domingo, 14 de abril de 2019

Como teria sido?


Acordei cedo e fui andar, claro que sonhei muito, este é o meu momento de sonhar, o sonho, entretanto, e quase sempre o mesmo, arrumar dinheiro para colocar todos da minha família bem, inclusive a mim, e mais algumas pessoas ao meu derredor. Gosto de sonhar isto, fico rica porque tiro na loteria, divido o dinheiro, enfim faço planos. Há dias que o sonho é mais modesto e fico pensando quando o TRT vai pagar as minhas diferenças e o que vai dar para fazer com ela.  Gosto mesmo destes momentos, mas tenho de voltar para casa e aí os sonhos acabam e eu vejo a minha realidade.
Estou lavando os banheiros da casa, porque, para variar, estavam aqui ontem algumas pessoas que usaram os dois banheiros e eu os tenho de lavar, caso contrário o xixi de cachaça impregna e aí é duro para tirar este odor horrível de xixi. Neste exato momento recordo-me dos meus quatorze quinze anos, cheios de revolta, mas também cheios de esperanças. Morava em uma baixada no Engenho Velho da Federação, não gostava daquele lugar, realmente não gostava, principalmente em dias de chuva e nos finais de semana. Nos dias de chuva porque era terrível descer a escadaria com a enxurrada, nos finais de semana porque tinha de ficar dentro de casa, não se tinha dinheiro para nada.  Ficávamos em casa procurando passar o tempo com nada, aguardando meu pai chegar bêbado junto com os seus amigos mais bêbados de que ele, quando não já estavam lá em casa desde muito cedo.
Porra! Por que diabos vou lembrar disto.  Não seria melhor lembrar de alguma coisa boa?  Namorados foi o que veio à mente.  Aí me perguntei: O que teria sido a minha vida se eu tivesse me casado com o meu primeiro namorado? Kkkkkkkkkkk. Meu Deus, o que seria minha vida? Certamente estaria lavando o banheiro único da casa mínima, com certeza no Engenho velho da federação ou adjacências. Será que teria me formado? Penso que sim, porque eu nunca gostei daquela vida. Todavia seria um horror mesmo. Graças a Deus a coisa acabou como começou, nem senti, nem vou falar em desgaste de relacionamento, nem deu tempo. Quando percebi, aos quatorze ou quinze, já nem me lembro, o quão obtuso era o rapaz, lento de raciocínio e outros defeitos imperdoáveis, acabou-se. Lembrar que o rapaz era bem bonitinho, um corpo sarado devido ao football, mas além do raciocínio lento, tinha um outro defeito, este mais aparente, tinha dente de ouro: kkkkkkkkkkkk, gente namorei um rapaz que tinha dente de ouro!  Tá doida mulher! Como teve coragem?  Fiquei pensando nisto, e ai lembrei que não era só ele que tinha um dente de ouro, a família dele inteira tinha, pai, mãe e irmã.  Seria isso um sinal de riqueza e eu não percebi?  Jejus é mais!. Sim, e ainda estaria ligada à contravenção. Vixe Maria!
Continuei limpando coisas: lavando panelas, pratos, copos, arrumando coisas, colocando outras nos seus devidos lugares, enfim, (domesticando) ou para que fique claro, fazendo os serviços domésticos. Limpando o fogão lembrei de um grande e, efetivamente, ´primeiro amor. Lindo, alto, bonito, disputado. Eu o conheci em uma festa de Sto. Antônio, nessas novenas que se rezam nas casas. Era a noite dos jovens e lá fui eu e minha irmã, Minha mãe nos deixou ir, porque todos do grupo jovem iam e era na casa de um pai de santokkkkkk, viu que sempre estive ligada.  Sim, lá conheci este belo exemplar de macho.Que sensações meu Deus, como é bom se saber poderosa, como é bom despertar o desejo do outro. Apesar de não termos feito sexo, afinal  havia respeito à algumas  normas àquela época, foi quem me despertou, literalmente para ele. Os amassos, os beijos calorosos, as pegadas dali e daqui. A excitação sentida em todos os poros e além deles! Ah como foi bom! Todavia, o safado além de lindo era muito descarado e mulherengo. Namoramos um bom tempo, aliás hoje diria eu que ficamos durante uns três ou quatro anos. Era o titular da área, como viajava muito e sem termos maiores compromissos, ele fazia a parte dele e eu a minha, mas quando ele chegava em salvador acabavam-se todos os namoros, afastados todos os pretendentes.  Sim, mas isto agora não vem ao caso e eu pergunto: Como teria sido a minha vida caso tivesse casado com este homem?  Resposta imediata: estaríamos separados, com certeza em um par de anos, eu não ia aguentar a safadeza do sem vergonha, ia ficar muito desengonçada com os chifres que iam nascer. Se se tivesse ficado, entretanto, hoje estaria viúva e recebendo uma pensão como esposa de um policial rodoviário. Puta merda, que lembrança.
Continuo na minha lida. Apesar da chuva tenho de molhar algumas plantas que ficam na área coberta. Vou adiante na minha volta ao passado e lembro de um cidadão que tinha 36,37 anos, enquanto eu só tinha 16 ou 17.  O homem ensandeceu por minha pessoa, eu não tinha grande afinidade, mas ia levando este namoro adiante, acho que por muita comodidade. Afinal este, à época, senhor, tinha carro, estudava no mesmo colégio que eu, e nos dava carona todas as noites em que ia par aula, sim porque como trabalhava de turno em Mataripe, não ia para a aula todos os dias. Ah Meu Deus! O que teria sido a minha vida com este senhor. Primeiro a diferença de idade ia ser um empecilho sempre. Eu cheia de sonhos, ele cheios de realizações já alcançadas e sem   querer muita coisa do futuro, a não ser ter uma esposa “linda”, que seria eu, filhos, uma casa (que já tinha) e vive aquela vidinha  até a aposentadoria. Olhe que este cidadão nem sequer bebia. Era um velho novo mesmo, muito responsável, muito amoroso, mas eu não ia suportar essa vidinha. Eu queria muito, queria ser doutora, trabalhar, viajar, viver. Certamente, seria mais um caso de separação rápida. Tão rápida que aconteceu antes mesmo do casamento, pois quando do  ele chamou meu pai e minha mãe para mostrar a casa que tinha comprado em um conjunto para funcionários da Petrobras em Stiep, casa com “suíte” e tudo, eu falei para mim mesmo, tá na hora de sair dessa história, e foi o que fiz. Acabei com o negócio todo.  Quem mais teria eu para lembrar?
 Ninguém, pois o que veio depois disto foi um casamento fracassado, e um outro que sempre anda na corda bamba. Realizei todos os meus sonhos, sem dúvida que os realizei todos. Os que ainda tenho   vou realiza-los, ah disto tenho certeza. Mas fico aqui lavando meus banheiros, fazendo minhas comidas (dos outros) minhas costuras, arrumando casa, escrevendo e     sonhando com muitas coisas. E aí percebo: fugi de tanta coisa, e hoje vejo que muito do que fugi está presente aqui na minha vida hoje.  Livrei-me dos bêbados de meu pai, hoje tenho os bêbados de Carlos.  Livrei-me do velho novo, tenho agora um novo velho ao meu pé.  Afastei os serviços domésticos durante muito tempo, agora é o que faço e o que me levou a escrever este texto kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk. Destino é destino filha, não se muda não, podemos até transformá-lo, mas, no fim dá no mesmo. Pois é, uma advogada, juíza aposentada, mestre e doutora em história, passa os seus dias entre as costuras, as atividades domésticas, e a cozinha.  Nadei, nadei e morri na praia.  








segunda-feira, 1 de abril de 2019

Garcia D´Ávila XXI - Os Antunes do Matoim


Desde ontem que venho chamando pelo Senhor Garcia, afinal de contas queria parabeniza-lo pelos 470 anos de Salvador da Bahia de Todos os Santos, sim, é assim que a Salvador planejada em Portugal por Luís Dias, projeto aprovado pelo Rei, era identificada. Afinal de contas o homem ajudou a fundar a cidade, povoá -la, fazê-la crescer. Naturalmente que não o fez por amor ao Rei, evidentemente que não,  o que o Garcia D´Ávila sempre quis, aliás, morreu com o mesmo pensamento, era enriquecer, empoderar-se mesmo, ficar cheio de dinheiro. Ser, como foi, o Senhor da Torre, fundando uma das casas mais antigas, poderosas e ricas da Bahia,  A CASA DA TORRE.


Chamei muito, mas o miserável não aparecia de maneira alguma. Comecei a pensar na morte do Senhor Garcia, afinal de contas da última vez que ele apareceu estava bem alquebrado, chegou mesmo a cair.  Fiquei me perguntando: O homem vai morrer em 1609, se bem me lembro, da última vez que ele esteve aqui,  no dia que disse-me que ia me contar uma novidade, para ele já estávamos(ele claro) em 1604, ou seja  daquele momento ele só teria mais 5 anos de vida, muito pouco tempo, E o que iria acontecer quando chegasse o momento da sua morte?  Sei que vocês podem estar dizendo que eu to ficando doida, talvez até esteja, pois não é muito normal alguém ficar dialogando com um espirito que apareceu do nada e me conta coisas da nossa Bahia colonial. As vezes fico na dúvida: Será eu é ele mesmo que me conta ou eu leio estas coisas?  Bom, mas o certo é que andava mesmo preocupada com o ano de 1609. E se ele desaparecesse de vez?  Eu, pessoalmente, achava que isto iria acontecer. E digo isto porque, depois de 1609 o que teria o Senhor Garcia para me contar? Nada. Ele faleceu e ia se recolher na sua alcova da morte para sempre. Sua missão para comigo estava cumprida, me dera muitas dicas e me contara coisas que os livros de história não contam,

Bom, como o Senhor Garcia não me ouviu até este momento, resolvia, sozinha  falar de Salvador e da sua fundação, bem verdade que já fiz isto, acho que no primeiro texto e também quando  falei de Caramuru, mas a história se renova sempre, uma descoberta de um documento novo, um marco que é encontrado, uma nova evidencia de algum acontecimento, uma ruína aqui, enfim.
Desta vez calhou que passaram um documentário sobre Salvador, e não é que neste documentário apareceu uma novidade, novidade mesmo sobre a história de Salvador.  Um fazendeiro encontrou um marco da cidade em suas terras. A fazenda dele fica em Candeias, e o marco que mostram na televisão tinha a inscrição do Tombo. Fiquei entusiasmada, que maravilha de descoberta para a nossa história, que bom que este fazendeiro chamou as pessoas certas para entregar esta preciosidade. No mais, para mim, nada do que o repórter trouxe de informação foi novidade, mas isto é para mim, porque eu tenho certeza que muitos dos que viram este documentário não sabiam de alguns dos fatos trazidos pela reportagem.

Só um historiador, e assim mesmo que se dedique à investigação, sabe que existe o Arquivo Histórico do Ultramar o AHU. Uma preciosidade, espero que o governo português procure preservar este arquivo. Nele temos, não interessa que a história oficial contada apenas por uma das partes envolvidas, uma fonte inesgotável de conhecimento da história do Brasil, em particular da Bahia, aqui onde tudo começou. Somo, a Bahia, o berço da civilização brasileira. Sim, porque somos uma civilização, não adianta ninguém querer tirar este nosso lugar no mundo.
 
E lá vou eu escrevendo e nada do Senhor da Torre aparecer.

O documentário continua, e, aliás outro fato que eu não sabia, que o Tome de Souza está enterrado (restos mortais) estão em uma igreja, igreja esta que fica em uma propriedade privada, em um sitio chamado Vila Franca de Xira, que fica pertinho de Lisboa. Se tivesse eu sabido antes já tinha dado um jeito de pedir autorização ao proprietário para ir neste espaço.  Achava que os restos mortais do Tomé de Sousa estavam em Rates, lugar do seu nascimento e também do nascimento do Garcia D´Ávila.

Aqui tenho de fazer um aparte.  A importância de Tomé de Souza para a nossa cidade e para o nosso país como um todo merecia que os seus restos mortais estivessem aqui – NO BRASIL, - especificamente na cidade do Salvador, mais especificamente, ou na Igreja de Nossa Senhora da Ajuda, ou na Conceição da Praia ou na Catedral Basílica.  Seria o lógico, e não em uma Igreja caído aos pedaços, numa propriedade privada em Vila Franca de Xira, acho que vou escrever para o Ministro da Cultura a este respeito.

Enquanto escrevo sobre a informação que tive ontem, não percebi que o Senhor Garcia estava instalado no meu sofá. Ele olhava-me teclando as teclas da “madeira preta”, como ele denominava o meu computador e parecia intrigado com aquilo.

Levantei a vista e lá estava ele olhando-me e sua cara parecia mais um ponto de Interrogação

-Olá Senhor Garcia, não vi o senhor chegar.

-Claro que não, quando estas em frente a este pedaço de madeira preta, não vez ninguém, não falas com ninguém, parece que não existe mais nada além disto.

Sorri, mas, imediatamente, parei de teclar e olhei diretamente para o Senhor Garcia – Sabes que dia é hoje?

- Um dia como outro qualquer. Só não entendi até agora porque me chamavas tanto. Desde ontem que tenho a sensação que estás a me chamar.

-Chamei sim senhor Garcia, queria muito falar com o senhor e lhe dar parabéns.

-Parabéns! Por que Parabéns. Não é meu aniversário.

- Não é o do senhor, mas é aniversario da Cidade de Salvador da Bahia

- Que dia é hoje mesmo?

-Dia 29 de março

Me escusei de dizer o ano, se eu o fizesse as coisas começariam a desandar desde ali. O Senhor Garcia ia me chamar de louca, bruxa, qualquer coisa do gênero. Acho que desta vez ele me denunciava mesmo. Então eu ia dizer que estamos em 2019 a um homem que só viveu até 1609?

- E mesmo, há 60 anos chegamos nesta terra. Não tinha aqui absolutamente nada. Já fizemos tantas e tantas coisas, já temos hospitais, igrejas, mosteiros. Eu tenho lá minha Torre em Tatuapara, meus rebanhos, minhas terras. A terra produz açúcar, já temos o porto para escoar a produção de açúcar, há muitos ricos nesta cidade, homens de bem compõe a Câmara, conseguimos “civilizar” muitos indígenas.

Quando o senhor Garcia falou em “civilizar indígenas” não pude deixar de rir. O que seria para o Senhor da Torre “civilizar”?  Escravizar indígenas, fazer aldeamentos, obrigar os pobres coitados a seguir a fé católica, seria isto o sinônimo de civilizar do Senhor Garcia? Não questionei nada, somente ri e fiquei pensando no que ele estaria pensando.  Uma coisa é certa, se eu contestasse esta “civilização” ele por certo iria embora e eu ficaria sem informações e eu precisava saber a quem pertencia estas terras onde o tal marco fora encontrado. Por que em Candeias é que estava este marco?

Engenho Matoim - foto encontrada arquivo Iphan
- Senhor Garcia, a quem pertencia as terras do Recôncavo?

Terras do Recôncavo? Que terras, para que lado?

-Pros lados do Matoim

-Jorge Antunes. Tem um engenho muito bem montado por lá.  A propriedade “era composta de um engenho, casa grande e da Igreja de Nossa Senhora do Rosário;”[1]

É mesmo? Me fale mais deste senhor?

-Qual o seu interesse nele?

-Ora senhor Garcia, eu me interesso pela história da Bahia colonial, e se este homem foi  importante na  nossa história, quero saber de detalhes.

-Quem é importante nesta cidade é o Governador Geral, os Juízes, eu, os homens bons, os padres.

- Que é isto senhor Garcia, cada pessoa que contribuiu com a formação desta cidade é importante. Aliás, o Sr. Antunes é um senhor de engenho, é um homem respeitado, Vá lá e me fala deste Antunes.

- A família chegou nestas bandas com o governador Mem de Sá; aliás, vieram na mesma nau. O patriarca da família, HEITOR ANTUNES, era um cristão novo, que aproveitou a chance de se livrar da Inquisição, que e perseguia os judeus na Europa, para vim para o Brasil, ele era mercador e era casado com a Sra  Ana Rodrigues. Heitor Antunes morreu em 1576, mas já estava instalado no Engenho Matoim. O Engenho continuou sendo levado pelos sua esposa e filhos.

- Mas Matoim não fica perto de São Francisco do Conde?

- São Francisco do Conde! Não sei do que falas. Não estas a referir-se a Sergipe do Conde?

- Deve ser Senhor Garcia, deve ser.

- Se estas a falar  de Sergipe  do Conde, estas a falar do  Engenho de Mem de Sá- Bom quando chegamos  aqui tínhamos um plano para a fundação da cidade, que tinha limites pequenos, depois estes limites começaram a se expandir,  por ordem do Rei, expressa no regulamento trazido por nós, em que  Sua Majestade  mandava que o governador percorresse uma área de 6 léguas além da costa, a fim de encontrar um sitio para fundar a cidade. E isto foi realmente feito. O sitio escolhido era pequeno, mas como todo o percurso indicado foi feito, foram colocados marcos para indicar que a terra pertencia a Portugal. Um bem da coroa, mas não me consta que este marco tenha ficado em terras que depois pertenceria ao Mem de Sá.
- Mas não poderia ficar em Matoim: no Engenho dos Antunes?
- Não sei, nunca ouvi falar nada parecido.
Ao que parece o senhor Garcia não vai me contar qualquer coisa nova que mereça ser publicada, e não questionei mais nada, entretanto o Senhor Garcia parece não querer parar de falar dos Antunes e me disse:
- Sabes que o Heitor Antunes, mesmo morto foi denunciado à Inquisição?
-Não, não sabia.
- Admiras-me que não saiba, ficas a fuçar a vida de todos nesta madeira preta.
Pois é, Quando o Heitor Furtado foi para o Recôncavo em 1592 recebeu muitas denuncias a respeito das praticas judaicas pela família de Heitor Antunes, como ele estava morto, a sua família pagou o parto. A Ana, esposa  do Heitor fez a sua confissão em 1 de fevereiro de 1592, foi condenado por Heitor Furtado e mandada para Lisboa onde, apesar de “ condenada a ser  “relaxada ao braço secular” (morte na fogueira), após anos de cárcere morreu na prisão e foi queimada em efigie  por sentença de 09 de maio de 1604, a qual amaldiçoa  a sua memória e ordena que seus ossos sejam desenterrados e feitos em pó” ANTT, II. Proc. 11618[2].
- Pôxa Senhor Garcia esse Heitor Furtado era mesmo muito ruim
- Todavia não foi só a Sra Ana que foi condenada pela Inquisição. Também sua filha de nome Leonor, que também “foi enviada para Lisboa encarcerada e processada,  Sentenciada em 1603, a sair  no auto público, abjurar em forma e a cárcere e habito com fogos, perpetuamente, sem remissão. ANTT, II, proc.10716 “ [3] Além desta filha, também a outra de nome Beatriz que também, à semelhança de sua irmã, foi condenada a habito perpetuo desenhado com fogos sem remissão.[4]
- Quanta maldade deste homem! Dizimar uma família assim.
- Quem manda eles continuarem com a pratica judaizantes?  A função do visitador é realmente sta, condenar aqueles que não seguem a fé católica.
- Mas senhor Garcia, o marido e pai destas senhoras era um homem de respeito nesta cidade. Lembre-se que era tão importante que foi coletor do imposto do açúcar, o seu engenho foi objeto de muitas citações em diversos   livros sobre a Bahia, a exemplo do Tratado de Gabriel Soares,
O velho Garcia D´Ávila fechou a cara, eu bem sabia que ele ia se aborrecer, ele realmente não gostava que se desse  valor a quem merecia este valor, era prepotente mesmo e só ficava satisfeito se eu falasse exclusivamente dele, de suas posses, de sua importância. Como sempre, olhou-me com a cara feia e foi-se, sem, mais uma vez me contar a novidade que ele me disse, na outra visita, que tinha para me contar.   


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[1] Informações que podem ser encontradas no site do Iphan. De acordo com o mesmo site o Engenho  foi destruído pelos holandeses e reconstruído pela família Rocha Pita no século XVIII . Em 1973 o Estado da Bahia desapropriou  a propriedade para fazer parte do Centro Industrial de Aratu.
[2] VAINFAS, Ronaldo  Santo Oficio da Inquisição de Lisboa – Confissões da Bahia,São Paulo. Cia das Letras, 1997, pg281-282
[3] Idem, p 288
[4] Ibdem p 275.