sexta-feira, 18 de outubro de 2019

Psicografando! Será?

Monsarraz - Alentejo Pt.

Era muito estranho, desde a última vez em que o Núncio do senhor Garcia esteve aqui em casa, não mais tive qualquer notícia dele. Ficava me perguntando: Será que ele morreu de uma vez? Sim, porque ele  no tempo certo, e segundo a historia oficial, o senhor Garcia falecera no mês de maio; assim, como o Núncio aqui esteve em maio, me dizendo que o senhor Garcia queria falar comigo lá no hospital da Santa Casa,  penso eu definitivamente ele se foi e que  não mais vai aparecer.
Também, se apareceu não conseguiu me encontrar, estive viajando por quase um mês inteiro, e ele com exceção de só uma vez no trem em Lisboa indo para Cascais, ele só me aparecia lá m casa em Arembepe.
Em Portugal pensei muitas vezes nele, mas nada aconteceu. Um dia indo para a casa da Vera lá em Oeiras, vi uma loja com um anuncio de leitura de TARÔ. Me interessei e entrei na loja, e marquei a consulta com a taralóga para o dia seguinte; No dia  da consulta cheguei e lá havia uma senhora bem bonita, não sei porque, não entendo bem, estava ela toda de preto,  vestia uma roupa que eu não conseguia definir muito bem, parecia uma dama antiga  vestindo preto, um odelo de roupa de pessoas de outro século, no de saraus, de castelos, enfim, a mulher era bem diferente.
Pediu-me que dissesse a minha data de nascimento e a hora do meu nascimento, disse-lhe, daí ela já me falou uma série de coisas, inclusive que eu tinha uma mediunidade extraordinária e que eu tinha capacidade de cura pelas mãos.  Como é a quarta ou quinta vez que ouço isto, penso que daqui para frente vou tentar desenvolver isto. Entretanto, isto não foi o interessante da minha consulta.  Ela continuou e acabou de me dizer algumas coisas que via nas cartas, umas boas e outras más, e perguntou-me se eu queria saber alguma coisa especifica: falei-lhe que queria publicar um livro, e seu eu conseguir isto.
Antes de abrir o baralho ela me perguntou sobre o que seria o livro que eu queria publicar.  Falei que era sobre a história da Bahia no período colonial, bem lá nos primórdios do descobrimento e colonização.  Também falei mais ou menos como seria a metodologia que iria aplicar.  Dito isto ela jogou as cartas e me disse claramente: “sim você vai publicar o livro, mas quem será o autor?”  Obviamente que serei eu, respondi.  Aí ela argumentou: “Você!!!!! E o espirito que lhe informa  os fatos, os acontecimentos?”  Fiquei olhando para a mulher, devo ter feito uma cara completamente idiota, porque ela  falou:  “Se estás a psicografar O autor do livro é o espirito e não você”.
Minha cara deve ter piorado mais ainda: “Que espirito o que?  Ninguém me aparece não, eu criei este personagem(espiritual) embora ele realmente tivesse existido e sido tão importante na história da Bahia, mas nunca o vi, e os fatos que narro são frutos de pesquisa minuciosa, leituras, etc.”.
E ela insiste: “Estás enganada,  este homem sobre o qual escreve, é que lhe conta  a sua própria história, e portanto você é somente um conduto, um elo de ligação dele, entre o mundo dos espíritos  e a terra.”
Não pude deixar de rir, estava achando aquilo bem engraçado. Então eu faço força e o Senhor Garcia acha bonito. Imaginei a cara dele rindo de mim, e me provando que ele era o poderoso mesmo, mas eu tinha a certeza absoluta que a taróloga  entrou numa wiber  que  eu não entendia, ou não queria entender, até porque aquilo não era mesmo verdade.  O Senhor Garcia, apesar de um personagem que eu não posso dizer fictício, tivesse existido mesmo, eu não   me vejo vendo-o em sua forma etérea e a ouvir ele descrevendo os fatos.

Com a afirmação de que conseguiria publicar o livro, com grandes novidades que provocariam polemicas, pois  eu falaria de coisas que o Senhor Garcia sabia, e só ele sabia, e nada disso poderia ser comprovado através de documentos, o que significaria uma série de questionamentos e poucas respostas para eles, deixei o local  e saí  ladeira acima, voltando para casa da  Vera e pensando  em tudo aquilo que ouvira.
A esta altura eu já estava mesmo querendo que, o que a mulher falou, se tornasse realidade.  Já pensou eu falar diretamente com o senhor Garcia e ter informações de, minimamente, sessenta e poucos anos de história da Bahia, e não só dela? Saber de fatos e acontecimentos   que somente eu, euzinha, saberia, contados pelo próprio senhor da Torre.  Ah! Seria bom demais!
Voltei de Portugal e estou aqui, mas nada acontece, o Senhor Garcia não aparece, e acho que não vai mais aparecer, MORREU, literalmente morreu e levou o seu espirito que vagava  por suas  terras e invadindo o que ele achava ser ainda seu, a exemplo da minha casa, onde ele chegava sem qualquer cerimônia.
Estava realmente com saudade de exercitar a minha imaginação e conversar mais com o Senhor da Torre, mas parece que não vai ser ainda hoje, vou ter de aguardar às ordens do dito senhor, ou então, ir em alguma sessão espírita para ver se o trago de volta.
            

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