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quinta-feira, 23 de junho de 2016

Feliz Aniversário Mãe

Cachoeira - Bahia  onde ela nasceu
-“Mera você vai fazer meu aniversário?
-Não sei mãe, vamos ver?
-Mas este vai ser o último.
-Porra minha mãe, todo ano esta história de último, e eu acredito e no ano seguinte, oi de novo a mesma estória.”
Era assim durante muitos anos, o mês de junho começava e lá vinha a ladainha. O aniversário, festa, muita bebida, muita comida, muita música, tudo porque aquele era o último.
Sabe que eu até, de um determinado tempo em diante, fazia o aniversário mesmo porque achava que era o último e nesta brincadeira, passei uns doze ou mais anos fazendo aniversário de minha mãe.
Sempre uma feijoada, uma feijoada imensa. Ela já não podendo ajudar em nada, de sua cadeira de roda observava tudo e esperava a hora dos amigos chegarem, esses que sempre lhe foram fiéis.
A casa enchia, havia música mesmo. As últimas festas foram em Arembepe, mas a casa ficava cheia do mesmo jeito.

sábado, 31 de maio de 2014

Sexo é Vida

Há uma propaganda  na televisão, ou alguma chamada para um programa, não sei bem,  em que Marilia Gabriela  está lendo um livro e faz algum comentário a respeito da vida sexual de um casal, em que a mulher  fala que não está tendo relações sexuais com o marido. No  principio  ela fala normalmente, mas, de imediato,  quando ela acrescenta, isto faz sete meses! A  cara dela muda.
Realmente, a cara da mulher tem de mudar, ela tem de demonstrar mesmo a sua indignação.  Então um marido  deixa de ter relações sexuais com a eposa, ou melhor deixa de cumprir uma das obrigações do casamento, que, é uma das causas de divórcio “litigioso”, de acordo com o codigo civil brasileiro, até mesmo de anulção de casamento, e  a esposa vai estar satisfeita? Claro que não: e ela  há que demonstrar a sua insatisfação e isto deveria ser feito publicamente, como a autora do livro que está sendo lido pela apresentadora o fez.
Lógico que, quando se publica uma intimidade desta,  o divulgador deve  estar  preparado para a reação que virá, não só do ex marido, que nesta altura já o é,  se não pelo fato  da divulgação, mas por ser  mesmo “corno”, porque não há quem de sã consciência,  a não ser em caso de doença,  que não procure outro parceiro para satisfaser as exigências do corpo.
Fico imaginando como seria, ou é, a vida  de alguém  que tenha um relacionamento com outro, digo relacionamento marital, e não tenha sexo. Como será o dia desta mulher ou deste homem?
No caso da mulher, penso que ela já  sai da cama mal humorada, querendo bater no sacana que esteve do seu lado por toda a noite, e que, pela manhã só tem como única reação,  ao acordar,  a de levantar e ir ao banheiro, mais nada;  nem bom dia o miserável deve dar, até porque, a resposta ao bom dia seria um desagradável  entre dentes “mau dia”. Sim, porque alguém que passa sete meses sem  sentir o minimo prazer sexual,  só pode desejar ao parceiro um mau dia, porque é assim que´começa o dela, péssimo.
Café da amnhã para um fdp deste, nem pensar, se quiser faça sua merda e tome.  Nada, não se faz nada, nenhum sinal de aquiescência com o que está contencendo.
Bom, vocês poderiam perguntar, por que não se conversa sobre isto? Eu responderia: porque quando se fala sobrte o assunto, ou o cidadão desconversa, ou diz que a pessoa está criando coisas onde não existe. Porra! Ouvir uma resposta desta é um pouco fodinha.  Então a pessoa tá criando coisas onde não existe? Francamente!  Se pudesse ela criar coisa onde não existe, assim com esta facilidade, lá ia  ela  se queixar do e  para  o miserável? Claro que não! Ela estaria bem, porque existiria uma coisa  preenchendo a existente dela, que estaria feliz e saciada e, portanto, corpo e espirito estavam bem.  
Uma mulher que não tem sexo é triste, tende a depressão,  está murcha, não tem luminosidade, sua aprência é horrível. Aliás, até  mesmo  quem não convive com ela  é capaz de detectar a sua tristeza, a sua frustação, a sua insatisfação, que aparece até em fotografia, pois outro dia ouvi alguém, ao olhar uma foto de uma senhora que conheço e  sei um pouco da vida, dizer que o seu semblante estava triste. Sim, dizia eu para mim mesma, tem de estar triste, ela não está satisfeita, ela não tem sexo há muito tempo, ao menos é o que diz. O seu parceiro  lhe  deixa completamente só,  prefere estar com os amigos. Já cheguei a pensar que ele tem algum caso com um deles, pois não é possivel que alguém deixe uma mulher daquela para estar com A,B,ou C e, quando com ela esteja, não a procure.
Bom, o fato é que há consequências para a abstinência sexual, quanto pior, quando não é provocada por sí próprio e sim por outrem.
Agora vejamos bem, se esta minha amiga resolvesse dar uma saidinha, assim sem qualquer pretensão, e encontrasse alguém que lhe fizesse chegar às estrelas, porque é bem assim,  quando se está muito tempo  sem sexo, quando ele acontece com alguém que a gente, ao menos, simpatiza,  se vê mesmo estrelas, se não estrelas grandes, pontos luminosos aprecem mesmo. É um momento  único e maravilhoso, melhor ainda, quando se consegue ver o tesão do outro, o desejo estampado nos olhos, demonstrado nos gestos, a força da pegada, da sugada, enfim, quando se faz sexo com todos os elementos necessários a tal.
Pois é, aí a pessoa chega junto daquele outro que tanto desprezo demonstra, aquele que nem sequer  se aproxima, aquele que dorme ao seu lado, sem  permnitir qualquer toque, nem mesmo  uma alisada, nada enfim, e  ele/ela nota o olho brilhante, os movimentos leves, um remoçar, um desejo de que o outro dia chegue mais rápido, e fica,  ou sem entender, ou então começa a perceber  que está sendo “chifrado”; não traído, isto não, porque ninguém trai aquele que não lhe quer, aquele/a que não te liga, aquele que não lhe toca.
Mesmo que pessoa não te diga nada,  mesmo que você saiba que tudo foi notado, mas que a pessoa não toma nenhuma atitude,  seja por medo, seja porque é ruim mesmo, seja porque está com algum problema que não consegue resolver,  não deixe de provocar um pouco e faça com que  ouça  Sandra de Sá.” Por que voce me deixa tão solta, e se eu me interessar por alguém,  to me sentindo muito sozinha. Quanto a gente ama, claro que a gente cuida, diz que me ama só que é da boca para fora, ou você me ama[...] onde está você agora.”
Não espere sete meses, como fez a autora do livro, resolva o problema logo na primeira semana, caso contrário,  isto também vira uma rotina, uma normalidade, e você vai ficar infeliz pelo resto da sua vida.Lembre-se sempre: SEXO É VIDA.

domingo, 19 de agosto de 2012

Brahma e Amor - Combinação perfeita

Mercado Municipal SP

Estava ela sozinha; se dirigia ao Mercado Municipal e depois iria, mais uma vez, cruzar a Ipiranga, ali onde ela confronta com a Avenida São João. Iria ao Bar da Brahma, ia tomar o chopp e comer a feijoada tradicional do dia de sábado. As coisas agora estavam diferentes, nunca estivera no Bar da Brahma durante o dia, só ia ao final da tarde e ficava ouvindo o piano, lá em cima no primeiro andar. Gostava disto. Ficava sentada à mesa ao lado do piano, porque assim poderia pedir músicas ao velho pianista, que ainda usava o terno, possivelmente, do último casamento. Era um senhor dos cabelos ralos, bem magro e que fumava muito. Naquele tempo ainda se fumava, sem qualquer constrangimento, dentro dos bares. 
Tinha uma sensação esquisita. Seria saudade? O pensamento logo se dissipa, não poderia ter saudades, pois quem a levou até ali outrora, certamente, tinha levado tantas outras mais, portanto não precisava ter qualquer tipo de sentimento, quanto pior, saudades.
Entretanto não quer falar do bar da Brahma, quer falar mesmo é do acontecido no caminho para ele.
Baião de dois
Frutas - SP
Entrou no metro soltou na Estação da Sé, pois queria ir ao Mercado Municipal, onde efetivamente foi. Queria ver os bares do primeiro andar, olhar os vitrais do mercado, as frutas arrumadas mostrando a sua exuberância de cores e diversidade de origem. Ficava encantada. Deliciava-se sozinha nesses lugares, sempre foi assim. Adorava passear pelos mercados. O de São Paulo então, com toda a sua imponência e beleza era um dos preferidos. Lembrou-se da Ribeira, ou seja, do Mercado da Ribeira em Lisboa, fraco em relação ao de São Paulo. Fez uma comparação com o de Barcelona, talvez mais “internacional” de que ele, mas não mais bonito.
Não só gostava de Mercados, como também de feiras livres, não tinha qualquer preconceito em fazer tais passeios em dias de sábados e domingos, sempre adorou a fartura, a diversificação, as cores dos alimentos.
Bacalhau-SP
Bom, estava ali no Mercado olhando, o bacalhau. Lembrou-se que alguns portugueses que vieram ao Brasil lhe disseram que não encontravam bacalhau bom, que os que aqui vendiam eram amarelados. Certamente não estiveram no lugar certo, porque aqui tem bacalhau que nada deixa a desejar ao bacalhau que se compra em Portugal, muito pelo contrário.
Foi exatamente nesta barraca do mercado que tudo teve o seu início. Estava sozinha e não tinha com quem comentar o preço do peixe, e aí deve ter falado alto da exorbitância do valor do pacote de bacalhau embalado a vácuo. Quando fez o comentário ouviu:
- Realmente é muito caro, mas não se acha um filé de bacalhau assim toda hora.
Virou-se para olhar quem fizera o comentário:
Um homem alto, moreno, de cabelos prateados estava ao seu lado. Usava óculos escuros e ela não lhe pode ver os olhos.
Comentou alguma coisa, mas saiu do local dirigindo-se a outra banca que vendia bacalhau
Ah, este sim, este esta bom e o preço era um pouco inferior ao do outro. Pediu 2 kg e ia pagar a bagatela de 140,00 (cento e quarenta reais)
- Bem que eu podia ser convidado para o banquete.
Virou-se novamente, e para sua surpresa o mesmo homem estava ao seu lado.
- Sorrindo disse. Impossível, este bacalhau vai para muito longe
- Distância não é problema se o convite for feito. O riso de dentes perfeitos iluminou o rosto daquele belo homem.
- Rindo, diz que é realmente impossível.
- Como impossível? Quem tem de saber se é impossível ou não sou eu que vou ser convidado, pois quem vai ter de se deslocar, procurar endereço, ir até o local sou eu.
Novamente um sorriso. Paga o valor do bacalhau, coloca tudo na bolsa e continua andando pelo mercado, perambulando só, pois não ia comprar mais nada, afinal estava mesmo indo era para o Bhrama.
Para aqui, ali, olha uma fruta com o nome estranho. Compra 100 gramas de gengibre desidratada, come uma, uma maravilha. Percebe, pelo canto do olho, que o homem lindo dos cabelos grisalhos lhe acompanha.
Apressa-se, tem de chegar até, pelo menos, as três no Bhrama, pois queria mesmo comer a feijoada, estava com saudades da couve, da laranja, dos pés de porco, dos embutidos.
Anda rápido para a saída, tá meio perdida, pois não sabe que lado seguir.
- Para onde você vai?
- Quase grosseiramente volta-se e diz:
- Com certeza não é para o mesmo lugar que o senhor.
- Quem sabe? Se você disser onde vai posso estar indo para o mesmo local. Uma coincidência ou uma estratégia: fica por conta do destino.
Acelera o passo. Na verdade não queria dar trela aquela conversa mole, ia almoçar sambar, beber, não havia lugar para devaneios, mudanças de planos.
O homem continua a seguir-lhe.
- Diga aonde vai? Possa ser que eu encurte o seu caminho. Estou vendo que você não é daqui, posso mesmo te ajudar.
- Não obrigada, sei perfeitamente onde vou e como chegar, portanto...
-Não seja assim, você esta sendo grosseira com alguém que quer apenas lhe ajudar e ter o prazer da sua companhia
- Que grosseira o que? Só não quero ser incomodada.
Segue quase correndo em direção à Sé.
De repente pensou. Poxa queria ver direito a cara deste homem, e só havia uma possibilidade, parar e olhar mesmo para ele, e foi que fez.
O homem era mesmo lindo. Moreno, dentes brancos e bonitos, boca desenhada, nariz fino, cabelos grisalhos. Não viu o olho, ele continuava usando os óculos escuros.
Com a sua inesperada reação, o homem fica parado e, parecendo ler os seus pensamentos, tira os óculos e lhe estende a mão: Roberto Garcia.
Ela, não tendo saída, também estende a mão e lhe diz o seu nome.
Surpreso ao ouvir o sobrenome lhe pergunta qual a origem do apelido, ela diz que é da família do seu pai. Passam alguns minutos conversando sobre os apelidos, sobre a família, sobre terras distantes. O gelo foi quebrado, e o homem pergunta se pode, agora, lhe acompanhar.
- Tá bem, mas para onde vou agora não sei se é mesmo o seu caminho, portanto...
 - Se você não disser para onde é, não posso saber se é ou não caminho.
 -Vou ao Bar da Brahma.
 - Como? Você vai para onde?
 - O que você ouviu; Bar da Bhrama
 - Não posso crer, pois estava mesmo fazendo hora no Mercado para encontrar alguns amigos para ir exatamente ao Brahma. Vamos comer a feijoada e ouvir música.
 - Sim, e cadê os seus amigos?
 - Eles sabem que se não me encontrarem no Mercado me encontram lá no Bar.
Praça da República-SP
 - Ela se deu conta que já estava quase na Praça da República, vinha conversando e não percebera que chegaram rapidíssimo.
 Outro momento de nostalgia pura, olhou para o Hotel em frente ao Bar, rememorou muita coisa. O amor, a amizade, o prazer de estar ali acompanhada de alguém que muito quis, e que pensava que lhe queria, mas não podia ficar triste, não podia demonstrar esta saudade assim a um desconhecido, que, entretanto percebeu uma modificação na sua voz.
 - O que foi? Aconteceu alguma coisa? Parece que você ficou triste repentinamente?
Praça da República-SP
 - Não, apenas não consigo perceber como deixam esta cidade ficar desta maneira. A Praça da República tão suja deste jeito, drogados por todos os lados, a água dos lagos turva de uma maneira que não se pode ver os peixes, enfim, o descaso do poder publico em relação ao patrimônio público.
 - Não acredito que este tom melancólico seja só por isso. Acho que tem algo mais de que isto? Vamos lá, diga o que se passa com você.
 - Nada, nada mesmo, é melhor entrarmos, pode ser que o seu pessoal já esteja ai te esperando, por outro lado tenho de arrumar um lugar para ficar, pois estou sozinha como você pode ver, e não vou encontrar quem quer que seja aí dentro.
 Roberto, procurando sua mão disse:
 -Você só vai estar sozinha aqui se quiser. Você pode ficar comigo e com os meus amigos, eles não vão se importar de nenhuma maneira, mas se você não quiser estar com eles pode ficar comigo sozinho, o que até prefiro, pois quero conhecer bem esta mulher que traz tanta tristeza no olhar.
 -Ela sorri e diz que não vai ficar com ninguém, que já estava acostumada a estar sozinha e que isto não era problema.
 Ele insiste e segura a mão dela e vai entrando.
 O bar esta um pouco diferente dos tempos de outrora, quando ela vinha para o happy hour, mas nada que o desfigurasse tanto e não a fizesse retornar a um tempo que já podia ter sido apagado da memória, mas era impossível, aquele lugar realmente lhe trazia muitas recordações mesmo, recordações boas, que insistiam em lhe fazer ter saudades. Era completamente impossível não voltar no tempo.O mesmo trio tocava as mesmas músicas de antes, lágrimas escorreram no seu rosto. Num gesto inconsciente apertou a mão que segurava a sua, o que fez com que Roberto lhe olhasse.
Bar Brahma
 -O que há? Por favor, diga o que você tem? Por que tanta tristeza? Fazendo estas perguntas toca-lhe o rosto tentando limpar-lhe as lágrimas.
 Não adiantava, as lágrimas insistiam em correr, era impossível tentar reter esta emoção. Vira-se para Roberto e diz:
 -Não adianta, não vou ficar aqui, pensei que seguraria esta emoção, mas ela é forte demais. Vou embora.
 - Vai nada. Seja lá o que for, você vai superar isto. Vamos entrar de uma vez. Vamos ficar um pouco na varanda depois entraremos para comer a feijoada e dançar um pouco. Você está muito linda e precisa ser vista, admirada, todos tem de lhe ver e quero fazer inveja aos meus amigos por estar com uma bela mulher como você.
 - Sorriu, tentou enxugar as lágrimas, embora soubesse que a cada passo recordações outras viriam. Era como se estivesse revivendo momentos muitos felizes, eles insistiam em lhe mostrar o quanto ainda o passado estava presente em si.
 A mão forte de Roberto apertava a sua, parecia querer lhe dar força, lhe dar a segurança que ela precisava para entrar ali, estar ali, ficar ali. Podia ser aquele o momento muito importante para quebrar tantos elos que a ligavam a um passado que tinha de ser esquecido, pensando bem, aquele homem tinha caído do céu. Devia ser um anjo enviado de Deus exatamente para cumprir esta missão junto a si,
Entrou definitivamente com passos fortes, altiva, segura, como costumava entrar ali outrora.
- Ei, Roberto. Alguém chama. Ele vira-se e lá estão uns cinco homens, quase todos da mesma idade, uns cinqüenta e poucos anos. Todos com boa aparência e sozinhos.
A mão sente uma pressão mais forte, era como se ele quisesse lhe dizer. Vamos lá, não tema nada, eles não vão fazer mal. Eles se encaminham para o grupo.
Realmente ela notou a impressão que causava. Os cinco parados com uma cara de interrogação que chegava mesmo a dar dó. Ela percebeu isto, embora eles pensassem que evitaram o efeito surpresa, mas efetivamente não conseguiram
- Esta é Jade, uma velha amiga que encontrei no Mercado quando me afastei de vocês. Ela vai ficar conosco, pois está sozinha aqui em São Paulo. Ela não queria, mas eu lhe disse que não havia problema algum, ato continuo foi lhe apresentando a cada um deles, que lhe apertavam a mão e apressavam-se em dizer que não tinha problema algum.
Velhos músicos do Brahma
- A música tocava, os copos de chopp esvaziavam, enchiam, um turbilhão de pensamentos passava pela cabeça dela, que tentava disfarçar todas as emoções. O seu corpo, de vez em quando tremia, tinha um arrepio, e a mão que estava segurando a sua, fazia uma pressão maior.
 As horas passavam, o chopp já começava a fazer o seu primeiro efeito, ela tinha de fazer xixi. Falou com ele que iria ao sanitário.
 - Eu te acompanho. Não quero que ninguém pense que você esta sozinha aqui
 - Não precisa, sei o caminho, é rápido.
 - Nada disto. Não vou dar chance ao destino. Já te encontrei, agora não deixo você mais nunca na minha vida, Esperei durante 57 anos para encontrar você, idealizei tudo, os cabelos encaracolados, a cor da pele, o corpo, a maneira de vestir, de andar, de chorar, a agressividade, tudo. Estou preparado para você e não vou deixar nunca que você saia da minha vida, portanto eu vou com você ao banheiro, todos têm de saber que você esta comigo e que é “minha”
 “ “Minha”, tá doido homem. Sou de ninguém não. Não pertenço a ninguém e detesto esta possessividade. Tenta tirar a mão que lhe prende, mas ele não permite.
 Pede licença aos amigos e diz que vai acompanhá-la até o sanitário. Ela não tem outro jeito que não segui-lo. Ele vai à frente abrindo o caminho na multidão. Ela o segue, ainda resmunga o “minha”, mas vai, começava a gostar daquilo, do jogo, da sedução, do momento.
 Chegam ao banheiro e ele vai para o masculino. O dela tem fila, tem de esperar muito. Quando finalmente, depois de uns vinte minutos, sai do banheiro ele está ali, esperando sorridente:
 - O que houve? Parece que você estava mesmo carregada não?
 -Claro que estava, mas a demora foi porque todas as mulheres parecem ter resolvido ir ao banheiro juntas, no mesmo momento.
 Ele torna a pegar na sua mão e vai, de novo, na frente abrindo alas. De repente ele se vira para ela e puxa-a para si num gesto tão rápido que ela sequer pode esquivar-se. E ali, no meio daquele turbilhão de gente, de pensamentos, de saudades para ela, eles trocam o primeiro beijo de uma relação que duraria para o resto das suas vidas.
Quando chegam junto dos amigos todos sorriem, parecem saber o que esta se passando entre eles.
Uma sensação muito boa a invade. Sente, naquele momento, que tudo tinha acontecido no tempo certo, que ela precisava ter retornado ali, onde vivera tantos momentos bons, para ter a certeza de que o passado tinha ido para o seu lugar, aliás, onde sempre esteve, e que, um grande amor estava mesmo para começar. Deixou-se levar.
Um ano depois deste encontro mudou-se para São Paulo. Está feliz. Vai muitas vezes ao Brahma, já não chora de qualquer lembrança, agora se lembra apenas de viver, viver a vida e agradecer a Deus por ter voltado a esta cidade e ter ido ao Brahma, local onde, por duas vezes, viveu e ainda vive, um grande e imenso amor.


S A Ú D E

domingo, 17 de junho de 2012

Folhas Secas


Olá meu amor!  Bom dia! Tudo bem com você?Comigo não está.
Acredite: sabe o que encontrei hoje?
Ah!Sei que não vai acreditar, mas é verdade. Encontrei duas folhas de marple.
- Marple?, Você não lembra o que é marple? Nem acredito! Marple é aquela árvore enorme do Canadá, da qual fazem aquela espécie de “mel” muito comum naquele país e que está na bandeira canadense, ou será canadiana?
-Onde estavam estas folhas?
Ah, você nem vai crer, aliás, até pode duvidar, mas se algum dia lembrar a época que fomos aos Estados Unidos e Canadá, você vai recordar; lembra que eu estava começando a minha licenciatura em História na Universidade Católica? Já lá se vão 17 anos, é muito tempo.
Ah! Você não lembra? Nem acredito, puxe pela memória e você vai lembrar-se da nossa viagem.
Sim meu amor, nós fazíamos viagens na companhia de amigos, e quantas vezes o fizemos.
Foi engraçado: nesta viagem todos se divertindo muito, mas eu estava centrada em ler  o Código de Hamurabi e as Cartas de Hamurabi, ninguém entendia porra nenhuma, mas eu tava lá dentro do ônibus lendo, lia tanto, que o povo  começou a ficar chateado comigo.Eu pouco tava me ligando, porque, quando retornasse, teria de fazer uma apresentação na faculdade sobre os dois livros, O Código de Hamurabi e as Cartas de Hamurabi: assim a leitura tinha de ser atenta, cuidadosa.
Lembra de um casal do Rio de Janeiro, que queria comer pastrame de qualquer maneira em New York? Eu lembro, eles eram meio chatinhos. E daquele outro casal que era do Paraná ou Santa Catarina; já não me lembro de direito. Recorda que eu coloquei o apelido em um cientista que estava conosco de “Einstein” e ele mais a esposa riam muito disto. E aquele outro casal de jovens que gostava muito de fazer brincadeiras de mau gosto, mas não gostava quando alguém pegava pesado com eles?
Pois é, as folhas de marple estão no meu livro de Hamurabi. Quando as encontrei foi como se eu entrasse num túnel do tempo, retornando a um período em vivi feliz junto com você curtindo toda aquela viagem; era assim que vivíamos, talvez eu tenha sido mesmo inocente e achasse que aquilo era mesmo a felicidade e que tudo estava correndo bem.
Recorda que nós fomos ver, no Canadá, o Fantasma da Ópera, lá em Toronto e que depois nós fomos a um local que tinha vários restaurantes e eu tive que sair às pressas porque fiquei com dor de barriga, só que não sabíamos que a cartelinha que tinha sido dada na entrada tinha de ser devolvida na saída e que foi um Deus nos acuda da zorra?
Não acredito que você tenha esquecido de tudo isto! Temos coisas de nós dois que nunca poderemos esquecer, estejámos onde estivermos e com quem estivermos, porque tudo o que vivemos foi muito verdadeiro, muito bonito, muito real. Éramos tão cúmplices e tão invejados, as pessoas queriam estar perto de nós e algumas até ser como nós.  O seu cuidado para comigo, a sua preocupação em não deixar que ninguém me sacaneasse. Você sabia da minha maneira, do meu jeito, das minhas invocações por besteiras.
Quando chegamos a Niágara Falls e encontramos a loja da Ralph Lauren, que festa que você fez.  O seu blusão de couro tá aqui no armário até hoje, ele parece querer perenizar esta viagem, porque tantas coisas já foram dadas, tantas jogadas fora, e ele ali, quietinho, no cabide, como se tivesse se escondendo, sem querer sair deste esconderijo para abrigar outro corpo, ele, também, é fiel a você.  De vez em quando ainda fico procurando o defeito para ele ter sido vendido com desconto.
E a bebida dentro do ônibus quando fomos passar a fronteira para entramos no Canadá! O guia dizia que era proibido levar bebidas, mas você não tinha jeito mesmo, você conseguiu até mesmo comprar um “isopor” para colocar as bebidas e todos aderiram à ideia.
E Montreal hein! Que coisa maravilhosa, aquela cidade subterrânea onde tomamos um licor que até hoje ainda procuro, SAMBUCA. O licor era italiano e o dono do estabelecimento também. Quantas camadas pegamos. Quantas coisas lindas vimos e vivemos, eu ficava encantada quando deixávamos o quarto do hotel e ao chegarmos ao lobby e descermos uma escada e pronto: lá estávamos nós na cidade subterrânea, protegidos do frio e com todo o conforto do mundo.
Otawa meu amor! Você lembra de como eu fiquei assustada com o pessoal das motos? Aqueles caras todos tatuados com cada moto gigante, mal encarados e que pareciam sujos e saídos de algum filme americano. Sim, tive medo mesmo e queria ir embora logo dali, embora o local tivesse muitos e muitos restaurantes e eu lembrava, não sei por que, de Popye, acho que eram as tatuagens dos motoqueiros, verdadeiras gangs com cada moto que tirava o fôlego.
Em Toronto eu comprei um livro sobre o império romano e, quando vi as folhas do marple dentro de Hamurabi, lembrei-me que eu também tinha colocado várias folhas dentro daquele livro, e fui olhar. Pois não é que as folhas estão perfeitas. Inacreditável, diversos tons e tamanhos.
Recorda da minha emoção andando pelas ruinhas de Quebec  na “Old Quebec" entrando em lojinhas que pareciam mais europeias de que canadenses, aliás, uma cidade qualquer francesa ali estava, com as casinhas com flores nas sacadas, com ruinhas  estreitas, um funicular, tudo lindo e perfeito. Era época de eleição, e o Jean Chrétien (acho que é assim que se escreve) era um forte candidato.  Também iam fazer uma espécie de plebiscito para saber do povo se queria mesmo a separação de Quebec do resto do país. Lembra-se de uma senhora que falava comigo em inglês e você dizia que eu sabia falar francês, aliás, você dizia algumas palavras nesta língua, era mesmo muito engraçado.    
É, lembro-me de tudo! As folhas de marple me fizeram voltar, me fizeram reviver um lindo momento nosso tão distante e tão próximo. Nosso amor está seco, não tem mais seiva, mas não adianta querermos apagar o que se passou, não dá. Muita coisa, muitos sonhos, muitas realizações, hoje a mim trazidas pelas rugas das folhas secas de marple presas dentro dos meus livros, amigos atuais que não se desgrudam de mim. As folhas secas mostram que já tiveram vida e que, ainda que secas, conservam a beleza e tem consciência do que representam. Como nós, estão velhas, já não tem mais a seiva que faziam com que brilhassem, mesmo depois de caídas no chão em várias partes do Canadá, mas mesmo enrrugadinhas elas se conservam ali, quietas, sabendo o seu verdadeiro papel, que é, exatamente, fazer lembrar o que representamos um para o outro, o que somos um para o outro, que nem mesmo a distância, e nem algumas novas e clorofiladas folhas, vão conseguir desfazer. Elas tem a sua história, a sua memória e por isso mesmo tem o respeito de todos; significam toda uma vida, um passado, que, se muitas pessoas preferem esquecer, outras, como eu, quero lembrar sempre, pois tudo o que passei de bom e de ruim, resultaram nesta pessoa que hoje sou.
Guardem, pois, as suas lembranças, ainda que sejam folhas secas, porque elas representam a vida que já existiu em cada um de nós e que nos fizeram evoluir até chegarmos ao que hoje somos.

sábado, 9 de junho de 2012

O domingo e as sacolas da esperança



Talvez estar ouvindo Anísio Silva me tenha trazido esta nostalgia. Acho que não, entretanto, ajudou muito.
Estava andado pela manhã e pensando: Hoje é sábado, véspera do domingo e me vi ao tempo em que, para nós, eu e a minha família de cinco irmãos, em que o sábado era prenúncio de um domingo com comida. Isto mesmo: comida, coisas diferentes e dia de suco ou então de refrigerante, que era o guaraná Fratelli Vita. Alguns podem até achar que isto é brincadeira, que até mesmo estou inventando o nome da marca de refrigerante, mas não é não; esta fábrica de refrigerantes existiu durante muito tempo em Salvador- Bahia, na cidade baixa, ali pelo Caminho de Areia, acho que é este o nome da rua: sei que ficava perto do largo de Roma, na ligação entre este largo e o da Boa Viagem, eu adorava o guaraná e minha mãe gostava muito era do de limão.
Quando morávamos em Camaçari, já lhes disse isto, o sábado ainda era mais importante para nós porque era o dia em que meu pai voltava do trabalho. É que ele trabalhava, dizia ele, numa padaria em Madre de Deus e só aparecia nos finais de semana, embora não todos.  Quando ele vinha o negócio era mesmo bom, apesar de tomar porrada, eu e Tininho, em função das queixas de minha mãe, que não se contentava em nos lapear todos de cipó caboclo, ainda queria que meu pai aproveitasse os dois pedaços de carne tenra e tirasse a sua lasquinha, apanhávamos, mas tínhamos a certeza que íamos comer melhor, embora o feijão e o arroz estivessem no cardápio igualmente  a todos os outros dias da semana, isto é: quando ambos se encontravam, teríamos uma galinha, um bife, um bacalhau desfiado, daqueles bem fininhos, mas teríamos. Além disto, também, podia aparecer aqueles pães doces com formatos variados, “jacaré”, “peixe”, “trança” etc. Era uma verdadeira festa.
No domingo, tínhamos também direito a ouvir música no velho “aparelho de som de meu pai”, um “pick up” que era colocado em cima do antigo rádio, que pegava ondas médias e curtas, inclusive estações de radio estrangeiras.  Meu pai fazia umas ligações atrás do rádio conectando o “pick up” ao alto falante dele, e o som fanhoso dos discos de vinil (Bolachão) começava a sair.  Meu pai era o único que colocava os discos para tocar, ai de nós de pegássemos nesta porra, se a agulha arranhasse algum dos seus discos, o pau comia. Minha mãe não deixava mesmo, quando meu pai saia para retornar ao trabalho, ela cobria o “pick up” com um pano e ele jazia ali, inerte, até a volta do seu “bolinador”. Meu pai tratava o bicho num carinho da porra, tínhamos sempre uma agulha reserva, porque a música não podia faltar mesmo, com toda a miséria ela nos alegrava.
Se meu pai estivesse de bom humor e não ficasse bêbado de vinho de garrafão de cinco litros, que ele tomava feito água, e nós tomávamos como suco de uva, depois de devidamente misturado com água e açúcar, ele dançava com nós duas, minha irmã mais velha e eu. Ele nos colocava em cima dos seus pés e ia nos levando sala afora, na hora da virada era que era uma merda, a gente sempre se desequilibrava e caia e ele se retava, mas foi assim que aprendemos a dançar o passo doble de que ele tanto gostava.
Foi com este som fanhoso  que aprendi a gostar da Orquestra “Casino de Sevila”, uma orquestra espanhola, que  tocava  muitos passos dobles. Havia uma linda e triste música que sempre me dava uma grande tristeza, embora eu não entendesse perfeitamente o motivo, só entendi tanta dor que sentia no peito, à época, quando, mais velha, percebi o que era mesmo a vida de um emigrante, que deixou a sua terra sem ter qualquer perspectiva de a ela retornar, como aconteceu com o meu pai, seu irmãos e a família (tia Palmyra e tio Augusto – meus padrinhos) que trouxeram-no da Espanha aos treze anos de idade. A música é linda e chama-se “El Imigrante”, quando o cantor diz “Adios me España querida dentro de mi alma te llevo metia, aunque soy un emigrante, jamás em La vida yo podré olvidarte.... Yo soy un emigrante y traigo a esta tierra extraña em mi pecho un estandarte, con la alegria de España, con mi pátria y com mi novia, y mi virgin de “Sani”, y mi rosário de cuentas yo me quisiera morir”. Ouvi esta música muitas vezes, continuo me emocionando todas as vezes que a ouço, pois comprei o CD.  
Bom, o fato é que o domingo, quando meu pai estava trabalhando, porque ele passou algum tempo completamente desempregado, época em que comíamos o que estivesse pela frente: de abacate verde a papa de farinha de mandioca com água e sal, e ainda assim tínhamos de agradecer, nós ficávamos mesmo felizes. A felicidade, à época, era exatamente isto: termos comida. Quando víamos meu pai aparecendo na esquina da rua onde morávamos carregando sacolas, a alegria estava estampada nos nossos rostos, nos nossos os de seus filhos, quanto no dia de minha mãe, que, mesmo passando tanta necessidade, sempre esperava ansiosa a chegada de meu pai, ao menos ela tinha mais um alento além da comida, nesta noite, se ele não chegasse já “comendo água”, ela podia ter uma esperançazinha que faria um pouco de sexo, que ela sempre gostou, nunca escondeu isto. Eu a ouvia diversas vezes  conversando com as amigas lá de Camaçari a respeito das suas caminhadas sexuais noturnas com o “Espanha”, que era safado mesmo, Ele é ibérico e não nega a raça, vide Julio Iglesias que também é da Galícia, o pai dele, e muitos outros ibéricos que conheci durante a minha vida. Acho que esta região da Europa se vinga das dificuldades que passaram e passam com muito sexo, em surdina, quase escondido, porque como eles também são muito religiosos, tudo tem de ser feito mesmo é dentro das quatro paredes, isto nas pequenas aldeias, onde ainda hoje as mulheres vestem preto e falam de sexo somente entre si, quando estão reunidas.
O fato é que aquelas sacolas que faziam meu pai chegar torto do peso e da cachaça, eram as nossas fadas, lembro perfeitamente delas, de nylon com listras de diversas cores, elas transformavam os nossos domingos em dias de festas.
Pois é, pensei que nunca mais teria uma sensação destas, ficar feliz por ter comida, mas o incrível é que tive, não em relação a mim mesmo, mas vi uma mãe de família que conheço, estar radiante porque ela tinha chegado do supermercado onde tinha comprado a carne para todo o mês, não se importava ela de não ter conseguido comprar mais nada, mas a carne estava garantida, e ela estava mesmo muito feliz e agradecida a Deus, era mais um mês que eles não teriam qualquer necessidade em termos de comida, o resto eles resolveriam, mas a comida ali estava.
Sorri diante daquela felicidade, sorri, mais ainda, quando ela com o brilho no olhar abriu a geladeira e me mostrou toda a compra feita e realmente me reportei ao tempo em que a nossa felicidade, a minha e da minha família, era ver as nossas “fadas” dobrarem a esquina nos trazendo a certeza de dois dias, ao menos, de fartura, e nos dando a certeza de que sempre existiria um arco íris igual ao das suas listras para que nós tivéssemos forças para aguentar os dias que pensávamos que nossas barrigas não suportariam o roncar das tripas, que já não aguentavam mais água e farinha e manga verde de sobremesa.    

sábado, 31 de dezembro de 2011

Ano Novo! Será?

O último dia do ano chega sem que nada de diferente aconteça. As pessoas estão excitadas, parece que vai acontecer algo de diferente. Os sons se confundem; tudo ruim, mas há “axé” no lado, no fundo, na frente. Na casa da frente os “alquimistas”, mas uma vez, driblam o poder público e, descaradamente, fazem um réveillon na casa de “não eventos”, num desrespeito total, aos vizinhos, ao público em geral, ao poder público, que segundo informações, não concedeu o alvará de funcionamento; também não poderiam, pois a ilegalidade é flagrante, mas parece que “as alquimistas” não temem nada, estão acostumadas a desobedecer tudo, a ordem moral, a ordem legal, enfim, são favoráveis à “desordem”.
Os carros nas garagens disputam com os sons caseiros o primeiro lugar da poluição sonora. Quem é o mais capaz de poluir? Teve gente que colocou na porta da garagem que “aqui nesta casa há felicidade e alegria”, a que acrescentou-se: "e muitos surdos”.
É neste ambiente que ela está sozinha pensando como será possível dormir com tanta confusão. Não está com vontade de fazer nada. Chamaram-lhe para ir até a praça, mas ela não tem a menor coragem. A cidade está cheia, mas muito cheia de gente, o que é pior, de gente feia, mal educada, ignorante.
Não tem coragem, sequer, de se arrumar. Se arrumar para que? Mudar a roupa não muda o íntimo de ninguém. O que realmente devia acontecer, a cada começo de ano, era uma mudança no interior de cada um. Era acontecer coisas boas para todos, sem que isto estivesse, sequer, vinculado á um dia: o último dia do ano ou o começo do vindouro.  O pior de tudo é que se vê que esta euforia idiota não passa mesmo de uma falsidade, de mais um motivo para se ser falso.
O telefone toca, é alguém lhe desejando, falsamente, um feliz ano novo. Ela sorri, sabe que não é mesmo isto que querem, ao menos quem ligou, pois é a pessoa responsável por muitas angústias e muitas tristezas em todos os dia do ano, aliás, o ano de 2011 podia ser riscado do seu calendário. Um ano ruim, de dor, de sofrimento, de mais decepções, alguns momentos de felicidade “enganosa”, que sequer conseguiram, mesmo momentaneamente, afastar tanta tristeza.
Evidentemente que, para ela, desejar coisas boas para os outros, não é uma questão de virar o ano, é sim uma questão pessoal, de coerência. Gostaria muito que todos que a rodeiam, mesmo aqueles que a fazem sofrer  tanto, fossem felizes em todos os dias e em todos os momentos, independente de qualquer marco que fizesse uma troca numérica no ano.
As pessoas passam pela porta da casa, a cadela late, A rua esta cheia de carros estacionados o que dificulta, e muito, o trânsito, seja de automóveis, seja de gente, e mais uma vez ela questiona: Será que estas pessoas, que desejam um ano novo para outrem, não são capazes de perceberem que, estacionando o veículo na frente da garagem de alguém está procurando uma confusão? Será que não percebem que incomodam? Que o que se esta a fazer é errado? Não, para eles está tudo correto, quem está errado é quem fez aquela garagem ali, no meio da rua, impedindo que os carros estacionem. É uma inversão completa de valores,  de coerência. Se o pobre coitado dono da garagem fizer qualquer reclamação é taxado de encrenqueiro. Pode? E são estas mesmas pessoas que chegam e lhe desejam um bom Ano Novo. Para que? Para no próximo continuar a fazer a mesma coisa, ou um pouco pior?
Mais um som se confunde com os demais, claro que um outro pagode, não há outro ritmo por estas paragens, a não ser quando colocam o Silvano Salles no arrocha.  Há também a Paula Fernandes, mas é muito rápido, afinal não é dia de ouvi-la.
Outra ligação; mais um falso Feliz Ano Novo, este então chega mesmo a doer: Imagine que alguém lhe perde perdão do que faz com ela. Ela não ri; desta vez chora mesmo, porque sabe perfeitamente da falsidade deste pedido de perdão, até ele mesmo despropositado, porque não há nada para se pedir perdão e ela não tem nada para perdoar, cada um vive a sua própria vida fazendo o que acha que é correto, portanto, não há motivo para perdão.
Ligam outra vez, agora a ligação é do exterior, fica com pena de quem ligou; também a pessoa lhe deseja um grande ano novo, que ela sabe que esta pessoa não terá. Há dificuldades no seu país, teve corte em suas rendas, vai ser difícil segurar a onda daqui para frente, tem vontade de chorar, mas seguro o choro, não segura é um pouco da agressividade peculiar. A pessoa nota que ela esta nervosa, ela tenta disfarçar, mas não dá; sua voz lhe entrega, ainda assim deseja um feliz ano novo, como se aquelas palavras pré-fabricadas pudessem trazer algum ânimo àquela pessoa que sabe que nada vai mudar no ano que vem, ou melhor, a mudança que vai ocorrer será mesmo para pior.
Resolve então parar tudo, até de pensar, queria ter esta capacidade, se abstrair de tudo e todos e ficar em um momento, que fosse de total desligamento. Sabe que só vai ser tentativa, porque o som dos carros e das casas não permite tamanha proeza.
Desiste, escreve, registra: é bom para depois refletir e perceber que a sua vida é morna, não há variação na sua temperatura, tudo parece sempre se repetir, espera por coisas boas que não acontecem, recebe coisas más que não espera, mas chegam com uma grande facilidade, tenta afastar este pensamento, cobra-se, faz uma retrospectiva da sua própria estória, mas não adianta, a angústia é maior ainda.
Para tudo: chora, pede ajuda, mas também esta ajuda não chega, porque os ouvidos já se cansaram dos seus pedidos. Vai continuar pedindo ajuda para si e para os seus; não importa que quem tenha de ajudar esteja momentaneamente surdo, tem fé que a surdez seja passageira.
Não quer mais chorar; levanta-se, muda a roupa, vai para a rua, talvez, quem sabe, algo de novo possa aparecer e uma luz possa se acender. Vai ao mar, mergulha, espera que alguma coisa melhore; que Iemanjá possa levar metade das suas inquietações.
A cachorra está aflita, foguetes pipocam e ela treme, parece ter medo. Tudo enfim é desfavorável
E ela pensa: Será que pode desejar a alguém “Feliz ano novo”?

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Dez mil visitações

No ano passado, no mês de abril especificamente e com a ajuda da Vera, eu criei o blog. Sempre quis escrever, contar coisas, agradáveis ou não, mas falar da vida, das  minhas experiências, das minhas dores, mágoas, se possível com muita ironia, fazendo com que  tantas coisas tristes pudessem se tornar motivo de risos para alguns e para mim mesmo. A par disto, também queria falar de história e de direito. Neófita, não procurei um nome chamativo para o  blog, um nome que chamasse atenção, e coloquei o meu próprio nome, sem saber que o Esmeralda Martinez era mais vulgar do que o que eu pensava, pois só nos Estados Unidos, acho eu, existem para mais de 300 Esmeraldas Martinez, uma lástima, muitas xarás; tenho uma xará que é travesti e que também tem um blog, pensem aí? É evidente que todas as Esmeraldas Martinez têm origem espanhola: são mexicanos, argentinas,  chilenas, venezuelanas, e espanholas mesmo. Fui muito pretensiosa pensando que só existia uma Esmeralda Martinez
Bom, mas não estou aqui para falar do nome do blog, e sim do próprio blog e da sua existência até o presente momento.
Pois não é que hoje, dia 28 de setembro, após um ano e cinco meses da existência ele alcançou a marca de dez mil visitações! Claro que estou surpresa e ao mesmo tempo entusiasmada. Nunca achei que o blog seria, sequer, visitado, quanto mais dez mil vezes.
Não pensem que eu visito o blog para que a estatistica  aumente, pois  eu  não teria tempo de ficar acessando-o a todo instante somente para fazer número, é visitação mesmo e de terceiro.
Durante todo este tempo eu publiquei 124 posts e um deles, imaginem voces, foi acessado  1600 vezes, não sei se o texto foi lido, mas  ao menos foi aberto.  É o “Eisbein mit sauerkraft”. Eu, pessoalmente, acho a estória muito interessante, (qualquer semelhança  com fatos reais é uma mera coincidência), entretanto, penso que existem textos melhores que ele, mas vai-se fazer o que? Acredito que toda esta visitação seja, efetivamente, pelo título do texto. Penso que  os motores de busca  me favorecem quando nome do prato alemão é colocado para pesquisa, só pode ser isto.
O segundo texto mais visitado é o “Triste Constatação”, um texto mais sério, tratando de problemas atuais,  tais como o racismo, discriminação, África. O número de vistitações não chega sequer à 50% do primeiro colocado, mas mesmo assim fico muito feliz, porque  se ao menos um visitante leu o texto inteiro eu ja me dou por satisfeita, porque  consegui levar a alguém uma critica, um alerta do que ainda acontece no mundo em relação  aos negros e aos emigrantes em geral, negros ou não.  Depois deste segue-se, com uma diferença gritante, Arembepe I e II e  outros mais, não me lembro da estatistica toda. Há textos bons e textos menos bons, mas um escritor, se é que assim posso me considerar, é assim mesmo, o seu estado de espirito influe no que escreve e as vezes compromete o texto. Fiz textos cientifícos:  tais como: “O Lobolo” “Madeirada”, “ Leis para o Ultramar”, “O Arquivo Histórico de Moçambique”, dentre outros. Contei a minha vida em alguns episódios, falei de amigos, de viagens, ajudei, tenho certeza,  que alguns  coinhecessem melhor Portugal, este país maravilhoso que terminei por conhecer bem e que me dá uma satisfação enorme de dele poder falar com a intimidade que o faço. Falar do Tejo, do Alentejo, do Norte de Portugal é mesmo sensacional e espero ter feito com que alguém  tenha seguido algumas das sugestões que dei em cada texto que escrevi sobre este país, aliás  onde tenho muitos visitantes, na estatistica do blog Portugal esta em segundo lugar em numero de acessos, claro que o primeiro é o Brasil
As visitações partem de muitos lugares do mundo, fico encabulada, pois ja tive leitor até na Croácia, passando pelo Japão México, Estados Unidos, Canadá,  Chile, Angola, Moçambique, Italia, Espanha, Portugal, Grécia, dentre outros e, naturalmente, o Brasil, que concentra o meu maior público, como não poderia deixar de ser. Evidente que não tenho a pretensão de que todas as visitações signifiquem uma leitura do texto, mas sinto-me importante, nunca pensei que iria alcançar esta marca, que tem mesmo de ser comemorada.
Quando completei  a centésima postagem, também fiz texto comemorativo,: “Os dois zeros positivos da direita”. Agora, que são quatro zeros positivos  à direita, tenho mesmo motivo para estar feliz e agradecida a tantos quantos visitaram o blog, seja apenas por ter nele caído por mero acaso, seja por  curiosidade de saber quem é mais esta Esmeralda Martinez, seja por ser mesmo um seguidor e gostar dos textos. Agora, com este marco de 10.000 posso me arriscar a publicar um livro com as melhores postagens, certamente as mais divertidas, porque o que quero com elas é mostrar a vida, fazer com que as pessoas possam rir de algumas situações, que apesar de tristes, são contadas de uma maneira tal, que  fazem as pessoas  sorrirem, que é o que mais desejo, pois sei o que o riso  pode fazer para o nosso espirito, principalmente nos dias em que achamos que a vida esta contra nós, que o universo esta conspirando contrariamente ao que queremos. Fazer gozação das nossas próprias mazelas, da nossa própria vida, é uma maneira inteligente de bem viver.
Obrigada a todos e sorriam sempre, o riso não só exercita os músculos da face, como faz bem á alma. Há dois textos que acho que todas as pessoas deveriam ler para dar boas risadas: “Propaganda Enganosa” e “Aprenda como não pagar dívidas”, ambos hilários. Quando puderem, e se já não o fizeram, leiam.
Um grande abraço a todos e, mais uma vez: OBRIGADA. 

terça-feira, 9 de agosto de 2011

" O trem va vai mãe"

Era assim que o meu irmão Luciano, com dois ou três anos, ao ouvir o apito do trem, dizia para minha mãe: “o trem va vai mãe”, isto em todos os dias, pela manhã, ao meio dia e no final da tarde.
Eu, por minha vez, quando pequena, gostava muito de andar de trem e de morar próximo a linha do trem, isto porque para mim era uma alegria ver o trem passando trazendo e levando pessoas. Gostava também de andar de trem, aliás, para mim, à época, um meio de transporte fantástico, porque com ele e através dele, eu conseguia deixar o colégio interno e ir para a minha casa que ficava no interior. Por ele também chegávamos, eu e a minha família, até Alagoinhas, outro interior da Bahia, onde moravam familiares da minha mãe e do meu avô materno, para passar alguns dias de férias na casa de tia Margarida.
Outra tia, que na verdade era casada com um primo do meu pai, mas a distância da idade era tamanha que a gente chamava a todos de tio, tinha uma casa em Dias D´Avila, aliás, era muito “chic” ter casa em Dias D´Avila, onde um rio do qual não me lembro o nome, acho que Imbassaí, era um grande balneário para famílias abastadas de Salvador, por incrível que pareça, alguns espanhóis parentes do meu pai tinham casa nesta região, e para onde íamos como parentes que éramos.
Tia Dalva e tio Celestino tinham uma casa próxima ao rio das pedrinhas e as terras da propriedade deles terminavam, exatamente, na linha do trem.  Eu achava o máximo ver o trem passar, seja se estivesse em casa, seja se estivesse no rio. Se estivéssemos no rio, tínhamos de sair de dentro da água enquanto o trem passava pela frágil ponte, nunca soube o motivo deste cuidado, se de medo da ponte cair ou se tinha algum reflexo mesmo na água em que nos banhávamos; sei lá, o certo é que quando ouvíamos o apito era uma correria da zorra, todos saindo da água correndo.
Lembro-me que já com uns dez ou onze anos, talvez menos, viajando para Alagoinhas com todos da família, minha mãe distribuiu comida para todos que estavam próximos aos nossos assentos, inclusive para um rapaz que os amigos chamavam de “La Barca”. Acho, hoje, que o apelido era por causa da música, “La Barca”. Adorava comprar milho assado, pamonha de milho, frutas, tudo pela janela do trem, onde os vendedores arriscavam-se a não receber o dinheiro pelo produto, porque o trem podia partir antes do pagamento
Já adulta, na faculdade e com uns dezoito anos, pegava o trem suburbano para chegar à casa de minha avó que morava em Praia Grande, adorava a viagem, embora o trem fosse por demais desconfortável: bancos de madeira que faziam doer a “bunda”, porque as tiras machucavam a carne, mas era fantástico ir margeando o mar. Ficava com um friozinho danado quando o trem passava pela ponte de ferro que fica em Plataforma, ficava olhando, nos espaços entre os dormentes, a água funda e suja pela janela, não nego que tinha um receio danado de cair naquela água, porque odeio água suja, pois ela não nos deixa ver a profundidade.
Agora, com 57 anos, mais uma vez, o trem me faz viajar, sonhar, me transportar para um mundo diferente. Quando tomo o comboio, como é chamado o trem em Portugal, no Cais Sodré, ou em Santa Apolônia, ou ainda, na Estação Oriente, parece que estou entrando num sonho, não que o comboio tenha nada a ver com o trem que tomava na minha infância e adolescência, mas pela sensação que ele me proporciona, parece que me transporto para um mundo outro, diferente, de sonhos mesmo, fico me imaginando a morar naquela via, pois uma grande parte dela fica, literalmente, defronte do mar, que passa pela janela do trem.
Estoril-Cascais
O comboio que sai do Cais Sodré para Cascais segue, na grande maioria do caminho, margeando o mar.  Quando sai do Cais do Sodré, a gente vê o Rio Tejo e vai passando por diversos lugares; Santos; Alcântara; Belém; Algés; Cruz Quebrada; Caxias, Paço d`Arcos, o Tejo vai encontrando o mar: Santo Amaro de Oeiras;  Oeiras; Carcavelos; Paredes; São João do Estoril;  São Pedro do Estoril;  Estoril; Monte Estoril  e Cascais, tudo isto passando e a gente vendo o mar à nossa esquerda. Uma maravilha, uma viagem que recomendo a tantos quantos visitarem Portugal. Não deixem de fazer este passeio, mesmo que só tenha tempo de ir e voltar, mas não deixem de ir.
Cascais
Se tiver um tempo, vá até o final da linha: Cascais. Desça e siga até a vila, veja o mar, olhe como é linda a Baía de Cascais. Desça a rua calçada à sua direta e coma um pastel de bacalhau.  Continue andando, passe pela frente do Hotel Baía, suba a ladeira até o forte, siga até o jardim, atravesse-o todo e saia pelo castelo. Veja que maravilha de paisagem que esta à sua frente. Agradeça a Deus por lhe permitir ver tanta beleza e agradeça ao homem por ter lhe dado este meio de transporte que lhe faz viver sonhos como este que agora esta vivendo. Não esqueça esta visão, não precisa, sequer, tirar fotos, tanta beleza fica na nossa memória e um só pedaço de mar azul, límpido, um horizonte é suficiente para reavivar a sua memória e fazer você, sem o trem, se transportar para esta beleza que a natureza criou para nosso deleite.
Boa viagem de volta, de trem, e de muito sonho.

sexta-feira, 29 de julho de 2011

Dr.Cinquentinha

A primeira vez que fui para aquelas plagas, o fiz por dever profissional, até porque ir para aquela cidade do interior, no extremo sul da Bahia, por prazer era impossível: primeiro a distância, segundo a rima não muito rica do nome já deixa antever o que ela é mesmo, uma cidade feia, limitada com outras tantas cidades feias e violentas: Eunapólis, Teixeira de Freitas, e ainda muito próxima aos Estados de Espírito Santo e Minas Gerais, que despejam milhares de pessoas por este interior da Bahia, umas boas, outras muito más.
Bom, mas não comecei isto para falar da cidade e nem das suas fronteiras, nem mesmo, do povo. Estou fazendo o texto para falar de uma grande figura que conheci neste lugar tão esquisito, que faz a gente duvidar que abrigue uma pessoa como esta de quem estou a falar. Ela vive ali, curtindo e sendo feliz. Somente por isto já se vê que estou a falar de uma pessoa para lá de especial.

Inconfundível, diria eu, especialmente diferente, singular e plural ao mesmo tempo, singular pela sua própria inconfundibilidade, plural pela sua grande alma, que aceita a todos e tudo com uma naturalidade invejável.  

Não vê ele defeitos nas pessoas, esses são virtudes mal encaradas, motivo de muitas gozações, de muitos risos, mas de nenhuma crítica. As pessoas são aceitas como elas são, e elas chegam e saem da sua vida dessa maneira, embora todos os que conheci, e que não saíram da sua vida, apenas se afastaram, tenham por esta figura um grande e imenso carinho.

Mas, deixem-me dizer-lhes como conheci este “ser” especial: fui convocada para trabalhar na cidade da rima rica.  Estava acabando de assumir um cargo importante na minha terra, muito importante para muitos; para mim, uma profissão com um pouco mais de responsabilidade de que as demais, porque você trabalhava a vida dos outros, não como o faz o médico, mas de uma outra forma que pode deixar muitas marcas, pois você pode acabar com a vida de uma das partes envolvidas na relação, que também podem acabar com a sua.

Mas isto também não interessa! O fato é que fui trabalhar naquela cidade de muitas ladeiras e de hotéis com portas curtas, isto é; portas que não chegam até o chão, resultando que fica um vão entre a porta e o chão,  e às vezes, também, na parte de cima, o que dá para perceber o movimento do quarto e ouvir tudo o que se passa, seja no corredor, seja nos demais quartos, seja na recepção; enfim, participa-se de tudo, uma hospedaria mesmo, em que os hóspedes terminam ficando tão íntimos que, mesmo sem conhecer um ao outro, podem contar toda a vida de cada um a outrem. Imaginem que beleza!

A viagem de Salvador para a cidade da rima rica dura 12 horas, num belo ônibus leito, do qual um dia tive saudade quando, em 1990, fui pela primeira vez a Europa num avião mínimo, com espaços mínimos, que as minhas pernas chegaram praticamente dobradas, sem condição de esticar, afinal foram 12 horas de vôo. Ainda não tínhamos avião direito para Lisboa saindo daqui de Salvador, para irmos para o exterior tínhamos de pegar a conexão em Rio de Janeiro ou São Paulo, por isso tantas horas de vôo e esperas em aeroportos.

Cheguei cansada, como é obvio, às 07h00min da manhã e o trabalho começava as 08h30min, portanto, só foi o tempo de me instalar no meu quarto conjugado com os demais hóspedes e ir para o trabalho. Estava ansiosa por um motivo, eu ia fazer uma série de audiências de impedimento, porque o advogado era filho da Juíza titular, ou seja; eu ia passar um dia quase todo fazendo audiências com um só advogado de um dos lados da mesa, prenúncio de um dia chato, com muitos aborrecimentos. Deixem-me dizer que não só o rapaz era parente da Juíza, como, também, a diretora de secretaria o era. Uma família que trabalhava unida... Pois é eu peguei, de cara, este abacaxi. Para rimar com a cidade deveria dizer “abacaxu”. 

Dentre as inúmeras audiências da pauta havia algumas contra a Prefeitura local e contra o Banco do Estado da Bahia, que ainda existia. Não gostava de fazer audiências de bancos, nunca gostei, os advogados só faltam se matar, um para tirar do banco e o outro para não permitir que se tire: horas extras intrabalhadas em muitas ocasiões, muitas vezes comprovadas por inúmeras testemunhas sem qualquer ética, moralidade, dignidade, cidadania, pois mentiam escancaradamente sem que a pobre julgadora pudesse, ao menos, declarar esta falta de verdade.

Em Salvador, quando disse a alguns colegas que ia para aquela cidade, todos, sem exceção, me falaram do “Cinquentinha”, era este o seu apelido dentro da comunidade forense, isto porque qualquer proposta de acordo, fosse o processo de grande, ou de pequeno valor, a proposta era a mesma, “pago cinquentinha”. Achei engraçado, embora considerando uma falta de respeito para com o próprio magistrado, porque entendia a proposta, se o valor da causa fosse grande, um deboche, aliás, continuo achando. Ninguém me disse como ele era, quem era, só me deram esta dica.

Comecei as audiências e, logo de início, havia uma em que a reclamada era a Prefeitura local. Respondendo ao pregão entram as partes acompanhadas dos seus respectivos patronos; e aí me vem a figura: cabelos encaracolados de um castanho bem claro, uma cara sorridente, um rosto peculiar, um corpo pequeno e com um desvio para um dos lados, que embora de direita, seguia, relativamente, uma esquerda, acredito que um pouco festiva, pois, muito burguesa, ligada a muitos luxos e sabores, que não posso acreditar que esta tendência pudesse ou possa, um dia, vir a ser radical. Viajar para Cuba ou para a Rússia não faz de ninguém um grande  socialista, ou comunista, ou ainda,  um seguidor do marxismo, enfim, mas isto não vem ao caso.

A audiência começa e eu pergunto: Há alguma possibilidade de acordo? Há sim doutora, responde aquela figura com uma voz “colossal”, nada condizente com a sua aparência, quero dizer, a gente espera uma voz menos postada, menos grossa: “cinquentinha”.  Apesar de achar mesmo a proposta debochada, não pude deixar de rir, porque naquele momento fui oficialmente apresentada ao Dr. “Cinquentinha”, o amigo de todos, um homem feliz, com muitas estórias e muito carinho e atenção pelos nossos pares, de quem se fez amigo de tantos quantos por lá passaram.

Fiz audiência até tarde, muitas mesmo, e, por isso mesmo, não tive condição de sair para almoçar, ou seja; quando sai da sala da audiência, lá pelas quatro horas da tarde, não havia mais lugar para comer, resultado, comi frutas e pão com queijo e pronto.

Estava cansada e fui para o hotel fazer as decisões, muitos processos de banco conclusos, uma “merda” colossal, mas que jeito! Quem tá na chuva tem de se molhar, e eu me molhei muito, pela grande responsabilidade que tive em todo o tempo em que exerci a profissão que “escolhi”; escolha feita por necessidade, ou não, mas escolha.

No dia seguinte, já familiarizada com o “Cinquentinha”, já não estranhei as propostas de acordo, embora tivesse lhe dito que aquilo era uma brincadeira, e ele me convidou para almoçar na casa dele. Em principio disse não, até porque achava mesmo um inconveniente fazer isto, por todos os motivos possíveis, inclusive o de ir para a casa de um advogado militante, aquilo não ia soar bem, embora uma boa parte dos colegas que por ali passaram me dissesse que o melhor mesmo era ser amigo do doutor e comer na casa dele, porque a “Mariquinha” era uma cozinheira de mão cheia, e eu não ia encontrar um lugar melhor para almoçar; depois eu nunca sabia o horário que a audiência terminaria, portanto, não poderia acertar almoço na casa de pessoa alguma. Quanto ao segundo motivo isto foi resolvido pelo próprio “Cinquentinha, que me disse que a hora que eu saísse da audiência poderia ir  almoçar, porque a Mariquinha estava a me esperar, sem qualquer problema.

Não tive muita saída e fui almoçar na casa do “Dr. Cinquentinha”, agradeço imenso a gentileza repetida em muitas oportunidades. Mariquinha realmente era uma grande cozinheira, aliada a isto estava a grande qualidade de ser uma espécie de gerente da casa do doutor; ela cuidava de tudo acompanhada dos seus ajudantes de ordens; os dois filhos dela. Quando a conheci  era apenas uma, que tinha o apelido de deputada, o outro, que era homem e nasceu bem depois, certamente, era o deputado, quiçá senador; vereador é que não seria: o cargo não tem élan para que o seu portador freqüente a casa.

Quando conheci o “Dr. Cinquentinha” ele estava descasado, acho eu, tinha a recém separado da mãe de sua filha; ele estava sozinho, mas nem tanto assim, porque tinha “as mineirinhas boas demais” que sempre estavam dispostas a lhe fazer companhia, além disto tinha ali a sua família, todos bem posicionados. Eram de lá e lá se estabeleceram, embora a família tenha esticado os braços alcançando o Rio de Janeiro, onde o próprio Dr. estudou e Minas Gerais, onde uma de suas irmãs morava lou ainda mora. Todos pareciam muito felizes e grandes “viventes”, andavam de bem com a vida, gozadores naturais dela e dos outros. Muitos sobrinhos triplicaram o clã, um deles, que bem me lembro, trabalhou comigo; um outro, conhecido por “nariz de cera”, era muito ligado ao tio, e eu morria de rir ao conferir porque era assim chamado, é que o nariz era bem grande.

Foi na casa do “Cinquentinha” que comi, pela primeira vez, “javali”,  acho eu que foi esteo bicho, preparado a duas mãos; a dele e a da Mariquinha; ele, claro, o “gourmet” fazia o tempero com vinho, etc., e ela é que ficava responsável pelo “assar” o bicho, que tinha de ir para o forno com a” vinha d´alho” e pelo tempo proporcional à quantidade de quilos da carne. Já não me lembro a proporção, mas sei que assim era.

Comi muitas e diferentes comidas na casa do "Cinquentinha", temperadas ou não por ele, mas sempre com a participação providencial da Mariquinhas. Lembro-me de uma lagosta à “não sei quem”, parece-me que a "fidel castro",  que, diziam ser uma maravilha, eu não comia porque nao gosto da bicha. Degustei queijos, bebi bons vinhos, com a musica ambiente escolhida pelo Dr. que, diga-se de passagem, tem excelente bom gosto. Não admira as tantas namoradas que conheci, seja grande, seja pequena, mineirinha ou não, todas pareciam apaixonadas pelo galã, que sabia realmente agradar uma mulher.

Foi com ele, e por ele, que conheci muitos lugares no extremo sul da Bahia: Prado, Canavieirasou Caravelas, já não lembro, Cumuruxatiba, carinhosamente chamada pelo clã de “cumuru”, Carnaíva. Estive inúmeras vezes em Porto Seguro, imagine que até conheci Teixeira de Freitas, não sei bem para que e nem o motivo, mas sei que lá estive em companhia do Dr., com  o qual o pior lugar ficava bonito, contagiado com a sua alegria, a sua risada, a sua vontade de viver e de ser feliz. Com ele a gente vê a beleza onde ela, em princípio, não existe.

Cumuru, entretanto, de todos os lugares que estive, foi o especial, estive lá várias vezes: fui com filhos, com amigos, com o companheiro, com irmãos, aquele é um lugar abençoado, até porque, tem o Dr. Cinquentinho como filho natural. A família domina o pedaço e é muito bom ver todos eles reunidos, mesmo quando isto contrariava uma rainha com a qual ele conviveu por certo tempo e com quem, também, teve um filho.

Tive grandes momentos na companhaia do “Cinquentinha”, estive em uma das mais belas comemorações do seu aniversário, que é um evento seja em Cumuru, seja onde ele resolve festejar. Tenho muitas saudades, e vou fazer força para, este ano, no dia 06 de setembro, estar onde ele estiver para comemorar e agradecer os bons e grandes momentos que compartilhamos, nós e as nossas famílias.

Continuo tendo noticias do “Cinquentinha”, que agora toca piano, comprou um para a sua casa, e tem um tocador particular para um “happy hour”. Podre de chic! Agora tive o prazer de descobrir que ele é um seguidor do blog, pelo que agradeço, registrando, entretanto, que o começo deste texto já estava no prelo quando descobri mais um seguidor, e que para minha surpresa era ele.

Obrigada amigo, agradeço cada minuto de prazer que proporcionou a mim e aos meus, bem como a sua admiração, o seu respeito para comigo. Continue feliz distribuindo simpatia e conquistando amigos, com o seu riso franco, aberto; com o seu riso contínuo que parece não querer parar, certamente para contagiar quem esteja do seu lado e que, por mais triste que venha a estar, possa sorrir também. Um grande abraço e obrigada por me permitir conhecê-lo.  

domingo, 10 de abril de 2011

Os dois zeros positivos da direita

Esta é a postagem de número 100 no blog. Acho que deve ser comemorada. Comemora-se 1000 gols de Pelé, 1000 de Romário, 100 do goleiro Cene que, contrariando a sua posição em campo, faz gols, então eu também posso comemorar a centésima postagem. Acho até que com mais direito de que eles, porque todas estas pessoas são pagas para exercerem, e bem, a sua profissão, portanto o resultando não deveria ser objeto de qualquer comemoração; eu, ao contrário deles, comecei o blog por motivos outros, que não profissionais, e tenho o prazer de, menos de um ano depois da sua criação, ter sido visitada por 5.565 pessoas de países diversos. Imagine que tenho leitor na Croácia, certamente algum brasileiro aventureiro, porque não posso me dar ao desplante de achar que é um croata que lê as minhas postagens, evidente que não todas, porque se assim fosse a estatística mostraria, ao menos, 99 visitas, o que não aconteceu, ainda espero os Emirados, a China e o Japão, seria muita pretensão?

Bom, o certo é que esta é a centésima postagem. Não sei bem como começá-la, porque queria falar de uma porção de coisas, mas só vislumbro mesmo é o número cem. O número sugere muita coisa, primeiro tem muito zero, e zero, na grande maioria das vezes, não é uma coisa boa, a não ser que esteja sempre acompanhando um outro número, porque aí ele funciona como multiplicador; 10 pode virar 100, 1000, 100000, o infinito, reparem que ele sempre tem que estar à direita, porque se ele for para a esquerda, antecedendo o número, a coisa fica preta, embora os da direita possam aparecer em vermelho, o que é outra merda. Pensem que a inferioridade que ele traduz nesta posição é tamanha que a gente ouve a expressão: “Você é um zero a esquerda”. Zero á esquerda é forte mesmo! É botar alguém muito para baixo. É uma valoração mais de que negativa. Eu nunca ouvi esta expressão em relação a minha pessoa, ainda bem! Mas já ouvi alguém falar para uma pessoa a quem muito amo e fiquei mesmo indignada, embora, eu que nunca fui nenhuma santa, já tenha despejado esta mísera expressão, em alguém. Quem a ouviu de mim, por favor, me perdoe, sou humana e a gente fala com raiva, o bom é que, ao menos alguns que já ouviram isto partindo desta minha santa boca, que devia ficar fechada mais tempo, tenham passado o zero para a direita em suas vidas e ficaram positivados. Espero, ainda, que outros consigam, estou torcendo muito, a experiência, agora, já me permite pensar assim e torcer até para quem, ainda, merece que os zeros se multipliquem na esquerda. Se no racional quero os zeros à direita, no passional, ainda tenho estes pensamentos, que embora fugazes, ratificam os zeros da esquerda.

Bem, mas também não quero fazer apologia, seja positiva, ou negativa, nem de pessoas e nem dos zeros, sejam eles, “de esquerda”, ou de “direita”, embora ache que até os da “esquerda” adorariam ter os zeros “da direita”, principalmente nas contas bancárias.

O fato é que esta é a postagem número cem. Durante quase um ano as postagens foram feitas, - o blog foi criado em  abril pela Vera, que também é a criadora das primeiras fotos e foi quem, pacientemente, me ensinou o que sei fazer com o blog em termos de colocar as postagens, fotos, “gadgets”. Acho muito engraçado as palavras que são introduzidas no nosso vocabulário por esta tecnologia, mas enfim, tenho de me acostumar, caso contrário vai aparecer um zero a esquerda no meu curriculum; como não quero isto, acrescento zeros à direita na minha conta bancária sempre em negativo e cheinha de zeros: tem horas que até me desespero com este multiplicador de tudo, de erros e acertos. O meu balanço geral sempre dá negativo e os zeros positivando a negatividade.

Vejam bem que contraste, o zero positiva a negatividade. Que perfeição de raciocínio eu tive agora, não me sabia capaz de falar do zero com tanta filosofia, positivar a negatividade foi longe, acho que estou muito feliz por ter conseguido dizer que o zero é de uma importância fundamental para as pessoas, porque ele, efetivamente, é um fator, de alegria, de realização, de felicidade, porque ele consegue o negativo e positivo ao mesmo tempo, ele pode, tanto trazer a felicidade como ser o algoz da nossa infelicidade. Mesmo quando ele vem do lado direito do número, pode significar muita dor, muito desespero, como também pode significar vitoria, felicidade. No meu caso, do "mot" que me levou a escrever este texto, ele é um elemento de prazer, de felicidade, de alegria. Quando, entretanto, olho a minha conta bancária, ele me dá a terrível sensação de “derrota”, de imperícia, de culpa, não sei lhe dar com dinheiro e faço besteiras, embora algumas delas não me tragam arrependimento algum, mas outras me dão uma terrível dor de consciência, mas os sacaninhas dos zeros ficam lá bailando diante dos meus olhos culpados.

Sim, mas eu estava falando do blog e da minha centésima postagem, mas as porras dos zeros ficam como flashes na minha mente. - Vá lá, fale de mim e não das suas cem postagens, até porque se eu não existisse você não poderia definir, tão bem, a quantidade de postagens. Eu sou retado, eu posso definir, determinar, sou quase Deus; posso, pois, tanto lhe dar prazer, como tirá-lo. Não me importo se me acham despótico, ditador; gosto de ser assim, portanto, como sou quase um Deus, vá esquecendo da sua postagem de número cem, que se você quisesse poderia ser a de número mil, embora eu não saiba se você consegueria leitores suficientes para ler tudo isto, e vá falando mais de mim e das minhas qualidades.

Vocês estão vendo que estou tentando afastar os zeros da minha “estória”, mas está sendo impossível. Queria falar de algumas postagens, mas o zero não deixa, me diz logo: “Você vai falar de como aprender a pagar dívidas? Não vai não: adoro aquela postagem porque ali eu fiz uma grande festa, e somente por causa de mim, da minha facilidade de multiplicação, você achou interessante o texto de Aristófanes que inspirou a sua postagem, embora eu ache que você queria mesmo era falar de mim para retirar a minha  importância aquela que tive para engrandecer as dívidas do personagem.”

Miserável de zero: pois não é que agora, que estou pensando neste cretino, vejo quantos zeros foram necessários para o personagem de Aristófanes se desesperar e procurar uma maneira “ilegal” legal de não pagar os seus “zeros” da direita?

Esqueço Aristófanes e o não pagar as dívidas, embora particularmente, isto seja impossível, e vou para a triste constatação: Que belo texto! Acho eu, mas aí o zero, de novo me cutucando: “Sabe quantos zeros estão incluídos naquela postagem? Ha.Ha.Ha....!Milhões deles, todos multiplicadores da negatividade. Eu fico orgulhosíssimo de mostrar ao mundo as cifras da miséria, do descaso, da impunidade, da imoralidade, da falta de humanidade, da falta de ética, da falha do direito, enfim, posso, apenas com o acréscimo de um dos meus irmãos à minha direita, acabar com a mentira, com a política apregoada pelos falsos defensores dos direitos humanos que somente sabem falar e não agem e deixam que os meus irmãos se acumulem à minha direita demonstrando o que eles tentam negar”

Sai para lá seu zero! Quero falar de coisas amenas, comentar meus posts. Se você não lembra, estou comemorando as cem postagens do blog.

- Já lhe disse que você poderia estar comemorando a de número mil, aliás, até eu ficaria orgulhoso de você, como ficarei, porque tenho certeza que, mais dia menos dia, você vai conseguir isto, embora eu tenha que admitir que vai ser preciso que eu acrescente alguns irmãos no saldo da sua conta bancária. Não se preocupe, porque espero que a negatividade se transforme em positividade, e você possa continuar tendo inspiração e escrevendo mais e mais.

Rapaz! Vou ter de parar: você está me atrapalhando e eu já não consigo me lembrar das postagens que quero comentar.

Cascais- Portugal

Praia do Piruí-Arembepe
 -Nada; você queria falar mesmo é de Portugal e de Arembepe, seus dois extremos atuais, ambos que lhe fazem acrescentar zeros positivos de negatividade na sua conta bancária, mas que você ama de paixão. Ambos merecem cada escrito seu e por isso mesmo você precisa ter paz e muitos zeros de direita positivos para continuar mostrando o que muitos não podem ver, mas podem sentir e se transportar, curtir através de você, sonhar guiados pelo seu sentimento, pela sua sensibilidade.

Olhe zero, vou parar; você tá querendo colocar palavras na minha boca, como a sua mania de ditador, você quer que eu fique aqui sem qualquer modéstia elogiando minhas próprias criações, sem qualquer pudor. Não quero ser narciso, portanto, vou ter de parar, mas antes tenho de deixar um agradecimento a todos quantos visitaram este blog. Muito obrigada mesmo! E que os zeros positivos de direita $$$$$$$$$ se multipliquem em suas vidas, Que os zeros positivos de direita tragam para vocês muita paz, muitas realizações, muitos sonhos realizados e realizáveis.

Viram! O zero, nem neste momento, me deixou em paz, então vou mudar o título da postagem: é o melhor que faço.

 Pirui- Arembepe


Arembepe, 10 de abril 2011