Brotas com Galícia), pois ali
morava uma grande parte da colônia espanhola.(galegos)
Sim, tudo começou ali,
olhares, cuidados especiais, gentilezas, mas não parou por aí, e todos embarcaram
novamente nos carros. Ela foi convidada a ir na frente, mas declinou, era
melhor que uma pessoa mais gorda fosse à frente, ela iria atrás, pois assim mais
pessoas entrariam no carro. E assim foi feito. Ela olhava o retrovisor e via
olhos que procuravam os seus. Durante todo o percurso foi assim, olhos e
sorrisos, enfim, o jogo da sedução continuava e ela estava realmente gostando
disso.
Pararam em Itapuã e muito
samba num bar que hoje já não existe mais, aliás como o bar, tanta coisa se
foi, parece até que nunca existiram.
terça-feira, 13 de junho de 2017
Viva a Santo Antonio
Estou completamente
emocionada, vou caminhando vagarosamente subindo a ladeira que vai me levar até
a Sé de Lisboa. Hoje é um dia especial. Lisboa está em festa, aliás, em festas,
por onde ando vejo as pessoas sorrindo, felizes. Velhos, pobres, adultos,
crianças, homens, mulheres, jovens todos unidos em um só desejo, participar da
grande festa da cidade.
As velhotas e velhotes
são os mais alegres, parecem que esperam o mês de junho para colocar para fora
toda a vontade de viver, mesmo com todos os problemas. Todos saem de suas casas:
arraias vão pipocar aqui e ali, em uma praça perto, ou uma praça distante, não
interessa, o arraial vai acontecer.
Há uma multidão se
encaminhando para a Sé. A rua já está fechada para carros e os passeios já
estão cercados; passam poucos carros, somente os carros autorizados, agora é só
esperar. Consigo chegar na Sé, depois de ter passado pela Igreja de Santo Antônio
de Lisboa, aliás, o responsável por tudo isto que está prestes a acontecer.
Me posiciono o lado da
Igreja da Sé, dali vejo quase tudo e ainda tenho a possibilidade de comprar uma
imperial. A Igreja está fechada ao público. Os canais de televisão já estão posicionados,
há entrevistas e gente querendo aparecer de qualquer maneira. Eu estou no meu espaço,
de onde posso ver, sem ser vista, pois não gosto desta exposição, não consigo
perceber como o povo faz questão de ficar em frente à câmera.
De repente um buzinaço,
olho para a ladeira e vejo um carro
lindo se aproximando, visualizo um Rolls Royce, Que maravilha! A seguir mais um carro antigo, depois mais outro, e outro, e outro, todos trazendo as noivas.
Eles vão parar em frente
a catedral e deles saem noivas felizes, radiantes, cada uma com o sorriso mais
largo que a outra, afinal elas foram escolhidas em meio há muitas que se candidataram
a este casamento que é feito todos os anos e patrocinado pela Prefeitura de
Lisboa. Este ano foram dezesseis, n ão sei se o número é fixo.
O público delira, é mesmo
fantástico poder participar disto e ver tudo tão de perto.
As noivas entram, a
televisão filma, entrevistas, etc. Todos participam e estão mesmo muito
felizes, a gente pode sentir que aquilo não é ´falso.
As noivas estão lá
dentro. A rua continua fechada e o povo ali esperando a saída delas. A cerimônia
demora. O sol está forte, mas ninguém arreda o pé. Já estou na quarta ou quinta
cerveja. O xixi já começa com as suas ameaças. Tenho de procurar um local para
desaguar. Olho em volta. Não vejo nada que possa parecer com uma casa de banho.
Tenho de arrumar um lugar, senão vou fazer feio. Tenho de perder o meu lugar.
Desço a ladeira até a Igreja de Santo Antônio, ali tem um restaurante que tem
um dos melhores, se não o melhor, pastel de bacalhau de Lisboa. Vou ter que
comer alguns (eles são pequeninos) e aproveitar e ir até o sanitário, apesar da
vergonha que tenho de fazer isto, mas não dá para aguentar. É o que faço. Tomo, apesar da vontade intensa
de ir ao banheiro, outra imperial, tinha de justificar o “mijador”, após a
segunda imperial tomo coragem e vou ao sanitário.
Um alivio total e pronta para
mais dez imperiais e para ver a saída das noivas, que agora começam a aparecer
à porta da igreja.
Elas saem mais felizes do
que entraram, cada uma com o seu séquito parentes, que ordeiramente se dirigem
aos seus ônibus já posicionados.
A esta altura a coisa
fica monótona e eu resolvo voltar ao restaurante dos pasteis de bacalhau.
Fico ali, bebo, como
chouriço assado, converso com os patrícios. Sei que vou ter saudades deste dia.
Logo mais vou para a Avenida da Liberdade ver o desfile das marchas. Marcha da Mouraria, Marcha de Alfama e muitas
outras. Penso que Alfama ganha. Vamos ver, o importante e participar, sorrir,
ver a alegria e é assim que oi dia 13 vai chegar..
Viva a Santo Antônio!
sexta-feira, 19 de maio de 2017
O coração no pé
Os dias passavam e todos
já notavam que algo ia errado. Já lá se iam vinte e tantos anos de casamento,
cumplicidade, razoável felicidade. Três filhos, todos homens e já criados, mas
ainda dependentes, notavam que as coisas não iam bem.
Dormiam no mesmo quarto,
mas isto não significava muita coisa, pouquíssimas vezes procuravam um ao
outro, aliás, isto virara uma raridade, qualquer dia eles nem mais teriam
coragem de se despirem em frente ao outro., entretanto não se definiam, e aquilo ia se arrastando.
domingo, 26 de março de 2017
Atenção ao Protocolo
Estou assistindo a solenidade de
posse do mais novo Ministro do Supremo Tribunal Federal. Fico admirada com a
pompa completamente injustificável e despicienda. Para que aquela guarda
fantasiada na entrada do Supremo? Gostaria de uma justificativa para tudo isto.
Sinceramente não entendo, não gosto e
não concordo . Pior, entretanto que a pompa, é a presença de pessoas que não
deviam, sequer, passar da porta de entrada, quanto pior, participar de uma
solenidade em que está sendo empossado um novo Ministro que vai julgar “n” destas pessoas que ali se
fazem presentes: estão ali Edson Lobão , Jose Sarney, Rodrigo Maia, Eunicio Oliveira e tantos outros
que serão julgados quando e com certeza, estiverem na
condição de réus. Não sei como o Lula não apareceu.
terça-feira, 21 de março de 2017
Commodities! O que será?
Vejo televisão, fico assistindo
os jornais, nacionais ou não. Há um especifico, o da Bloomberg, em que aparece
uma coluna do lado direito da tela, que mostra algumas manchetes, normalmente
coisas ligadas à economia. Um dia destes, acho que na semana passada, estou eu
a assistir o noticiário e aparece na
manchete lateral: " As commodities ajudarão o pais a sair da recessão", se não
foi isto foi uma coisa bem parecida. Fiquei olhando aquilo e me perguntando: o
que seriam “commodities”. Confesso minha ignorância, e tive de procurar me
informar sobre o assunto, dado que,
também, na semana passada, a comentarista
de um dos programas da Globo News, falava de commodities, dizendo
que alguns países da América do Sul, por um período, estiveram bem, porque
tinham muitas commodities para exportar
quarta-feira, 15 de março de 2017
Comecem logo
Tenho observado mais quem está ao
meu lado, acho que os trinta e tantos anos não foram suficientes para
conhece-lo bem. Fui, voltei; fui outra
vez, retornei, e estamos juntos novamente, e eu me surpreendo com as
descobertas, algumas não muito boas, outras boas, e algumas excelentes.
terça-feira, 21 de fevereiro de 2017
Sabatinagem ou Sabotinagem
Hoje o dia está
propicio a reflexão. Penso em ficar recolhida meditando, escrevendo ou apenas,
pensando na minha própria vida e história, no entanto olho o meu cabelo e ele
está com toda a raiz branco e resolvo
então que o melhor é pintar o cabelo.
Pego o carro e
vou efetivamente pintar o cabelo, no caminho vou refletindo exatamente no fato
de ter decidido, ao invés de fazer a minha introspecção, ir esconder o passar do tempo, que já se
apresenta, muito bem apresentável, em mim.
sexta-feira, 20 de janeiro de 2017
A não se repetir
Está tentando fazer um balanço de
2016, entretanto, não consegue colocar no papel as emoções tantas, sofridas e
vividas nesse ano que passou.
Está sozinha, o que não é uma
grande novidade, mas o fato é que está e fica sozinha, parece que estar mesmo condenada
a viver só no meio de tantos, tantos que passaram pela sua vida no ano findo,
inúmeros, nunca tantos estiveram tão
próximo de si, mas nada aliviou a sua solidão, que não é sequer percebida. Todos pensam que ela
está bem, que ela gosta da vida que
leva: Que engano! Eles não sabem de suas angústias, de suas dores, de suas
aflições.
segunda-feira, 19 de dezembro de 2016
O que dizer?
O dia vai terminando! Estou aqui
na minha varanda; acabei de ouvir uma faixa do CD de Seu Jorge onde ele fala de
uma moça, suponho, que vai ao salão, vai às compras, ginástica, etc. para
concluir que ela é uma burguesinha.
Acho engraçado: todos nós lutamos
muito para conseguir melhorar a vida, e aí vamos incluir a nossa cultura, o
nosso modus vivendi e tantas outras coisas, como por exemplo, cuidar da estética,
seja porque se é feio mesmo, seja porque se é vaidoso, seja porque se quer
melhorar algum detalhe do corpo, do rosto, enfim, todas as pessoas têm sonhos e
alguns dependem de dinheiro para que se materializem.
quinta-feira, 1 de dezembro de 2016
Qualquer coincidência não será apenas uma semelhança
Zafira acordara tensa, não sabia
bem o motivo, mas estava ansiosa. Não
tinha passado bem a noite, não que estivesse sentindo alguma coisa, mas sonhara muito, sonhos estranhos envolvendo
muita gente de um passado, que se não queria esquecer, também não queria
lembrar. Sonhou com o ex sogro e, em consequência, com a velha casa da Fazenda
Jaboatão, onde fora recebida, ou melhor, onde teve a sua presença imposta por
motivos imperiosos.
O que estaria acontecendo? Perguntava-se ao levantar da cama. Ao seu lado a presença de sempre, que apesar
da ausência do ser, se fazia presente no
estar.
Levantou-se e foi vestir a roupa
da caminhada: se deu conta de que sempre vestia a mesma roupa, deu risada e imaginou o pensamento daqueles que sempre a
cumprimentavam pela manhã nas suas
andanças pela orla. “Será que esta mulher só tem esta roupa?” Sorriu, era assim mesmo, agora ela também se perguntava: `Porra
você só tem esta roupa? Era capaz de lavar a blusa e usar exatamente a mesma no
outro dia.
quinta-feira, 10 de novembro de 2016
A caminhonete 403 - Cascais - Sintra
O numero é 403. Não esqueçam este
número de maneira alguma.
Estava eu em casa da minha amiga
Vera e queria saber como, de Cascais chegaria a
Sintra e vice-versa, tudo isto porque algumas pessoas iriam chegar do
Brasil e eu tinha que, no domingo, levá-los à Sintra e depois retornar à Oeiras
onde almoçaríamos na casa da minha amiga.
Já fui por diversas vezes à
Sintra, de ônibus, de comboio, de carro, mas sempre sai de Lisboa, ou de
Carnaxide, mas agora a Vera mora em Oeiras e eu não queria sair de Oeiras para
ir pegar trem em Lisboa para ir à Sintra. Comecei a pensar como é que Cascais,
tão pertinho de Sintra, não tinha algum transporte público ligando os dois
sítios. Fui pesquisar na internet e encontrei duas opções, ambas saindo do
terminal rodoviário de Cascais, as camionetes de números 403 e 417.
A principio pensei: vou pegar
qualquer delas, se a finalidade é chegar em Sintra e retornar para Cascais,
qualquer uma das duas serve.
Não, não é assim.
Primeiro tive que procurar a paragem, dentro da próprio terminal,
da caminhonete de no 3. A indicação não
é visível. Olhe que até perguntei a algumas pessoas, que também não souberam
informar, mas, finalmente, um motorista me disse. Por incrível que pareça é a
primeira paragem da pista que fica no interior da estação, no sentido dos ônibus
que estão chegando. A de nº 417 é a primeira ou segunda do lado externo do terminal no sentindo contrário. Bom, o
certo é que esperei um pouco e a caminhonete chegou, ela sai de quarenta em
quarenta minutos, tanto de um terminal quanto de outro – Cascais ou Sintra.
É mesmo uma grande e prazerosa viagem. Você vai passar pela Guia,
Alcabideche, Belora, Rana sei lá mas o que e vai se afastando do centro, e aí
meu amigo, é como uma mágica: de repente você começa a ver, deslumbrar o mar à
sua esquerda se você estiver indo em direção à Sintra. Aí você se distrai olhando
o mar, lá embaixo, porque estamos em uma serra, e, de repente, quando este desaparece entre as casas, você retorna a estrada e pense:
agora estamos em estradinhas tão estreitas que se dois ônibus tiverem de passar em direções opostas, um tem
que parar, se encostar bem de um dos lados da estrada para que o outro possa
passar. Casinhas pequenas ladeiam a estradinha. Plantações de
couve, alface, folhas verdes em geral
aparecem aqui e ali nos terrenos mínimos mas bem aproveitados. Uma laranjeira com frutas amarelinhas, um
limão siciliano, uma limas(limões tipo Haiti no brasil). Flores, muitas
flores, um colorido imenso. A vilazinha
acaba e o mar imponente, agora bem distante, se impõe. E a caminhonete segue,
mar e mar, penhascos se descortinam e ele lá, o Atlântico poderoso e azul se
mostra. Choro, fico a imaginar o motivo de
não ter descoberto esta caminhonete antes. Se assim tivesse acontecido,
pelo menos uma vez a cada mês, chovendo ou não, faria esta viagem de Cascais a Sintra.
O ônibus sai da estradinha e
entra em mais uma vilazinha, as pequenas casinhas brancas contrastam com o azul
da imensidão do mar ao fundo. É uma paisagem de tirar o folego. |A estrada
estreita ainda mais, a impressão que temos é que o ônibus vai bater em algum
muro, alguma parede de pedra, vai entrar casa a dentro, mas ele segue
tranquilamente, tirando fino aqui e ali.
Vislumbro um forte lá ao fundo,
bem no alto. Sei que já estive aqui, mas a sensação não é a mesma. O motorista
anuncia, Cabo da Roca, após ele só o mar
imenso, nada mais. O ponto mais ocidental
da Europa, dali fica-se mais perto do Brasil. Dou risada. O mais perto que ainda é tão longe.
Neste momento lembro-me de
Alberto, espero que ele esteja bem. O Cabo da Roca fica em Colares, que
pertence à Sintra, aliás, onde também fica a Azenhas do Mar, a praia da maça, e
muitos outros lugares dignos de serem visitados. O ônibus faz a volta e a
viagem continua, o mar agora está atrás de mim, mas ele voltará a ficar ao meu lado.
Começo a ver, do meu lado
direito, o Castelo de Sintra lá no alto, o ônibus faz zig zag na estrada, as
curvas são inúmeras, e o castelo se desloca para meu lado esquerdo, é
interessante esta sensação, mais algumas vilazinhas vão passando, o mundo, em alguns pedaços da estrada, parece
ter parado.
Sintra se aproxima, ao lado da
estrada uma linha férrea, que passa por
passeios, ruas, etc. acho interessante e lembro-me que há um trenzinho que circula
no verão, que leva às praias, penso que este será o caminho que percorre.
Chego à Sintra, o ônibus atravessa um bom pedaço da cidade e para na
estação de comboios, é o terminal do 403, onde também peguei de volta o 417,
que faz um caminho bem diferente, mais rápido inclusive, mas sem a beleza do
403.
Quando for em Portugal e quiser passear em Cascais e Sintra, não
esqueça. 403. Delicie-se, prepare o seu coração.
sexta-feira, 7 de outubro de 2016
Fabricando, artificialmente, uma identidade
Em 1875 através
do Decreto datado de 29 de abril
declara-se, em Portugal, a extinção da condição servil
e, em consequência livres, um ano após a publicação dessa lei, nas
províncias ultramarinas portuguesas,[1]
todos aqueles que detinham esta condição, que fora estabelecida
pela lei de 25 de Fevereiro de 1869, a qual aboliu a escravidão em
Portugal. No entanto, os indivíduos alcançados pela lei não adquiriam, de logo, a
condição de livres, uma vez que, esta mesma lei, declarava a obrigação dos
libertos de trabalharem para os seus patrões até o ano de 1878.
quinta-feira, 22 de setembro de 2016
E que Deus nos ajude!
Atônita ouço a noticia de que o
Guido Mantega, o Ministro da Fazenda de Lula e Dilma foi preso na 34ª fase da
operação Lava Jato! Estarrecida tomo
conhecimento dos motivos da prisão temporária decretada.
Segundo o noticiário, o dito Ministro, enquanto tal, era o mediador
entre o partido e os empresários que prestavam algum tipo de serviço ao
governo, no sentido de angariar fundos para
o pagamento das campanhas e das dívidas de campanhas do PT e o fazia,
exatamente, na condição de Ministro, usando o poder que tinha como tal,
constrangendo os empresários a fim de que estes fizessem as doações, para que tivessem
liberadas as suas faturas.
sábado, 17 de setembro de 2016
DELICIOSA E SUCULENTA
É manhã, ainda por volta das 06h15min-06h20min,
vou andando pela orla, não tanto para fazer exercício, muito mais pela confusão
mental que tantos e tantos problemas, com soluções cada vez mais distantes,
causam.
Venho absorta, penso nas
soluções, chego a visualiza-las, mas elas não dependem de mim, dependem de
terceiros, quanto pior, do Governo (Executivo e Legislativo e ainda o Judiciário).
sexta-feira, 5 de agosto de 2016
Um passeio noturno pelo centro de Lisboa
Lisboa está deserta, Praça do
Comércio, Rua Augusta, Rossio, Restauradores, Avenida da Liberdade. Era
madrugada. Gatos pingados procuravam suas portas para adentrarem as suas casas,
mas eu estava ali, andando sozinha pelas calçadas molhadas e vendo as fachadas
iluminadas dos velhos prédios. Ah como era boa esta sensação! Lisboa era só
minha, as portas fechadas me davam a segurança de que estava só, que àquela
hora dificilmente alguém sairia delas para me amedrontar ou respirar o ar
que, naquele momento, eu me apossara, era todo meu.
Não sentia outro cheiro que não a
da rua molhada, das pedras brilhantes encharcadas da chuva. Tudo sombrio, mas
se consegue, senão todos, eu vejo, ver beleza nestas noites frias, molhadas e
com uma iluminação meio opaca, mas que embelezavam, mais ainda, as grandes
fachadas.
A estação do Rossio, já com as
suas portas fechadas mostrava todo o seu esplendor, como é linda! Tudo meu
agora, tinha um sentimento de posse, naquele momento eu era a dona de tudo, não
tinha de dividir nada com ninguém.
segunda-feira, 25 de julho de 2016
Simples assim
Do outro lado da linha: Mera,
você já sabe que Diorgénes se separou de Marineide.
- Não, e qual o problema?
-Pôxa Mera! Aquela mulher era um anjo para aquele
homem.
- Sim, mas eram casados, apenas
isto, e podiam se separar a qualquer momento.
- Porra Mera! Que frieza, parece
que você não tem sentimento ou que não
gosta da Marineide.
- Nada disto, eu até gosto bem
dos dois, mas para que esta comoção a partir de uma coisa tão normal.
-Ela tá lenhada, diz que não sabe
o que houve.
-Sabe sim, ela viveu por vinte e
oito anos com ele e sabe bem, perfeitamente o que aconteceu.
- Mera, como você pode ser assim!
-Rapaz, é simplesmente você ter o
pé no chão, observar, entender, perceber. Parece que vocês vivem num mundo a
parte, onde uma coisa normal desta, que
é a separação de um casal, parece ser um bicho de sete cabeças
quinta-feira, 23 de junho de 2016
Feliz Aniversário Mãe
-Não sei mãe, vamos ver?
-Mas este vai ser o último.
-Porra minha mãe, todo ano esta
história de último, e eu acredito e no ano seguinte, oi de novo a mesma estória.”
Era assim durante muitos anos, o
mês de junho começava e lá vinha a ladainha. O aniversário, festa, muita bebida,
muita comida, muita música, tudo porque aquele era o último.
Sabe que eu até, de um
determinado tempo em diante, fazia o aniversário mesmo porque achava que era o
último e nesta brincadeira, passei uns doze ou mais anos fazendo aniversário de
minha mãe.
Sempre uma feijoada, uma feijoada
imensa. Ela já não podendo ajudar em nada, de sua cadeira de roda observava
tudo e esperava a hora dos amigos chegarem, esses que sempre lhe foram fiéis.
A casa enchia, havia música
mesmo. As últimas festas foram em Arembepe, mas a casa ficava cheia do mesmo
jeito.
segunda-feira, 13 de junho de 2016
Um Corregedor "ficha suja" - Brasil Colônia
Manuel falava-me
de muitas coisas, umas eu gostava, outras, nem por isso. Pois eu não tinha
qualquer interesse nelas, ouvia-o a lutar contra o sono, a tentar ficar com os olhos
abertos, pois não queria de nenhuma maneira, aborrecê-lo ou deixar que ele
pensasse que eu estava a fazer pouco caso da sua cultura.
Pois, de que me
valia saber que, no ano de 1549, quando o primeiro governador geral do Brasil
cá chegou, trouxe, entre os homens que o acompanharam, um senhor de nome Pero
Borges, que viria a ocupar o cargo de Ouvidor Geral.
Ouvidor
Geral! O que seria isto? O que este
homem faria?
quarta-feira, 11 de maio de 2016
Entre idas e vindas; o processo continua
Venho acompanhando, desde a
Câmara, o processo de instauração do impeachment da Presidente Dilma Rousseff.
Já tive ocasião de falar sobre o a vergonha do que vem acontecendo em todas as
fases, quanto pior, quando se trata da defesa da Senhora Presidente da
República, que como já disse, não é o Estado, mas, mesmo assim, vem sendo
defendida pela Advocacia Geral da União, o que, mais uma vez depõe contra ela
própria, por estar, mais uma vez utilizando a máquina estatal para defesa de
interesse pessoal, como é o caso.
E muito duro ver as tentativas da
defesa de afastar a conduta ilegal da Senhora Presidente, que não se concentram
em analisar a adequação, ou não, da conduta da Senhora Presidente com a
hipótese prevista na lei, seja genericamente ou não. Estamos diante de um
ilícito administrativo-fiscal, de crimes orçamentários, mas o que a defesa sempre
tenta fazer é afastar os fatos tipificadores, associar a recepção da denúncia a
uma querela pessoal existente entre o Sr. Eduardo Cunha e a Presidente, que por
vingança fez prosseguir o processo, e isto configuraria um golpe da oposição
contra o governo instalado através do voto. É verdadeiramente uma sequência de impropérios,
inverdades, ofensas, até mesmo demagogia.
segunda-feira, 2 de maio de 2016
Sonhem muito; os sonhos se realizam
Sempre tive um sonho: queria
morar em frente ao mar, em uma casa
cheia de vidros, em que eu
pudesse, de todos os espaços dela, ver o mar, ver árvores, plantas, ver a chuva
caindo, enfim, ver o tempo e tudo o que
a natureza pode nos proporcionar através da transparência do vidro.
Não consegui, até o momento, realizar o sonho de ter uma casa frente
ao mar, ou em que eu possa vê-lo, entretanto, oitenta por cento do meu sonho
foi realizado por outrem.
Estou vivendo em uma casa, que a
tenho como minha, embora não o seja materialmente, mas no campo afetivo e
espiritual e emocional o é. É um momento de felicidade, sem dúvida alguma.
Tenho por merecimento acho eu, pois quando um seu sonho é realizado por outrem,
mas você participando dele e para ele, é realmente fantástico.
Pois bem, por força do sonho,
como já disse, queria ver a chuva cair e purificar tudo ao seu redor, lavando
até mesmo o espírito, vez que é bem
assim que sinto quando, corajosamente,
volto ao tempo de criança e vou para a chuva, deixando que a água de Deus limpe
pensamentos e o corpo.
Hoje, sentada vendo a baboseira da Comissão
Especial do Senado para a análise da denúncia do impeachment, começou a
chover e eu fui fechar as portas da
casa. Extraordinário! De todos os cômodos da casa posso ver a água caindo lá
fora. Da sala, do meu quarto e da minha própria cama, dos quartos outros da
casa, do escritório e da cozinha. Sensacional!
sexta-feira, 15 de abril de 2016
Pela Pátria Amada
Não há como ficar neutro,
principalmente aqueles que, como eu, tem o mínimo de conhecimento do direito e
com algum bom senso, mesmo correndo o risco das criticas negativas.
Fui estudante na Universidade
Federal da Bahia, ´´a época de grandes nomes
da nata jurídica do país. Evidentemente
a Escola de Direito da UFBA, como a grande maioria de todas do país, seguia a corrente
positivista.. Ali aprendemos que o primado da lei, do direito positivado
por ela, era palavra de ordem não se admitindo o afastamento da letra da lei e,
consequentemente, do principio da legalidade.
Formei continuando, por muito
tempo, com o positivismo guiando, em
tudo, a minha vida profissional..
Logicamente, como fonte de
direito, também fiz uso da doutrina, da jurisprudência, atenta ainda aos costumes, estes últimos capazes de
influir positivamente, ou negativamente,
na interpretação da própria lei.
Todavia, o costume, por mais
enraizado que ele esteja em nós, na
sociedade, ~jamais ultrapassará a lei,
ele pode ajudar na sua aplicação, na sua própria interpretação, pode até ser
aplicado em lugar dela, quando não
exista uma norma que regularize uma determinado conduta, mas
em ela existindo, nunca, será maior que ela, aliás, dentro do código civil está
a graduação para a aplicação do direito.
Primeiro a lei, depois todo o resto.
domingo, 10 de abril de 2016
A Pestanejada do Pestana
Iaiá já estava
casada há muito tempo; os filhos todos criados, uns casados, outros ainda não
casados, mas homens feitos, enfim, tinha cumprido a sua obrigação para com
eles. Agora, dizia para si, é hora de
curtir mais a vida com o meu Pestana, com quem estava casada há anos.
Conhecera o
Pestana há muito, ainda era enfermeira. Era uma mulata bonita de fazer inveja a
qualquer mulher e deixar homens boquiabertos. Sempre se arrumara bem, e não era
a farda branca de enfermeira que lhe tirava a elegância, o charme, a graça, ao
contrário: isto anunciava a sua beleza, pois a sua silhueta, por baixo do jaleco
branco, atiçava o desejo dos homens, e por que não dizer: das mulheres também,
que invejavam aquela colossal mulher desejada por todos.
Todavia o
Pestana fora o vencedor daquela pescaria, e fisgou a Iaiá, com quem se casou e construíram
uma bela família.
O tempo foi
passando, e ambos, Pestana e Iaiá, envelhecendo; ela, entretanto, continuava
uma bela mulher, mas Pestana começou a pestanejar, e Iaiá começou a perceber o
desinteresse do marido, que cumpria com suas obrigações, mas não havia maior
calor ou amor no relacionamento, embora continuassem juntos.
segunda-feira, 14 de março de 2016
O que espero do dia 13-03-2016
Estava assistindo aos comentários sobre a repercussão das
manifestações de ontem, dia 13 de março e, decididamente, fiquei com uma
vergonha enorme.
O governo e o partido dos
trabalhadores subestimando esta
concentração, esta força, esta energia dos cidadãos brasileiros, que só estão querendo o respeito às suas instituições, à moralidade, uma volta da ética e, junto com
tudo isto, uma politica econômica clara, que tire o país da crise em que o governo nos colocou, por inabilidade, por
falta de competência, por apenas estar preocupado em se manter, a qualquer
custo, no poder.
Tive vergonha de ouvir todos os
comentários. Os petistas de carteirinha,
tentando o impossível, vincular esta enorme cobrança popular, a um golpe
articulado pela oposição, que por um acaso qualquer, embora isto não tenha sido
uma tônica nas manifestações, foi vaiada, vide Aécio Neves e o Alkimim em São
Paulo.
Golpe! Golpe é o que o PT está
querendo nos dá. Então um homem que desrespeita o cidadão brasileiro, a
justiça, procura deboche, gozação, ironia, subterfúgios, mentiras, sendo
processado pela Justiça por força das tramoias que aprontou, que praticou
enquanto no governo, vai, de novo, participar dele? Que Vergonha! Estou completamente atônita e não consigo
acreditar no que vejo e ouço.
terça-feira, 16 de fevereiro de 2016
Um passeio em Cascais
Acordei com uma imensa saudade de
Portugal, por este motivo, resolvi levar todos para um passeio que adorava
fazer, sem me importar com o tempo que estivesse fazendo, ou melhor: fosse
verão ou inverno. Era apenas não estar chovendo e lá ia eu e, convido vocês a passearem
comigo.
sexta-feira, 29 de janeiro de 2016
O que aconteceu Maria Rosa?
Maria Rosa era a quinta filha de
seu Alencar e Dona Virgínia. Os seus primeiros quatro irmãos eram homens, ela
era a caçula e mulher, poderíamos dizer, o dengo da família. Enquanto
pequenina, era ótimo estar cercada do amor e dos cuidados dos pais e de seus
quatro irmãos, mas, quando fez doze anos, toda esta proteção começou a
incomodá-la, e muito.
Maria Rosa nunca saiu sozinha.
Não tinha amigas, não ia á casa de ninguém. Festa na escola só se acompanhada
de mãe e irmãos, se todos não podiam ir, um, com certeza, acharia tempo para
acompanhá-la aonde quer que fosse.
Maria Rosa cresceu protegida. Sem opções, todos decidiam por ela, de pais a irmãos. Nunca teve direito de dizer o
que efetivamente queria, tudo já lhe dado como certo e pronto. Roupas escolhidas
pela mãe, escola escolhida pelos pais, festas só a que os irmãos frequentavam e
quando se dispunham a levá-la.
Os irmãos não levavam os amigos
em casa, foram proibidos pelos pais, pois Maria Rosa era linda e nada podia lhe
acontecer, era melhor evitar: “o que os olhos não veem coração não sente”, era
o que sempre dizia a sua mãe.
O único momento de mínima
liberdade que a Maria Rosa tinha era a escola, e assim mesmo, quando não havia
qualquer olheiro a espreita, o que sempre acontecia, pois a recomendação às
freiras era para que ela nunca estivesse sozinha, o que era seguido à risca
pelas irmãs, que não queriam, de maneira alguma, desagradar ao Sr. Alencar, em
especial Dona Virginia, mantenedora da Igreja, membro da congregação, enfim
sábado, 2 de janeiro de 2016
Nas Águas do MARUJO
ressaca, muita comida, arrumação da
bagunça do dia anterior; entretanto, o primeiro dia do ano de 2016 me reservou
uma baita surpresa, e esta surpresa merece divulgação.
Meu companheiro há uma semana me
disse que fora convidado para um passeio de escuna no dia primeiro: gosto do
mar, mas confesso que não fiquei radiante com a comunicação, cheguei mesmo a
sugerir que ele fosse sozinho, mas não gostei da expressão que ele fez. Decidi
que iria, muito mais pelo fato de que ele me disse qual era a finalidade do
passeio de escuna: um oferecimento de um presente ao “MARUJO”.
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