Hoje o dia está
propicio a reflexão. Penso em ficar recolhida meditando, escrevendo ou apenas,
pensando na minha própria vida e história, no entanto olho o meu cabelo e ele
está com toda a raiz branco e resolvo
então que o melhor é pintar o cabelo.
Pego o carro e
vou efetivamente pintar o cabelo, no caminho vou refletindo exatamente no fato
de ter decidido, ao invés de fazer a minha introspecção, ir esconder o passar do tempo, que já se
apresenta, muito bem apresentável, em mim.
Já pensei em
deixar o cabelo grisalhar por inteiro, no entanto, para que isto seja possível
vou ter cortá-lo, o que não vou fazer, entretanto, não vou deixar a impressão
de que sou desleixada, pois, quando a
raiz começa a crescer e os fios brancos aparecem, a pessoa fica com cara de
suja, pelo menos é assim que acho.
Esqueço, por
algum tempo, da vontade de ficar comigo e dentro de mim, divirto-me um pouco e
quando tudo acaba, volto para casa e lembro que hoje é a sabatina do Alexandre
de Moraes.
Já peguei a
sabatina mais de que na sua metade, mas tempo suficiente para ver a
mediocridade dos componentes da Comissão de Constituição e Justiça. Imagine que
um senador de Pernambuco, em tom para lá de jocoso, pergunta ao sabatinado se ele continuaria a “aparecer” como o faz
enquanto Ministro do Governo, uma vez que ele vai substituir um Ministro
do Supremo que tinha um estilo exatamente contrário. Realmente, eu jamais
submeter-me-ia a uma sabatina desta, porque se o fizesse, naturalmente não teria tanta paciência e tanta postura
como o está fazendo o sabatinado.
Como resposta a
esta medíocre pergunta, o sabatinado
elegantemente respondeu, aliás como seria normal, que cada um tem o seu
próprio estilo, mas que há uma grande
diferença entre ser Ministro do Estado e Ministro do Supremo.
Perfeita a
resposta. Um Ministro de Estado, gostando ele de luzes da ribalta ou não, tem
de falar ao público em todos os momentos em que for convocado para tal, seja
para esclarecimentos pela imprensa, seja
aos seus próprios pares, seja
em plenário do Congresso Nacional, enfim, o homem tem
obrigação de esclarecer todos os pontos do seu Ministério. Ao contrário,
enquanto Ministro do Supremo, portanto
na condição de magistrado, há que se impor um silêncio, porque, ao contrário
do que ocorre com alguns dos membros do Judiciário, principalmente dois dos
ministros do Supremo, que adoram opinar e falar, até mesmo das decisões
proferidas pela Corte, ou pelos seus pares, não pode pronunciar-se sob os casos
que estão sob sua responsabilidade.
Vejo a insistência
dos senadores para que o sabatinado dê sua opinião sobre a lava
jato, ou seja todos com o “u” no ponto
querendo, de logo saber qual a opinião dele, colocando cascas de bananas para
ele escorregar e, quando lá estiver, porque sem dúvida ele vai ser aprovado, para depois
criticar o homem na sua
atuação enquanto Ministro.
Não satisfeito o
Senador das bandas da Amazônia, insiste
na estória do plagio, em que acusam o sabatinado de ter feito uma
citação inteira em um de seus livros, que não está aspiada, e que reproduz
texto de um autor espanhol. O homem tem uma obra imensa em Direito
Constitucional, Penal, e um trecho de uma obra, que é um passagem de um acordão
do tribunal espanhol, ou seja, uma decisão que é de domínio público, não há
como ser discutido o plagio, pois se assim o fosse, certamente o plagiado já
teria acionado o Sr. Alexandre de Morais. O argumento para a insistência é que,
isto pode não ser um caso penal, mas é uma falha acadêmica, e o fato de não ser
observada as normas da ABNT. Tenha santa
paciência, então o homem que é um acadêmico, que teve a sua tese aprovada, etc.
etc., pode mais ser questionado por um senador, que, salvo engano, não seria o
mais indicado para corrigir um trabalho acadêmico.
Uma outra
senadora, do nordeste, gaguejava tanto, que não sei como o sabatinado conseguiu
acompanhar o raciocínio dela, eu não consegui, sinceramente.
A plastificado
do Norte, sempre querendo tingir a pessoa, o cidadão na sua honra, insistia que
o sabatinado tinha recebido alguns milhões quando ele era advogado.
Aécio Neves faz uma crítica aos seus pares, pois ele diz
exatamente que as perguntas não estão
direcionadas ao que interessa, que é saber do conhecimento do sabatinado, uma vez que o
que se deve ter em mente é se o sabatinado tem “notável saber jurídico” pois é
isto que determina a Constituição da República.
Tenho que
concordar com o Aécio, os partidos de esquerda estão todos pouco preocupados
com o saber jurídico do sabatinado, e sim em tentar “avacalhar” o cidadão que
ali está, desconstituir toda uma carreira, enfim, tirar todo o mérito do
indicado.
A pergunta feita
por Aécio, e esta completamente pertinente, sobre a independência dos poderes e
a as funções de cada um isto em relação ao ativismo. A resposta do sabatinado
nos traz a síndrome de efetividade das normas constitucionais, que trata
exatamente de alguns direitos fundamentais que precisam de uma lei para que se
tornem efetivos para que eles sejam exercidos, e esta lei, pela inercia de quem
tem o dever de fazê-lo, há que, em sendo
acionado o Judiciário, ter este de sede pronunciar sobre tais pedidos, sobre estas
lacunas.
Continuo
assistindo a entrevista, e já não sei como este homem está aguentando, isto já
dura há umas seis ou sete horas.
Todavia, pior de
que tudo que está acontecendo, estamos vendo uma sessão que está sendo
presidida pelo Senador Lobão. Um parêntesis: Coitados dos lobos, certamente não
gostariam de parecer-se, ou quiçá, ser comparados, com a figura do presidente
dessa Comissão, que, se vergonha tivesse, não presidiria nem a sessão, tampouco
a própria Comissão. Uma vergonha completa para o país.
Ainda não vi o
Jucá, fico pensando se ele fizer parte da Comissão qual será pergunta que ele
vai fazer. Sim, porque quem diz que decisões de juízes e do Ministério Público
é um “surubão seletivo”, tenha santa paciência. Bem verdade que para um
“surubão”, sem dúvida algum, há de escolher e bem os parceiros, ou seja: tem-se
que selecionar, mas, aplicar tal substantivo
a coisas tão sérias depõe contra o Senador, que está somente preocupado
em livrar a sua cara e dos seus parceiros das consequências penais dos atos
ilegais praticados.
Depois de seis
horas há que se fazer um intervalo; pois não é que a senadora Glacy Hoffman diz
que não abre mão pois a vez é dela! Sinceramente, ela pode se levantar a
qualquer hora, mas quem está sendo sabatinando não, ai a questão é humana, pois
todos nós temos necessidades físicas e com sabatinado não seria diferente. O fato é que a sessão prossegue com mais
idiotices. E lá vem o impeachment e
todos os questionamentos relativos a
ele, incluindo se dar, de logo, o
ministro como “suspeito” para julgar no
supremo o recurso do impeachment e todos
os casos da lava jato. Ou seja; mais uma
vez o carro está adiante dos bois, o homem ainda nem chegou lá e já vai, se for
o caso de aprovação, entrar como suspeito ou impedido de funcionar em tais
processos.
Cansei, vou
continuar a ver a transmissão e depois, certamente, a Globo ou qualquer outra rede, fará as elucubrações todas que cabeças ”pensantes” dos jornalistas queiram
fazer, principalmente sobre a parcialidade do sabatinado, pois para eles, na
sua grande maioria, o Ministro está entrando no Supremo para ajudar nas causas
em que o PMDB e o governo, no geral, sejam partes. Acho muito perigosas estas
ilações: se eu sabatinado fosse,
entraria com uma ação de indenização por danos morais, sinceramente.
Detalhe, até aqui
o candidato a Ministro tem se colocado muito bem nas questões jurídicas que
alguns lhe colocaram, nas que ele realmente demonstra o “seu notável saber
jurídico”, e não só, dando as respostas adequadas `àqueles que tentam denegrir
a sua imagem e lhe colocar em “saia justa”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário