segunda-feira, 14 de março de 2016

O que espero do dia 13-03-2016

Estava assistindo  aos comentários sobre a repercussão das manifestações de ontem, dia 13 de março e, decididamente, fiquei com uma vergonha enorme.
O governo e o partido dos trabalhadores subestimando  esta concentração, esta força, esta energia dos cidadãos brasileiros, que  só estão querendo o respeito  às suas instituições,  à moralidade, uma volta da ética e, junto com tudo isto, uma politica econômica clara, que tire o país da crise em que o  governo nos colocou, por inabilidade, por falta de competência, por apenas estar preocupado em se manter, a qualquer custo, no poder.
Tive vergonha de ouvir todos os comentários.  Os petistas de carteirinha, tentando o impossível, vincular esta enorme cobrança popular, a um golpe articulado pela oposição, que por um acaso qualquer, embora isto não tenha sido uma tônica nas manifestações, foi vaiada, vide Aécio Neves e o Alkimim em São Paulo.
Golpe! Golpe é o que o PT está querendo nos dá. Então um homem que desrespeita o cidadão brasileiro, a justiça, procura deboche, gozação, ironia, subterfúgios, mentiras, sendo processado pela Justiça por força das tramoias que aprontou, que praticou enquanto no governo, vai, de novo, participar dele? Que Vergonha!  Estou completamente atônita e não consigo acreditar no que vejo e ouço.
Então uma pessoa que recebe setecentos mil por uma palestra, aliás, um valor que eu, pessoalmente, considero mais de que exorbitante para ouvir um “bhrama” qualquer falar, não sabe quem pagou este dinheiro. Faça-me um favor. Está mais de que evidente de que, qualquer pessoa em sã consciência, não pagaria dinheiro algum para ouvir o Sr. Lula, falar de absolutamente nada, porque ele não tem nada a oferecer.  Até mesmo o timbre da voz já me deixaria sem qualquer intenção de ouvir qualquer palestra.  Não gosto do tom, não gosto do discurso, não gosto da ironia, da agressividade.
Um miserável que tem coragem de abrir a boca num depoimento e dizer, numa ofensa aos seus próprios eleitores, aqueles que tanto o defendem, que aquele imóvel “tríplex de luxo em Guarujá” não prestava para si porque era “um tríplex Minha Casa minha vida”. Um imóvel com mais de duzentos metros quadrados era muito pequeno para a sua família. Olhe é mesmo um deboche, um desrespeito, um descalabro.
Ouço e vejo mentiras em cima de mentiras, não dá mais para acreditar em A, B ou C; Na presidente da República e no ex-presidente da República, nem pensar. Se era difícil para mim aceitar o discurso petista antes de toda esta vergonha, pior agora com tantas evidências e fatos devidamente comprovados que confirmam a existência de tantos favorecimentos pessoais, tanta corrupção.
O achado entre as coisas do ex-presidente de objetos catalogados como patrimônio público me deixa perplexa, quanto pior a justificativa de estarem ali no depósito “cedido” por uma transportadora para armazenar tais coisas.
Depois de tudo isto, este governo descreditado, incompetente, ainda discute o retorno de Lula para algum ministério, sob o argumento de que somente ele tem o poder de conseguir uma união politica para tirar o governo da crise em que ele se encontra, num claro sinal de, mais um desrespeito á ordem instituída, pois, atrás desta desculpa, desta mentira, porque  pessoalmente acho que o  ex-presidente não tem mais esta capacidade de aglutinação, o momento pelo que passa,  com tantas acusações e tantas inverdades deslavadas  e “safadas” para justificar o seu patrimônio e o da sua família, está a indecência  de outorgar, com uma manobra, o foro privilegiado  ao ex.
Embora eu não perceba bem o motivo desta manobra imbecil, porque  o STF saberá, diante de tantas provas evidências e denúncias, fazer  justiça, agradando, ou não, aos presidentes ou ex presidentes.
O governo achar que  o ex presidente pode articular  e evitar o impeachment é um argumento mentiroso, descabido, “descarado”, desrespeitoso aos brasileiros.
Vergonha! Isto é um atentado contra República, contra a democracia.
Por tudo isto resolvi, para tentar entender tudo isto, recorrer a uma releitura de CRISES DA REPÚBLICA de Hannah Arendt e  logo nas primeiras páginas  “ A veracidade nunca esteve entre as virtudes politicas, e mentiras sempre foram encaradas como instrumentos justificáveis nesses assuntos. Quem quer que reflita sobre estas questões ficará surpreso pela pouca atenção que tem sido dada ao seu significado na nossa tradição de pensamento político e filosófico, por um lado, pela natureza da ação, e por outro,  pela natureza da nossa capacidade de negar em pensamento e palavra qualquer que seja o caso”. ( ARENDT-1973:15)
Os historiadores sabem como é vulnerável a textura de fatos na qual passamos nossa vida cotidiana; está sempre em perigo de ser perfurada por mentiras comuns, ou ser estraçalhada pela mentira organizada de grupos, classes ou nações, ser negada e distorcida, muitas vezes encoberta cuidadosamente por camadas de falsidade, ou ser simplesmente deixada cair no esquecimento. (ARENDT -1973:16)
O discurso politico, seja como promessa, seja como justificativa, nada tem de verdadeiro, e isto está mais de que evidente no que estamos passando há 13 treze anos e meses, embora  o discurso da mentira seja institucionalizado e utilizado por todos os que já passaram pelo poder, mas nos últimos  anos ele se acentuou de uma maneira estúpida. Somos, nós brasileiros, tratados como imbecis, como se não tivéssemos capacidade de entender, compreender, assimilar.
Bom, mas tudo tem um preço, e como bem diz o ditado “mentira tem pernas curtas” e quando a casa cai, apesar das novas mentiras justificativas, há que se ter uma reação; e esta reação foi vista nas ruas ontem, embora hoje eu tenha  ficado envergonhada de tudo o quanto se está fazendo para minimizar  as consequências de toda esta manifestação popular.
Todavia, apesar desta vergonha, tenho a esperança de que a voz do povo terá reflexos e embora  a curta duração deste movimento popular, menos de  duas ou tres três horas,  deixará consequências e haverá uma reflexão coletiva e, mais uma vez  fico com a sapiência de Hanna Arendt:
“ a questão básica é: O que realmente se passou? Do modo  como vejo a coisa, pela primeira vez num longo tempo surgiu um movimento político espontâneo fazendo não apenas propaganda, mas agindo, e ainda mais agindo quase que exclusivamente por motivos morais. Junto com este fator moral, bem raro nesta coisa comumente considerada um mero jogo de poder e interesses, entrou uma outra experiência,  nova para o nosso tempo, no jogo da política: demonstrou que agir é divertido. Esta geração descobriu o que o século dezoito chamou de “felicidade pública”, que significa que quando o homem toma parte da vida pública abre para si uma dimensão da experiência  humana que de outra forma lhe ficaria fechada e que de uma certa maneira constitui parte da felicidade completa” [...] As coisas boas na história são quase sempre de curta duração, mas mais tarde tem uma influência decisiva no que acontece por longos períodos de tempo” (ARENDT- 1973:175)

É isto que espero,  que esta influência seja sentida e que tenha as consequências  corretas e “verdadeiras” para nós, cidadãos brasileiros.

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