quinta-feira, 18 de fevereiro de 2021

O Supremo do Supremo

 Estou aqui em plena polemica envolvendo o deputado que “ofendeu” o Supremo Tribunal Federal. Estou atônita.  Deixei de advogar e de judicar há muito tempo, mas não o suficiente para esquecer os direitos do cidadão contidos na Constituição da República do Brasil, tampouco as prerrogativas da magistratura e as imunidades parlamentares.

Vi o que o homem falou: sim ele foi infeliz na maneira, mas, as suas críticas ao Supremo, têm toda a razão.  O Supremo Federal que devia estar fazendo o seu trabalho, que é guardar e impedir que a Constituição e os direitos constitucionais do cidadão sejam violados, agora virou o tribunal dos melindres, da politicagem, o extremo da vaidade.

Então aquele que não cumpre a sua obrigação, que está a todo  julgamento vilipendiando a Constituição Brasileira ao bel prazer de cada um dos seus ministros, não pode ouvir as críticas da população, dos representantes dela?  Quem são vocês ministros? Vocês são os guardiões do povo, porque a quem vocês têm primeiro de atender é ao povo deste país, que, inclusive, se vocês não lembram, pagam os seus salários e todas as mordomias que vocês criaram para si próprios.

Como vocês podem dormir tranquilos fazendo tantas bobagens, acabando com a o Estado de Direito que vocês teriam obrigação de proteger.  Como vocês podem explicar tamanha violência contra “a palavra”. Quer dizer que agora vamos ter que ouvir e ver as misérias todas que vocês estão fazendo e nada fazer?  Não podemos comentar nada?   Os jornalistas estão podados de exercer a profissão?  Que é isto ministros? Onde vocês pensam que estão ou o que pensam que são?

É triste, muito triste mesmo, ver essa fogueira das vaidades. O Careca, este então, confirmando o que a sua própria aparência sugere, está com alguma dificuldade mental, algum transtorno, porque com certeza pensa que é Deus e que todos tem de se curvar às suas vontades, além de auto contrariar-se, vide o que escreveu a respeito da imunidade parlamentar no seu livro , e o que fez agora..

O beiçola, outro que parece ter saído do Inferno de Dante, com aquela beiçola pendente: aqui tenho de abrir um parêntesis para concordar com o Delicado, o homem parece ter ódio da humanidade, mas deve ser o fato de acordar todo os dias e olhar para si próprio. Tem de estar sempre de mau humor mesmo. Dizem que ele tem de retribuir todos os favores recebidos na era petista, portanto, se explica que ele defenda (olhe o termo) defenda de todas as maneiras os delinquentes, criminosos, condenados, e ainda tenha a petulância de soltá-los.  Penso que o ex governador do Rio de Janeiro não lhe proporcionou nada, porque se o tivesse feito, apesar de tantas provas e de tantas condenações, já estaria fora da cadeia, como estão o ex presidente, o ex chefe da casa civil, dentre tantos outros que foram libertados, ao repúdio da sociedade brasileira, por este senhor muito mal humorado, que ainda teve a ousadia de dizer que a lava jato acabou com o país. Puta merda, este é um atestado de que ele está do lado dos corruptos, dos ladrões, dos criminosos. Que diabo é isto?  Então o país devia ficar como estava?  A corrupção comendo no centro, nosso dinheiro sendo desviado de todas as maneiras possíveis, a pobreza se alastrando cada vez mais, e este homem tem a coragem de dizer uma merda desta.

O parente de russo, que depois do arranjo “inconstitucional” para julgar um impeachment permitindo que o impitimado conservasse os seus direitos políticos, perdeu qualquer   pedaço mínimo de moral que algum dia teve. Ultimamente percebemos, com todas as informações que vieram à conhecimento público, a razão: era  vizinho da primeira-dama, coitadinho, tinha de ser ajudado de alguma maneira, e o foi virando, por vontade da vendedora de Avon, ministro do supremo tribunal federal.

O outro com cara de bebê chorão, que de bebê não tem nada, e que ainda não explicou aquela licença por ter tomado um escorregão em casa, penso eu que aquela queda foi whisky a mais para esquecer das merdas que fez durante todo o período em que militou, seja como advogado do PT, seja como Ministro do PT no Supremo.  

Apesar de não concordar, de maneira alguma, que a escolha do Ministro seja feita para que este vote a favor do governo, isto seria a negação suprema do supremo, inclusive acho que a imprensa deveria parar de fazer este tipo de ilação, porque apesar de estarmos vendo o que estamos, não podemos aceitar como verdadeiro e nem como normal esta história do presidente da república escolher pessoas que votarão a seu favor, ou a favor do governo em caso de necessidade.  O Judiciário não deveria se prestar a este papel, o Judiciário dá razão a quem tem, àquele que está acobertado pela lei. Não há interpretação diferente, é assim, foi criado para esta finalidade, e eles não podem esquecer disto jamais.  Tudo isto é para dizer que a cara quadrada de bobão, idiotamente, ou “inteligentemente”, também resolveu rasgar a Constituição Brasileira em um caso de uma clarividência colossal: o da reeleição dos presidentes da Câmara e do Senado. Ah sim, um detalhe! Esse já foi escolhido pelo atual presidente e também votou a favor da prisão do deputado.

O Delicado, com tanto esmero na sua apresentação e no gestual, também resolveu, em nome de um “ativismo jurídico”, criar novas normas, normas essas feitas por si próprio, à pretexto de estar interpretando a constituição brasileira. Olhe que sou de acordo com a adequação das normas à época, entendo que a mudança dos costumes sugere que a aplicação da lei seja atenuada até flexibilizada, mas criar uma nova norma ao bel prazer da sua interpretação passa um pouco dos limites. Acorda Ministro, cai aí do seu pedestal, lembra que você foi advogado de marginal. Até hoje a Itália não perdoa.

E o do Paraná. Sabe que até acreditei que este homem seria um contra peso dentro desse tribunal!  Quando lhe foi presenteada a Lava Jato, que tanto fez por este país, achei que era a mão certa para a causa certa. O que ele fez: ajudou mesmo a colocar a operação no buraco. Tanto fez e tanto fizeram que acabaram por acabar a operação. Sei que a Polícia Federal não vai se intimidar, mas o que foi feito pelo Supremo e pela PGR não tem cabimento.  Podemos aqui observar claramente que, quando os interesses envolvidos se misturam com os interesses pessoais, os pessoais acabam por triunfar sobre os interesses legítimos da população brasileira, que quer se ver livre de tanta corrupção, de tantos desmandos.

As mulheres, ah as mulheres desse Superior Tribunal Federal! Como gostaria de defende—las, mas é impossível ,quando me vejo diante do corporativismo imbecil que referendou a prisão do deputado.  Me incomoda a Irmã do vampiro, que sei ser uma pessoa de um saber sem medidas, concordar com uma agressão desta, tampouco gosto da sua posição política declaradamente contra a presidência da república. (ainda que pessoalmente ela seja contra, não pode confundir  a sua ideologia para  fazer declarações  notadamente contrarias aos atos do governo, quanto pior, enquanto Ministra do Supremo). Juiz tem de falar é nos autos do processo. A outra perfumada gosta da coletividade, não se cansa de dizer isto, e, talvez para não melindrar os seus pares, cai também na bobagem de ratificar uma decisão de um doente da cabeça, que se diz professor de direito constitucional, possivelmente da Venezuela, aliás, da ditadura de direita, cacete, como eles são bons em criar conceitos.  Porra se é ditadura, é ditadura, nem de esquerda e nem de direita, é uma ditadura e ponto final. É um regime onde todas as liberdades são caçadas, onde o povo não tem voz em momento algum, e quem ousa ir contra ao que está  estabelecido ou morre, ou vai preso.

Falta quem agora? O pimpão. O pimpão preocupadíssimo com sua aparência, nunca vi um cabelo tão bem penteado, impecável como diria minha amiga Vera. O homem até que tem um grande cabedal de saber, mas, sucumbe diante de tantos outros medíocres como fez ontem. Se ele, tivesse mais um pouco de coragem, teria chamado o feito a ordem, ou seja: teria lembrado a todos os ministros anteriores que votaram, que eles estavam ali e estão ali para cuidar que a constituição seja cumprida,  para que ela não seja violada, entretanto, referendou uma ilegalidade.

Sinceramente, acho mesmo que o deputado extrapolou na palavra, mas isto não dá o direito ao Senhor Careca de mandar prendê-lo. Aliás o homem gosta de mandar prender.  Gosta tanto que até expede “mandado de prisão em flagrante”, O flagrante é tão flagrante que não dá tempo de se expedir mandado ministro, ou é flagrante (no momento ou nos casos estabelecidos na lei) ou não é. Não se forja um flagrante para mandar prender um membro do parlamento.

É muito triste mesmo. Lembrem senhores Ministros, vocês têm obrigação de defender o povo, o povo aceitou a criação de um Supremo Tribunal federal exatamente para ver os seus direitos sendo defendidos quando violados, não para que o Supremo vire um tribunal de exceção, julgando politicamente o que acha conveniente e em favor de interesses outros que não o do POVO.

Gente, tive de voltar ao texto para fazer justiça ao ministro que esqueci, o agora mais velho na casa, aquele que tem um ovo quente na boca. Pois, não é que o homem, que disse que o inquérito do fim do mundo, aquele que inclusive indicia o próprio, salvo engano, deputado ora preso ilegalmente,  se contradiz todo ao ratificar  a prisão do deputado, sem qualquer ressalva. Não ouvi, mas,  algumas reportagens estão informando, que ele, esse ministro  cujo ovo quente anda sempre na boca, o protótipo da prepotência , disse que tudo foi armado  para que todos confirmassem a decisão  do doente, do tipo lombrosiano, que decretou, de oficio, a prisão. Vá entender uma porra dessa!    

Não adianta dizer que estou errada, não estou não:  quando vocês em menos de um ano  disseram que  quem deveria  tratar da "covid" nos municípios e nos estados eram os prefeitos e governadores, tirando toda e qualquer  competência do governo federal, certamente  não sabiam mesmo o que estavam julgando, o que vocês queriam era tirar poder do Presidente, coloca-lo a margem da gestão do país, pois bem, agora  é este mesmo supremo que tirou os a competência do governo  federal que está  cobrando do Ministro da Saúde(governo federal)  a responsabilidade de tudo o que está acontecendo no Amazonas. Ora faça-me o favor ministros, o que é isto? Sei que vocês querem chegar ao Presidente, mas tenham o mínimo de vergonha e bom senso e um pouco de memória.

Durmam com está senhores ministros (a letra minúscula e proposital). O povo está clamando por justiça, por direitos, por ver as suas garantias constitucionais defendidas e a sua Constituição cumprida.

 

domingo, 7 de fevereiro de 2021

O pozinho dourado - LINDLEY V

Vocês não vão acreditar no que aconteceu com o Lindley!  Passando pelo que estava passando na cadeia em razão de uma acusação de contrabando de pau brasil, que, efetivamente, não existiu, agora acharam que ele também tinha comprado, ilegalmente ouro a situação ficara mesmo complicada, imagine se isto fosse mesmo verdade, aí o inglês jamais sairia do Brasil.

Mas vejamos como começou esta estória do ouro

Por ocasião do apresamento o do navio, a Comissão encontrou um embrulho em cima da minha mesa de trabalho, contendo pequena quantidade de ouro em granetes, de mistura com areia côr de ouro, que fora trazido por um morador de Pôrto Seguro. Isso despertou-lhes forte curiosidade, e eu fui interrogado cerradamente a respeito do assunto. Não fiz segredo algum da fonte de onde obtivera a amostra, mas declarei ignorar o nome e a residência do indivíduo de quem a recebera, embora acreditasse que fosse de uma povoação distante. A Comissão declarou-se disposta a descobrir o homem insistiu em que eu empreendesse com ela uma viagem nesse propósito. Não levantei qualquer objeção (sabendo que seria inútil), mas certo de que nada lhes adiantaria se acaso encontrássemos o pobre diabo, o que, afortunadamente, não aconteceu. Era noite, o intérprete veio informar-me de que eu teria de acompanhar o desembargador e as demais pessoas, na manhã seguinte, devendo estar pronto antes das cinco horas. (LINDLEY: 39).[1]

Vejam bem o que o homem diz: “fui interrogado cerradamente a respeito do assunto”, o que se compreende mesmo. Os portugueses não podiam ouvir falar em ouro, pedras preciosas, qualquer coisa que tivesse muito valor, que eles ficavam doidinhos, e não iria ser diferente com este achado no navio do inglês.  Eles ficavam tão doidos que pareciam obnubilados. Imagine sair atrás de alguém que ninguém sabia quem era, nem onde morava ou podia ser localizado para que a pessoa dissesse onde tinha encontrado aquele “ouro”.

Bom o fato é que, obnubilados ou não, foram eles juntamente com o inglês, que como ele mesmo disse, não teve qualquer opção, pois de nada adiantaria se recusar a acompanhá-los para procurar o dito homem.

A ânsia era tanto que marcaram para cinco horas do amanhã. Observe-se a comitiva que ia nessa empreitada: “o desembargador” fazia parte dela. Explique-me o motivo do desembargador deixar as suas funções para ir atrás de um homem desconhecido que ofereceu   ouro em pó ao inglês. 

O estrangeiro, com certeza, sabia do insucesso dessa busca, mas ele não decidia nada, só tinha de obedecer, e assim, á hora marcada lá se vai LINDLEY juntamente com a comitiva.

Para ele, na verdade, aquilo funcionaria como um passeio, uma oportunidade de sair da cela onde ficava com a sua esposa, essa coitada, é que ficava mesmo dentro do quarto arranjado para o casal, depois que eles saíram da podridão dos porões da masmorra. Imaginem bem o padecimento dessa senhora, uma inglesa, que teve dinheiro suficiente para ela e o marido terem uma nau, na qual tinham os seus aposentos compatíveis com o status que tinham, possuindo empregados etc., etc., se vir agora dentro de quatro paredes, sem poder sair, com uma ventilação péssima, cercada de pessoas desconhecidas: não, essa não era uma boa vida para aquela senhora, que pasmem, até o momento não sei o nome, porque nunca vi nos escritos do inglês.

Lá se vão aqueles homens, que seguiram pela praia em direção ao sul, e Lindley relata: depois “de uma hora de marcha, voltamo-nos abruptamente parra o Oeste terra adentro, e subindo por uma íngreme encosta, em breve chegamos à capela de Nossa Senhora da Ajuda, que fica no alto” (IBDEM;39-40)

Tenho de concordar com o que Lindley diz sobre o que estava vendo dali daquele alto, penso que todos os visitantes que chegam até a Igreja de Nossa Senhora da Ajuda em Porto Seguro, ainda hoje tem o mesmo deslumbramento. “A paisagem que daí se descortina é de fato grandiosa, abrangendo não só a região em torno, como também o oceano adjacente, ao qual os muros brancos da capela formam excelente balisa. “(IBDEM, IDEM;40)

Segue ele descrevendo aquele encantador lugar, que, como disse, ainda hoje impressiona qualquer dos visitantes, e fala especialmente da Santa que ele diz ser “especialmente invocada pelos navios e barcos pesqueiros das costas vizinhas em caso de perigo ou de ventos contrários. Sua fama estende-se até mesmo à cura de vários padecimentos, desde que invocada com a devida fé. O interior do edifício é decorado com desenhos grotescos de navios em apuros, quartos de enfermos etc., havendo legendas debaixo de cada um, relativas aos diferentes episódios que pretendem comemorar (IDEM).

Seguindo viagem, após, segundo ele, comerem biscoitos e beber a água do vigário da Igreja, eles passaram por diversas lavouras e engenhos, e até arrumaram um guia em um deles.  Me pergunto, um guia índio? Para que um guia? Se você não sabia mesmo o que estava procurando.

Observe-se bem o que Lindley fala, estamos no ano de 1802 e na região havia lavouras e engenhos, a terra parecia ao inglês muito boa, banhada por rios e se bem cultivado, segundo ele, ali daria espaço para grandes pradarias.

Entretanto passados esses espaços, eles seguiram por uma mata, que segundo o inglês só dava para a passagem de um cavalo por vez (IDEM pág. 40) assim mesmo cada cavalheiro tinha de se livrar das ramagens. Fizeram-nos esta marcha por quase duas horas, e depois desse tempo deram, outra vez com uma paisagem aberta, vislumbrando-se lavouras de mandioca, cana de açúcar e outras pequenas culturas.

A viagem continua entre morros altos e baixos, a comitiva segue sem grande sucesso, até encontrarem o engenho[2] e fazenda do Sr.  João Furtado, que era um senhor de 70 anos, solteiro que vivia com uma irmã solteirona.  Procurando saber da vida desse senhor, Lindley soube que ele era nascido ali mesmo na região, que teve uma vida de trabalho intensa, e que ele mesmo, com suas próprias mãos é que fez os móveis da casa. Também o senhor demonstrou muito conhecimento a respeito da fauna da região e o inglês, se estivesse em outra condição, teria ficado mais tempo naquele espaço, para aprender mais detalhes da terra.

Lindley descreve o funcionamento do engenho, conforme se observa na nota anterior, e faz comparações mentais com os engenhos dos quais ele tinha conhecimento nas Índias Ocidentais, para caracterizá-lo como primitivo.

Bom o fato é que ali apearam, ali dormiram, mas, apesar de ser bem tratado e dizer que ficou surpreso com as acomodações, não deixou de dizer que tiveram de comer no chão, onde colocou-se algumas esteiras, forradas com uma toalha. Havia louças suficientes para todos como também facas e garfos.

Lindely diz que dormiu bem em acomodações limas e em camas confortáveis, e que ao amanhecer viu muitos pássaros, ficando impressionado com o ““mutum” que disse ser vistoso, de um azul profundo, que se aproxima do negro, tendo a cabeça e os olhos de notável beleza IDEM pg.42)

Seguiram até Villa Verde, onde existia apenas uma aldeia de missionários, mas nada foi encontrado, e tiveram de regressar, como se diria “com a cara mexendo e os olhos rodando” kkkkk, Empreitada inútil. O tal dono do ouro jamais foi encontrado, somente a ambição, a ganância dos portugueses justificava aquela busca sem destino certo.

Todavia, a história de Lindley no cativeiro continua, e depois conto mais, após voltar no tempo e tomar um “caldo de cana” daqueles feitos naquelas geringonças primitivas espalhadas pelas ruas do nosso Nordeste, no meu caso, especificamente em Salvador da Bahia, ou, melhor ainda, tomar uma genuína cachaça brasileira com caju e sal. Que tal?



[1] LINDLEY, Thomas. Narrativa de uma Viagem ao Brasil, Londres 1805, tradução de Thomas Newland Neto, 1969, SP, Brasiliana, Vol. 143

[2] A palavra engenho é o termo português que caracteriza as terras que possuíam fábrica de açúcar. O que vemos aqui é muito simples, consistindo em três cilindros de pesada madeira, de dois pés de diâmetro por três de comprido, os quais giram horizontalmente, numa armação. A parte superior do cilindro central articula-se com uma viga que sobe pelo ar sendo nela fixadas peças transversais suficientemente baixas para nelas serem atrelados dois cavalos, que fazem mover o conjunto. Os cilindros laterais trabalham por meio de uma engrenagem que os liga ao central. Debaixo dessa máquina existe um cocho comprido inclinado, pronto a receber o caldo da cana comprimida pelos cilindros. Esse caldo é transportado para um caldeirão raso de seis pés de diâmetro, onde são escumadas todas as impurezas. Depois de esfriar noutra vasilha, adiciona-se-lhe um álcool de cinzas de madeira, deixa-se que a mistura assente por alguns dias e decanta-se o líquido puro levado então para uma caldeira para evaporar-se até formar o açúcar. O sedimento é destilado, produzindo forte aguardente. LINDLEY,1805:41)