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segunda-feira, 14 de março de 2016

O que espero do dia 13-03-2016

Estava assistindo  aos comentários sobre a repercussão das manifestações de ontem, dia 13 de março e, decididamente, fiquei com uma vergonha enorme.
O governo e o partido dos trabalhadores subestimando  esta concentração, esta força, esta energia dos cidadãos brasileiros, que  só estão querendo o respeito  às suas instituições,  à moralidade, uma volta da ética e, junto com tudo isto, uma politica econômica clara, que tire o país da crise em que o  governo nos colocou, por inabilidade, por falta de competência, por apenas estar preocupado em se manter, a qualquer custo, no poder.
Tive vergonha de ouvir todos os comentários.  Os petistas de carteirinha, tentando o impossível, vincular esta enorme cobrança popular, a um golpe articulado pela oposição, que por um acaso qualquer, embora isto não tenha sido uma tônica nas manifestações, foi vaiada, vide Aécio Neves e o Alkimim em São Paulo.
Golpe! Golpe é o que o PT está querendo nos dá. Então um homem que desrespeita o cidadão brasileiro, a justiça, procura deboche, gozação, ironia, subterfúgios, mentiras, sendo processado pela Justiça por força das tramoias que aprontou, que praticou enquanto no governo, vai, de novo, participar dele? Que Vergonha!  Estou completamente atônita e não consigo acreditar no que vejo e ouço.

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Estou envergonhada!!!!

Um dia, aqui neste mesmo espaço,  por força da copa do mundo, e pelos fatos narrados naquele texto, disse que “era brasileira com muito orgulho e muito amor”. Passados alguns anos, já não diria, em momento algum, esta mesma frase, porque o que tenho agora é mesmo muita vergonha de ser cidadã brasileira, e lhes digo  o motivo desta revolta:
Vi o ex-presidente da Câmara dos Deputados, em alto e bom som e para o Brasil, pois dava entrevista às emissoras de televisão, que não cumpriria a decisão do Superior Tribunal Federal, que condenou ex-deputados, ex-ministros, deputados em exercício, suplentes próximo de assumir o mandato, em relação à perda do mandato como consequência das suas respectivas condenações pelos crimes praticados durante o exercício daquele, Art. 15, IV da Constituição Federal, combinado com o 55, IV e VI, da mesma Constituição, observado-se, ainda, o Art. 92 do Código Penal. Fiquei atônita, pasma com o pronunciamento e com a arrogância do Senhor Marcos Maia e com a sua justificativa para tal atitude; é que, segundo ele, o Supremo invadia a competência privativa da Câmara, porquanto somente esta é que, em processo interno, podia decidir sobre a perda do mandato de algum de seus membros.
Certamente o Senhor Presidente da Câmara deixou que as emoções obilubilassem a sua racionalidade, pois, se ao menos tivesse raciocinado um pouco não teria dado tão insensato depoimento. O Senhor Presidente ao pronunciar as palavras, em um segundo, demonstrou: prepotência, ignorância jurídica, falta de cidadania, desconhecimento das leis do país, que, por acaso, deveria conhecer muito bem, porque elas são feitas exatamente na câmara legislativa que ele comandou até janeiro de 2012.
Aliás, a respeito deste processo, Ação Penal 470 – Mensalão, Já tinha estado envergonhada quando, ao assistir a última sessão do julgamento da dita Ação Penal pela TV Justiça, presenciei a atitude de um dos senhores ministros(Marco Aurelio) reagindo à fala do Presidente do Supremo Tribunal Federal e relator do Processo(Joaquim Barbosa), que agradecia publicamente a ajuda dos seus assessores ao longo do tempo em que o processo esteve sob a sua responsabilidade.  Fiquei estupefacta diante da reação do tal Ministro, que demonstrou toda a sua falta de humildade, de educação, e a  da sua empáfia não condizente com o exercício de tão valoroso cargo.  O homem se retirou do plenário, dizendo, em alto e bom som, que aquilo nunca tinha acontecido antes e que ele não participaria daquilo, que se o Presidente quisesse agradecer aos seus assessores o fizesse em particular e não numa sessão do plenário. Sem dúvida alguma, o inusitado gesto do Presidente pode nunca ter acontecido mesmo, porque nem todos tem a coragem de admitir que são ajudados por assessores em todos os processos em que funcionam. E ai deles se não fosse assim!  Não duvido, em momento algum, da sabedoria, do conhecimento, da capacidade intelectual de cada um dos membros dos membros do colegiado, mas eles sozinhos não podem dar conta de tantos e tantos processos. Eles precisam ser auxiliados nas pesquisas da doutrina, da jurisprudência, do próprio andamento do processo, das peças mais importantes, enfim, eles precisam de um apoio, e isto não vai denegrir nem diminuir a capacidade de nenhum deles perante o provo brasileiro, nem  mesmo daquela parte da população que tem formação jurídica e que tem conhecimento de como as coisas realmente funcionam .
Ao presenciar a prepotência do Senhor Ministro se  retirando da sessão voltei no tempo e lembrei-me de quando ele próprio tomou posse como Presidente do Tribunal declarou que, em relação à questão dos subsídios da magistratura, isto era somente uma questão de “canetada”. O tempo passou e os juízes até hoje estão esperando pela canetada que não veio, talvez por força de falta de tinta na caneta presidencial.
É mais a questão do Ministro, embora me tenha envergonhado, está muito aquém de que estaria por vim nos dias seguintes. A eleição dos presidentes do Senado e da Câmara Federal.
Fiquei pasma diante do resultado, que, diga-se de passagem, é alcançado mediante votação secreta nas duas casas. Pois não é que os senhores deputados e senadores elegeram para presidir as suas respectivas casas, dois homens com ações judiciais!  O Sr. Renan Calheiros para o Senado, o mesmo que teve de, anos atrás, renunciar ao mandato e á própria presidência da casa, porque restou comprovado o seu envolvimento com favorecimentos ilegais, recebimento de “presentes” da construtora Gautama, que pagava até mesmo contas de sua “amante”, emissão de notas frias, estando o Sr. Henrique Eduardo Alves, homem que fez questão no discurso de posse de demonstrar o seu conhecimento pratico do que pode acontecer com pessoas que entram na vida pública com intuitos diversos do que aquele de servir ao povo que o elegeu e que espera  pela sua ação, também denunciado em ação por improbidade administrativa. O homem tem mais de 30 anos   que está  na Câmara dos Deputados e os nordestinos, que por acaso os dois representam,, Rio Grande do Norte e Alagoas, de onde vieram os dois políticos em questão, continuam morrendo à fome, sofrendo com a seca, com a falta de estruturas, morando em  locais insalubres, e  fazendo crescer a população pobre  e sem oportunidades, fomentada  pelos diversos  programas  do Governo, que incentivam o “amor procriador”, a preguiça, o desemprego, pois  quando se recebe vantagem sem trabalhar, evidentemente que não se procura trabalho, quanto pior, quando um elimina o outro.
Bem, antes disto tudo, outro fato  também me deixou  descrente e envergonhadíssima.  O Caso da Operação Monte Carlo, acho que é este o nome,  que  teve o Sr. Carlos Cachoeira como principal acusado e que terminou pela cassação do mandato do Senador Demóstenes  Torres, lá do Goiás. Este então me deixou completamente arrepiada e de cabelos em pé. Pois não é que o homem pertencia ao Ministério Público, um guardião da lei e dos interesses  da sociedade, ele que, pela formação jurídica, sabia de todos as consequências dos seus atos, dos resultados dos seus envolvimentos escusos, da maneira  fácil de “arrecadar dinheiro”.  Olhe, isto parece mesmo brincadeira! Até gostaria que fosse, sinceramente.
Mas não ficou por aí não, tem a Rose, então a senhora que era a responsável pelo escritório da presidência da República em São Paulo, (até hoje não entendi o motivo da existência deste anexo presidencial), e que, segundo as más línguas, uma “segunda dama intramuros e aviões”, está envolvida em situações para lá de escusas, inclusive de “lavagem de dinheiro”, que, aliás, não se sabe de onde veio. Os jornais  informaram que dita senhora  levou perto de  quinhentos mil dólares, ou quantia equivalente, para a Europa onde está depositada valendo-se, inclusive, de um passaporte diplomático, veja lá se pode uma coisa destas. Valei-me Deus,  que pais é este!
Bom, mas não se fica só nisto, pois estou tentando entender até hoje como o ex-presidente da República, tão pobre e nordestino como eu na sua origem, pode aparecer em listas de “milionários” em revistas no exterior.  Acho que estudei muito para nada, talvez tivesse sido melhor ser metalúrgico e perder o dedo e parar de trabalhar para sempre e virar representante  do povo: pobres e oprimidos que, enganados com as falsas promessas e com os programas cala a boca do governo, continuam acreditando nos que ora governam este país.
Pois é, não faço parte do governo, não sou político de carreira, apenas sou uma brasileira que estudou em colégio público(os três últimos anos do ensino fundamental), passou num vestibular sem sistema de quotas, sem Enem, sem qualquer programa de nada; conseguiu, a duras penas,  formar em Direito,  que penou durante longos anos  como advogada, e que foi  aprovada em  concursos públicos, optando por um deles e cumprindo, por força disto, orgulhosa e responsavelmente o seu mister, distribuindo justiça e tentando, através desta distribuição, igualar os desiguais, e se vê agora  com salário congelado, vendo o desrespeito ao judiciário,  ao funcionalismo público  e às instituições deste país, resultando em uma  denúncia, pasmem vocês,  na ONU contra o Brasil. Realmente, estou arrasada.
Estou sim, envergonhada mesmo, mas não tenho muito a fazer, a não ser demonstrar, para muito poucos, a minha insatisfação e ficar esperando que o “metrô” de Salvador, que  já sugou muito dos impostos pagos pelos brasileiros, sai da toca, venha mesmo para a superfície, que é onde deveria estar há quase dez anos atrás. 

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Tudo por um bilhete de identidade


E lá se foi ela. Estava feliz, afinal ia passar o Natal na casa de conhecidos e em uma cidade que gostava de rever. Barcelona!

Toma o avião cheia de energia. Cidadã européia e já na Europa, fascinada pelo fato de não ter de ficar na fila da emigração, nem para sair de onde estava, e nem para chegar aonde ia.

Chega a Barcelona no horário previsto e lá está a sua anfitriã. Uma nacional do seu país de origem, que pensa que mudou a essência por ter se casado com um catalão. Sua aparência efetivamente mudou; os cabelos já não são os mesmos, apesar de piores na aparência, tem corte moderno e alongamento. O rosto está tratado, afinal na Europa pode-se ter acesso, facilmente, aos grandes produtos reformadores da “cara”, acreditem se quiserem: Lancome, Ester Lauder, Clarins, La Mer (o mais caro de todos) quase uma operação plástica, e tantos outros. A Bolsa é a da Dona Karan, aliás, se fez tudo para mostrar à visitante esta marca.

Cumprimentos e a visitante estranha não ver o marido da visitada. Ele não estava no desembarque e as duas pegam um “ônibus”. Embora isto seja uma coisa normal na Europa, do que não se tem de ter vergonha mesmo, pensou que iria ser transportada de carro, etc. Etc., enfim, o que aconteceria se o caso fosse contrário, fosse ela a visitada e eles os visitantes. Também não entendia porque não podia pegar um taxi. Estava de mala pesada e isto seria o mínimo que teria feito, até mesmo se estivesse sozinha.

O fato é que entraram no ônibus; ela muito sem jeito, porque não está acostumada a andar de malas em ônibus. O certo é que seguiram as duas conversando sobre coisas e pessoas “nacionais”, coisas sérias em alguns momentos, banalidades em outros, aliás, só poderia ser assim mesmo, porque a diferença cultural não permitiria que, mesmo as coisas sérias, que envolviam apenas dramas familiares e possíveis soluções legais, passasse dali. A certa altura a visitada diz que iam sair naquela parada. Ok! Puxando a mala, com a dificuldade de estar com um casaco de frio imenso, o que sempre lhe tolhia os movimentos, por mais que se esforce não vai se habituar a estas vestes, desceu do autocarro numa praça. Não entendeu nada, mas seguia a anfitriã, que parou em frente à loja do El Corte Inglês dizendo estar esperando alguém. Mais uma vez pensou a visitante, “o marido”, vem nos pegar e me livrar desta incomoda mala. Qual o que? Chegaram duas mulheres, uma irmã da anfitriã e uma amiga. O pior, todas entraram na loja, inclusive, claro, ela, puxando a porra da mala.

A anfitriã queria comprar uma calça de marca. Aquelas jeans que custam de 250€ para lá. Exigente, olhava muitas e não se definiu por nenhuma, no que se passaram intermináveis duas ou 3 horas. Não se comprou nada na loja. À altura já eram cinco ou seis da tarde, quando saíram loja e foram andar pela rambla: pense aí! Passear pela La Rambla puxando uma mala! Todavia, o que fazer? Nada: acompanhar aquelas três e pronto, de qualquer maneira o sacrifício valia a pena, estava, novamente, em Barcelona, na La Rambla, e tentava se recordar da primeira visita que fez à cidade, também quando estava muito feliz ao lado de quem queria e realizando sonhos, saindo do metro na Praça da Catalunya e alcançando a La Rambla.

Andaram pela La Rambla a olhar lojas, a fome apertando. Passaram por muitos e muitos restaurantes, mas foram parar, achava ela, no pior deles, mas uma bar-restaurante que estava na moda, servia uns tapas diferentes, uma decoração para lá de exótica, enfim, um bar de Barcelona. Beberam cerveja, aliás, “canas” ou “finos”, sabe lá ela, sabe é que bebeu muitas. Comeu algumas coisas que elas pediam, e que na verdade, não faziam bem ao seu paladar, mas à altura estava com fome e em minoria.

Começou a pensar se teria sido uma boa opção ter ido passar o natal em Barcelona. Começava a duvidar e cada vez mais dava Graças a Deus de, na última hora, ter mudado a passagem para antes do dia 31, pois tinha comprado o bilhete para retorno no dia cinco, mas teve um estalo dias antes da viagem e modificou a data da volta.

Uma das mulheres que estava com a visitante era uma espanhola. Uma senhora, mas com muita energia. A outra era irmã da anfitriã e andavam sempre as turras.

Um telefonema e a visitada diz que o marido está chegando. Novamente a mala é puxada rambla a fora. Chega-se, de novo, ao ponto de partida. A cidade ferve, hora de ponta, não ha lugar para estacionar, o homem para distante e começa a acenar. As duas despendem-se das outras duas e correm em direção ao carro, tudo é feito na pressa, parece que estão fugindo da policia ou coisa parecida. O homem corre a abrir o bagageiro para colocar a mala. Entram no carro e seguem. Para onde?

As ruas passam, avenidas bonitas, edifícios chiques, ruas largas, ela olha tudo e começa a ver que estão se afastando do centro da cidade. Onde é que eles moram? Estrada! Sim, pegaram uma estrada mesmo, ou seja; não moravam eles no centro de Barcelona. E lá vão os três. Depois de muito tempo, ao menos uma hora, começa ela a ver, de novo, indícios de uma cidade. Ruas, lojas, frio da porra, sobe-se uma ladeirinha e o carro para. Pronto, chegamos.

A rua tranqüila, tudo quieto e silencioso. Junto ao prédio, ou melhor, no fundo dele, uma estação de trem. Pensou logo ela: to fudida, não vou dormir, mas estava na Espanha, dizia para si mesmo, e tudo valia a pena, inclusive porque ia tirar o seu bilhete de identidade espanhol.

Entraram no prédio e chegam ao último andar. Um bom apartamento a esperava, bom mesmo, mas normal como outro qualquer. Deixam as malas e voltam à rua. Ele leva as “chicas” para um bar, onde comem várias tapas. Que tapas! Ele sabe comer e conhece tudo. Comeu de tudo, pão com tomate, pimentos, jamón, muitos outros tipos de tapas. Beberam vinho e foram embora. Pensava ela que ia para casa, mas ele para o carro em um restaurante e vão jantar mesmo. Não se lembra o que comeu, porque já estava mesmo enfastiada de tanto comer tapas. A anfitriã e ele, entretanto, se fartaram, comeram bem direitinho.

Vai dormir, estava cansada.

Dia seguinte: A anfitriã e o anfitrião vão trabalhar. Ela fica em casa, para seu desespero, trancada. Eles saíram e deixaram-na trancada. Ela, que felizmente tinha levado livros, estuda. Lá pelas duas, três da tarde, eles chegam e fazem um almoço rápido. Salada, carne passada rapidamente pela frigideira e já esta, como ela aprendeu em bom espanhol a dizer. Comem, descansam pouco, pois a anfitriã tinha de voltar á peluqueria, pois estava cheia de trabalho, afinal era quase véspera do natal. Ele vai trabalhar de novo e ela, mais uma vez, trancada em casa. O que será que está acontecendo? Pensava ela. Por que eles me trancam em casa?

Mais tarde retornam e vão para a rua. Um frio de lascar. Tudo iluminado e muitas pessoas entrando e saindo de lojas, velhos, meninos, jovens, todos encapotados, mas na rua. Ela sempre acha engraçado este modo de vida europeu. Todo mundo entocado o dia todo, mas à noite, todos vão para a rua. Ali, naquele recanto da Catalunha, não era diferente, ainda mais em véspera do natal. Todas as lojas conhecidas estão ali: Maximo Dutti, Zara, Mango, Hits, e muitas outras.

Rodaram um pouco pelas ruas e depois foram para um restaurante e comeram bem.

Casa. Dormida e no outro dia já era dia vinte e quatro, portanto dia de preparativos natalinos. Havia de ser feita uma salada de frutas e mais algumas outras coisas. Pela manha os dois saíram: ela fica em casa, novamente, trancada. Remédio: limpar a casa. Fez cama do casal, limpou o quarto, arrumou as roupas jogadas no chão e na cadeira, lavou o banheiro, limpou a cozinha, tirou pó dos móveis. Começou a cortar as frutas para a salada de frutas e os legumes para a salada fria. À noite viriam pessoas passar o natal. A irmã, a mãe, amigos deles, enfim, ia ser uma festa de natal como todas.

Chegaram e todos surpresos com a casa limpa, tudo arrumado. Ele pergunta se ela é que tinha feito tudo, ela responde que sim e pede a ele que, se ainda desse tempo, que a levasse na rua, porque ela não sabia que aquelas pessoas viriam e queria comprar umas lembranças. Ele fez isto e saiu com ela, que rapidamente “despachou-se”, este é o mais feio termo que já ouviu para designar o término de uma ação.

Voltam a casa e já estão quase todos. Ele parece feliz, ela nem tanto. Há muita comida e bebida. A banana e a maça da salada de frutas escureceram: uma merda!Mas que jeito, todo mundo fala do que deveria ser feito, mas já esta e o jeito é comer assim mesmo.

Música brasileira, muita, e todo mundo dança, canta, é mesmo uma festa, e como todas as festas em que alguns membros de família se reúnem há problemas, e esta não seria a exceção, aliás, com aqueles membros que estavam presentes na casa da anfitriã, inclusive ela própria, a exceção seria a “paz”.

Enfim, muito álcool e meia noite! Agora era o dia do aniversário da anfitriã. Recebe parabéns e um presente do “marido”. O que seria? Era um presente grande e muito bem embrulhado. Ela abre e exclama: “Uma bolsa Dona Karan”. Os olhos brilhavam, faiscavam até, ela era poderosa, já estava com duas bolsas Dona Karan. Ganha outros presentes, mas a bolsa da Dona Karan era mesmo o supra-sumo e, de longe, o melhor, os outros já nem tinham importância, dispensáveis até. Ele esta feliz porque ela gostou do presente. Alguns olhares invejosos, que não intimidaram a anfitriã, que foi buscar a outra Dona Karan para fazer comparações. As bolsas eram exatamente iguais no estilo, diferiam na cor, mas que importa, era uma Dona Karan.

Todos foram dormir meio borrachos. No dia seguinte, ela acorda cedo, mas não pode sair do quarto, eles estão dormindo e tem gente, inclusive, na sala. Fica ali, no seu confinamento, até ver movimentação na casa. Levanta, toma banho, ajuda na limpeza. O dia promete. Tomam o pequeno almoço maravilhoso, muita comida do dia anterior.

Não saem neste dia, ficam em casa a beber e comer e a receber gente. A música brasileira não para de tocar, pagode, arrocha que esta na moda. Ela está a divertir-se, bebe muito, o vinho é realmente bom, ele não tem pena quando a questão é comida e bebida, aliás, nem quando se trata de prenda para a amada, veja a “Dona Karan”. Vai passando tempo e pessoas vão chegando, afinal era o aniversário da dona da casa. Ela samba no seu jeito, chama atenção, os amigos a cumprimentem, um deles, bem mal cheiroso dá em cima dela, ela tira de letra, afasta-o delicadamente, afinal esta na casa dos outros, se na sua fosse...

Ha um cheiro esquisito no ar, parece de cigarro, mas tem um odor diferente do de cigarro. O que será? Alguns fumam na sala, são os filhos do anfitrião. Entende o que é, não diz nada, acha apenas que não está no lugar certo, mas é problema deles.

A noite vai se aprofundando e afundando as pessoas, que mais uma vez se embriagam e, por força do álcool começam discussões intermináveis, um bota fora de vida alheia que é constrangedor. A anfitriã, claro, sempre se achando com toda a razão, sem ter mesmo nenhuma. Ela se recolhe, realmente não estava bem, o estomago lhe doía, já estava toda inchada. Bebera muito vinho, mas muito mesmo e o efeito estava ali.

Quando acorda, no outro dia, a casa já está mais calma, era sábado ou domingo, não se lembra bem, e já havia muito mais coisa a fazer, pelo menos em termos de beber e comer. Acordam. Vão ao mercado. Que mercado! Encanta-se com a variedade de jamóns pendurados há uma secção imensa do mercado somente para eles. Chouriços, queijos, vinhos!

Voltam a casa, largam as coisas e vão até a casa do amigo do dia anterior. Mais vinho e mais jamón. O pata Negra é claro. Recebe uma rosa vermelha, convite para dançar. O homem se esfrega nela, ela não gosta e fica pedindo a Deus que eles se decidam a voltar para casa. Mainhã conversa particularmente com o homem, vai até o quarto dele. O quarto e sala é lindo e arrumado. Soube, depois, que o homem é gerente de um banco e namorava com a sobrinha da mainhã, uma outra nacional que lá estava.

Domingo. Vão a Barcelona, Porto Olímpico. Comer é a palavra de ordem. Eles gostam de marisco e anfitriã abusa do caro pede parrilada de marisco,(camarão e lagosta grelhados)ta, e tudo o mais, tudo tem um defeito sempre. A cara é de quem esta mesmo enfastiada com aquilo. Nada de errado com a comida, gênero puro, tipo ser conhecedora do assunto. Uma verdadeira graça, se não fosse ridículo. A visitante come pouco, não gosta de frutos do mar, mas não dispensa o pulpo e nem as lulas. Muito vinho para dentro. Comem muito. Ela fica a olhar para aquele homem, que é, decididamente, um homem bom e muito corajoso.

Voltam para casa. Já é dia 26 e ela vai embora 29. Dia 27 em casa trancada, dia 28 vai tirar a carteira e percebe o que ele diz ao agente. Ela faz o doutorat em Lisboa. Tudo resolvido, entretanto, a carteira só vai ficar pronta daqui a um mês. O endereço é dele e ela autoriza-o a pegar tal carteira.

Não há mais nada a fazer a não ser esperar o dia de embora e é o que acontece, com um pequeno detalhe: dentro de casa

Casa de meus avós na Galicia
Pois é, para ter direito a um bilhete de identidade espanhol e passar um natal com “seus nacionais”, teve de passar pelo “cárcere privado”, que até hoje não conseguiu entender.

Mesmo assim, a viagem valeu à pena, e, acreditem: ela voltou à Barcelona!

sexta-feira, 22 de abril de 2011

MACACO NÃO OLHA PARA O RABO

Quando estive em Maputo – Moçambique, fiz muitos comentários a respeito da sujeira da cidade, da pobreza, do tóxico, da prostituição das jovens, transportes públicos, dentre outras.

As críticas, infelizmente, falavam de coisas reais, do que vi, do que presenciei.

Voltei para Lisboa, e talvez por isso mesmo eu tenha achado que Maputo era tão suja, não que Lisboa, em alguns sítios, não o seja, mas por estar acostumada com o sistema de coleta de lixo da cidade, principalmente onde vivo, em Carnaxide, em que não se vê acúmulo de lixo, embora, como em todo Portugal, os dejetos do “melhor amigo do homem” insistam em sujar toda o país. É que em Lisboa os donos de cães utilizam a rua como sanitário publico para os seus bichos de estimação, sem o menor respeito pelo cidadão, que a qualquer momento pode escorregar na “merda”, cair, ficar machucado, simplesmente pelo fato de que os educados proprietários de cachorros, acham normalíssimo o fato de levar os seus cães para fazerem as necessidades na rua, exercendo, assim, o direito de “cidadania” dos pobres animais.

Acho mesmo interessante conversar em Lisboa com os proprietários de cães, que levam os seus animais para fazerem as necessidades na rua; eles acham que tem direito a isto e que não incomodam ninguém pois fazem isto altas horas da noite, certamente para encobrir a sujeira e achando que assim, estão preservando os demais. Alguém chegou a me dizer, quando argumentei que os animais sujavam tudo, calçadas, jardins, grama, etc. que o cachorro dela era educado, que ela tinha o cuidado de levar o bicho num cantinho. É inacreditável, o português cobra tudo, tudo mesmo, faz criticas a tudo, se aborrecem por tudo, gritam uns com os outros, mas quando se trata de “animais” tudo é permitido. Imagine que eles se permitem levar os bichos para restaurantes e você tem de ficar comendo e espreitando o animal na mesa ao lado. Quem não esta acostumado com o bicho, quem não conhece o animal fica temeroso do que ele possa fazer e não adianta o dono dizer que ele é manso, que não faz nada. A questão é mesmo de educação, mas parece que em Portugal não se liga muito para isto. O hábito de levar os animais para sujar a rua está mesmo enraizado na população.

Pois é, não concordo com isto e acho mesmo uma grande falta de cidadania e de respeito para com o próximo, mui principalmente aquele que não tem animal e que é obrigado a andar com toda atenção na rua para não escorregar nos dejetos que decoram as pedras portuguesas, os jardins, as esplanadas.

Também falei de Lisboa com relação às drogas no Martim Muniz, Intendente, e adjacências e à mendicância, que no centro realmente é estarrecedor, pois os mendigos fazem casas de papelão nas portas dos grandes monumentos da cidade, a exemplo do teatro Dona Maria, das arcadas da Praça do Comércio, escadarias da estação de comboio do Rossio, no Martin Moniz, dentre outros lugares.

De Lisboa voltei para o Brasil, para minha querida Salvador. Que tristeza. Nunca vi a cidade em tamanha degradação. O lixo tomou conta dela. Na Conceição da Praia é até nojento andar nas ruas sujas. A frente do Elevador Lacerda, cartão postal da cidade, é uma desolação. O cheiro de urina entra pelas narinas lhe revoltando o estomago. Não se pode passar nas calçadas tomadas de ambulantes, disputa-se lugares entre eles para não ser atropelado pelos automóveis quando se anda no meio da rua. Lixo por todos os lados, pessoas feias, mal encaradas, prostituas, desordeiros, bêbados, uma coletividade inútil complementando a sujeira do local. Lágrimas me vieram aos olhos, mas não foi só na Conceição da Praia que isto aconteceu. A cidade alta também esta na mesma degradação. Subi o Elevador e, apesar de chorar de emoção ao olhar a Bahia de Todos os Santos, chorei de raiva ao passar pela Rua Chile em direção a Carlos Gomes. Tudo feio e sujo. Uma grande decepção mesmo, e eu me lembrei de Maputo, e tenho de me penitenciar.

Salvador não está só suja, acabaram com ela, com um dos seus grandes atrativos que eram as barracas de praia. A impressão que tive foi que um grande tsunami ocorreu na orla de Salvador. O governo local retirou todas as barracas da praia, alegando questões ambientais e da construção ilegal na área. Engraçado é que estas barracas estavam nos seus lugares há muito tempo, e a lei sempre existiu, mas nunca ninguém tomou providência. Permitiram que os “barraqueiros” ali ficassem, fizessem o seu meio de vida, para, num belo dia, em que alguém amanheceu de “ovo virado”, mandar destruir tudo. Foi destruição mesmo. Agora não temos mais barracas de praia com banheiro, água, chuveiro, cozinha decente, mas se permite que comidas sejam feitas na praia, barracas sejam armadas, xixi seja feito na areia, enfim agora é que se está politicamente correto, e que os cidadãos estão exercendo os seus direitos “ambientais”. Até seria louvável a iniciativa se realmente fosse esta a questão, mas não é, tanto que agora, já se pode construir arranha céus na orla. Será que estas construções que já estão em andamento e as que estão por autorizar não são contrarias às normas ambientais? Será que a retirada destas barracas não é uma maneira de preservar, dar segurança àqueles “classe alta” que vão ter condições de comprarem os imóveis de luxo que estão a ser construídos? Será que isto não é mesmo um favorecimento aos grandes empreendedores?

Como se isto não bastasse, estou andando de ônibus em Salvador. Terrível. Os ônibus sem qualquer conforto, sujeira dentro e fora dos ônibus, falta de cumprimento de horário, veículos sem quaisquer condições de trafegar. Os terminais depredados. A Estação da Lapa não tem condição de uso. Na verdade senti mesmo foi medo de estar ali.

Em São Cristovão não aconselho ninguém a tomar um coletivo. Aquilo deve ser coisa do Diabo, ou então estou pagando algum pecado que cometi, mas o pecado deve ter sido tenebroso, porque aquilo é mesmo uma provação. Fico imaginando o sofrimento dos trabalhadores que não tem escapatória, que não podem, como eu, tomar um taxi, sair dali e pegar um ônibus em outro local. Os ônibus não param no ponto porque os transportes alternativos “vans”, se fosse em Moçambique eram “chapas”, não permitem que eles se aproximem; resultado, temos que correr para o meio da rua para conseguir entrar neles. Um verdadeiro inferno. Além disto, os ambulantes estão por toda a parte tomando quase todo o passeio; os pobres coitados que vão tomar o coletivo ficam com uma nesga de passeio para aguardar a hora de se arriscar correndo para entrar no veículo e depois, aguardar uma outra forma de sucumbir: ser espremido dentro do próprio coletivo. É um verdadeiro horror, mas parece que isto não preocupa ninguém. O Sr prefeito de Salvador tá pouco se incomodando,agora está preocupado com as contas que o Tribunal de Contas do Municipio analisa.

Depois de tanta decepção, e já disposta a pedir desculpas a Maputo, fiz uma viagem para São Paulo.

São Paulo, para quem não sabe, é a capital financeira do país, não só financeira, mas o símbolo da nossa modernidade, da nossa cultura como um todo. Tudo acontece em São Paulo. Já há muito que não vinha até aqui. Ela me surpreendeu em muitos aspectos. Primeiramente fiquei orgulhosa de ver a modernidade. São Paulo tem metrô, tem sistema ferroviário - metropolitano, coletivos. Fiquei extasiada com as estações terminais, com as ligações, o transbordo, as conexões. Neste aspecto, se não fosse tanta gente a utilizar o sistema e ele já esta a precisar de expansão, a cidade não deve nada a nenhum centro europeu.

Andei na Paulista, fui a diversos shopping centers, fui aos Jardins, Alphaville, Ibirapuera, etc. Tudo maravilhoso. No entanto, no dia em que fui ao centro, que lástima! A Praça da República é um desalento, não recomendo ninguém a ir visitá-la. Deixe a República morrer, voltemos a Monarquia, talvez assim recuperemos a dignidade do local. A Praça em si está suja, porca. Marginais ocupam os seus espaços. A droga é cambiada em todos os lados, grupos de drogados se acomodam nos seus recantos. As carpas dos lagos já não se mostram porque a cor da água poluída sem limpeza não permitem que se exibam O lixo está espalhado em todos os lugares, as calçadas estão esburacadas. Quem vai até a praça se arrisca de todas as maneiras, pode perder a vida, como a bolsa e, por causa da bolsa, a própria vida.

A Avenida Ipiranga na altura da Praça da República está irreconhecível, sujeira por todos os lados.

Na Sé, outra decepção. Parece que agora temos um exército de desocupados ocupando os belos espaços de São Paulo, invadindo a história, mudando a história do nosso país. Fiquei triste, mais muito triste mesmo, mas, ainda assim, continuei a caminhada, queria ir ao Mercado Municipal, e efetivamente fui, até lá chegar mais sujeira, mais degradação, mais decepção.

Bem verdade que quando cheguei ao Mercado retomei a euforia de estar em São Paulo, pois aquele é um grande monumento. Volto a pensar em São Paulo como uma cidade bela, limpa, multicultural, uma grande metrópole, mas depois tenho de sair para voltar para casa, e aí, novamente, sujeira, pobreza, pânico.

Chego a casa sã e salva, a que custo. E aí me vem a certeza de que tenho de me desculpar para com Maputo, pois ela fica em Moçambique, África, que é, como se noticia, um continente pobre, subdesenvolvido, com uma quantidade imensa de analfabetos, doentes, subnutridos, embora dirigidos por grandes fortunas, que fazem parte de listas das mais ricos do mudo, embora, como as noticias demonstrem, as grandes ditaduras estejam caindo, o povo já não agjuenta mais.

Que direito tenho eu de falar de Maputo? Nenhum. Antes de falar de Maputo, preciso falar do meu próprio pais, da minha própria cidade, do lugar onde vivo. Maputo pode ter os problemas de que falei, pois esta incluindo num contexto de pobreza, de subdesenvolvimento, de analfabetismo, de doença, de fome. Mas como justificar tudo o que apontei no meu país em duas cidades completamente diversas – São Paulo e Salvador-? Uma representando o Sul e a outra o Nordeste, ambas com a mesma degradação, com a mesma sujeira, o mesmo descaso para com o patrimônio público. Depois, como justificar o que acontece em Lisboa, onde passo alguns meses por ano,em que encontramos todos os problemas aqui já referidos? Pois é: tenho de dobrar a língua quando falar de qualquer outro lugar agora, pois, como diria minha mãe:  "Macaco não olha para o rabo”!





quarta-feira, 21 de abril de 2010

A Lagoa transbordou








A Lagoa transbordou
Arembepe amanheceu triste. Do Corre Nu, do outro lado da pista, até o Piruí, tudo alagado. A Lagoa resolveu tomar o seu lugar e a Caraúna encheu. Na Rua da Glória casas alagadas, gente tirando coisas às pressas. Á água subindo a cada hora e fazendo muitos estragos.
O campo, agora, só se poderia jogar pólo aquático, ainda assim, se os peixes e as cobras d água deixassem.
Na Rua da Glória e na Caraúna, quem não tirou o carro da garagem teve ele submerso até mais da metade. Colocaram, tanto no começo, quanto no fim da Rua da Glória, barreiras para que carros não tentassem, sequer, atravessar, pois a cada onda feita com a passagem mais água entrava nas casas.
No meio da rua, pior ainda, a água entrava e não tinha saída e os moradores tentavam salvar o que podiam. A casa de Duinha estava cheia, ela teve de sair deixando as suas coisas e as suas histórias. Do outro lado, em frente à casa dela, na antiga casa de Marione, a água entrava pela garagem e pelo portão e lá mesmo ficava. A pousada agora já poderia oferecer aos hóspedes uma nova atração, pescar sem sair da cama, talvez.
Na porta da minha casa a água cobria o pé, ela nunca tinha alcançado este trecho da rua. Peixes, cardumes deles, circulavam como se aquele fosse o seu habitat natural. Cobras atravessavam, literalmente, a rua. Sapos, não sei se rãs, não importa, mas batráquios(anfíbios) com certeza, pulavam e faziam barulho na água. Muitos sustos e o medo da água subir mais: Na dúvida, tirei o carro da garagem e coloquei na praça, lugar mais alto.
Alguém disse que não podia dar descarga no sanitário, a água não descia. Evidentemente, com o aumento do nível da água tudo transbordou, as fossas estavam cheias. Estávamos proibidos, pela natureza e pelo poder público, de atender as necessidades do corpo.
Com todo este caos me lembrei que ha um projeto de revitalização de Arembepe, o que abrange uma passarela na praia, aquela, da qual já falei: a que liga o nada a lugar nenhum e que serve para retirar de Arembepe o que ela tem de mais bonito, a visão da vida se mostrando em todas as suas cores.
Pois é, lembrando disto comecei a me perguntar: Por que será que, ao invés de se gastar dinheiro com uma passarela inútil, não se faz um serviço de esgoto dentro de Arembepe? Por que não se estuda um meio de algum sistema de drenagem na lagoa para que ela não transborde e cause tantos danos nas épocas das chuvas? Muitas outras perguntas poderiam ser feitas, mas estas já são suficientes, para, mais uma vez, mostrar que não precisamos de passarelas, precisamos de muito mais coisas importantes: Rede de esgoto, sistema de escoamento de águas, escolas, trabalho para os jovens de Arembepe.
Alguns me dirão que Arembepe não foi um caso isolado, que as enchentes aconteceram em todos os lugares, que a chuva provocou estragos em quase todo Brasil, a exemplo de Niterói no Rio de Janeiro, em Lauro de Freitas aqui na Bahia, em muitos outros Estados da Federação: Pernambuco, Aracaju, São Paulo. No Rio, até o Cristo teve de se equilibrar para não cai, certamente ficou tonto, atordoado com o descaso do poder público com os seus filhos. Não agüentou ver tanta morte, não por força da própria natureza, imprevisível, ou previsível nas causas, não nas consequências, e se abalou mesmo, quase cai, tremeu, mas não foi respeitado.
Em Arembepe, com outra dessa, só sobreviveremos se Noé nos recolher com a sua arca, infelizmente, levando apenas dois de cada espécie. Quem serão os escolhidos? Alguém da Caraúna, do Corre Nu, da Rua da Gloria, do Piruí? Enquanto não temos resposta, aliás, posso até imaginar qual seria, pois afinal de contas o poder, num momento deste, mostrar-se-ia com toda a sua força para que a escolha fosse feita nas pessoas certas, aquelas com um maior poder aquisitivo, aquelas com influência que podem mudar o jogo das coisas, mas que, infelizmente trabalham em seu beneficio, embora a natureza sábia, não faça esta distinção, porque ela não escolhe branco ou preto, rico ou pobre, feio ou bonito, homem ou mulher, para mostrar a sua força, o seu poder, que advém de se própria, que não é fabricado por homens que detém o poder, mas não sabem usá-lo em beneficio do povo, único dono deste mesmo poder que eles representam.
Talvez a natureza tenha tentado mostrar o que o povo às vezes esquece: que os seus representantes esqueceram-se do seu dever, que é o de representá-los bem, gerir o dinheiro público com projetos que funcionem e que sejam necessários; obras de infra-estrutura que permitam uma melhor qualidade de vida para o povo brasileiro independente do seu “sotaque”. Obras que não apareçam no exterior, mas que deixem o “interior” de cada cidadão brasileiro tranqüilo, para que ele possa dormir em paz, sem pensar se amanhã vai acordar com a sua casa alagada, com o seu barraco desabando, com a sua família perecendo.
Pois é; No caso específico de Arembepe, esqueçamos as passarelas inúteis e vamos lembrar-nos do povo da vila, deste que agora sofre as conseqüências da natureza inconsequente e da inconsequência do poder público.
Abril de 2010