sexta-feira, 10 de janeiro de 2020

Se pudesses ouvir-me


Ah se pudesses ouvir-me!
Ouvir os meus choros e meus lamentos.
Ah se soubesses da minha dor.
Certamente não acreditarias que sou eu,
Tu, que só me vistes feliz ao teu lado.
Tu, que tantas vezes destes-me teu peito amigo para que afogasse as minhas dores
Tu que, calado, ouvias os meus soluços.
Tu, que não soubestes avaliar o quanto eras importante para mim.
Tu, que nada fizestes para não deixar-me ir
Não te esforçastes, minimamente, para ter-me ao teu lado
Deixastes-me ir com a dor de perder-te, sem  ao menos ter tentado.
Um trem, uma estação, um longe que machuca
A dor de saber-te acariciando outro corpo
Consolando outra pessoa que não eu, amando outro alguém
E, talvez, dizendo a mesma frase que disseste-me um dia:
“Vou amar-te para sempre, até depois da minha morte”
Sim, apropriei-me dessa tua frase,
Porque ela em mim é verdadeira,
Porque meu amor é infinito e atemporal,
Não tem tempo definido, e assim
Não acaba nem com a morte,
Que até pode terminar um ciclo, o terreno,
Mas, o espírito transcende ao tempo 
E eu sei que o meu infinito é você.
Não, não penses que quero-te junto a mim,
Não, não quero, não vale a pena depois do me fizestes
Não lutastes, aceitastes, muito facilmente, o afastamento de nós
Aliás, como dirias tu, já estavas engatado,
Apareci apenas para atrapalhar, ou melhor retardar o engate,
Adiando o que já era fato consumado.
Enganastes-me com frases prontas e medíocres,
Mas que embevecem corações apaixonados.
Sim, vou amar-te eternamente,
Não posso negar nem a mim própria,
Pois, mentiria descaradamente para mim mesma.
Seguirei sim, seguirei, mas hás de passar por esta dor e,
Arrepender-te-ás, mas, aí será muito tarde
Porque fizestes-me  incrédula  de ti.