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segunda-feira, 4 de setembro de 2023

ASÍ FUE XVI


 

Tomei coragem: quero ver a cara deste homem de qualquer das maneiras. Decidi que, na primeira oportunidade, eu faria uma chamada de vídeo, mas isto tinha de ser feito na hora certa, porque tinha de ser de primeira, efeito surpresa mesmo, e então esperei até o final de semana, enquanto isto continuava a falar com o Luís, a me deliciar com tudo, estava mesmo envolvida e achando que ele era um Presente do universo para mim. Me peguei muitas vezes pensando quão completo ele era, tipo assim: o que ele tinha de bom de fulano? De beltrano, de sicrano, tirei as qualidades boas dos amores que passaram por mim e as vi, acreditem, todas nele. Mas o ser humano tem defeitos, qualquer um deles, mas eu não encontrava, ao menos virtualmente.

O Luís tinha muitas qualidades, mas a que mais me encantava mesmo era o saber seduzir uma mulher, saber dizer as palavras certas nas horas certas. Eu estava visivelmente encantada. Bom o fato é que eu tinha decidido ligar e o faria em breve

Conversei com o Luís muitas vezes durante a semana, em todos os dias esperava o Meu bom dia. Ele, tal qual a mim, também era um madrugador, o ruim disto era que  a minha madrugada era posterior a dele, e eu estava me acostumando a acordar às duas da manhã, para falar com ele às cinco, quando não antes disto, todavia, valia a pena pois não é todo dia que se acorda com os bons dias que eu recebia.  Aliás, no primeiro dia que vi isto falei para mim mesma: está na hora, este cara vai querer sexo virtual, e olhe que, apesar das minhas restrições quanto a isto, não pelo sexo em si, mas pelo medo desta exposição via internet, já estava me acostumando com a possibilidade

 Diriam vocês, mas o que fazer quando se chega a determinada idade e encontra alguém que vc pensa que está procurando há, minimamente, um século, ou mais? Vidas passadas?

O século é real, percebam que eu passei o século kkkkkkkk; bom, mas ao que parece a virada do século me piorou em termos de ilusões, eu que me achava uma pessoa com os pés no chão, agora andava mesmo idealizando muitas coisas, e em todas o meu Luís estava presente.

Algumas vezes eu tinha a nítida impressão que as coisas (eu e o Luís) já tinham acontecido, só pode ser, porque a sensação que tinha era que muitos momentos atuais já tinham sido vividos e que o nosso conhecimento não era de agora.

 A cada dia que passava eu ia me deixando envolver por aquele homem sedutor, torcia mesmo para que ele não fosse a mesma pessoa por quem a minha amiga estava visivelmente apaixonada; um dia, falando com ela, disse-me que estava explodindo de amor e tesão pelo Francisco, que andava contando os dias para setembro chegar, e era exatamente assim que eu estava esperando talvez o melhor setembro dos últimos anos chegar. Em setembro eu estaria com o Luís aí vivo. Setembro?  Ao mesmo tempo que tinha estes pensamentos, estas idealizações, ficava questionando se eu queria mesmo fazer isto comigo, pois se ele fosse a mesma pessoa da minha amiga, a decepção seria enorme, eu, certamente, iria assumir este amargor sozinha; jamais contaria isto para ela, jamais admitiria isto para ela.

Todavia, para que falar de coisas tristes? Afinal Meu Luís era vida, desejos, sonhos, e continuava eu a alimentar tudo, a sonhar acordada, a idealizar os nossos momentos em Lisboa, andando de mãos dadas pelas ruas como dois adolescentes, com gestos furtivos a nos tocar, a no olhar com olhos brilhantes, a ver o desejo se apresentando sem pudor. Passei mesmo a acreditar nisto e mais ainda quando a reciprocidade me chegava nas palavras que o Meu Luís, ou a responder a alguma colocação ou se antecipando a elas, dizia-me coisas maravilhosas, assim pois, por tudo isto, eu tinha de ver este homem e liguei:

 Deus! Que aflição! Mas vi o homem com quem estava a dormir e acordar todo ia dias: No jeito bem português:

 Ah então é ela!

E eu meio sem graça: -Está tudo bem, me parece bem surpreso!

- Então não é para estar? Eu não estava nada a espera! Mas que bom que ligaste

Percebi que ele estava visivelmente emocionado, tanto quanto eu que estava a tremer, mas, ainda assim, pude visualizar o pano de fundo e percebi que ele estava sentado à mesa, o ambiente meio escuro, onde predominava os tons de marrom, que deduzi ser dos móveis: exatamente atrás dele havia um móvel (um aparador, acho eu) sobre ele um espelho grande que refletia o vaso de flores, penso que copos de leite.

O Luís era um senhor homem, traços fortes, um sorriso franco e, como eu, com uma expressividade facial fantástica, dava para ver não só a surpresa mesmo, mas a sua quase euforia ao me vir.

- Estás bem corada disse-me ele, e eu que bem sabia o motivo, disse-lhe que estava no sol, o que não era uma mentira, mas eu estava vermelha era de vergonha mesmo kkkkkkkk, este minha parte tímida, a que ninguém crê que tenho, se fez presente naquele momento,

Comentei que estava num restaurante à beira do mar, e que o dia estava quente e lindo,  até mostrei-lhe e estava tomando um drink.

Sim eu estava tomando uma drink sozinha, comemorando o meu novo “modus” de amar, amor sem toques, apenas visual, mas que, até então, dava-me muito prazer e me fazia feliz.

Por algum motivo a ligação caiu, fiquei a espera dele retornar, o que não aconteceu de imediato, depois já não pude falar, o João veio sentar-se à mesa comigo e ficamos conversando e eu nem mesmo olhei o celular, embora, não nego, estava hiper curiosa...   

 

quinta-feira, 8 de fevereiro de 2018

Garcia D´Avila VIII - O naufrágio da Nau Santa Clara

Praia do Piruí-Arembepe
Eu andava muito preocupada com as aparições o Sr. D´Ávila, o homem não tinha limite e estava em todos os lugares, agora ele já não escolhia a minha casa, estava em qualquer lugar que eu estivesse. Hoje, especialmente hoje, sai para andar pela praia, faço isto sempre, acordo cedo e vou caminhar, vou até o hotel que fica lá no final da praia do Piruí em Arembepe, já chegando  num condomínio de luxo que tem por ali, por trás da Milenium, antiga Tibrás. Vou pen sando em mil coisas, inclusive no próprio Sr. D´ Ávila, mas não imaginei que ele apareceria ali, na praia.
- Estás a andar nua? Que tipo de roupa é este que vestes? Não é roupa de índia, não é roupa de brancos, o que é isto? Não tens vergonhas de mostrar assim os seus pudores?
Reconheci de logo aquela voz, aliás só o Sr. D´Ávila é que falaria comigo assim.  Olhei para os lados e lá estava ele guardando uma certa distância de mim, que estava andando bem à beira d´água. Acho que ele não queria se molhar,
Pôxa Sr. D´Ávila, nem aqui o senhor me deixa em paz?
Arembepe
-Por que eu a deixaria em paz? Não sei porque ficas tão incomodada com a minha presença, devias gostar muito dela, porque es tão sozinha, nunca vejo-te com alguém, estás sempre so naquela casa, só vejo-te em companhia de livros, e daquela madeira preta, pareces que não fazes nada além disto na vida.
Dei risada e continuei andando e olhando o Sr. Garcia se livrado das ondas que insistiam em quebrar na areia bem próximo de onde ele caminhava a seguir-me.  Era muito engraçado, ele todo vestido com suas roupas  de “nobre” tentando se equilibrar na areia.
- Sabias  que houve um naufrágio aqui nesta zona?
-Ouvi falar, mas não sei de muita coisa a respeito.
- A nau foi a “Santa Clara, que ia para a Índia , estando sobre amarra, e foi tanto tempo que sobreveio, que a fez ir à caceia, que foi forçado cortarem-lhe o mastro grande, o que não bastou para se remedear, e os oficiais da nau, desconfiados da salvação, sendo meia noite, deram à vela do traquete para ancorarem em terra e salvaram aas vidas, o que lhe sucedeu pelo contrário, porque sendo esta costa toda a limpa, afastada dos arrecifes, foram varar por cima de uma laje, não se sabendo outra de Pernambuco até a Bahia, a que laje está um tiro de falcão ao mar dos arrecifes onde se esta nau fez em pedaços e morreram neste naufrágio passante de trezentos homens com Luis de Alter de Andrade, que ia por capitão” (SOARES, 1587:71)[1]
- Foi mesmo Sr. Garcia, não sabia que tinha sido nesta proporção, alguém aqui tinha me falado de um naufrágio por estas bandas, mas ninguém tem muita informação a respeito.
- Pois é, morreu muita gente e nada se pode fazer
- Sr Garcia, não se faça de inocente, todo mundo sabe que o Sr mandou os índios mergulharem para pegar o ouro que estava na nau, não só o ouro como pedras preciosas, alguns até afirmam que toda a sua riqueza foi proveniente do que o senhor encontrou na nau.
Arembepe
- Ah sim, eu que não trabalhasse muito e multiplicasse o meu gado, os meus escravos, não fizesse crescer as minhas olarias e não construísse os meus currais e embarcações, para ver se eu tinha algum dinheiro, ou melhor, tinha enriquecido.  Todavia, o vulgo diz o que quer.
- Sr. Garcia  quando se deu este naufrágio?
- Em 1573.
O Frei Salvador também falou deste naufrágio.
-E o que foi que ele disse a respeito, falou em meu nome?
-O que é Sr. Garcia, tá com medo de que, o senhor não disse que a estória do tesouro é  conversa do vulgo?
-É sim, mas diga-me lá o que o Frei Salvador escreveu.
“Também neste tempo deu a nau Santa Clara indo para a Índia, à costa no rio Arembepe à meia-noite, dando por cima de uma laje, um tiro de falcão do recife, e se perderam  mais de trezentos homens, que nela iam com o capitão  Luiz de Andrade.
Dista o rio donde  nau se perdeu cinco ou seis léguas desta cidade, e assim acudiu logo lá muita gente e se tirou do fundo do mar muito dinheiro de mergulho, de que se pagaram per si os búzios, e nadadores, e muitos que nada nadaram.  A isto acudiu o bispo com a excomunhão da Bula da Ceia contra  os que tomam os bens dos naufrágios; não se aproveitou alguma coisa, só sei, que ouvi dizer a um, dali a muitos anos, que aquele fora o tempo dourado para esta Bahia pelo muito dinheiro que nela corria, e muitos índios, que desceram do sertão, e bem dizia dourado e não de ouro, porque para  estes outras coisas se requeriam’ (FREI VICENTE DO SALVADOR, pp65-66).[2]

-Estás a ver: este Frei Salvador não disse nada a respeito de mim.

-Sim, ele não citou o seu nome, mas todos sabem que o senhor foi quem mandou os índios mergulharem para catar o tesouro

-Já disse-te disse que isto é conversa mole! Então a nau vai a pique em 1573, depois de 24 anos que estou cá, e foi o ouro que tirei dela é que me deixou rico?  Em 1573 eu já tinha meu gado, minhas olarias, minha casa em Tatuapara, meus currais, era vereador, fazia parte da fidalguia, era um dos “homens bons da cidade”, enfim, eu já estava rico.
- Começo notar que o Sr. Garcia estava a ficar nervoso; é que ele efetivamente não gostava de ser contrariado.
 Eu continuava a falar do naufrágio, e ele parecia estar mais preocupado em não se molhar com as ondas de que com qualquer outra coisa, erar muito engraçado vê-lo correr das ondas, porque eu ficava me perguntando, será que espirito se molha?
Era já difícil para mim achar que o homem da Torre era só um espírito, é que, para mim, ele era tão real, tão palpável, embora eu nunca tenha, sequer me atrevido a tocá-lo; primeiro não saberia a sua reação, aliás garanhão como ele era e com o que ele já tinha dito-me a respeito de me levar para Tatuapara, todo cuidado era pouco: segundo porque eu tinha medo mesmo, sei lá, se eu pegasse nele e sentisse mesmo ele vivo, real! Acho que eu teria uma sincope.
-  Diga-me lá homem, quanto de ouro foi tirado do navio, e é verdade mesmo que o Bispo lhe excomungou?
Arembepe
-Então achar que o Bispo ia me excomungar? Eu que  vivia ajudando as autoridades, recebendo visitadores na minha, fazendo doações ao clero, permitindo que aldeamentos fossem instalados nas minhas terras, ia ser excomungado? Mais fácil seria  mandar o Bispo embora.
-Tenho uma curiosidade grande para saber como o Sr. Tornou-se vereador
- Por que?  Qual o seu interesse neste assunto?
-Bom Sr. Garcia, eu queria saber mesmo como foi, porque na atualidade um vereador é eleito pelo povo.
-Kkkkk, é o que? Eleito pelo povo! Estás parva ou o que para dizer uma barbaridade desta? Então o povo sabe lá de nada, ainda mais aqui nesta terra onde quem não é índio, é mameluco, quem não é mameluco é negro escravo, e quem não é nada disto são portugueses que vieram para cá como degradados, gente da gentalha de Portugal.
-Que coisa retrógada senhor Garcia, e as pessoas que vieram para ajudar na construção e povoamento da cidade, não conta?
Uma meia dúzia de profissionais especializados.
-E as mulheres Sr. Garcia, as mulheres que para cá vieram, elas não contam?
- Não, não contam, além do mais, algumas mulheres que vieram parar aqui também vieram por conta do cumprimento da pena de degredo. Algumas eram feiticeiras e foram condenadas pelo Santo Oficio, quando aqui foi instalado em 1591, a exemplo de Maria Violante, Arde-lhe o Rabo, outras era taberneiras, mundanas. As que vieram com seus maridos, pouco ou quase nada poderiam fazer, a não ser cuidar da casa e dos criados, as vezes com eles se confundindo.
-Arde-lhe o Rabo? Que alcunha é esta? Por que a chamavam assim?
Não sei, não a conheço, só ouvi falar.
Conte-me mais Sr. Garcia s ore a vereança, como o senhor foi escolhido
 Como me tornei vereador! Ora então eu não sou um dos homens mais ricos destas terras, não faço parte dos “homens bons”[3] desta terra! Não tenho interesse em fiscalizar as coisas de mais perto e de fiscalizar os atos do Governador e demais administradores?
- Vamos Sr Garcia, diga-me lá como foi. Acho muito interessante que o sr tenha sido vereador com tantos interesses que o senhor tinha a defender em benefício próprio.
-Senti, olhando-o de soslaio, que êle não gostou muito deste comentário, também vi que, apesar de não ter gostado tinha um sorriso maroto nos lábios.
Piruí - Arembepe
Sei que o Sr. E o Gabriel Soares eram vereadores.
Estás muito bem informada, isto mesmo, eu o Gabriel éramos vereadores na época.
O que um vereador fazia mesmo?
-Olhe eu estou muito cansado, vou-me agora.
Dizendo isto, simplesmente desapareceu, e eu terminei a minha caminhada pela praia, agradecendo a Deus que não tinha ninguém por ali, pois, se tivesse alguma alma por aquelas bandas,certamente constataria o que todos dizem de mim, que sou maluca e que estou piorando, pois  agora dei para falar sozinha, conversando com uma pessoa imaginária.







[1] SOARES. Grabriel S. Tratado Descritivo do Brasil, 1587, pg 71
[2] Frei Vicente do Salvador, Historia do Brasil, p. 65
[3] Homens bons – homens que participavam da vida pública, homens ricos, livres, proprietários, de sangue limpo, no Brasil, os senhores de engenho, os grandes proprietários de terras, os donos dos gados.

segunda-feira, 21 de maio de 2012

S.O.S: Arembepe pede socorro


Mais um final de semana em Arembepe, desta vez, entretanto, um pouco diferente, e para pior. A chuva caia forte e os moradores da Rua da Glória, como sempre, apreensivos, rezavam para que a chuva parasse.
A chuva, entretanto, continuava, ininterrupta durante todo o final de semana. Não bastasse a chuva alagando tudo, entrando pelos portões, invadindo casas, deixando gente ilhada em suas casas, faltou energia durante quase todo o dia de sábado, entretanto, isto não arrefeceu o ânimo de quem aniversariava, nem daqueles que, ilegalmente, continuam a funcionar afrontando os poderes públicos, os vizinhos, enfim, a sociedade.
Na Rua da Glória, que parece ser mesmo o calo de Arembepe, na casa de eventos, que, segundo a própria Prefeitura de Camaçari, não tem alvará para funcionamento, houve mais um evento.  Bem verdade que, primeiro sem energia, não havia som, e, mesmo quando a energia retornou, o som estava muito calmo, certamente por força dos donos da festa, porque do contrário, se a festa fosse patrocinada pela dona da casa de eventos ilegal, ninguém teria direito de ouvir algum som em suas casas, ligar a televisão, enfim. Outro dia a senhora ligou o som as 9.00 da manhã e só desligou à noite; a Rua da Gloria, até a metade, podia ouvir o som, mas não há a quem recorrer, e ainda tem quem diga, desconhecendo a lei, que de dia pode. Não pode não!O barulho, a poluição ambiental não ocorre só à noite, em qualquer horário do dia ou da noite se o som alcança uma quantidade de decibéis, ou ainda incomoda a vizinhança, isto pode ser denunciado e o órgão responsável tem de tomar providências, entretanto, isto não ocorre em Arembepe, e nem mesmo a Juíza, que, segundo alguns, manda num tal de “Brito” ou sei lá quem, que chefia uma “força tarefa”, conseguiu, através dos meios legais, pois não conhece outros, impedir que os eventos aconteçam. Por acaso conheço a Juíza e sei que ela não tem qualquer envolvimento com força tarefa e nem com ninguém da Prefeitura de Camaçari, ela recorre aos meios legais.
Se a tal da Juíza tivesse mesmo o poder que lhe é atribuído por gente que nunca viu, não sabe nem quem é, que inclusive não lhe conhecem, certamente  os sons de carros e das casas vizinhas, ao menos onde mora, não  mais incomodariam ninguém. 
O fato é que o aniversário aconteceu embaixo de toda a chuva. Parabeniza-se a aniversariante, mas não se pode concordar com a proprietária da casa de eventos que continua a afrontar o poder público e as pessoas.
Festa do dia 19.05.2012
Carros estacionados dia 19.05.2012
O incomodo da casa de eventos, todavia, não se resume somente ao som. Como não há qualquer infraestrutura para que a casa funcione, porquanto não existe estacionamento privativo para quem frequenta o ambiente, os carros dos convivas ficam estacionados na rua, que por acaso, é de mão dupla. Nesta festa alguém resolveu estacionar, também, do outro lado da rua, resultado, um carro grande não podia passar, mas, certamente, isto não tem qualquer problema, “as pessoas é que gostam de criar confusão”, como disse uma vez a senhora dona da casa de eventos. Em relação ao estacionamento há outro grave problema, quando os carros estão estacionam do outro lado da rua, não respeitam quaisquer espaços, e as pessoas que tem casas do outro lado da rua não conseguem colocar os seus carros nas garagens. Alguns já chegaram a dizer que tais pessoas são barbeiras, porque há espaço suficiente... o que não é verdadeiro.(as fotos estão ruins, mas dá para perceber),
21.05.2012 -Rua da Glória 
Rua que desemboca na Rua da Glória
De tanto estacionarem carros nos passeios, alguns moradores tiveram de colocar ferros protegendo os passeios em frente às suas casas, isto depois de terem os canos de água quebrados algumas vezes, devido ao peso dos carros nos canos
.
Mas não foi só na Rua da Glória que teve festa neste final de semana chuvoso, houve também um aniversário de um eterno candidato a vereador, que, embora nunca ganhe a eleição, é muito conhecido no meio político de Camaçari, Município a que Arembepe pertence, somente isto pode justificar que no exato dia do aniversário, a rua que fica entre a Rua da Glória e a Rua principal estivesse sendo capinada, limpa por mais de quatro garis de uma só vez, todos concentrados ali. Isto não teria grandes problemas, embora todos, assim pensa-se, paguem IPTU para ter direito à limpeza da rua, a tratamento de esgotos, escoamento de água, dentre outras coisas necessárias aqui em Arembepe, onde esgotos correm pela rua afora, fossas entupidas estouram e os dejetos são jogados na rua, devido a pouca capacidade para os inúmeros utentes de um “condomínio” não aprovado pela Prefeitura, assim espera-se, que foi crescendo sem que os senhores proprietários se preocupassem com as necessidades fisiológicas dos condôminos. Certamente com o crescimento do condomínio eles pensaram que somente iam alugar as casas a pessoas que estivesse fazendo regimes. Isto tem muito tempo, com chuva ou com sol, a fossa escorre rua adentro e vai parar na pobre e sacrificada Rua da Glória, mas isto, com certeza, não deve preocupar o poder público, os vereadores eleitos por Arembepe, por Camaçari, enfim, as pessoas que teriam obrigação de defender os interesses da comunidade.
Toldo no meio da rua
Rua da Glória manha dia 22.05.2012
Voltando ao aniversário: Pois não é que o candidato a político fechou a rua!  Colocou um toldo de um lado para outro da rua com mesas e cadeiras, fazendo da rua, onde inclusive circula carros, propriedade privada, como se isto fosse a coisa mais natural do mundo, e ninguém fez nada.
E assim Arembepe continua uma terra de ninguém todo mundo faz o que quer, de garagem particular na rua à festa privada também na rua. O engraçado é que, recentemente, Arembepe foi alvo de uma reforma em suas praças, reforma que ainda não acabou e que teve como consequência, tão somente, o acabar com o estacionamento na Praça. As duas Praças ficaram até bonitas, mas desnecessária a reforma, porque precisamos não de praças bonitas e sim de rede de esgotos, de mais escolas, de emprego para os jovens que a cada dia que passa procuram as drogas. Precisamos encontrar um meio de escoar a água da Rua da Glória, e de outras ruas de Arembepe ( a Caraúna esta, mais uma vez, alagada, desta vez a água alcançou até o Vilarejo) para evitar os constantes alagamentos, os prejuízos das famílias que ali residem e que não tem qualquer ajuda do poder público para refazer as suas casas depois das enchentes.
Praça das Amendoieras
É mesmo vergonhoso, ver tanto dinheiro gasto em embelezamento de uma vila, que sem infraestrutura não vai para lugar nenhum.
obra embargada sem solução
Entretanto, a Rua da Glória tem outro grave problema. Uma obra que já tem uns dez anos, foi embargada, parou, mas virou uma ruína em que pessoas entram para “fazer necessidades fisiológicas” “se esconder”, “tomar drogas”, e ninguém faz nada; é como se tudo ali fosse normal e legal.As construções ilegais avançam pela lagoa adentro, mas ninguém faz nada. As construções ilegais acontecem em todos os lados, vizinhos entram no espaço dos outros, sobem casas usando o muro do alheio, mas ninguém faz nada, denuncia-se o fato, mas não vem qualquer fiscal da prefeitura, enfim, é uma verdadeira baderna. As piscinas dos hotéis são esvazeadas e a água acumula-se na Rua da Glória, e a prefeitura municipal não faz nada.
Construção irregular
Mas os políticos querem fazer de Arembepe um cartão postal, uma vila turística. Louvo até a idéia, mas, com certeza, um turista mais atento só virá aqui uma vez, e não mais, porque ninguém quer ver a sua privacidade sendo prejudicada por um poder público inoperante. 
Mais Rua da Glória alagada
Aqui, da Rua da Glória, ilhada tenta-se fazer alguma coisa, por isso vou divulgar as fotos e este resumo dos fatos, esperando que, alguém que tenha alguma influência com os senhores administradores da Prefeitura de Camaçari possa interceder e que eles tomem as providências necessárias para o crescimento desta vila e dos seus habitantes, que com os seus votos ajudam a elegê-los.
esgoto  na Rua da Glória
Mar  revoltado em Arembepe

Socorro!!!!  
Felizmente, mesmo com toda a violência de um dia de chuva, temos o mar para ver e sentir toda a beleza da própria natureza, que não depende de ninguém, só, e exclusivamente, das forças do Universo e de Deus.



domingo, 23 de outubro de 2011

Uma cópula batraquiana

Quando Deus decidiu pelo dilúvio, para que a humanidade perversa desaparecesse, é o que nos traz a Bíblia no livro do Gênese, ordenou a Noé que fizesse uma arca e colocasse nela um casal de cada espécie animal, o que, também segundo a história, foi cumprido; razão porque as espécies foram salvas e capazes de multiplicarem-se e voltarem a povoar a terra. (Gênese,6-9) .Se, obrigatoriamente, a procriação não dependesse de um casal, Deus não se importaria  em mandar Noé, o homem justo que existia na terra, e por isso mesmo escolhido, para  repovoar a terra depois do dilúvio que durou 40 dias: “ Sai da arca com tua mulher e teus filhos e as mulheres de teus filhos; faze sair também o  seres vivos de todas as espécies que estão contigo: aves, quadrúpedes e répteis que rastejam sobre o solo, que se espalhem sobre a terra, sejam fecundos e se multipliquem sobre ela” (Genese, 8)
Bom, vocês podem não estar a entender nada desta introdução, mas daqui para frente saberão porque tive de recorrer a isto para fazer uma  observação a respeito de um acontecimento, que  passaria  totalmente desapercebido e sem importância, se tanta importância não se lhe tivessem dado.
Estava eu em uma reunião em um centro espirita; ouvia uma palestra  cujo tema era: “ Eu não vim trazer a paz, vim para dividir”. A oradora foi explicando o motivo de Jesus ter dito isto, ele que era o homem a quem se poderia atribuir  a esperança, a paz, a harmonia,diz uma frase desta!  Realmente, só  mesmo as pessoas capazes, e eu não sou, poderão entender o significado real desta frase, e porque ela foi dita. A senhora palestrante tentou explicar, confesso que não entendi,  mas como há tanta guerra, tanta infelicidade
, tanta disputa entre povos,  cristãos e mulçumanos,  acho até que dá para começar a pensar sobre a frase com um pouco mais de coerência.
Bom, mas não comecei isto para falar, seja de Noé, seja de cristãos, seja de  judeus, seja de Cristo e de sua mensagem, de suas metáforas, de suas parábolas; aliás, eu acho que Jesus Cristo quis mesmo tripudiar de nós: para que porra que ele vem falando em parábolas? Só pode ser para confundir, ou então, achou ele que os seus filhos, por quem ele morreu na cruz, a história também diz isto, seriam todos inteligentes e capazes de entender o que ele, através das alegorias, das metáforas, das parábolas quis dizer. Para que dar trabalho para dizer o que deve ser dito de forma clara, será que ele queria mesmo é que uma classe de intelectos  entendesse a sua fala e a transmitisse da maneira que quizesse, que entendesse, inclusive podendo dizer mentiras em seu nome? Pois é isto que acontece; pois quando  ouvimos as  explicações da palavra de Cristo, chega mesmo a dar medo.  Quando a Igreja, que em principio é a sua maior divulgadora, claro que com interesses monetários, é uma das instituições mais ricas do planeta e não faz a caridade que foi determinada no evangelho: Quando a Igreja, há algum tempo atrás, não muito  longínquo, torturou pessoas, cobrou impostos de pobres, tomou terras de camponeses, enfim, contrariou em todos os momentos o  evangelho, estaria interpretando corretamente as palavras de Deus, o que não acredito, temos que ficar apreensivos.
Odeio ver os gritos dos pastores evangélicos. Isto deveria ser proibido. Deus deve andar surdo, porque  para o pessoal gritar daquela maneira  para ser ouvido, só pode ser este o motivo de tantos gritos 
E o islamismo? Por que  Maomé  exige que todos ainda botem o rabo pra cima  e, de quatro, fiquem em direção à Meca em todos os dias e  em determinados horários? Será que para respeitar o Alcorão, as leis  do profeta, isto é necessário? Como entender que, nos países  em que Maomé é mentor espiritual, ainda se obrigue que as mulheres usem burkas, que não possam dirigir, que não possam votar, dentre tantas outras proibições? Que interpretação é que  estes homens que divulgam a palavra do profeta  dão a estas palavras, que  fazem isto com um ser humano.
Bom, mas não queria mesmo discutir nada disto. É somente um desabafo e para demonstrar que  há muita coisa de falso  nas pessoas que divulgam a palavra de Cristo, que crêem nesta palavra e que se julgam em estado de graça porque estão com Cristo, por Cristo e no Cristo.
Pois é;  ontem eu pensava que estava no Cristo, pois estava atenta ao que a senhora que  fazia a palestra dizia; estava muito  interessada, até porque  ela estava falando de coisas  até bem palpáveis, a exemplo da energia que  Arembepe tem. Segunda ela,  as suas pedras  transmitem uma energia positiva, e eu tenho certeza que isto é real, não necessariamente porque a mulher disse, e sim porque, em muitos  momentos da minha vida, caminhando por esta praia, tomando banho entre os arrecifes, olhando as poças dágua límpida, vendo o colorido dos peixes,  fiquei  com a alma mais confortada, afastei dores, problemas, conversei com Iemanjá, com Deus, deixei que o sol penetrasse  em minha alma, ali, andando, rezando, sentindo os raios entrarem pelos poros e alcançarem a minha alma, despejando toda a energia positiva, que me tirou de muitas situações. Ai de mim se  não fosse assim! Sempre procurei conforto nas coisas da natureza, afinal, é a presença  real de Deus à nossa frente.  Bom,  mas no meio de tudo isto, isto é, da palestra da senhora, do lado da parede  direita de onde eu estava apareceu  uma sombra, que me pareceu um pequeno rato. Tenho pavor a ratos, e já comecei a suspender as minhas pernas, porque caso ele viesse para o meu lado,  eu já não faria o escândalo; que possivelmente faria; se estivesse com os pés no chão e ele passasse por cima deles.
Não era um camundongo: olhando bem, vi que era uma rã, sapo, sei lá o que, um batráquio com certeza. Estava encostado na parede e dava pulinhos pequenos para se locomover. Fiquei olhando, porque também não ia querer que aquele bicho frio e pegajosos  pulasse nas minhas pernas, por isso mesmo, notei que pouco atrás vinha outro batráquio, um pouco menor e seguindo o maior. Fiquei olhando  o que ia acontecer, para que direção eles iam. Aí aconteceu uma coisa interessantissima:  o  pequeno batráquio que vinha atrás, pulou nas costas do que vinha na frente, e ali ficou. Olhei sem entender nada, mas a insistência do que estava em cima me fez entender que ali havia um casal de rãs, e que eles estavam, literalmente, copulando, e que aquilo não tinha nada de espiritual, tudo era bem material. Achei engraçado, e pensei comigo, “trepada batraquiana abençoada”, tudo certo,  o casal de rãs, sapos  sei lá o que, eram espiritualistas, e queriam que  “relação” fosse literalmente abençoada.
Olhei por muito tempo: olhe que eles são resistentes! Imaginem que, grudados, conseguiram subir até um degrau, o cara não se desgrudava da fêmea de maneira alguma. Pena que fui sem óculos, pois de óculos veria melhor aquela cena numa casa de Deus.  Os sacanas  passaram, aproximadamente, uns 10 a 15 minutos nesta sacanagem, até que sumiram, não sei se até agora estão copulando ou não, mas sumiram do meu raio de visão. Ah! para informação, podem passar horas copulando.
Acabada a palestra,  me dirijo a porta para ir embora: como estava chovendo, fiquei à porta esperando que a chuva melhorasse, e perguntei a uma senhora  amiga, que estava junto de mim e com quem tenho muita intimidade:
“ Você viu o casal de sapos trepando”?
Porra, foi um Deus nos acuda: Uma senhora outra que estava junto de nós, e ouviu o comentário, vira-se para minha pessoa e diz:
- Você está num centro!
Eu não entendi nada, e perguntei:  -  Qual o problema? Você não viu que tinha um casal de rãs ou sapos trepando mesmo? Todo mundo viu, ninguém é doido.
- Vi, mas não se pode falar esta expressão  no centro.
Fiquei pasma! Mas me recuperei  rapidamente e questionei:
- Ah, quer dizer que eu tinha de falar que os sapos estavam fazendo amor? E, sacanamente, complementei: eles fazem amor e o ser humano trepa, que coisa engraçada.
Deu para notar que ninguém gostou muito do comentário, mas tive de fazê-lo:  Primeiro porque não vejo onde está o erro de dizer que os sapos estavam trepando; porque realmente estavam; se escolheram a casa do senhor, um centro de oração, certamente queriam ter a relação abençoada, procriar em em nome do senhor e com a sua bênção; segundo, estavam eles fazendo a coisa mais natural do mundo, eu só comentei porque achei inusitado o espaço que escolheram, apenas isto, nada além disto; não vi nada de sujo, porco, temerário naquela situação, para mim apenas engraçada, pelo visto constrangedora para alguns; terceiro, fiquei puta dentro das calças, porque a mulher que não tinha nada com a estória, porque não falei com ela, e sim com a minha velha amiga, se meteu no assunto para me dizer que não se fala “trepar”, no centro.
Resumo:  O que falei de tão violento? O que estava errado naquela cópula inocente?  O erro foi meu ou das pessoas que não sabem encarar com nenhuma naturalidade um ato tão natural que é o da propagação da espécie, aquele que  Deus abençoou no momento em que determinou que Noé  fizesse uma arca e colocasse nela um casal de cada espécie existente na terra.
Fico pensando: que falsa moralidade, e olhe que estas pessoas são espíritas:  dizem, não sei, eu não tenho, talvez não queira nunca ter, que têem contato com espíritos. Dizem, também, que fazem o bem através da caridade, da compaixão, do amor.  Não sei como assim se dizem, quando recriminam, apenas uma palavra que, vulgarmente, indica o ato mais natural do mundo – uma cópula entre um casal de animais-  que somente  escolheram um espaço errado, longe do seu habitat. Coisas espirituais, porque não há outra qualquer explicação, para o ato em quatro paredes, presenciado por muitos. Aquilo deve ter sido uma mensagem que não foi captada. Com certeza não foi, porque se fosse, quando muito a mulher sorriria, e mais nada. Bom o  que eu sei, porque vi , é que os dois sapos, espero que um casal mesmo, - uma fêmea e um macho –  estavam trepando; acasalando, copulando, qualquer palavra que indique a relação que  estavam tendo. Ah isto eu vi sim! Tenho dito.

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Arembepe II

Uma das primeiras postagens no blog foi sobre Arembepe. O texto havia sido, anteriormente, publicado na revista eletrônica Patifundio, pelo qual recebi vários comentários, todos elogiavam o texto e a maneira como apresentei Arembepe àqueles que não o conheciam, entretanto, um comentário destoou dos demais. Uma pessoa que não se identificou, apenas colocou o seu pseudônimo “Édipo rei...”. Respondi através do próprio site, mas não sei se ao Édipo, ou ao rei, qualquer dos dois possui uma carga negativa, ambos representam dois complexos, leu e recomendou que eu fizesse pesquisa sobre Arembepe, porque falei coisas que não condizem com a realidade, mas isto não importa, porque vou novamente falar de Arembepe, agora com documentação, mostrando toda a beleza e originalidade desta vila de pescadores, agora já não tão “pescadora” assim.

Primeiro devo dizer que Arembepe em tupy-guarani, segundo Jasson Winck significa – “Aquilo que nos acolhe”. Se assim é, realmente não se podia encontrar nome mais significativo para este recanto do Litoral Norte do Estado da Bahia. Os braços de Arembepe já acolheram muitas pessoas, pessoas que aqui chegaram por diversos motivos, umas para simplesmente “serem livres” como aqueles que vieram habitar a Aldeia Hippie, visitada por tantos artistas que fizeram a sua fama, Janis Joplin, Mick Jagger, Jimmy Hendrix; outros que vieram pela aldeia e depois aqui se fixaram como negociantes prósperos – João e Thierry do MAR ABERTO – O Oásis de Arembepe. Outros que vieram morar aqui e depois viraram políticos como o meu amigo José Cupertino, e muitas outras pessoas, ultimamente, a Claudia, a italiana que é a minha mestra em Yoga. Muitas e muitas outras, como eu, vieram para veranear e foram ficando, ficando, ficando.

Eu já tenho, minimamente, 26 anos por estas plagas. Primeiro morei na Caraúna, depois, quando as coisas melhoraram e eu passei em um concurso publico, fui morar como sempre quis, em frente ao mar, no Piruí, uma pena que não consegui comprar aquela casa, depois, e por último, fiz a minha bela casa, onde resido oficialmente.

Pois é, por tudo isto tenho autoridade suficiente para escrever em, de, e sobre Arembepe, mostrá-lo ao mundo, convidar as pessoas para aqui se refugiarem. Sei que todos vão adorar, embora já não se tenha mais a tranqüilidade de outrora e com os problemas das cidades em crescimento, falta de água, de saneamento básico, escolas, mas aqui ainda se pode num final de tarde caminhar pela praia, seja indo para o lado da aldeia, seja para o lado do Piruí, melhor ainda se a maré estiver baixa, como esta que aparece na foto.

Caminhe pela praia e depois vá tomar uma cerveja gelada em qualquer dos bares. Se estiver mais para o fim da tarde, recomendo o Bar da irmã de Babi, a cerveja esta sempre estupidamente gelada, fica na praça principal. Compre um acarajé ou um abará e leve para acompanhar a cerveja, a dona do bar não vai se importar.

Se tiver com grana, vá ao Mar Aberto, não deixe de ir se for noite de lua cheia, Veja lá da varanda a lua saindo linda, estonteante, emergindo do mar aberto. É esplendoroso, não há palavras para descrever tudo o que representa aquela magnífica apresentação da natureza. Tome algum drink preparado por Paulinho, tenho certeza que nunca vai se arrepender ou esquecer do momento. Se tiver uma graninha a mais, coma uma porção de camarão empanado, delire, isto existe, é aqui na Bahia, em Arembepe.

Passe aqui, ao menos, uma semana, que é para dar tempo para tudo. A caminhada da praia é sagrada, seja pela manhã ou pela tarde, tanto faz, escolha de acordo com a sua conveniência e a sua própria pele, mas não deixe de fazê-la, é bom para o corpo e muito mais para a mente. Você terá tempo de olhar o mar, de ver todas as nuances de verde deste marzão, apreciar as pequenas lagoas que se formam nos arrecifes do Piruí e ver a quantidade de peixinhos que ali vivem. Tem um listrado de amarelo e preto que é qualquer coisa, um azul anil e amarelo, que é espantoso, um que é todo amarelinho, outro somente prateado. Lógico que você vai ver uns espécimes feios, mas assim é a vida, há de se conviver com o belo e o feio exatamente para que o belo possa mesmo ser belo, ser notado, se tudo fosse igual você não saberia distinguir o bem do mal, o belo do feio, o prazer do desprazer, o amor do ódio, enfim, somente as dualidades contrárias podem lhe fazer apreciar e optar pelo que melhor lhe convier.

Se tiver com algum problema, aproveite e peça a Iemanjá para lhe ajudar, ela vai saber do seu merecimento ou não, portanto, se você tiver agido corretamente em todos os momentos da sua vida, não ha restrições ao seu pedido. Se tiver por aqui perto de 2 de fevereiro, ou mesmo neste dia, não se esqueça de levar um presente para colocar no balaio daqueles que organizam o presente de Iemanjá, que é um momento lindo. No ano passado chorei muito, não só porque estava mesmo pedindo ajuda para meu filho, mas pela beleza do momento, parecia que o céu tinha se aberto para receber, também, os presentes dedicados à Rainha do Mar. Foi um momento lindo e mágico.

Bom, mas você já andou pela manha, já deve ser quase dez horas, é hora de fazer uma pergunta: Vou comer onde? Em casa ou em algum restaurante? Bem, se você quiser comer em casa, se tiver com vontade de fazer comida, vá até a colônia de pescadores, não tem erro, fica logo depois da Igreja andando para a direita. Você pode escolher onde comprar o peixe. Pode comprar de qualquer um, mas se quiser, compre na mão de VACA, é isto mesmo, uma pessoa que vive de vender peixe, mas têm o nome de vaca, coisas de Arembepe. Ele sabe fazer um file do peixe que você escolher. Repare que tem de ser peixe grande, não pense em fazer filé de agulhinha, pois este peixinho é para comer frito e bem frito, olhe como ele é lindo, veja porque lhe chamam de agulhinha. Rapaz olhe que o filezinho grelhado é uma boa pedida. Mas se você quiser comer peixe de moqueca, acho melhor você ir a qualquer dos restaurantes. Vá a Colo, Neuza, Nice, Mar Aberto, e se preferir fale com a VU, que ela faz para você, neste último caso, avise antes, e, mesmo sabendo que não precisa disto, diga que me conhece, que leu no blog a recomendação de ir à casa dela. No particular da casa de Vú, peça para ir até a cozinha, e olhe o fogão onde ela e a Marize fazem as suas iguarias.

Se, acaso, for um dia de sábado, e você tiver com vontade de comer, logo de manhã cedo, um feijãozinho, uma rabada, um ensopado de boi ou de carneiro, feijão com mocotó, tome coragem e vá à casa da VU, quem faz estas comidas é a Marize, mas o amor em nada se diferencia, seja na comida feita por uma ou por outra, muda o sabor, mas não muda a atenção, o zelo, a vontade de agradar, o amor pelos clientes e pelo trabalho que executam, por isso mesmo é que é tão bom. Coma com moderação, porque depois dá uma fraqueza da zorra.

Bar da Vu 
Nos dias de semana, de segunda a sexta, você tem varias opções, Vu e Marize não funcionam em todos os dias para todas as comidas. A Vu faz umas moquequinhas durante a semana, mas a Marize somente nos finais de semana, mas não se preocupe. Vá ao Quiosque da Neuza, peça um peixe frito, moqueca de camarão, carne do sol com aimpim, ou então coma os pratos do dia, não tenha medo, entre, sente, fale com o galanteador Marquinhos e pronto, só espere, enquanto toma uma cerveja estupidamente gelada.

No dia seguinte a Neuza, vá a Nice, peça qualquer coisa, não tenha receio, aproveite para conversar com todos enquanto espera. Não se preocupe, não tenha vergonha, sente e participe da conversa, ninguém vai te incomodar ou recriminar por isso. Acho que é o único bar no mundo em que o passeio é usado como esplanada para o bar, mas não deixa de ser a passarela dos pedestres, é por isso mesmo que bom, porque você vê tudo, passa de tudo, se fala de tudo, se participa de tudo. Tomara que, no dia que você for estejam por lá também: Raimundinho, Ritinha, Cristiane, Toti, Duinha, Aguiar, Zuleide, Lidinha, aí é que voce vai ver coisa. Se você for mulher e estiver sozinha, delicie-se com a presença de um rapaz que mora nas imediações e que freqüenta o bar, de vez em quando. Se você tiver sorte, pode até trocar um olhar com ele, espero que não tão intenso como o que já troquei, fiquei, seguramente, inebriada e, ao mesmo tempo desconcertada. Se nada rolar, mesmo assim, vale a pena, o agrado aos olhos pode esquentar a alma e quem sabe, sozinha mesmo, você possa se resolver, há até uma providencial loja de artigos ligados ao “amor”. Não esmoreça e acredite que é real.

Veja como funciona um bar familiar, veja como os membros de uma família ficam jogando um para o outro as obrigações, Sinta a mão de ferro da matriarca segurando a onda dos seus filhos, do bar, da vida. Se ficar íntima deles, pois eles estão sempre por lá, diga que vai dar uma bolsa nova a Nice, que fui que mandou você dizer isto, ela vai morrer de rir e é capaz de me mandar para a “porra”, Não se esquente, é assim mesmo.

Não sei se no dia que você for a Nice vai fazer mais nada, mas, se coragem tiver, à noite, sempre a pedida será o “Mar Aberto”, faça qualquer negócio, qualquer sacrifico vale a pena, termine o seu dia ali, delicie-se. Fale com o Triste, se ele gostar de você, nunca mais será esquecida, ele vai te botar lá em cima, pois sempre haverá uma palavra elogiosa, um carinho especial para você, claro, se você for mulher e der intimidade a ele, embora ele possa fazer comentários a respeito do sexo masculino, isto não á problema.

Olhe que ainda tem coisas para fazer, mas eu vou deixar mesmo que você descubra, já dei algumas dicas deste lugar encantado que é Arembepe, mas curta ele mesmo até a sexta feira, porque agora tá ficando difícil ter tranqüilidade nos finais de semana, isto depois das onze horas, quando o povo começa a chegar para o final de semana.

Aproveite este dia para fazer uma visita à aldeia, vá ao projeto Tamar. Se tiver de carro, saia do centro de Arembepe e vá até o Coqueiro. Veja o rio. Se preferir, vá até, Jacuipe, Barra do Pojuca, neste ultimai tem uma cachoeira linda, mas não sei se recomendo ir para tomar um gostoso banho nos finais de semana, é melhor ir durante a semana. Siga mais um pouco, entre em Guarajuba, Monte Gordo, aqui, se você tiver com muita fome e for sábado ou domingo, coma o mocotó de Tereza, dos deuses, você vai ver. Pode prolongar mais, mas não recomendo, tá tudo muito cheio, verão e final de semana é enchente só, mas ainda tem muitas opções: Itacimirim, Praia do Forte, Imbassahy, Diogo, etc. etc. etc.

Tenha uma boa estada em Arembepe, e tenha a certeza que tudo que falei aqui existe e é real, você pode constatar “in loco”, deixe os que têm complexo discordar, não tem problema, aliás, é melhor mesmo que ele nunca se mostre, pois em Arembepe, o que menos queremos é problema.



terça-feira, 6 de abril de 2010

Arembepe

Arembepe já perdeu, por demais, as suas características de vila de pescadores, mas ainda continua encantando a tantos quantos passam por ela. Alguns, que foram apenas dar um passeio, ali ficaram e criaram as suas raízes, raízes que cresceram em direção ao mar, como é o caso de João e Thierry do “Mar Aberto”.

Como diz minha amiga Ângela Chaves, donos do “Oásis” arembepiano, e não tenha dúvida que é mesmo, pois há dias que, apesar de tanta beleza natural, queremos tomar um belo drink, comer uma boa comida, ver gente bonita, conversar com os proprietários, eles mesmos, um conforto para a mesa e olhos; melhor ainda, tudo isto com uma visão imperdível, inacreditável, deslumbrante.

Você não conhece Arembepe? Não sabe o que é?
Estou falando de uma Vila de pescadores, que os seus nativos fortemente defendem, muitas vêzes impedindo um progresso necessário. Um porto seguro no litoral Norte do Estado da Bahia.

Arembepe conserva casas de taipa, aquelas feitas de cipós entrelaçados com as aberturas entre eles preenchidas por barro vermelho, cuidadosamente amassado para nao passar do ponto de maleabilidade. A da Vú, onde se come uma boa feijoada, rabada, ensopado de carneiro, moqueca de peixe, ainda conserva o fogão de lenha, que faz, talvez, a comida mais saborosa, embora seja mesmo as mãos de Marize e da Vú, esta última nas moquecas,que garantem o sabor das especiarias completamente baianas e preparadas com tanto amor, que, até mesmo sem fome e contrariando as recomendações médicas, somos levados a saborear.

Na porta lateral da casa da Vú, pois ela mora alí mesmo, no próprio local onde mantém o seu negócio, se reunem os que já muito fizeram e os que nada fazem hoje, para um jogo de dominó regado a cerveja. Bom mesmo é chegar na casa de Vú quando ela está almoçando no dia a dia, você pode dar sorte e ela está comendo um frango de quintal, que lhe será oferecido, claro, se ela gosta de você!

Depois da casa da Vú, ainda na praça, você encontra o restaurante de Neuza. Aí você vai conhecer o Marquinhos, o filho da dona, um espetacular misto de garçon e galanteador. Sente um pouco, mesmo que seja só para uma cerveja, olhe o mar de frente e lateralmente à direita.

Há outros bares no local, mas por enquanto fiquei só nestes.
Do bar de Vú ou do da Neuza olhe a Igreja de São Francisco. É linda, me faz lembrar o Alentejo com a sua pintura azul e branca. Peça ajuda, dizem que é bom pedir ajuda ao santo padroeiro quando se vai a primeira vez à sua Igreja.

Pena que você não conhecerá o antigo Hotel, no tempo em que os donos eram a Dona Lídia e o o velho Aguiar, que conseguiam uma união de tantos uns que, um dia, conseguimos virar um conjunto, bem verdade que durou pouco, pois os pares que formavam este conjunto universal foram se desfazendo, inclusive a própria Dona Lídia, que faleceu e nos deixou órfãos. O Hotel nunca mais foi o mesmo, tanto assim, que agora perdeu a identidade, já não há referência ao “HOTEL”.

É bom lembrar que Arembepe tem a aldeia Hippie, embora não goste da vida que alguns levam alí, não deixa de ser extraordinário que ainda seja conservada a casa do sol, e muitas outras coisas. Também nao esqueça que ha um grande orgulho da comunidade hippie de, um dia, ter recebido a Janis Joplin, lógico que em outros tempos, em outra situação, aliás, enquanto ela ainda vivia. Não se enganem, não foi o espírito, nem uma visão alucinógena, foi ela mesmo em carne e osso. Nada é mais o mesmo, mais ainda se vê beleza nas lagoas e no rio que circundam a aldeia.

Se estiver mesmo com muita sorte, chegue em Arembepe no dia da lavagem do coqueiro, não há um dia certo para tal, não é a do lugarejo que lá existe com este nome, é a do “coqueiro” mesmo. Aquele que nasceu, cresceu e parece que vai morrer, na frente da casa da Vú, pô velho!, é mesmo uma maravilha. Tem baianas novas e velhas, travestis, pretos, brancos, pobres, desocupados, enfim, uma lavagem como outra qualquer na Bahia, só que com as pessoas do local. Não há enchentes, voce pode dançar e pular a vontade e pode encontrar, como as vezes consigo, a Ivete, a que foi reitora, parece que marcamos encontro ali. Tudo regado a muita cerveja e ao som da bandinha de sopro, parece que Arembepe tem uma especial, pois em todas as festas é sempre a mesma. Muito bom mesmo.

Na festa da cidade, que normalmente começa na segunda quinta feira após o carnaval, fica tudo muito cheio e você não pode apreciar as belezas da vila, mas, ainda assim, se coragem tiver, vá, porque para quem gosta é boa. Se você já foi antes, em tempos mais remotos, vai sentir uma saudade imensa dos tempos em que Arembepe, a pequena vila de pescadores, recebia: Chiclete com Banana, Asa de Águia, Daniela Mercuri, Timbalada, Jimmy Cliff, Jorge Ben, Gera Samba, mais tarde Ivete Sangalo e muitas outras atrações. Bom mesmo era ver tudo isto de palanque, os vips ficavam no terraço do “Hotel”, era bom demais, pois a visão privilegiada da própria vila se confundia com os sons das bandas que se apresentavam alí na praça.

Hoje dá uma saudade danada de tudo isto. Não temos mais o “hotel”, “D.Lídia”, muitos outros já se foram. Já ninguém sai pela manhã, pelo menos que eu saiba, para comprar pão e retornar somente pela tarde, ninguém mais cumpre a tabela de horários indicando o tempo necessário para a compra de produtos: Uma hora para pão, duas para carne, tres para peixe, etc, etc. etc. A praça se modificou, os pares se desfizeram deixando uma onda de tristeza imensa, mas nada que não se cure atrás do “chupa catarro” no dia de lavagem do coqueiro, no da própria lavagem de Arembepe, no do baba da saia com a organização do Tininho, e de algumas caminhadas milagrosas pelas areais das praias de Arembepe. Você pode escolher qualquer lado para ir, ou para o lado da aldeia, ou para o outro lado, o de Interlagos, as belezas estão garantidas e os antídotos para a tristeza também.

Depois da caminhada, vá ver os amigos, tome uma cerveja geladíssima no bar da irmã de “baby”. Veja se O Ronaldo e o amigo dele, o da cabeça branca e olhos azuis lindos, estão no bar da Neuza, sente e converse um pouco com eles, espero que a pintora da Argentina esteja lá também , veja como se pode apreender e aprender sem esforço algum. Ah, também tem o Batista com a sua prole e sua “louca” esposa, a Leda: Não se preocupe, ela só ataca quando o PT é contrariado. Depois vá em direção á praça e entre no “OÁSIS” de Arembepe, a janela do mar, e peça a Paulinho que faça uma roska, a de sorvetinho, tem de ser ele a fazer, a minha, pelo menos, a de cajá sem um pingo de açúcar, só ele sabe fazer, mas tem outros sabores e outros experts. Para acompanhar, peça um camarão empanado ou um polvo corado, não fique corado com os preços, pois não se dá preço ao prazer, a gente o sente ou não! depois de tudo isto, ja meio para lá de que para cá, vá pagar a conta no balcão, so serve no balcão, pois você vera o “Triste” nome que eu dei ao funcionário Tristão, adoro! Sempre recebo uma palavra, um elogio, ele é mesmo um massageador de ego, acho que porque mereço mesmo, não sei se dedica ele tanta atenção outras pessoas, é uma questão de empatia, penso eu.

Ah! Um conselho: Não fale de ninguém em Arembepe, não dê cantadas e nem se deixe ser cantada em Arembepe, ali todo mundo é parente, e você corre o risco de dar mais um rebento aos “figueredos”, embora ja existam muitos. É melhor não correr riscos, nem físicos e nem espirituais.

Enfim, vá a Arembepe despreendido de tudo e curta o que você puder curtir, embora, sei eu, que jamais você viverá Arembepe e suas vidas em um só dia, porque ela merece a eternidade.

Esmeralda Martinez – 09.03.2009