É manhã, ainda por volta das 06h15min-06h20min,
vou andando pela orla, não tanto para fazer exercício, muito mais pela confusão
mental que tantos e tantos problemas, com soluções cada vez mais distantes,
causam.
Venho absorta, penso nas
soluções, chego a visualiza-las, mas elas não dependem de mim, dependem de
terceiros, quanto pior, do Governo (Executivo e Legislativo e ainda o Judiciário).
Fico indignada, falo sozinha, não
entendo como é que se pode esperar tanto tempo por uma solução de conflitos.
Tenho ações que estão debutando, outras que estão se aproximando da maioridade.
Tantos Juízes já manusearam aqueles autos, e ninguém faz nada. Fico imaginando
o que os jurisdicionados sofrem. Não que
queira privilégios, mas fico pensando como é possível que uma pessoa, que tem
uma determinada qualificação, que está declarada nos autos, não porque seja uma
maneira de obter beneficio, mas porque não se poderia mudar os requisitos da petição
inicial, que exige a identificação do autor, inclusive a sua profissão. Bom se
a pessoa tem uma determinada profissão não são atendidas, não tem os seus
pleitos solucionados, julgados (seja contra ou favor ao que se pede), imagine=se
o pobre cidadão que procura o judiciário para procurar justiça, reestabelecer o
seu direito violado.
É nisto que sempre penso quando
ando. Se não estiver pensando nestes e noutros problemas que envolvem todos,
vou idealizando o que fazer se tirar na loteria (Mega Sena). Neste especifico
dia a Mega Sena estava acumulada e, salvo engano, pagaria quase trinta e oito
milhões de reais. Porra eu ia fazer coisas para cacete! Fazer tantas pessoas
felizes, pois, certamente, realizaria alguns sonhos de tantos que me cercam, de
pessoas que gosto, enfim.
Venho tão absorta que não vejo
pessoas, quando muito estou atenta ao azul do mar, que hoje está estupendo. De
repente, não mais que de repente, sei que vem alguém numa bicicleta, e quando
esta pessoa passa por mim ouço: “DELICIOSA E SUCULENTA”.
Caraças: DELICIOSA E SUCULENTA!
Será que falaram isto para mim mesmo? Olho ao meu lado, à minha frente, atrás
de mim, nenhuma mulher. Naquele instante estava eu sozinha Sim este não sei o
que (elogio talvez) foi para mim mesmo.
Isto faz com que todos os
pensamentos anteriores desapareçam para dar lugar a um outro: Por que esta pessoa ( um homem) disse isto? O que ele
pensou? O que ele queria dizer com aquilo? Será que pensou em uma manga. Sim
uma manga pode ser deliciosa e suculenta. Uma sopa? Sim uma sopa, a pessoa pode gostar de sopa, e
ela pode ser Deliciosa e suculenta. Pensei ainda em um malassado.
Este último mais do meu agrado.
Ri muito, então me senti muito, mas muito “gostosa” mesmo. Adoro malassado,
acho uma delicia. Comecei a notar que
estava rindo muito alto e que as pessoas passavam por mim e me olhavam muito
estranhamente. Certamente alguns devem ter dito que eu estava doida: Como uma
pessoa vem andando sozinha e ri daquele jeito.
Bom o fato é que ouvi, aliás,
isto está rareando mesmo, um elogio, pois para mim funciona assim, embora
esteja na moda achar que este elogio é assédio. Rapaz queria ter este assedio
todos os dias. Meu pensamento a partir
daí já toma outro rumo e eu passo a pensar como dizer a uma outra pessoa que ela
é interessante. Um olhar? Sim às vezes um olhar funciona, e como? Mas se você
não está em condição de olhar para o outro, se a cena é como aconteceu comigo,
se alguém vem passando e acha que a outra pessoa é interessante, é bonita, e
quer expressar isto. Como fazer? Falando é lógico.
Entro em outra vertente: As
mulheres acham que ser chamadas de gostosas, sei lá mais do que, é assedio. Interessante! Então é melhor ser agarrada, literalmente
chupada em festas, bailes, carnaval, sem que isto constitua assedio, mas ouvir algo como “gostosa” é que é um
assedio. Faça-me uma garapa!
Bom, estou regozijada. Acho que
rejuvenesci uns cinco anos. Não interessa quem tenha dito isto, sinceramente
não me interessa, mas que foi bom: isto lá foi. Isto me fez lembrar as minhas
caminhadas solitárias pelo Pirui em Arembepe, quando encontrava um senhor que
também caminhava por ali, e sempre que era possível, quando calhava de
encontrarmo-nos eu ouvia algo que realmente me encantava como mulher: “o meu
dia hoje vai ser mesmo bom”. “bom dia musa de Arembepe”. “O Pirui perde a
beleza quando você não vem andar”. Coisas assim, bobas até, mas que eu gostava,
gostava mesmo. Nunca me senti ofendida, assediada, ou qualquer coisa parecida,
muito pelo contrário, me sentia e me sinto mulher, bonita, apreciada, capaz de
despertar desejo no outro.
Enfim, seria muito bom para mim,
e para todas as mulheres, que alguém massageasse o nosso ego, seja um estranho,
seja os nossos próprios companheiros (alguns se esquecem de dizer que estamos
bem, que somos interessantes), embora fiquem retados quando percebem que ainda
“damos para o gasto”, e como diria um português taxista em Lisboa, quando
indiscretamente perguntou qual a minha idade. E quando respondi ele disse-me,
virando para trás quase batendo o carro: “Não parece, a menina ainda dá muitas
voltas”. Pois é, estes comentários mostram que não morri que sou capaz de “dar
um bom caldo”, justificando o DELICIOSA
E SUCULENTA. Kkkkkkkkkkkkkkkk.
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