segunda-feira, 4 de setembro de 2023

ASÍ FUE XVI


 

Tomei coragem: quero ver a cara deste homem de qualquer das maneiras. Decidi que, na primeira oportunidade eu faria uma chamada de vídeo, mas isto tinha de ser feito na hora certa, porque tinha de ser de primeira, efeito surpresa mesmo, e então esperei até o final de semana, enquanto isto continuava a falar com o Luís, a me deliciar com tudo, estava mesmo envolvida e achando que ele era um Presente do universo para mim. Me peguei muitas vezes pensando quão completo ele era, tipo assim: o que ele tinha de bom de fulano? De beltrano, de sicrano, tirei as qualidades boas dos amores que passaram por mim e as vi, acreditem, todas nele. Mas o ser humano tem defeitos, qualquer um deles, mas eu não encontrava, ao menos virtualmente.

O Luís tinha muitas qualidades, mas a que mais me encantava mesmo era o saber seduzir uma mulher, saber dizer as palavras certas nas horas certas. Eu estava visivelmente encantada. Bom o fato é que eu tinha decidido ligar e o faria em breve

Conversei com o Luís muitas vezes durante a semana, em todos os dias esperava o Meu bom dia. Ele, tal qual a mim, também era um madrugador, o ruim disto era que, a minha madrugada era posterior a dele, e eu estava me acostumando a acordar às duas da manhã, para falar com ele às cinco, quando não antes disto, todavia, valia a pena pois não é todo dia que se acorda com os bons dias que eu recebia.  Aliás, no primeiro dia que vi isto falei para mim mesma: está na hora, este cara vai querer sexo virtual, e olhe que, apesar das minhas restrições quanto a isto, não pelo sexo em si, mas pelo medo desta exposição via internet, já estava me acostumando com a possibilidade

 Diriam vocês, mas o que fazer quando se chega a determinada idade e encontra alguém que vc pensa que está procurando há, minimamente, um século, ou mais? Vidas passadas?

O século é real, percebam que eu passei o século kkkkkkkk; bom, mas ao que parece a virada do século me piorou em termos de ilusões, eu que me achava uma pessoa com os pés no chão, agora andava mesmo idealizando muitas coisas, e em todas o meu Luís estava presente.

Algumas vezes eu tinha a nítida impressão que as coisas (eu e o Luís) já tinham acontecido, só pode ser, porque a sensação que tinha era que muitos momentos atuais já tinham sido vividos e que o nosso conhecimento não era de agora.

 A cada dia que passava eu ia me deixando envolver por aquele homem sedutor, torcia mesmo para que ele não fosse a mesma pessoa por quem a minha amiga estava visivelmente apaixonada; um dia, falando com ela, disse-me que estava explodindo de amor e tesão pelo Francisco, que andava contando os dias para setembro chegar, e era exatamente assim que eu estava esperando talvez o melhor setembro dos últimos anos chegar. Em setembro eu estaria com o Luís aí vivo. Setembro?  Ao mesmo tempo que tinha estes pensamentos, estas idealizações, ficava questionando se eu queria mesmo fazer isto comigo, pois se ele fosse a mesma pessoa da minha amiga, a decepção seria enorme, eu certamente iria assumir este amargor sozinha; jamais contaria isto para ela admitiria isto para ela.

Todavia, para que falar de coisas tristes? Afinal Meu Luís era vida, desejos, sonhos, e continuava eu a alimentar tudo, a sonhar acordada, a idealizar os nossos momentos em Lisboa, andando de mãos dadas pelas ruas como dois adolescentes, com gestos furtivos a nos tocar, a no olhar com olhos brilhantes, a ver o desejo se apresentando sem pudor. Passei mesmo a acreditar nisto e mais ainda quando a reciprocidade me chegava nas palavras que o Meu Luís, ou a responder a alguma colocação ou se antecipando a elas dizia-me coisas maravilhosas, assim pois, por tudo isto, eu tinha de ver este homem e liguei:

 Deus! Que aflição! Mas vi o homem com quem estava a dormir e acordar todo ia dias: No jeito bem português:

 Ah então é ela!

E eu meio sem graça: -Está tudo bem, me parece bem surpreso!

- Então não é para estar? Eu não estava nada a espera! Mas que bom que ligastes

Percebi que ele estava visivelmente emocionado, tanto quanto eu que estava a tremer, mas, ainda assim, pude visualizar o pano de fundo e percebi que ele estava sentado à mesa, o ambiente meio escuro, onde predominava os tons de marrom, que deduzi ser dos móveis: exatamente atrás dele havia um móvel (um aparador, acho eu) sobre ele um espelho grande que refletia o vaso de flores, penso que copos de leite.

O Luís era um senhor homem, traços fortes, um sorriso franco e, como eu, com uma expressividade facial fantástica, dava para ver não só a surpresa mesmo, mas a sua quase euforia ao me vir.

- Estás bem corada disse-me ele, e eu que bem sabia o o motivo, mas disse-lhe que estava no sol, o que não era uma mentira, mas eu estava vermelha era de vergonha mesmo kkkkkkkk, este mi há parte tímida, a que ninguém crê que tenho, se fez presente naquele momento,

Comentei que estava num restaurante à beira do mar, e que o dia estava quente e lindo   até mostrei-lhe e estava tomando um drink.

Sim eu estava tomando uma drink sozinha, comemorando o meu novo “modus” de amar, amor sem toques, apenas visual, mas que, até então, dava-me muito prazer e me fazia feliz.

Por algum motivo a ligação caiu, fiquei a espera dele retornar, o que não aconteceu de imediato, depois já não pude falar, o João veio sentar-se à mesa comigo e ficamos conversando e eu nem mesmo olhei o celular, embora, não nego, estava hiper curiosa...   

 

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