Deitada na rede na varanda do
bangalô do hotel onde estava hospedada olhava as camareiras no vaivém diário,
na lida cotidiana da limpeza dos quartos do hotel. De roupas de listrinhas, um
avental por sobre o vestido, que nada tinha de bonito, um saco amarrado pela
cintura, à touca da mesma cor da roupa, tênis e meia, elas empurravam os seus
carros por entre as alamedas construídas para isto, e para as passagens dos hóspedes
para os seus respectivos aposentos.
O hotel é lindo, não tão moderno,
porque fundado pelos idos de 70, por um visionário, que reconhecendo a beleza
natural daquela terra, construiu o seu sonho, e deu a oportunidade de que várias
pessoas realizassem os seus, inclusive os nativos da própria cidade que,
naquele empreendimento, viram nascer à esperança de dias melhores, numa região,
que até então era muito pouco conhecida por todos, não que não tivesse história
e potencial para sê-lo, mas a falta de recurso para a exploração do seu
potencial turístico deixava a desejar.
O fato é que ela estava, mais uma
vez, ali, fora antes, lá pelos idos de 80, mas ficou hospedada na casa de uma
amiga, em Palmeiras, um Município próximo, foi quando conheceu todas as grutas,
as cachoeiras que teve oportunidade, o Capão. Tudo evoluiu, e muito, as pessoas
que passaram a freqüentar a região mudaram, o perfil dos visitantes mudou de místicos
e “cultuadores de vida livre”, aí incluindo as drogas, passou a receber um outro tipo de público, um turismo ecológico,com mais um pouco de luxo, se é que assim se pode
dizer.
Bom mas não é disso que quer falar. Na sua rede ela olhava as camareiras e
começou a imaginar o que aquelas mulheres, no exercício das suas atividades,
presenciavam. De imediato lembrou-se do caso bombástico com o diretor do FMI. O
Frances que, segundo a camareira, agarrou-a a força dentro do seu apartamento
em um hotel em Nova York. Será que foi
mesmo verdade, pensa ela? Então um homem
com aquele status, com um nome a zelar, um representante de uns pais, um possível
candidato a primeiro ministro, ia dar uma bobeira desta? Não, não podia crer.
Todavia o fato é que o miserável
foi preso, com toda aquela parafernália que os americanos gostam, muito principalmente
quando o fato pode ser uma mina de lucros para a imprensa, um escândalo sem
proporções, um enlamear a vida de alguém.
Bem verdade que eles também fazem miséria com os seus, lembrem-se de
Kennedy com a Marylin Monroe, do Clinton com a mulher do charuto, do Nixon com o
Watergate e tantos outros episódios, mas não me lembro de ter visto, em nenhum
destes casos, ninguém saindo algemado do hotel, ou de suas residências, aliás,
nem me lembro de eles terem sido punidos, a não ser pela opinião pública, assim
mesmo, nos dois primeiros casos, com uma ponta, até mesmo, de orgulho, afinal
eram governados por homens que gostavam de mulheres, machos que podiam
conquistar mais jovens, enfim. Há que se
dizer que, embora a traição fosse pública e notória, as duas mulheres destes
dois presidentes americanos optaram por ficarem ao lado deles, heróicas
mulheres, ou não queriam perder o status de primeiras damas?
O certo é que o homem foi preso, foi
parar numa prisão com direito a holofotes, imprensa internacional, manchetes
nos jornais. A latina, de simples
camareira virou noticia de jornal e queria uma indenização milionária, especulações
demonstraram que ela era useira e vezeira nisto, além de ligada às drogas. Mulher feia que nem justificava a tara do
ilustre hóspede, que só poderia estar sob o efeito ou de “drogas” ou de muito
álcool, a ponto de, com a visão turva, tentar pegar aquele e anti-tesão que era
a camareira, que já devia agradecer a Deus ser comida por alguém.
O fato é que, provado ou não, o
cara entrou pelo cano a baixo, é como se ele tivesse cagado ele mesmo e dado
uma descarga e viesse rolando pela canalização abaixo até chegar ao esgoto
geral. Perdeu o cargo, a moral, a dignidade, mas pasmem! A mulher dele
continuou ao seu lado, pagou uma fortuna pela liberdade do seu “amado”. Será?
Eu, pessoalmente, penso que não
aconteceu nada, mas vá lá saber das taras dos outros.
Lembrando deste fato ela deixou a
imaginação fluir e pensava: como estas moças encaram entrar num quarto e
encontrar um homem nú, um casal fazendo amor, um casal brigando, um homem
enrabando outro, uma mulher tendo relação sexual com outra? O que elas fazem? Como
reagiriam?
Vocês podem dizer: Elas são
treinadas para isto, a reação seria normal, pediriam desculpas e sairiam dos
apartamentos. Ha ha ha! Duvido, não tem treinamento certo para isto. Primeiro o susto pela própria situação. Se
não há qualquer aviso nos quartos de “Not disturb”, o que, aliás, se os hóspedes
não souberem falar inglês, nunca vão saber que “Not disturb” é não perturbe, as
camareiras podem entrar no quarto.
E se um hóspede se encantar com
alguma camareira, tem algumas que são bonitas sim. O que acontece? Será que se
a camareira se encantar ela vai dar um jeito de encontrar com o cara ou a cara fora
do hotel? Ou será dentro do hotel mesmo?
Será que se a diretoria do hotel descobrir ela vai ser despedida?
As interrogações são muitas, Que tal escrever um romance sobre isto?. Que acham vocês?