sexta-feira, 30 de julho de 2010

Uma Maçaroca! Ou será Massaroca?

Vinha andando pela Avenida 24 de julho, uma confusão, continuo sem entender esta porra de mão inglesa. Me faz uma tremenda confusão. Fico olhando para o lado errado e esqueço, literalmente, de que lado que os carros vem, mas tenho que andar na cidade e me arrisco, a qualquer momento, ser atropelada. Tem uma porra de uma avenida então que é uma miséria, fico olhando para todos os lados sem entender nada; carros parados e o sinal vermelho para todos, pedestres e carros, vejo as pessoas tranquilamente atravessando e não percebo nada. Fico me perguntando se a mão inglesa muda também os sinais internacionais de trânsito? Acho que vou ver isto no código internacional de trânsito, me sinto uma verdadeira idiota.

Mas isto não interessa agora, o que interessa mesmo é a maçaroca.

Pense em muita gente com a massaroca na mão; mulher, homem, crianças. Ela é encontrada em cada esquina de Maputo. Você pode comprá-la por 5, 6, 7 e até a 10 meticais, depende do tamanho da miserável.

Marinheira de primeira viagem, pedi uma massaroca de cinco meticais. Uma novela, primeiro porque com todas as coisas que aqui já aconteceram sou obrigada a levar todo o dinheiro e documentos na bolsa, correndo o risco, segundo eles próprios, de ser assaltada, mas o que fazer? Se deixo no hotel o roubo fica mais fácil, ainda não me esqueci dos meus 50,00 euros e nem dos meus 1000 meticais, que vão fazer uma falta danada na hora de pagar as cópias do arquivo, que custa, cada uma, 0,70 meticais, o que acho muito caro, porque fiz a conta rápida e se tirar 1.000 cópias, o que não quero, mas pode ser possível, posso gastar quase 200 euros. Pense ai! Gastar 200 euros de cópias podendo tomar muita cerveja (Laurentina é o nome da desgraçada aqui) ou muito uísque, ou melhor, ir até a cidade do Cabo, na África do Sul, o que tanto queria.

Bom, mas a novela era tirar do saco o dinheiro para pagar, porque já não ando mais com a bolsa. O pessoal do arquivo me enquadrou e me disse que quando vamos ao arquivo, não devemos levar uma mala daquele tamanho, (a minha mala verde), devemos carregar apenas uma malinha pequena para guardar dinheiro, jóias, etc., etc., portanto vou ao arquivo com um saco, literalmente um saco, que a Ana me deu em Portugal. Me deu não, eu que me apossei, porque ela levou nele livros e eu tinha de devolvê-lo, mas não o fiz e continuo usufruindo dele, pelo que tenho que agradecer a Ana Dramas e Cenas.

O certo é que tinha de tirar deste saco a carteira para tirar os míseros cinco meticais, que é em moeda, portanto, fica em um local especial da carteira. Olhem a merda: parar na rua, abrir o saco, pegar a carteira, achar o compartimento de moedas, abri-lo e encontrar a moeda certa, Uma novela mesmo! Mas tudo por uma maçaroca ou massaroca, não sei bem como devo escrever ou descrever a miserável.

Pago os cinco meticais e a mulher me pergunta, se quiser quente ou posso esquentar?

O que vocês acham que respondi? Claro que quente. Afinal, uma massaroca tem de estar quente, caso contrário, acho eu, não vai dar o prazer máximo àquele que vai degustá-la.

Na minha frente ela esquenta a massaroca, e envolve-a em uma folha e me entrega a bicha.

Ta quentinha mesmo; mudo de uma mão para outra, não quero me queimar. Boto na boca, mas a bicha queima meus lábios, volto a pegá-la, o diâmetro é grande e eu não consigo segurá-la toda com uma mão.

Fico passando a zorra de uma mão para outra, o que é um problema, dado que estou com o computador e com o bendito saco, ou seja: peso em todos os dois lados.

A bicha arrefece um pouco, o suficiente para que eu comece a deliciar-me, parece que ela menos quente, morninha, endurece mais e fica mais calma e a gente pode pegar sem medo de nada, nem do diâmetro, nem da quentura, enfim, ela fica dura, mas muito mansinha

Começo a degustar a desgraçada e vejo que ela tem o mesmo sabor das do Brasil. Como a miserável toda, grão a grão, está mesmo uma delícia, até porque tô com uma fome danada: vou para o arquivo pela manhã, ás 09h00min, e só saio ás 05h00min da tarde, sem comer coisa nenhuma, levo, apenas, o que dá no saco: uma garrafa de água mineral e uma fruta: maça ou pêra.

Acho que vocês já perceberam que a massaroca não é a massaroca que vocês pensaram antes. Massaroca ou maçaroca, acho que este último é o correto, é uma espiga de milho, que, tal qual o Brasil, é vendida, aqui em Maputo, no meio das ruas, assada ou cozida.

Pois é! Comi uma massaroca em Maputo, arriscando-me a tudo, pois o fogareiro estava literalmente no meio da rua, as massarocas expostas a tudo e a todos, era só uma questão de escolher e pronto. Foi o que fiz, e que Deus me ajude a encontrar outras massarocas, sejam elas verdadeiras massarocas, ou a que vocês pensaram antes.

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