quarta-feira, 30 de janeiro de 2019

NOSTALGIA FUTUROLÓGICA


Acordei nostálgica, tive um sonho esquisito em que era traída na tampa, via a cena à minha frente.  O engraçado é que eu, apesar do susto, via o amor entre aquelas duas pessoas e simplesmente me afastava, era o melhor, nisto tudo havia uma coisa mais estranha ainda; tudo começara por causa de uma discussão sobre um santo: kkkkk acreditem! São Gregório.  Acordei, e, de imediato, fui ver que Santo era este e qual o seu dia: 03.09. Bom, ao menos o homem é do meu mês de nascimento. Confesso que fui olhar para saber exatamente esta data, porque penso que pode ser um sinal para jogar na mega – sena. Do jeito que ando com as finanças é melhor acreditar em qualquer coisa., e ainda mais quando ele está associado a uma traição tão intensa quanto esta. É duro saber que até em sonho sou traída, humilhada, enfim.
Mas havia mais motivos para esta nostalgia, sim havia. Recebi algumas imagens da Bahia antiga, já as tinha visto em outra oportunidade, mas, talvez, pelo momento e circunstâncias atuais, elas me fizeram mesmo voltar a um tempo em que a vida era linda, sem quaisquer problemas, somente esperanças e sonhos.
Uma das imagens me traz momentos vividos na Rua Chile há tantos e tantos anos. A Rua Chile era a Rua, pense em uma coisa chic. Ali estavam: O Adamastor, bem embaixo do que hoje é o hote, por sinal maravilhoso, onde a rua se divide para dar lugar à Rua da Ajuda e Rua Chile.  Quantas vezes gazeei aula na Medalha Milagrosa para ir à Rua Chile. Algumas vezes com a passagem de ônibus paga pela Meluzinha, com o único fim de passar pela Casa da Música e, sob algum pretexto idiota, afinal nenhuma de nós tocávamos e nem pensávamos em tocar qualquer instrumento, entravamos na loja e olhavamos aquele belo homem que ali trabalhava. Não sei se era dono, filho do dono, ou apenas um empregado, sei que o diabo era lindo. Êxtase total se ele apenas cumprimentasse uma de nós.  Fico pensando na pureza daquela idiotice, ficávamos apaixonas por alguém apenas por olhar para a pessoa, contentávamos-nos em ouvir a voz dizendo bom dia, oh então como vai, e mais nada, amávamos à distância e sem quaisquer certezas ou esperanças. Lembro do nome do pobre coitado; hoje ia ganhar um dinheiro da porra com assédio: Fernando Fllemon ou Tilemon, não lembro bem. Espero que tenha sido muito feliz e que ainda esteja vivo, mas, certamente não o quero ver mais nunca, para não perder aquela imagem que guardo até hoje: olhos claros (penso que verdes) numa pele morena e cabelos lisos, meu Deus, era bonito mesmo!
Outra foto me traz a mulher de roxo, apesar da foto em branco e preto, sei que a roupa era roxa. Quantas e quantas vezes vi aquela mulher vagando pela Rua Chile, a qualquer dia e a qualquer hora que fosse à Rua Chile ela estava lá, ficava mais em frente à Slopper.  Que loja fantástica! Hoje, quando chego em determinadas lojas de Lisboa, ainda posso ver a Slopper. Tem uma parte do Corte inglês, a que expõe as carteiras e lenços (marroqueria), que é igualzinha  ao nicho que expunha estas coisas na loja daqui de Salvador, que tanto sucesso fez, entre  o high Society da terra, e até entre aqueles que lá nem chegavam perto, a exemplo de mim e da minha família.  Adorava entrar naquela loja, e ir até ao fundo do prédio, não queria ver nada, e sim apreciar a Baía de Todos os Santos, qualquer pretexto para entrar ali valia a pena. Que coisa mais linda. Ali deveria ser um puto dum hotel.
Cansei de me perguntar o que aquela mulher fazia ali; de onde veio? Quem era? Por que chegou a este estágio?  Será alguma desilusão amorosa? Será que perdera um grande amor?  O fato é que ela com seu olhar vago, vagava pela rua, onde, algum dia, penso eu, desfilou como uma rainha. Os panos da roupa eram bons e ela andava mais ou menos limpa, sinal de que era cuidada de alguma maneira.
Em outra foto o abrigo da Praça Castro Alves, onde, e, quantas vezes meu Deus! Esperei o ônibus para ir para casa, seja com minha mãe, com meu pai, sozinha. Ah quantas lembranças de uma Praça em que vi pela primeira vez um desfile de “bichas”, e nem venham para cá dizer que eu sou homofóbica, é que quando eu tinha dezessete anos, e não havia qualquer  homofobia, pelo menos aparente e nem ninguém dava todo este valor “clamor” à palavra gênero, as bichas desfilavam nas escadarias do prédio do lado esquerdo da Praça. Não lembro que era aquilo, um prédio cinza. Ri tanto naqueles desfiles. Ia com minhas tias, irmã e tios. Nunca tive nenhum problema, e até conhecia algumas das que desfilavam.
Outras fotos trazem mais e mais recordações, edifício sul América! Como era bem ter uma sala naquele edifício, só poderosos tinham escritórios ali, e no carnaval, que maravilha! O trio elétrico fazendo a volta para retornar pela Carlos Gomes. Que apertadinho mais gostoso, e a gente ainda achava que era uma bagunça. Hoje sim que é uma merda,    
  .  Ver o encontro de trios, ver Dodô e Osmar, Trio elétrico saborosa, apaches, filhos de Gandhi. Os rapazes dos Internacionais e dos Corujas, os Barões do Barão, e o melhor deles, o JACU: que saudades!
Outras fotos, outros momentos, outras recordações, mas logo após estas fotos também recebo uma outra mensagem, que vem encaminhando um texto do Nizan Guanaes. Que maravilha de texto; embora ele possa nos remeter ao futuro, é como se tudo fosse uma volta ao passado ao qual agora me referi. Nizan sonha, e eu embarquei no sonho com ele. Diga-se de passagem; sonho realizável, lógico que não no curto prazo que ele colocou no texto, talvez pela vontade de fazer retornar o orgulho bahiano de ser bahiano e valorizar a nossa terra, tão cheia de história e beleza, todavia num prazo mais longo, quem sabe! Me transporto e vou acompanhando o texto e passando pelos lugares de outrora no futuro programado para 2029. Dou risada ao subir a ladeira da montanha de bonde. Que maravilha! A Ladeira já não tem mais qualquer “puteiro”, as casas foram reconstruídas à maneira antiga, umas coladinhas nas outras, janelinhas umas ao lado das outras, é quase um presépio, Chego ao sopé da ladeira e desço do bondinho, agora vou subindo em direção à Rua Chile. passo pela frente no antigo Cine Guarani, que voltou a ter este nome. De lá viro-me para a Ladeira de São Bento e vejo o velho Edif. Sul América todo remodelado; agora é mais um hotel 5 estrelas no Centro da Cidade. Vou subindo e me deparo com o Hotel Fasano, no antigo prédio da Tarde. Tomo coragem e entro, peço para ir ao terraço.  – Perco o fôlego.  A Baía de Todos os Santos aos meus pés, não há nada entre mim e ela, olhando daquele terraço.  Quase desfaleço de emoção. Peço um drink, mas o garçom nega e me diz que o serviço ali naquela área é só para hóspedes. Xingo inconscientemente os pobres coitados tive vontade de mandá-lo à porra, só não o fiz para não quebrar o encanto daquele momento divino. Desço, sigo andando pela Rua Chile: Espanto! Uma loja da Lui Vuiton em plena salvador. Será mesmo? Mais adiante: uma ‘PRADA”, e mais outra ERMENEGILDO ZENGA”, RALPH LAUREN,DOLCE GABANA,  ARMANI e outra e outra. Nem acredito, mas está tudo ali, acho que viramos o metro quadrado mais caro do mundo. Continuo andando, chego na rua do Pau da Bandeira, ali onde ficava o antigo VARANDÁ, hoje está um restaurante francês. Não resisto e desço a ladeira. A entrada é pelas escadinhas, que foram apenas recuperadas, para dar um pouco mais de originalidade ao local, no entanto, o restaurante é mesmo fantástico, e pasmem a Baia de novo se entrega à minha contemplação. Fico extasiada! Só me recupero quando ouço alguém dizer que o restaurante está fechado até as 19:00 quando abre para o jantar. Nem ligo, sei que vou entrar ali um dia e vou comer, ou melhor, vou ficar mastigando devagarinho para demorar bem no local, tomarei muitas garrafas de vinho, corro o risco de sair carregada, mas fico ali o tempo que me der na telha vendo a beleza desta maravilhosa terra.
É mais tenho de sair mesmo e subo novamente a ladeira. Em frente ao Palácio Rio Branco o casario foi recuperado, a fachada a mesma, mas o interior virou um shopping center de primeira, muitas lojas de grife e muitas pessoas. É a Rua Chile recuperando o seu glamour.
Como viram, a nostalgia deu lugar `euforia, mas isto durou muito pouco, porque quando saio do torpor e do encantamento que foi trazido pelo texto do Nizan, caio na real, e de real só vejo mesmo o Fasano e o Hotel Palace, o resto está tudo igual, quanto pior: ainda tenho receio de andar pela Rua Chile, principalmente à noite. Todavia, como Nizan, reconheço o potencial da área e o potencial da nossa terra, e, embora sabendo que isto vai demorar muito, penso que aquele centro de salvador vai ser recuperado e nós, talvez meus netos, comemoraremos a beleza e o glamour da nossa RUA CHILE, da nossa Salvador, da nossa Bahia. 

domingo, 6 de janeiro de 2019

Uma saudade de matar


Domingo, meio da tarde, a casa cheia,mas,  por incrível que pareça, eu to sozinha e com a saudade entrando por todos os caminhos possíveis. Pela televisão, pelo computador, pelo meu celular. Engraçado é que, em um único momento, consegui  que a minha juventude, representada pela minha amiga Diná aparecesse aqui em casa, assim como se nada se  tivesse passado há muito tempo. Lembrei de tantas coisas que ocorreram naquele Colégio da Bahia, o Central, e das grandes e inocentes aventuras que vivi. Ah minha amiga, como eram doces os nossos momentos. Uma saidinha aqui, outra ali, e nós vivendo a nossa juventude. Admiradas por muitos, odiadas por tantos outros. O nosso colégio, era assim que ainda chamávamos o central, onde fizemos, eu e você, o nosso clássico, que virou cientifico no último ano e  quase acabava o nosso sonho de uma UFBA., mas não foi o suficiente, porque  passamos, se faz presente.. Lembro de tanta coisa., Dina trabalhando com os Gatos, eu trabalhando com os Gatos, mas na água, ela na engenharia. Coisa engraçada:  áreas diferentes, mas o assédio igual, hoje estaríamos ricas. A vida passou minha amiga. Minha querida e eterna amiga, nem o tempo e nem pessoas tirarão isto de nós, virou uma grande mãe de família. Eu continuei a minha vida, não tinha vocação para grande mãe de família, sempre tive vocação para ser família, mas não construir, eu, sozinha, uma, e deu no que deu: mas Deus recuperou e, de uma maneira ou de outra, continuo tendo uma família, a minha e a que criei – FABIO.
Continuo lembrando do  Central: dos Carlos, dos Bergsons, dos Josias, dos Christovinhos,, dos Lucios, e de tantos outros, especialmente, dos Charles e dos Oyamas, os dois últimos  na minha privacidade. Ah! e como foi bom o amor inocente de dezoitanos apaixonados, querendo viver, em um só momento, uma vida inteira de repressão e dificuldades. Ainda hoje lembro da Carlos Gomes,, quando ainda podíamos transitar nela às onze da noite, esperando o último ônibus passar para casa, depois deste horário o problema estava formado.   
Vou recordando, o tempo passa rápido no virtual e nas recordações: somos capazes de, em poucos minutos, fazer  sessenta e cinco anos virar minutos, quase segundos. Os flashes continuam: e agora eu vejo o quintal do Zeca (cd) trazendo o  bahiano, Nelson Rufino, a cantar – “Descobri que te amo demais, descobri em você minha paz, descobri em você a vida, verdade, ”. Rapaz o coração dói, sai pululante do peito: aí eu lembro de  você a me dizer isto: (descobri que te amo demais) na frente de todos e encoberto pela musica que todos ouvem. Na frente  de todos, sem que ninguém notasse, esta bela declaração de amor, era transmitida e entendida, o receptor atento conseguia receber a mensagem. Queria mesmo que fosse no privado, mas você era assim, preferia dizer através de  outrem o que você sentia, até porque não poderia literalmente dizer abertamente isto. Que choque! Que saudades Meu Deus! Que saudade intensa, chega até dói na alma. Lembranças boas, mas que doem  porque se foram, não estão e nem estarão  mais aqui, e ninguém mais repete, ,ainda que por versos alheios, o amor que você  conseguiu me dizer que sentia, aliás, aliado a tantos gestos e ações, não sei se notadas por outrem. Mas,  que importa agora? Só importa mesmo a mim, porque verbalizei, com as minhas próprias palavras e gestos, sem o intermédio de quem quer que seja, o meu grande amor, talvez tenha tido  mais coragem que você. Sobrevivi, continuo, como já disse, ouvindo  a mesma música, mas os seus olhos já não encontram mais os meus, para, brilhando, dizer que descobriu o quanto me amava

Praia da Costa- Aveiro -foto de Idalina 
Por do sol em Nazaré - foto de Idalina
Como se tudo isto não bastasse, vem a Dadá a me trazer, pelo face, o meu amado Portugal. Primeiro Aveiro, depois Fátima,  agora Nazaré: Ai meu Deus! Nunca pensei em amar tanto. Todos os amores ficaram para trás, quando percebo a intensidade do meu amor por um lugar – PORTUGAL. Gente, é uma saudade, uma dor misturada à satisfação de sabe-lo amado por outrem. Cada foto, cada palavra faz aumentar a minha saudade, o amor ninguém mais consegue aumentar, porque ele está incrustado em mim,o que me faz sentir Portugal com o se lá estivesse em meio a esta distância taõ imensa:  O ar impregnado de odores: em junho de sardinhas, e,  nos demais meses, de tantos e tantos outros odores: odores cheirosos, odores fétidos, mas odores de uma terra viva e amada. Ah! Como era bom e é bom, porque eu volto, a sentir o odor daquela   Largo São Domingos impregnado de suor, da gente que na pele traz a sua identidade e o seu cheiro. Como é bom subir as escadinhas que levam aos becos outros de Alfama e sentir o cheiro  das casas que só se abrem  se alguém entrar ou sair: nada além disto, mas, ainda assim, se der a sorte de sentir o cheiro nesta abertura de porta, vai sentir  o cheiro da idade de Lisboa, dos seus casarios, da sua tradição. Alguns dirão que é mofo; claro que é mofo: então  a idade não cheira a mofo.! Saudade  da Ribeira, dos bailes da tarde em tantos lugares: saudades, de sentir o mofo nas roupas dos  velhinhos que esperavam estes dias, sábados e domingos, para  mostrarem os seus dons (dançarinos)


Saudades  de andar  pelas ruas internas  do Cais do Sodré; de ver, há algum tempo atrás, as (putas) de Lisboa, na decadência da vida, entretanto, dando vida àquele espaço, à época, sombrio: hoje retiraram-nas para dar espaço  a bares fantásticos. A juventude acabando com a tradição, mas, ainda assim ,bom.  Realmente,  continuo impregnada de amor por Lisboa e por Portugal, não sei como isto vai acabar, porque se eu não voltar para lá, vai acabar comigo esta dor, este amor. É como se fosse uma paixão sem resolução, quando um não quer corresponder. Mas, eu sei que não é assim, porque Lisboa e o meu Tejo me querem, eu sei, eles me amam na mesma intensidade que eu os amo. O Tejo, talvez mais volúvel, entretanto mais poderoso, pode chegar até a mim através do Atlântico. Fico esperando que ele esteja nas águas em que entro aqui em Patamares. Talvez uma corrente mais fria seja ele me avisando que está ali. Que bom! Só assim consigo, ao menos, por um minuto, ter o seu amor quase dentro de mim, entrando por todos os orifícios possíveis. Ah Meu Deus, termino ficando doida de tanto amor.
Sei que é comprometedor amar tanto e esta declaração pública de amor, mas com você, meu querido e amado Portugal, é diferente: tenho a ousadia de dizer publicamente do meu amor, queria mesmo é que você me amasse numa correspondência tão intensa quanto a do meu.
Pois é, em uma tarde de domingo, hoje dia 06 de janeiro em que se comemora o dia dos Reis, em que na Espanha se troca presentes, espero que seja merecedora de um. – Voltar a Portugal, Ver Lisboa, molhar os pés no Tejo, agradecer à Nossa Senhora de Fátima, caminhar pela calçada de Figueira da Foz, andar pelas ruelas de Alfama, ir no miradouro (qualquer um deles) passar pela ponte do Minho, do Douro, ir à Chaves, Bragança, Guimarães, Braga, Viana do Castelo, Ponte de Lima, |Ah Meu Deus quanta saudade!
Ir o Alentejo :andar sozinha pelas praias de Melides, Lagoa de Santo Andres, sentar naquele restaurante em Vila Nova de Mil Fontes,  comer em Zambujeira do Mar, ir ao Algarve, ver Portimão, Olhão, Tavira, Albufeira, Vila Moura e tantos outros lugares, não interessa onde, mas lá, na terrinha, escrevendo num final de tarde de domingo  lá, em Cascais, olhando o por do sol naquele farol que sempre conseguiu me dar rumo em todos os momentos, de preferência, na companhia do meu querido Alentejano, que soube, como ninguém, me dar amor e me mostrar o melhor de Portugal.
Que saudade!