Sempre tive um sonho: queria
morar em frente ao mar, em uma casa
cheia de vidros, em que eu
pudesse, de todos os espaços dela, ver o mar, ver árvores, plantas, ver a chuva
caindo, enfim, ver o tempo e tudo o que
a natureza pode nos proporcionar através da transparência do vidro.
Não consegui, até o momento, realizar o sonho de ter uma casa frente
ao mar, ou em que eu possa vê-lo, entretanto, oitenta por cento do meu sonho
foi realizado por outrem.
Estou vivendo em uma casa, que a
tenho como minha, embora não o seja materialmente, mas no campo afetivo e
espiritual e emocional o é. É um momento de felicidade, sem dúvida alguma.
Tenho por merecimento acho eu, pois quando um seu sonho é realizado por outrem,
mas você participando dele e para ele, é realmente fantástico.
Pois bem, por força do sonho,
como já disse, queria ver a chuva cair e purificar tudo ao seu redor, lavando
até mesmo o espírito, vez que é bem
assim que sinto quando, corajosamente,
volto ao tempo de criança e vou para a chuva, deixando que a água de Deus limpe
pensamentos e o corpo.
Hoje, sentada vendo a baboseira da Comissão
Especial do Senado para a análise da denúncia do impeachment, começou a
chover e eu fui fechar as portas da
casa. Extraordinário! De todos os cômodos da casa posso ver a água caindo lá
fora. Da sala, do meu quarto e da minha própria cama, dos quartos outros da
casa, do escritório e da cozinha. Sensacional!
Sim, como é bom você viver em um
ambiente como este. A vontade é de nunca sair de casa, é de sempre estar aqui,
mui principalmente, quando chove. A casa
me dá um grande trabalho, realmente, estou sexagenária e já não tenho a disposição e nem a força de antes, mas
gosto de arrumá-la, de ornamenta-la, de mantê-la sempre em ordem. Sentar-me na cadeira do meu quarto
e ficar olhando, pela porta de vidro, o verde da grama, das plantas todas,das
aves decorativas, que, mesmo imóveis,
parecem se animar quando chove e são molhadas.
Amparada pelo aconchego, fico
olhando a chuva cair através da janela da cozinha, vejo o muro branco que se
colore com as plantas que lhe antecedem,
Vejo o João de Barro batendo na porta da sua casinha de barro. Independentemente
da chuva gosto de observar o pássaro.
Ele e a sua companheira andam juntos sempre. Os dois “pastam” pela minha grama
todos os dias, principalmente depois que molhamos a grama. Andam pelo muro,
passeiam pelas plantas, e adoram comer as bananas que colocamos no muro
exatamente para que eles, os nosso vizinhos
e companheiros pássaros, venham
degustá-las. Temos as sabiás
que parecem nos chamar “psiu”.
Cardeais, periquitos, rolinhas marrons,
micos. É mesmo gratificante. Olhe que tem outros bichos que eu não quero
por perto, mas eles fazem questão de
aqui comparecerem: guaiamuns(acho que é assim que escreve) camaleões enormes, que me fazem correr e me
trancar dentro de casa.
Sim, estou num bom momento da
minha vida, recebendo, talvez mesmo por merecimento, “beness” proporcionadas
por outrem. Agradeço, primeiramente a Deus, e depois a você, que está, através
dos seus, realizando os meus sonhos. Peço desculpas se não consigo corresponder
as expectativas todas, mas estou a tentar e quero mesmo que saiba que agradeço por isto, pelo
que não disse, mas você sabe que existe, e pelo que ainda estar por vim.
Vou continuar sonhando, espero
bem que esses sonhos continuem se realizando, não só os meus, mas, principalmente, os seus, e que
você possa navegar junto com o seu Marujo pelas águas desta nossa Baía de Todos
os Santos.
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