Do outro lado da linha: Mera,
você já sabe que Diorgénes se separou de Marineide.
- Não, e qual o problema?
-Pôxa Mera! Aquela mulher era um anjo para aquele
homem.
- Sim, mas eram casados, apenas
isto, e podiam se separar a qualquer momento.
- Porra Mera! Que frieza, parece
que você não tem sentimento ou que não
gosta da Marineide.
- Nada disto, eu até gosto bem
dos dois, mas para que esta comoção a partir de uma coisa tão normal.
-Ela tá lenhada, diz que não sabe
o que houve.
-Sabe sim, ela viveu por vinte e
oito anos com ele e sabe bem, perfeitamente o que aconteceu.
- Mera, como você pode ser assim!
-Rapaz, é simplesmente você ter o
pé no chão, observar, entender, perceber. Parece que vocês vivem num mundo a
parte, onde uma coisa normal desta, que
é a separação de um casal, parece ser um bicho de sete cabeças
.
.
- Não é possível que você pense assim!
- Você convivia diariamente com
eles? Você sabe o que acontecia na vida deles? Sabe quais os problemas que eles
enfrentaram ou enfrentam?
-Claro que não, você bem sabe
disto, não tinha grande relação com eles, mas
eles pareciam ser tão completos, tão felizes, uma família bem
estruturada.
-Estruturada!. O cara teve, durante este período bem uns dez casos com pessoas diferentes, a
abestalhada lá é que fazia de conta que não via.
- Não acredito! Ninguém nunca me
falou disto.
- Sim e você tinha a ver o que
com isto? Por acaso foi um desses casos?
-Você é mesmo cretina..
-Eu não, o que não gosto é de
falar da vida dos outros, o que não impede que eu veja, saiba, e, algumas vezes
até fique indignada, como fiquei quando o vi em um restaurante, o Bela Napoli,
ali no Itaigara, bem pertinho de onde ele morava, em atitudes bem suspeitas com
uma baita loira, cheia de amor para dar e tomar em troca de dinheiro.
-Mentira, por que você não disse
a Marineide?
- Me diga para que. Antes desta
fdp já tinha conhecimento de mais umas
duas. Acredite que ele, nos dias de sábado, saía pela manhã com a desculpa de
que ia levar carro para ali, arrumar alguma coisa no escritório, ou
qualquer outra desculpa esfarrapada, cretina, que só mulher imbecil acredita, e
ia encontrar as “vagais” com quem ele andava. Vi uma vez numa praia em
Massarandupió. Lá ele estava bem à vontade.
Acredite se quiser, ele me viu e ainda veio falar comigo e me apresentou
a mulher como uma amiga paulista que estava hospedada em Praia do Forte .
- Você é mesmo uma sacana, por
que não disse a Marineide.
-Nem precisei falar, porque ela
mesma me telefonou para me dizer que o miserável tinha lhe dito que havia me
encontrado, só não disse onde. Acredite se quiser, a abestalhada ainda me falou
da mulher do amigo dele que o estava acompanhando.
-O que você fez?
-Eu não fiz nada, confirmei que o
tinha visto mesmo, dei risada e pronto, assunto encerrado.
-Ah se fosse eu! Diria tudo
- Tudo o que? Você acha que ela
ia acreditar em alguma coisa? Claro que
não, afinal o marido dela lhe contou.
-OH Mera! A gente vê cara e não
vê coração.
-Oh querida você descobriu a
pólvora com um pouco de atraso não?
- Mas mesmo assim, eu acho uma
tragédia esta separação.
-Porra nenhuma mulher, tudo tem
uma causa. É como a história: todos os fatos que acontecem deriva m de uma
série de outros, de circunstâncias, de pequenas outras causas. Em dado momento
é inevitável que a bomba exploda. Por
exemplo, o que está acontecendo com o Brasil é por acaso? Claro que não, tudo
isto resulta de uma série de fatos, ocultos ou não, que vinham acontecendo e
que, chegou um momento, que ficou difícil de controlar. Simples assim.
-É conversar com você é difícil,
você parece que é de gelo, para você tudo é de uma simplicidade impar.
- Não é não, mas já estou velha
para andar me iludindo com as coisas, até mesmo porque já chega de sofrimento
de dor, de choro, que é o que acontece quando a gente fica se enganando o tempo
todo.
-Você está é amarga, isto sim.
-Bom, se isto é ser amarga, então
tô, mas vivo melhor assim do que antes, quando me enganava com as pessoas ,
principalmente aquelas mais íntimas, aquelas que mais aprontaram na minha fuça e me causaram muitas dores. Vou
desligar; apareceu uma manchete no jornal: parece que, mais um braço da lava
jato apareceu, esta operação é uma medusa. Mais uma prova de que quando os
acontecimentos vêm à tona, há que se tomar uma atitude. No caso do qual
estamos falando o resultado é uma separação.
-Tchau Mera.
Tchau.
Nenhum comentário:
Postar um comentário