quinta-feira, 6 de novembro de 2014

Uma homenagem

Querido amigo,
Amanhã,  dia sete de novembro, será um dia bem importante para mim por diversos motivos: primeiro porque minha neta completa um ano de vida, a quem eu desejo muita felicidade junto a todos que a amam,  segundo porque o dia me faz lembrar de uma pessoa muito importante na minha vida, o meu ex sogro, Sr. Adauto Gomes a quem agradeço por todos os motivos que ele mesmo, onde estiver, sabe. O terceiro motivo, que me perdoem os dois primeiros: você. Você meu querido e inesquecível amigo. O dia será especial para nós dois; para nós dois, para sua esposa e para o seu rival, porque amanhã  estou lançando um livro em sua homenagem e, para homenageá-lo, logicamente,  não poderia esquecer, de maneira nenhuma, de  falar da sua esposa – Lisboa  e do seu, por mim e por ela, adorado rival: o Tejo.
Você sabe quantas vezes  escrevi sobre e de  você; sobre seus costumes, sua cultura, seus recantos e encantos. Quantas vezes falei da sua adorável esposa, e quantas  e quantas vezes me inspirei no Tejo para falar de você.
Pois é amigo. Resolvi que todos estes textos deveriam ser conhecidas por todos, por quem conhece, por quem desconhece, por quem quer conhecer, por quem vive  no seu espaço. É evidente que nem todas falam muito bem de você, fiz algumas  criticas, mas você bem sabe que elas são verdadeiras, e exatamente por  lhe  amar tanto, por lhe querer tanto, é que fiz alguns comentários que você e os seus podem não gostar, mas fiquem certos, você e eles, se os fiz foi porque os quero melhores.
Sei que nem você, nem a sua esposa, e nem qualquer dos filhos seus (sítios, lugares) precisam  da minha propaganda, vocês são tão belos  que não necessitam que eu fale de vocês, mas vá lá: quem sabe alguém fica na dúvida de ir aqui ou ali, e eu, que quero conhecer-lhe mais e mais, posso dividir o pouco que  conheço e que já me fez admirá-lo tanto, com os que estão indecisos.
Você, que não é só os lugares mais famosos: Lisboa, Cascais, Coimbra, Fátima,Évora, Porto, Portimão, Vila Moura precisa mostrar ao mundo os tantos e tantos outros lugares que abriga. Você precisa se exibir  para  os desconhecidos e encantá-los extraordinariamente.
Todos têm que conhecer as suas entranhas, as suas pequenas aldeias, as suas  comidas (ah que saudade!) cada peculiaridade das suas regiões.  Comer um leitão de Bairradas em Bairradas, não tem preço. Comer um sarrabulho em Ponte de Lima, esperando que a qualquer momento um batalhão de soldados  medievos alcance a ponte  e atravesse para lutar  no outro lado,  Ir a Arganil comer os seus chouriços, ir até a Serra da Estrela para comer aquele queijo maravilhoso e os seus embutidos. Olhe, não sei não. Pedir um bacalhau à Lagareira, um polvo à Lagareira, em qualquer lugar do país, mas mui principalmente em Lisboa e ali, pertinho, do outro lado, em Cacilhas. E os vinhos, hein amigo! Que variedade! Ninguém precisa ser rico para beber um bom vinho  produzido por vocês. A Herdade do Esporão, com o seu Esporão, mas com tantos outros vinhos mais populares -  O Monte Velho, 4 Castas, Duas Castas,  enfim.  Logicamente que num dia especial, para os menos providos de dinheiro, pode-se fazer uma exceção ao bom vinho da casa dos restaurantes e tascas e beber, sorvendo cada gole, um Cartuxa ou um Pera Manca(Eugênio Almeida); Um Quinta do Castro; Um Quinta da Bacalhôa; Um  Quinta do São João, e tantas outras adegas, herdades e quintas, sem falar da variedade das “castas” (touriga nacional, aragonês, alicante bouschet,baga e muitas e muitas outras) que você  coloca à disposição do mundo. 
Ir ali, bem pertinho de Lisboa, em Setúbal e Sesimbra, comer os seus  famosos mariscos, uma açorda  de marisco, um rodizio de frutos do mar, um besugo e as suas sardinhas. Setúbal agora, depois  que  resplandeceram Tróia, tem mais motivos para ser visitada mesmo. E os vinhos da rota de Setúbal? Embora eu ainda prefira os alentejanos, questão de preferência; me apaixonei  pelo Cartuxa  à primeira vista: comecei a apreciá-lo  mesmo enquanto a garrafa estava fechada. A garrafa  do Cartuxa  desperta naquele  que vai degustar o seu conteúdo  exatamente o desejo. A garrafa é poderosa, o seu rótulo marron claro( acho que é esta a cor) se destaca da garrafa escura, forte, pesada, sem, entretanto, desviar a atenção  do degustador do líquido que ela esconde, e bem,  dentro das suas entranhas, que ela não deixa transparecer, é enigmática. Ah Meu Deus! Quando a gente ouve o “toc” da retirada da rolha , depois do breve tempo para a sua respiração, quando o líquido  vermelho granada vai sendo colocado na taça, que sensação: é puro, mas puro desejo mesmo, uma atração forte, as narinas se abrem para sentir o aroma, as papilas se preparam esperando o grande momento. Sim meu querido, não fique com ciúmes não, mas quem manda produzir uma coisa tão  gostosa desta, tão sensual, tão prazerosa, tão excitante.
Como estamos falando em bebidas: como deixar de parar ali, nas portas de Santo Antão ou no Largo de São Domingos e tomar a ginja, ou ainda partir para Óbidos e beber na fonte  este licor. Fico só imaginando no medievo se é que já faziam a ginja, e posso imaginar as saias longas arrastando-se pelas pedras  da cidade murada, para ser levantada em algum lugar mais escondido para que os efeitos reais  da bebida fossem apreciados. Olhe que imaginação! Mas é você que me faz isto, porque em você posso sair da modernidade e em minutos entrar no medievo, do medievo  ir para a antiguidade e ver ruínas romanas, depois, como num passe de mágica, entrar no domínio dos “Al”- o Portugal  mouro, mais adiante o Portugal galego, enfim, você  sozinho faz a história passar pela nossa frente em um passe de mágica. O poder que vocês tiveram está refletido em seus monumentos: suas torres, seus faróis, seus castelos, seus monastérios, seus conventos, seus fortes, suas universidades.
Quem pode deixar de ir até o Porto  e fazer o passeio pelo D´ouro?  Entrar nas caves em Vila Nova de Gaia, comer  as “francesinhas”, passar por Vila do Conde, Póvoa do Varzim. Viver um pouco a cidade do Porto com toda a sua importância histórica.  Viseu, Guimarães, Braga,  Bragança, Chaves. Pôxa! É tanta beleza, tanta coisa, que eu mesmo me atropelo.
E o Alentejo litorâneo, nem lhe conto como estou saudosa: Melides, Lagoa Santo Andre, Vila Nova de Mil Fontes, Zambujeira do Mar, Porto Corvo, Sines. Não sei não, inesquecível.  
É  querido amigo. O que quero com esta publicação é, exatamente, saudá-lo e agradecer-lhe muito por toda a oportunidade que me deu de tornar-me sua amiga, mesmo com o ciúme da sua esposa, que não lhe quer dividir comigo, embora ela própria se divida entre você e o Tejo e esperar que, através  desta exposição sobre mim e você,(razão do titulo do livro) que as pessoas se inspirem e despertem o “desejo”  de lhe conhecer em todos os sentidos.
Espero que goste, você e todos os seus  filhos e admiradores.    

       

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