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quarta-feira, 28 de março de 2018

O dia da chegada - Garcia D´Ávila X


O Sr. da Torre entrou e eu nem percebi, estava tão ocupada com os problemas, que não percebi que ele estava ali, mais uma vez, sentado na minha sala e me observando.
-Sr. Garcia, quantas vezes já lhe pedi para o senhor não entrar assim? Dê um jeito de me avisar, ainda morro de susto.
-Bati na porta, mas estavas tão concentrada no que estas a fazer que não ouviste.
Me dei conta, neste momento que estava com um livro na mão, mas eu não o estava lendo, estava tão preocupada com os problemas que estão aparecendo a cada dia, que o livro estava apenas aberto, olhava as letras, mas não conseguia assimilar nada.
- Estás muito triste, disse o Sr. Garcia.
- Sim, estou, preocupada com meu filho
- O que? Tens filho?
- Qual a razão do espanto Sr. Garcia: tenho filhos e netos.
-Netos?
-Sim senhor, filhos, netos, marido.
-Marido! Duvido. Nunca vejo ninguém aqui, estas sempre só.
-Coincidência, é que o senhor vem em horários que todos estão a trabalhar.
- Não é possível, quantos anos tem?
-Que indiscrição Sr. Garcia, não se pergunta a uma mulher a sua idade.
-Tenho de perguntar-te sim, pra mim és uma menina ainda, não posso imaginar-te mãe, avó. Nada.
-Agradeço a vossa generosidade. Mas tenho tudo isto mesmo. A propósito, me conte um pouco mais sobre Isabel e sobre seus dois outros filhos.
- Por que faria isto?
Para eu saber mais um pouco de si senhor Garcia
- Não quero mexer com isto, todos mortos. Para que me martirizar com estas lembranças? Disse isto e fechou uma cara daquelas, mas ao invés de se picar e me deixar em paz, quedou-se ali sentado, com aquelas botas sujas na minha sala. Se eu não soubesse que ele era uma alma penada, sinceramente, o pau ia comer, como é que se entra na casa dos outros com tanto barro nos pés, sujando a zorra toda. 
Para quebrar o gelo, perguntei-lhe:  Sabe que dia é hoje?
- Dia 29 de março, acho eu?
-EH Sr Garcia, este dia não vos diz nada?
-Não, fazes anos hoje?
-kkkkkkk, eu não, mas a cidade que o Sr ajudou a fundar sim.
-Como? O que dissestes?
-Estou a dizer que a cidade do Salvador está fazendo anos, está comemorando hoje, dia 29 de março de 2018, 469 anos de fundação.
-Estás  louca? A cidade não tem sequer 42 anos, estamos em 1591 e nós chegamos aqui em 1549, onde achaste este número de anos? Não sabes fazer conta? Não me admira, és mulher!
Fiquei piurça com o Sr. da Torre, como aquele fdp adorava humilhar mulheres, que para ele, e todos os homens da sua época, só serviam mesmo para criar filhos, satisfazerem os seus desejos sexuais e manter uma casa arrumada, aliás, com raras e honrosas exceções, ainda se vê isto em pleno século XXI.  Bom, mas ele não ia alterar em nada as suas convicções se eu xingasse, esbravejasse com ele, quando muito me daria umas boas peras (bofetadas) se lhe aborrecesse muito. Rapaz! Descobri que tinha medo daquele fdm.
-Senhor Garcia, o Sr. não quer me falar um pouco da fundação da cidade, de Thomé de Souza, enfim, de como foi a chegada dos senhores aqui.
-Que queres saber?
-Tudo com detalhes.
-E tu, quando aqui chegastes
-A minha chegada não vem ao caso, quero saber da vossa.
-Quando chegastes como era a cidade?
-Sr. Garcia, o que quero saber é da vossa chegada, e não da minha.
A conversa estava pendendo para um lado que eu não queria, se ele encasquetasse em saber a data da minha chegada estava tudo perdido, já pensou eu dizer que cheguei em 1953 e que foi no hospital espanhol, lá na Barra, e que nos morávamos no Garcia, kkkk o homem desta vez não ia me perdoar de maneira alguma, ia cumprir as suas ameaças e me denunciar mesmo  ao Santo Oficio.
-Sabe senhor Garcia, eu soube que os senhores chegaram aqui em Salvador aos 25 dias do mês de março de 1549?
Torre de Belem -Lisboa-Pt
-Quem disse isto? Está errado. Chegamos aos 29 de março de 1549.
-Foi mesmo senhor Garcia? Ri interiormente; ele tinha caído no laço:  estão informando falsamente as pessoas esta data que falei.
Senti que agora ia ter jogo, ainda bem que pensei rápido e como estratégia falei a data errada. Daí em diante não consegui mais parar o senhor Garcia, que de um só fôlego começou:
“ Zarpamos de Lisboa em 1º de fevereiro de 1549,  trouxemos uns quatrocentos soldados e muitos degredados,. A expedição era composta de 6 unidades: naus Conceição, cujo capitão era o próprio Thomé de Sousa, Salvador, Ajuda e caravelas Leoa, Rainha e um bergantim[1] e ainda outros navios de particulares. Trouxemos entre 200 a 400 soldados, colonos contratados e 400 degredados, além de funcionários e mestres de obras e, como não poderia deixar de ser, seis missionários capitaneados por Manoel da Nóbrega.”[2]
-Oh gente! Não vieram junto com Thomé de Sousa o provedor mor e o ouvidor geral?
-Claro que sim, O provedor Mór foi nomeado desde Lisboa e era o Antônio Cardoso de Barros, que inclusive era donatário do Ceará e veio capitaneando a nau Salvador, e Pero Borges de Sousa como Ouvidor Geral, e Pero de Góes, por conhecer bem a nossa costa como Capitão Mór, ficando encarregado da sua vigilância.[3] 
- Sr. Garcia, este Pero Borges fazia o que em Portugal?
-É um homem de bem,
-Acho que o Sr. está enganado, ele não era tão homem de bem assim, conta-se que ele
-Como ousas?
-Oh Sr. Garcia! Aqui nós já estamos acostumados com estes malfeitores que, por ter a proteção do Rei(Governo), se dão de santo, quando tem um passado por demais comprometedor.
-Como sabes disto?

-Documentos Sr. Garcia, livros, estudiosos que se debruçaram na história.- Pois não é que esse homem, que chegara ao Brasil com a nobre função de aplicar a justiça, era nada mais nada menos de que um ex-funcionário público português, que foi condenado por desvio de verbas públicas quando da construção do aqueduto, o que só foi descoberto porque a obra não pode ser concluída por falta de verbas[4].

-Isto não pode ser verdade, grita o Sr. Garcia.

É sim Sr Garcia, ele inclusive deveria cumprir pena de três anos afastado do exercício de qualquer função pública, entretanto, foi nomeado, apenas um ano e meio depois da sentença de condenação, para exercer o cargo de Ouvidor Geral, trazendo uns documentos assinado por El Rey, que determinava a “todas as autoridades e moradores da colônia lhe obedeçam e cumpram inteiramente as suas sentenças, juízos e mandados em tudo o que ele fizer e mandar” [5]
Farol da Barra-Salvador-Ba
Os seus poderes eram imensos e equiparados aos desembargadores da Casa de Suplicação do Reino. Este desclassificado  era a autoridade suprema da justiça territorial no Brasil. Conhecia por ação nova, dos casos crimes, para o que tinha alçada até morte natural inclusive, quanto aos escravos, peões, christãos, gentios livres, devendo, porém, nos casos em que, segundo o direito, coubesse a pena de morte, inclusive, tratando-se de pessoas dessa qualidade, proceder nos respectivos feitos afinal e despacha-los com o governador geral, sem apelação, se fossem conformes os seus votos; e, no caso de discordância, deviam ser os autos, com os réus, remetidos ao corregedor em Lisboa, para sentença. (MAX FLEIUSS:1922-21).
Para aqueles que tivessem menos posses, “pessoas de mor qualidade”, Pero Borges poderia aplicar a pena de degredo de até cinco anos. Tinha ainda competência para causas cíveis, com alçada de sessenta mil reis.
O Senhor da Torre ficou olhado para mim com uma cara indecifrável, mas com certeza não era uma cara boa, parecia estar mesmo muito intrigado, afinal ele viera com este homem, que ficou por aqui durante muito tempo, e ao que parece ele não sabia deste detalhe, e mais uma vez olhou-me e disse: és mesmo uma bruxa, vou saber desta história direito e se isto não for verdade, hás de pagar caro esta ofensa a um homem tão ilustre.-
Ruínas Castelo Garcia DÁvila-Ba
Sr Garcia, isto é verdade sim, mas de que adianta o senhor procurar isto agora, já se passou muito tempo, mas não defenda este “canalha”, ele desviou em proveito próprio dinheiro público, tanto que a obra  do aqueduto não pode ser concluída, resultando em que os indignados vereadores escreveram para o Rei pedindo à investigação que foi autorizada, chegando-se à conclusão de que o homem fizera mesmo o desvio do dinheiro, sendo condenado a devolver aos cofres públicos o valor correspondente à quantia desviada e a ficar afastado por três anos de exercício de cargo público. Imagine Sr. Garcia! O valor desviado foi de 114.064 reis e é este  miserável que veio para cá para punir, coitados, indígenas, escravos, e toda e qualquer pessoa que cometesse qualquer crime. Pior que
Ponta de Humaitá vista da Pedra Furada.Ba
tudo Sr. Garcia é que ele veio nomeado pelo mesmo Rei que autorizou a investigação anterior.
O Sr. Garcia estava mudo, só me olhava com um olhar que não consegui definir: incredulidade! Raiva!. Surpresa!. Não sei, mas ele tomou mesmo um baque com aquelas notícias todas que eu, pobre mortal e mulher, estava lhe dando.
Eu, aproveitando este fraquejamento do Sr. da Torre, continuei:   O Sr. sabe que com uma ficha desta o homem foi nomeado e conseguiu que lhe pagasse salários antecipados. Uma vergonha! Eu só queria saber se este desgraçado devolveu o dinheiro. O Thomé de Sousa retornou ao Reino, e, quando da chegada do segundo governador, e o senhor sabe disto, o desgraçado do Pero Borges passou a responder, também, pelo cargo de provedor mor, ou seja, ele lidava com as finanças da Colônia.  Não dá para acreditar, mas foi assim mesmo.
Quando acabei de falar vi o Sr. Garcia levantando e, sem me dizer adeus, desapareceu. Era sempre assim, ele ficava injuriado quando eu falava dos defeitos dos seus pares, dos seus “homens bons” e ele não tinha como contra argumentar.
Baía de Todos os Santos - Salvador-Ba
É, falei para mim mesmo: Acho que este dia da chegada vai ser muito prolongado, pois se de cada pessoa que veio com o Sr. Garcia eu descobrisse um erro, ia demorar sair do dia 29 de março de 1549.
Por do Sol no Porto da Barra-Ba
Resta-me apenas parabenizar Salvador, que, apesar de tudo, continua linda e maravilhosa,  e esperar que o STF dê uma decisão correta e justa no dia 04 de abril,  que retire do cenário político nacional  os milhares de corruptos que se dizem inocentes, ainda que com tantas provas já coletadas!



[1] Bergantim – embarcação do tipo galé, de um a dois mastros e velas redondas ou velas latinas. Levava trinta remos e era utilizado como elemento de ligação, exploração, como auxiliar de armadas e em outros serviços do gênero.
[2], Ver FLEIUSS Max, História Administrativa do Brasil Segunda Edição, Recife, Companhia Melhoramentos de São Paulo, 1925, pg 13-15,
[3] Idem.
[4] Ver. PEREIRA DE ALMADA, V de S.  Elementos para um Dicionário de Geografia e História Portuguesa, 1888, Elvas. Portugal
[5] Regimento que levou Tomé de Souza governador do Brasil, Almerim, 17/12/1548, Lisboa, AHU, códice 112, fls. 1-9.


sexta-feira, 22 de abril de 2011

MACACO NÃO OLHA PARA O RABO

Quando estive em Maputo – Moçambique, fiz muitos comentários a respeito da sujeira da cidade, da pobreza, do tóxico, da prostituição das jovens, transportes públicos, dentre outras.

As críticas, infelizmente, falavam de coisas reais, do que vi, do que presenciei.

Voltei para Lisboa, e talvez por isso mesmo eu tenha achado que Maputo era tão suja, não que Lisboa, em alguns sítios, não o seja, mas por estar acostumada com o sistema de coleta de lixo da cidade, principalmente onde vivo, em Carnaxide, em que não se vê acúmulo de lixo, embora, como em todo Portugal, os dejetos do “melhor amigo do homem” insistam em sujar toda o país. É que em Lisboa os donos de cães utilizam a rua como sanitário publico para os seus bichos de estimação, sem o menor respeito pelo cidadão, que a qualquer momento pode escorregar na “merda”, cair, ficar machucado, simplesmente pelo fato de que os educados proprietários de cachorros, acham normalíssimo o fato de levar os seus cães para fazerem as necessidades na rua, exercendo, assim, o direito de “cidadania” dos pobres animais.

Acho mesmo interessante conversar em Lisboa com os proprietários de cães, que levam os seus animais para fazerem as necessidades na rua; eles acham que tem direito a isto e que não incomodam ninguém pois fazem isto altas horas da noite, certamente para encobrir a sujeira e achando que assim, estão preservando os demais. Alguém chegou a me dizer, quando argumentei que os animais sujavam tudo, calçadas, jardins, grama, etc. que o cachorro dela era educado, que ela tinha o cuidado de levar o bicho num cantinho. É inacreditável, o português cobra tudo, tudo mesmo, faz criticas a tudo, se aborrecem por tudo, gritam uns com os outros, mas quando se trata de “animais” tudo é permitido. Imagine que eles se permitem levar os bichos para restaurantes e você tem de ficar comendo e espreitando o animal na mesa ao lado. Quem não esta acostumado com o bicho, quem não conhece o animal fica temeroso do que ele possa fazer e não adianta o dono dizer que ele é manso, que não faz nada. A questão é mesmo de educação, mas parece que em Portugal não se liga muito para isto. O hábito de levar os animais para sujar a rua está mesmo enraizado na população.

Pois é, não concordo com isto e acho mesmo uma grande falta de cidadania e de respeito para com o próximo, mui principalmente aquele que não tem animal e que é obrigado a andar com toda atenção na rua para não escorregar nos dejetos que decoram as pedras portuguesas, os jardins, as esplanadas.

Também falei de Lisboa com relação às drogas no Martim Muniz, Intendente, e adjacências e à mendicância, que no centro realmente é estarrecedor, pois os mendigos fazem casas de papelão nas portas dos grandes monumentos da cidade, a exemplo do teatro Dona Maria, das arcadas da Praça do Comércio, escadarias da estação de comboio do Rossio, no Martin Moniz, dentre outros lugares.

De Lisboa voltei para o Brasil, para minha querida Salvador. Que tristeza. Nunca vi a cidade em tamanha degradação. O lixo tomou conta dela. Na Conceição da Praia é até nojento andar nas ruas sujas. A frente do Elevador Lacerda, cartão postal da cidade, é uma desolação. O cheiro de urina entra pelas narinas lhe revoltando o estomago. Não se pode passar nas calçadas tomadas de ambulantes, disputa-se lugares entre eles para não ser atropelado pelos automóveis quando se anda no meio da rua. Lixo por todos os lados, pessoas feias, mal encaradas, prostituas, desordeiros, bêbados, uma coletividade inútil complementando a sujeira do local. Lágrimas me vieram aos olhos, mas não foi só na Conceição da Praia que isto aconteceu. A cidade alta também esta na mesma degradação. Subi o Elevador e, apesar de chorar de emoção ao olhar a Bahia de Todos os Santos, chorei de raiva ao passar pela Rua Chile em direção a Carlos Gomes. Tudo feio e sujo. Uma grande decepção mesmo, e eu me lembrei de Maputo, e tenho de me penitenciar.

Salvador não está só suja, acabaram com ela, com um dos seus grandes atrativos que eram as barracas de praia. A impressão que tive foi que um grande tsunami ocorreu na orla de Salvador. O governo local retirou todas as barracas da praia, alegando questões ambientais e da construção ilegal na área. Engraçado é que estas barracas estavam nos seus lugares há muito tempo, e a lei sempre existiu, mas nunca ninguém tomou providência. Permitiram que os “barraqueiros” ali ficassem, fizessem o seu meio de vida, para, num belo dia, em que alguém amanheceu de “ovo virado”, mandar destruir tudo. Foi destruição mesmo. Agora não temos mais barracas de praia com banheiro, água, chuveiro, cozinha decente, mas se permite que comidas sejam feitas na praia, barracas sejam armadas, xixi seja feito na areia, enfim agora é que se está politicamente correto, e que os cidadãos estão exercendo os seus direitos “ambientais”. Até seria louvável a iniciativa se realmente fosse esta a questão, mas não é, tanto que agora, já se pode construir arranha céus na orla. Será que estas construções que já estão em andamento e as que estão por autorizar não são contrarias às normas ambientais? Será que a retirada destas barracas não é uma maneira de preservar, dar segurança àqueles “classe alta” que vão ter condições de comprarem os imóveis de luxo que estão a ser construídos? Será que isto não é mesmo um favorecimento aos grandes empreendedores?

Como se isto não bastasse, estou andando de ônibus em Salvador. Terrível. Os ônibus sem qualquer conforto, sujeira dentro e fora dos ônibus, falta de cumprimento de horário, veículos sem quaisquer condições de trafegar. Os terminais depredados. A Estação da Lapa não tem condição de uso. Na verdade senti mesmo foi medo de estar ali.

Em São Cristovão não aconselho ninguém a tomar um coletivo. Aquilo deve ser coisa do Diabo, ou então estou pagando algum pecado que cometi, mas o pecado deve ter sido tenebroso, porque aquilo é mesmo uma provação. Fico imaginando o sofrimento dos trabalhadores que não tem escapatória, que não podem, como eu, tomar um taxi, sair dali e pegar um ônibus em outro local. Os ônibus não param no ponto porque os transportes alternativos “vans”, se fosse em Moçambique eram “chapas”, não permitem que eles se aproximem; resultado, temos que correr para o meio da rua para conseguir entrar neles. Um verdadeiro inferno. Além disto, os ambulantes estão por toda a parte tomando quase todo o passeio; os pobres coitados que vão tomar o coletivo ficam com uma nesga de passeio para aguardar a hora de se arriscar correndo para entrar no veículo e depois, aguardar uma outra forma de sucumbir: ser espremido dentro do próprio coletivo. É um verdadeiro horror, mas parece que isto não preocupa ninguém. O Sr prefeito de Salvador tá pouco se incomodando,agora está preocupado com as contas que o Tribunal de Contas do Municipio analisa.

Depois de tanta decepção, e já disposta a pedir desculpas a Maputo, fiz uma viagem para São Paulo.

São Paulo, para quem não sabe, é a capital financeira do país, não só financeira, mas o símbolo da nossa modernidade, da nossa cultura como um todo. Tudo acontece em São Paulo. Já há muito que não vinha até aqui. Ela me surpreendeu em muitos aspectos. Primeiramente fiquei orgulhosa de ver a modernidade. São Paulo tem metrô, tem sistema ferroviário - metropolitano, coletivos. Fiquei extasiada com as estações terminais, com as ligações, o transbordo, as conexões. Neste aspecto, se não fosse tanta gente a utilizar o sistema e ele já esta a precisar de expansão, a cidade não deve nada a nenhum centro europeu.

Andei na Paulista, fui a diversos shopping centers, fui aos Jardins, Alphaville, Ibirapuera, etc. Tudo maravilhoso. No entanto, no dia em que fui ao centro, que lástima! A Praça da República é um desalento, não recomendo ninguém a ir visitá-la. Deixe a República morrer, voltemos a Monarquia, talvez assim recuperemos a dignidade do local. A Praça em si está suja, porca. Marginais ocupam os seus espaços. A droga é cambiada em todos os lados, grupos de drogados se acomodam nos seus recantos. As carpas dos lagos já não se mostram porque a cor da água poluída sem limpeza não permitem que se exibam O lixo está espalhado em todos os lugares, as calçadas estão esburacadas. Quem vai até a praça se arrisca de todas as maneiras, pode perder a vida, como a bolsa e, por causa da bolsa, a própria vida.

A Avenida Ipiranga na altura da Praça da República está irreconhecível, sujeira por todos os lados.

Na Sé, outra decepção. Parece que agora temos um exército de desocupados ocupando os belos espaços de São Paulo, invadindo a história, mudando a história do nosso país. Fiquei triste, mais muito triste mesmo, mas, ainda assim, continuei a caminhada, queria ir ao Mercado Municipal, e efetivamente fui, até lá chegar mais sujeira, mais degradação, mais decepção.

Bem verdade que quando cheguei ao Mercado retomei a euforia de estar em São Paulo, pois aquele é um grande monumento. Volto a pensar em São Paulo como uma cidade bela, limpa, multicultural, uma grande metrópole, mas depois tenho de sair para voltar para casa, e aí, novamente, sujeira, pobreza, pânico.

Chego a casa sã e salva, a que custo. E aí me vem a certeza de que tenho de me desculpar para com Maputo, pois ela fica em Moçambique, África, que é, como se noticia, um continente pobre, subdesenvolvido, com uma quantidade imensa de analfabetos, doentes, subnutridos, embora dirigidos por grandes fortunas, que fazem parte de listas das mais ricos do mudo, embora, como as noticias demonstrem, as grandes ditaduras estejam caindo, o povo já não agjuenta mais.

Que direito tenho eu de falar de Maputo? Nenhum. Antes de falar de Maputo, preciso falar do meu próprio pais, da minha própria cidade, do lugar onde vivo. Maputo pode ter os problemas de que falei, pois esta incluindo num contexto de pobreza, de subdesenvolvimento, de analfabetismo, de doença, de fome. Mas como justificar tudo o que apontei no meu país em duas cidades completamente diversas – São Paulo e Salvador-? Uma representando o Sul e a outra o Nordeste, ambas com a mesma degradação, com a mesma sujeira, o mesmo descaso para com o patrimônio público. Depois, como justificar o que acontece em Lisboa, onde passo alguns meses por ano,em que encontramos todos os problemas aqui já referidos? Pois é: tenho de dobrar a língua quando falar de qualquer outro lugar agora, pois, como diria minha mãe:  "Macaco não olha para o rabo”!





sábado, 12 de junho de 2010

Venha a Salvador

Forte São Marcelo
 Você conhece Salvador? Não! Não dá para acreditar que alguém que tenha mais de 18 anos não conheça Salvador: a minha terra!

Pode acreditar, não é nenhuma apologia desta terra, é a pura realidade. Quem aqui vier vai mesmo se encantar.

Você pode vir por qualquer meio de transporte, você vai chegar a todos os lugares que eu vou falar aqui, mas se tiver o privilégio de chegar de avião ou de navio, sem dúvida, o impacto é muito maior.

Aeroporto de Salvador
Se você chegar de avião vai ver uma coisa única, não há mesmo em nenhum lugar do mundo uma entrada/saída de aeroporto igual à nossa. Para entrar ou sair do Aeroporto Dois de Julho, este é o nome dele, não adianta o nome que colocaram nele, você tem de passar por um túnel. Não se assuste, é um túnel feito de bambu. O Bambuzal que cresceu dos lados da pista formou um túnel natural que é mesmo inacreditável. De dia é lindo, de noite mágico! Tente imaginar um bambuzal todo iluminado, com aquelas luzes que iluminam de baixo para cima, é mesmo maravilhoso, a impressão é que estamos no meio de um belo e grande sonho.

Bahia de Todos os Santos
Antes de o avião aterrar, olhe pela janelinha e veja que coisa mais extraordinária, seja pela noite ou pelo dia, belezas diversas igualmente encantadoras. Se você vier do sul, você vai passar por cima da ilha de Itaparica e vai entrar em Salvador, exatamente, pela Baia de Todos os Santos. Olhe para a esquerda e o Santo Mor da Bahia vai estar lá na sua casa, mas olhando por você, você verá a Igreja do Senhor do Bonfim, é visível, fica no alto e em frente a ela você vai avistar muitas palmeiras imperiais, é inconfundível. Também poderá se deslumbrar com a Igreja do Monte Serrat, e muitas outras coisas, não se avexe com a rapidez com que o avião passa: você vai conhecer de perto tudo isto. Se faça acompanhar de um baiano nas suas caminhadas e, com certeza, ele não deixará que você perca nada destes encantos.

Elevador Lacerda
Chegando de navio, outro deslumbramento, você não vai avistar a Baía de Todos os Santos, você vai estar dentro dela. Você passará a uma distância razoável de muitos e muitos lugares aprazíveis até o seu navio ancorar no Porto de Salvador. O Porto da Barra, O Forte, o Iate, as encostas e prédios da Vitória, a Avenida Contorno com os seus contornos, o Solar do Unhão, a Marina, o Forte de São Marcelo, o Elevador Lacerda, o Mercado Modelo. Tá tudo ali ao alcance da vista e do seu coração, que, certamente, se emocionará.

De carro, ônibus, moto, você pode chegar pelo litoral, Estrada do Coco, dependendo de onde venha, ou pela BR 324, ou ainda, pela Ilha de Itaparica, recomendo, se possível, esta última maneira, pois você vai ter de atravessar da Ilha para Salvador pelo Ferry Boat. Tenho certeza que jamais esquecerá esta travessia, se o dia estiver lindo, como de costume em Salvador, você vai visualizar tudo o que descrevi acima em chegando de navio.

Bom, se você chegou de avião e for pegar um taxi, ou mesmo alguém for te buscar no aeroporto, peça para ir pela orla. Meu irmão, peça ajuda a Deus, pois você vai se emocionar, e muito. Tem que ter mesmo um coração de pedra para suportar a visão que terá à saída da Avenida Dorival Caymmi sem se emocionar. Quando você deslumbrar o mar de Salvador e a vista que terá de uma boa parte da cidade, tenho certeza que vai chorar, porque é mesmo extraordinário. Eu não me canso de apreciar isto e cada dia agradecer a Deus ter tudo isto a minha disposição.

Você vai passar por Itapua, Plaka Ford, Piatã, Patamares, Boca do Rio, Armação, Stiep, Pituba, Amaralina, Rio Vermelho, Ondina, Barra, dependendo do hotel que vai ficar; e ainda tem mais vistas deslumbrantes.

Chegue ao hotel e deixe as malas, e, dependendo da hora, não tome nem banho, vá logo para a rua. Hoje é o primeiro dia, você deve estar querendo conhecer o Pelourinho, todos que aqui vem vão fazer isto. Veja bem: é ótimo conhecer os lugares históricos dos locais onde passamos, mas eu até dispensaria, a não ser pelo fato de que você vai encontrar a Igreja de São Francisco, bem como outros monumentos, eu sugeriria uma passagem rápida pela Igreja e pelo Largo do Terreiro e me apressaria em descer a ladeira do Pelourinho. Vá por qualquer das suas ruas e chegue no sopé da ladeira, quando ali chegar, comece a subir de novo, agora em direção ao Carmo.

Sto Antonio
Quando acabar de subir a Ladeira você vai dar de cara com o Convento do Carmo, hoje um Hotel cinco estrelas em pleno coração do centro histórico. É lindo, mas eu também não daria muita atenção a isto. Você tem poucos dias na terra e precisa ver mesmo o que ela tem de melhor, a não ser que você seja historiador e isto lhe interesse muito.

Entre em algum bar do outro lado da rua. Entrou? Agüenta coração! Vá até alguma janela de fundos. Debruce-se! Olhe! Isto existe, é a minha adorada Salvador que se mostra para você. Em baixo é a cidade baixa, ex centro financeiro da cidade, que ainda preserva alguma dignidade, mas o maravilhoso mesmo é você ver a Baía de Todos os Santos no seu esplendor. Tenho certeza que você vai ficar encantado, mas saia daí! Você tem muitos outros ângulos para ver este mar e tudo o que ele proporciona.

Se o bar do amigo Carlinhos ainda existisse, mandaria você comer um feijão verde com carne de sertão, mesmo que não fosse o horário de almoço, e tomar conhaque com limão e mel, já tomei muitas vezes.

Sto Antonio-Carmo
Veja se consegue ir até o Forte Santo Antonio. Olhe de novo para a Baía de Todos os Santos. O que você avista do outro lado, um pouco ao longe, é a Ilha de Itaparica, e o que você vê mais perto é a Boa Viagem, Monte Serrat, Ribeira. Guarde estes nomes, você vai ter que ir nestes lugares, não há como dispensar. Espero mesmo que você se faça acompanhar de um baiano, que não seja guia turístico, estes não vão aos lugares que você poderá ir em outra companhia.

Volte pelo mesmo caminho e suba o Pelourinho. Quando chegar à Catedral Basílica, se ainda estiver dia claro, ou se for mesmo cedo porque você chegou cedo a Salvador, dobre a direita, depois, de novo à direita e encontre o Plano Inclinado. Pague a passagem e entre nele. Vá sem medo, o que você vai ver é melhor do que qualquer um pode imaginar ou descrever. Viu que coisa mais linda? Chegue lá embaixo, não se preocupe com os odores e nem com as ruas sujas, tudo isto faz parte. Logo na segunda rua, após sair do Plano Inclinado, dobre, mais uma vez, à direita e alcance o bar do “Espanhol”, não sei nome real, nunca me preocupei com isto, mas você o acha: não se preocupe! Peça um pernil e um refresco de qualquer coisa. Não se importe com a sujeira, não vai te fazer mal nenhum. Coma um, dois, quanto agüentar, só vai achar aquele pernil ali, portanto, não faça cerimônia. Conheço o bar e continuo freqüentando todas às vezes a que posso, principalmente no dia da lavagem do lavagem do Bonfim.

Saia dali e vá para a esquerda, vá andando pelas ruas e chegue até o Mercado Modelo, dê uma olhada no Mercado, tem coisas interessantes, mas não se demore, muita coisa cara e muita gente querendo que você compre coisas que não lhe dizem nada. Não gosto do assedio dos vendedores, nem aqui e nem em lugar nenhum.

Saia do Mercado, pelas portas do fundo. Veja o Elevador Lacerda, suba para a cidade alta novamente. Quando sair do elevador de uma espiadela pelos vidros. Lindo não é? Não tem uma vez sequer que eu resista, paro e olho mesmo, me emociono sempre com tanta beleza. Saia e, mais uma vez, olhe de novo! Agora da Praça Municipal. Se conseguir tirar a vista do Forte de São Marcelo, do mar, da Baía de todos os Santos, dê uma colher de chá ao antigo palácio do Governo, é um prédio lindo: vale à pena!

Praça Castro Alves
Sei que tá cansado, mas vá andando para a direta. Que porra não é? Eu só mando ir para a direita, parece coisa de política, mas a verdade é que tem de ser mesma pela direita, a mais festiva de todas. Você vai alcançar a Praça Castro Alves, aquela onde o carnaval pega fogo, onde, antigamente, tinha encontro de trio, desfile de “bichas” no carnaval. A praça que foi imortalizada por Caetano Veloso na letra que dizia “a praça castro Alves é do povo”, e era mesmo. Tenho saudades, mas a nostalgia não é para agora.

Olhe a direita. Existe! Isto existe mesmo: é mais um ângulo da mesma Baia de Todos os Santos, nesta parte vigiada pelo olhar atento do poeta, que não a cansa de saudar. Olhe a estátua, acho que não preciso dizer o nome dele não é?

Mini Cacique
Balcão do Mini Cacique
Se você estiver com fome, se o pernil não foi suficiente ou já se desgastou, recomendo o restaurante “Mini Cacique”, não é de nenhum índio, é de um espanhol, o Luis. Você atravessa a rua, entra na outra rua, a de Ruy Barbosa e vai seguindo, primeiro você vai ver muitas livrarias- sebos -, você deve saber o que é isto: verdadeiras relíquias de livros usados, mas não dá para parar, para isso é preciso ter calma e muito tempo, você poderá achar coisas maravilhosas. Quando chegar ao prédio do INSS, que fica do lado direito, você vai ver o restaurante. Entre, sente e peça, sem susto, o prato do dia. Se for na quinta é cozido, na sexta feijoada, os outros dias eu não me recordo, mas você vai comer bem. Se você estiver acompanhado de um freqüentador do restaurante, você vai ver o tratamento que pode ter um desses abençoados: eu tenho: tortillas, camarões, agulhinha. “Son tapas” cortesia da casa. Peça a D. Calina, mulher do Luiz, que lhe faça uma batida de limão e mel. Não deixe de tomar.

Se você não quiser ir neste restaurante, siga andando pela Rua Carlos Gomes e chegue à praça onde vende flores, onde você entra para o Largo Dois de Julho. Procure o restaurante “Moreira”. Não tema nada, não se deixe levar pela aparência. Sente-se numa mesa, tomara que seja uma segunda feira, você vai correr o risco de encontrar uma nata da cultura jurídica baiana ali: desembargador, conselheiro, delegado, advogados, até eu posso estar ali. Pode pedir o prato do dia também, mas se gostar de omelete... não deixe de comer. Não vai esquecer este sabor nunca mais, e também não vai comer nada igual em lugar nenhum. Esta omelete é exclusiva do Moreira, ninguém iguala aquela massa, ninguém mesmo, não adianta, sequer, tentar. Se você estiver sozinho, infelizmente, só vai poder comer a omelete, mas se tiver com mais pessoas peça outras coisas, por exemplo: a feijoada, a galinha de molho pardo, o lombo, olhe rapaz! Peça qualquer coisa, eu garanto.

Olhe os freqüentadores! Você é privilegiado: poucas são as pessoas, não “natas” é que têm oportunidade de viver um pouco desta nossa vida de baiano não metido a besta e, se metido a besta, faz o gênero não metido para ser “in”. Você vai saber bem diferenciar. É uma pena que não possa participar das brincadeiras, porque elas são muitas nossas, são as nossas vidas que são, debochadamente, gozadas.

Se você é mulher e bonita, pode ser que a turma fique muito animada: não se engane! A grande maioria dos freqüentadores já não está livre, e quem estiver, é boêmio inveterado. Não dê trela: sorria, agradeça os galanteios e siga.

Se não estiver muito cansado (a) siga até o largo dos Aflitos. Pare: olhe de novo para o mar. Continuo a dizer a você que é real. Não é uma pintura.

Neste local tem um restaurante maravilhoso, mas você já comeu e bem, fica para uma próxima.

Vista da Ladeira da Barra
Agora, para não se cansar mais, pegue um ônibus e vá até a Barra, qualquer ônibus que passar pelos Aflitos, no ponto de ônibus que fica ali no muro da lateral do quartel, que esteja escrito: “Via Barra” pode entrar, o via barra vai estar numa plaqueta no para- brisa. O dia já vai estar cansado, tanto quanto você, mas não desanime, pois ele, que quer se esconder, ainda vai te proporcionar muita coisa antes de se recolher.

Desça do ônibus no Porto. Debruce-se na balaustrada da praia. Fique ali sem nada fazer, apenas olhando um pouco do tudo que é aquilo ali.

Forte Santa Maria - Barra
Vá andando vagarosamente em direção ao forte. Pare! Dê uma olhada do forte para a direita, oi ela de novo! Mas não tem jeito, tem de ser para a direita mesmo. Viu? Gostou?

Notou que o sol tá caindo? Se apresse, pois você tem de vê-lo desaparecer de um lugar imperdível. Continue andando margeando o mar, passe pelo farol e siga em frente, vá olhando as coisas todas, mas acelere o passo. Encontre o Barlavento. Pronto! Entre e procure se sentar em uma das mesas da lateral direta, puta merda! Lá vem de novo, vire a cadeira também para a direita. Peça um chopp ou qualquer outra bebida e aguarde. O sol já baixou muito mesmo, você já pode ver agora uma bola de fogo que quer se refrescar no mar. Ele quer tomar banho para dormir e se preparar para mais um dia, todavia, ele jamais faria uma desfeita a você, visitante e apreciador do belo. Aí meu amigo ele se desbunda todo para lhe dar o máximo de si! Vai desaparecendo vagarosamente, mas continua iluminando tudo, fica mais fraco, mas não menos belo, ele agora esta com muitas cores, amarelo, vermelho, laranja, e reflete na água a sua resplandecência. É um momento de pura poesia, mágico e você poderá dizer a todos. “Eu vi o por do sol no Barravento”. O Senhor me deu esta chance. Tire foto para que todos acreditem que isto existe, que é no plano material que funciona.

Agora vá descansar, você merece: se preferir, entretanto, se embriague um pouco aí neste mesmo lugar. Se tiver com sorte e for noite de lua, acabe de ver o sol se por e vire-se para o outro lado, desta vez para a esquerda, acho que vai precisar mudar de lugar, agora penso que o melhor é estar nas mesas do fundo. Fique aí e a veja saindo do seu esconderijo, lentamente; é exatamente assim: um se vai imergindo e a outra vai emergindo deslumbrante, fagueira, se mostrando, como as damas da noite.

Não nego não: uma companhia faria um bem danado! Mas se tiver só, não se importe: você não vai precisar de ninguém, ela lhe fará companhia até as tantas, mas não abuse do álcool, pois ela pode achar que deve achar uma companhia para você, e aí a coisa pega.

Por hoje é só. Vá para o hotel e descanse. Amanhã te encontro. Outras surpresas te aguardam!