Acabo de perder o começo do texto
que estava escrevendo, certamente não será reproduzido, não vou lembrar dele
todo como estava, mas o fato é que estava falando que acordei muito cedo e que,
ao desligar o ar condicionado, ouvia o barulho de água caindo, ao puxar a cortina
da janela via a chuva caindo forte mesmo, o que me impedia de dar a
minha caminhada matinal, foi onde parei e agora tentar continuar com o que comecei.
Não sei se estou alegre ou
triste. Se, por um lado, tenho a alegria de olhar através da janela e ver a
rede, as minhas plantas, a minha pequena pimenteira, que mais parece uma árvore
de natal em miniatura, porque ela está salpicada de frutinhas vermelhas e
verdes, tão pequenina e já produzindo tanto. Gosto efetivamente disto, de olhar
pela janela a vida acontecendo, por outro lado, entretanto, fico triste,
porque, ao contrário do que dizem da velhice, que ela traz muita paz e muita
compreensão, resignação, sei lá mais o que, eu não consigo alcançar este nirvana, aliás, penso
que tudo isto é muito falso. Agora tenho mais pressa de que antes, quero fazer
muita coisa que ainda estão por fazer, e que tenho receio de que o tempo seja
muito curto para executar os meus planos.
Volto ao meu raciocínio,
entretanto, não quero me dispersar. ‘Quero acabar a série de Garcia D´Ávila,
quero publicar ao menos um livro desta série. Acho que vou escrever história
conversando com o Senhor da Torre até o dia da minha morte, e enquanto a
artrose não tomar conta dos meus dedos. Vejo que, apesar de estar muito próxima
do desfecho do senhor Garcia, pois estava fazendo um texto que se reportava a 1609,
ano da morte dele, ele jamais irá desaparecer, porque ele agora é eterno. Espíritos
são imortais, daí posso falar com ele
até a minha morte física, porque ainda tenho a possibilidade de, na eternidade encontra-lo
e, quem sabe, reencarnada em alguma escritora-historiadora, eternize a mim e a
ele. Pretensão da porra! Entretanto, a tenho.
Acreditem se quiserem, queria muito, ou melhor quero, fazer com que as pessoas gostem de história e adorem o conhecimento. Como é fantástico conhecer, saber! Apesar de saber que nada sei, como disse Sócrates, o conhecer nunca é demais, e, ainda que alguns achem que é bobagem o que faço com relação a História da Bahia, vou continuar escrevendo e tentando que as pessoas saibam do que possivelmente aconteceu na nossa Bahia colonial, tão esquecida pelos livros de história(os da escola- didáticos) É uma história que não se aprende na escola, nem mesmo quem, como eu, fez a licenciatura em história toma conhecimento de alguns fatos, personagens relevantes para o conhecimento e entendimento do nosso passado. Não dá tempo, no curso, aprender tantos detalhes que passam desapercebidos.
Há também o lixeiro, acho ele
muito preguiçoso, pois sempre está sentado com a picaretinha na mão, certamente
sempre avaliando o trabalho que vai ter durante todo o dia. Olho para ele todos
os dias da mesma maneira, mas não posso
deixar de pensar na preguiça, que eu também teria para executar aquela tarefa, pois
quando vejo a quantidade de folhas no chão, a quantidade de mato que enraíza pelos
paralelepípedos da rua e que tem de ser retirados, ah sim: teria mesmo preguiça!
A chuva aumenta mais, a
pimenteirinha continua a balançar, mas ela é forte e não vai acontecer nada,
quando a chuva passar ela vai estar mais bonita, mais viçosa, o que adoraria
que acontecesse comigo, mas o tempo é impiedoso, se ele serve para permitir as
nossas realizações, também serve para cobrar
um pedágio alto pela sua passagem e como parece que não paguei em
dia tal pedágio, impiedosamente ele se
mostra, nos olhos, nos dentes, nas juntas, mas eu sigo tentando aprender a fazer o bem, a dividir
conhecimento, a tentar ajudar as pessoas, conservando sempre a minha
autenticidade e ouvindo Cazuza para perceber e aceitar que o TEMPO NÃO PARA.