Querido amigo,
Amanhã, dia sete de novembro, será
um dia bem importante para mim por diversos motivos: primeiro porque minha neta
completa um ano de vida, a quem eu desejo muita felicidade junto a todos que a
amam, segundo porque o dia me faz
lembrar de uma pessoa muito importante na minha vida, o meu ex sogro, Sr.
Adauto Gomes a quem agradeço por todos os motivos que ele mesmo, onde estiver, sabe.
O terceiro motivo, que me perdoem os dois primeiros: você. Você meu querido e
inesquecível amigo. O dia será especial para nós dois; para nós dois, para sua
esposa e para o seu rival, porque amanhã
estou lançando um livro em sua homenagem e, para homenageá-lo,
logicamente, não poderia esquecer, de
maneira nenhuma, de falar da sua esposa
– Lisboa e do seu, por mim e por ela, adorado rival: o Tejo.
Você sabe quantas vezes escrevi
sobre e de você; sobre seus costumes,
sua cultura, seus recantos e encantos. Quantas vezes falei da sua adorável
esposa, e quantas e quantas vezes me
inspirei no Tejo para falar de você.
Pois é amigo. Resolvi que todos estes textos deveriam ser conhecidas por
todos, por quem conhece, por quem desconhece, por quem quer conhecer, por quem
vive no seu espaço. É evidente que nem
todas falam muito bem de você, fiz algumas
criticas, mas você bem sabe que elas são verdadeiras, e exatamente
por lhe
amar tanto, por lhe querer tanto, é que fiz alguns comentários que você
e os seus podem não gostar, mas fiquem certos, você e eles, se os fiz foi
porque os quero melhores.
Sei que nem você, nem a sua esposa, e nem qualquer dos filhos seus (sítios,
lugares) precisam da minha propaganda,
vocês são tão belos que não necessitam
que eu fale de vocês, mas vá lá: quem sabe alguém fica na dúvida de ir aqui ou
ali, e eu, que quero conhecer-lhe mais e mais, posso dividir o pouco que conheço e que já me fez admirá-lo tanto, com
os que estão indecisos.
Você, que não é só os lugares mais famosos: Lisboa, Cascais, Coimbra,
Fátima,Évora, Porto, Portimão, Vila Moura precisa mostrar ao mundo os tantos e
tantos outros lugares que abriga. Você precisa se exibir para
os desconhecidos e encantá-los extraordinariamente.
Todos têm que conhecer as suas entranhas, as suas pequenas aldeias, as
suas comidas (ah que saudade!) cada peculiaridade
das suas regiões. Comer um leitão de
Bairradas em Bairradas, não tem preço. Comer um sarrabulho em Ponte de Lima,
esperando que a qualquer momento um batalhão de soldados medievos alcance a ponte e atravesse para lutar no outro lado, Ir a Arganil comer os seus chouriços, ir até
a Serra da Estrela para comer aquele queijo maravilhoso e os seus embutidos.
Olhe, não sei não. Pedir um bacalhau à Lagareira, um polvo à Lagareira, em
qualquer lugar do país, mas mui principalmente em Lisboa e ali, pertinho, do
outro lado, em Cacilhas. E os vinhos, hein amigo! Que variedade! Ninguém
precisa ser rico para beber um bom vinho
produzido por vocês. A Herdade do Esporão, com o seu Esporão, mas com
tantos outros vinhos mais populares - O
Monte Velho, 4 Castas, Duas Castas, enfim.
Logicamente que num dia especial, para os menos providos de dinheiro,
pode-se fazer uma exceção ao bom vinho da casa dos restaurantes e tascas e
beber, sorvendo cada gole, um Cartuxa ou um Pera Manca(Eugênio Almeida); Um Quinta
do Castro; Um Quinta da Bacalhôa; Um Quinta do São João, e tantas outras adegas,
herdades e quintas, sem falar da variedade das “castas” (touriga nacional,
aragonês, alicante bouschet,baga e muitas e muitas outras) que você coloca à disposição do mundo.
Ir ali, bem pertinho de Lisboa, em Setúbal e Sesimbra, comer os seus famosos mariscos, uma açorda de marisco, um rodizio de frutos do mar, um
besugo e as suas sardinhas. Setúbal agora, depois que
resplandeceram Tróia, tem mais motivos para ser visitada mesmo. E os
vinhos da rota de Setúbal? Embora eu ainda prefira os alentejanos, questão de
preferência; me apaixonei pelo Cartuxa à primeira vista: comecei a apreciá-lo mesmo enquanto a garrafa estava fechada. A
garrafa do Cartuxa desperta naquele que vai degustar o seu conteúdo exatamente o desejo. A garrafa é poderosa, o
seu rótulo marron claro( acho que é esta a cor) se destaca da garrafa escura,
forte, pesada, sem, entretanto, desviar a atenção do degustador do líquido que ela esconde, e
bem, dentro das suas entranhas, que ela
não deixa transparecer, é enigmática. Ah Meu Deus! Quando a gente ouve o “toc”
da retirada da rolha , depois do breve tempo para a sua respiração, quando o
líquido vermelho granada vai sendo
colocado na taça, que sensação: é puro, mas puro desejo mesmo, uma atração
forte, as narinas se abrem para sentir o aroma, as papilas se preparam
esperando o grande momento. Sim meu querido, não fique com ciúmes não, mas quem
manda produzir uma coisa tão gostosa
desta, tão sensual, tão prazerosa, tão excitante.
Quem pode deixar de ir até o Porto e
fazer o passeio pelo D´ouro? Entrar nas
caves em Vila Nova de Gaia, comer as
“francesinhas”, passar por Vila do Conde, Póvoa do Varzim. Viver um pouco a
cidade do Porto com toda a sua importância histórica. Viseu, Guimarães, Braga, Bragança, Chaves. Pôxa! É tanta beleza, tanta
coisa, que eu mesmo me atropelo.
E o Alentejo litorâneo, nem lhe conto como estou saudosa: Melides, Lagoa Santo
Andre, Vila Nova de Mil Fontes, Zambujeira do Mar, Porto Corvo, Sines. Não sei
não, inesquecível.
É querido amigo. O que quero com
esta publicação é, exatamente, saudá-lo e agradecer-lhe muito por toda a
oportunidade que me deu de tornar-me sua amiga, mesmo com o ciúme da sua esposa,
que não lhe quer dividir comigo, embora ela própria se divida entre você e o
Tejo e esperar que, através desta
exposição sobre mim e você,(razão do titulo do livro) que as pessoas se
inspirem e despertem o “desejo” de lhe
conhecer em todos os sentidos.
Espero que goste, você e todos os seus
filhos e admiradores.
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