Rua Augusta-Lisboa |
Tejo-Lisboa |
Não entendo mesmo, primeiro
porque acho que é quase uma obrigação de brasileiro que tem condição de ir até
a Europa, conhecer Portugal, afinal de
contas, queiramos ou não, a nossa história está imbricada com a daquele país, e
todos nós, brasileiros, precisamos saber da nossa própria história, talvez, se soubéssemos
mesmo da nossa história, não abriríamos a boca para falar com desdém de
Portugal.
Eu tive motivos diversos do de ser
“brasileira” para conhecer Portugal, ou melhor, a Península Ibérica; meu pai
era galego de Pontvedra, Galícia, Espanha, e, portanto, queria entrar na Europa
pela Espanha, mas tive de entrar por Lisboa e daí partir para a Espanha, no
entanto, no meu roteiro estava Portugal, porque é um país que participou da
nossa história, aliás, nós fomos Portugal em determinado tempo, porque como
colônia quer éramos, pertencíamos a Portugal, portanto, o nosso território,
apesar do Atlântico separando, era território português e nós, portanto,
portugueses. Se eles queriam ou não que nos considerássemos assim, não
interessa, o fato é que o território português era o de Portugal e suas
colônias.
Santa Catarina-Lisboa |
Do Brasil já governamos Portugal, ou seja, por um período as coisas se inverteram, e nós sediamos o Reino Português, e todos precisam ter a exata noção do que isto significa. Fomos a única colônia portuguesa que teve este privilégio. Aliás não foi a toa que estivemos sempre na vanguarda de todo as colônias, e não foi sem causas que alcançamos a nossa independência tão cedo, isto se lembrarmos que as demais colônias(africanas) só conseguiram as suas respectivas independências na década de 70 do século XX, a grande maioria em 1974.
Se a Corte Portuguesa não tivesse
vindo para o Brasil e se aqui não se instalasse a Monarquia Portuguesa,(1808)talvez a nossa
independência também só tivesse acontecido contemporaneamente às demais
colônias.
O Rei de Portugal veio com a sua
corte para o Brasil, deixou Portugal entregue ao seu próprio destino, com Napoleão invadindo Lisboa (1807). A decisão de
transferir a Corte para o Brasil não derivou, essencialmente, da invasão
napoleônica, a decisão fora tomada antes, tendo em vista “a posição central
ocupada pelo Brasil no sistema comercial luso-brasileiro”(MAXWELL E NIZZA DA
SILVA,1986:382). O rei Dom João VI veio para o Brasil, com toda a sua corte,
trazendo consigo, artistas, letrados, doutores.
Segundo (FLEIUSS;1922:64), a comitiva do rei era composta de
aproximadamente quinze mil pessoas. O Brasil, portanto, em 1808 perde a sua
condição de colônia, para alcançar a de Reino, e em 1816 cria-se o Reino Unido
de Portugal, Brasil e Algarves.
Viseu-Pt. |
Chaves-Pt |
Lisboa |
Lisboa |
Os fortes: Ah os fortes! Maravilhas
da construção portuguesa no nosso país, guardavam a terra contra outros
invasores. As nossas igrejas, a exemplo da Igreja de São Francisco em Salvador
– Bahia. Há obra mais perfeita de
arquitetura? Quem idealizou isto e fez
isto possível? Quem, de uma maneira ou de outra, usando os nossos índios ou
não, utilizando ou não braços escravos, construiu aquedutos, fortes,
fortalezas, cidades? Lembrem-se de Olinda, em Pernambuco, do forte de São
Marcelo na Baía de Todos os Santos, do forte de Santa Maria, do Montserrat, das
fortalezas em Recife, Itamaracá, Reis Magos em Rio Grande do Norte e tantos
outros no nordeste brasileiro e em todo o país.
Bom não vou mais falar da
influência portuguesa no Brasil, ela é visível e não adianta ninguém querer apagar esta história, até
porque ela é a nossa história; quero falar mesmo é de Portugal hoje.
Pequeno! Sim, é um país pequeno; mas se
pensarmos exatamente nesta pequenez
e lembrarmos o que ele conseguiu fazer
em tantas partes do mundo, já conseguimos vislumbrar a sua grandeza. Não estou
querendo fazer qualquer apologia de Portugal, mas temos de tirar o chapéu para
um país que conseguiu chegar a tantos lugares, Ásia, África, América do Sul e
deixar as marcas da sua passagem.
Rossio -Lisboa |
Quando vocês chegarem à Lisboa, certamente, todas estas impressões errôneas cairão por terra, Ninguém que for a Portugal vai esquecer Lisboa, onde você pode partilhar cultura com tantos, a cidade é cosmopolita. Há gente de todos os lugares naquela capital, seja das antigas colônias, seja da Europa atual. Cruzamos nas suas ruas com gente de todos os cantos do mundo, bem verdade que os africanos, indianos, chineses, são mais facilmente identificáveis, os traços físicos os fazem inconfundíveis. Portugal teve colônias em Macau, Timor, Índia, África (Angola, Cabo Verde, São Thomé, Moçambique, Guiné) e seria impossível não encontramos pessoas destes lugares instaladas na cidade. Os chineses são diferentes, porque eles estão em todos os lugares do mundo, parecem onipresentes, tudo igual, mesmo cabelo, mesma cara, mesmo olho puxado, enfim.
Nos transportes podemos ver
pessoas falando diversos idiomas, ficamos
com cara de besta vendo tantos falarem tantas línguas diferentes. Vamos ficar encantados quando um motorista de
ônibus, um atendente que trabalha no guichê de passagens, um garçom, muitos
outros profissionais, falarem francês, inglês, espanhol, alguns até mesmo
alemão. É bem verdade que não são todos, mas você vai se surpreender mesmo com
a quantidade.
Há preconceitos? Há sim, mas o
que nós queremos? Afinal aquele país nos
perdeu, e ninguém pode ficar satisfeito perdendo um país como o nosso, ficaram um tanto
complexados, mas isto não obscurece a
grandeza de Portugal .
Passear pelo interior de
Portugal, encontrar ruínas romanas, ver a influência árabe, deambular pelas
suas cidades, pelas suas praias, é sensacional. Temos muito que ver naquele país.As
pessoas que dizem que não tem interesse
em conhecer Portugal que preferem a França, a Inglaterra, vão mesmo ficar boquiabertos.
Badajoz-Es |
Ruína romana-templo de Diana-Évora-Pt |
Ir até o Alentejo, visitar o
templo romano dedicado a Diana em Évora, ver as Igrejas seculares,a Sé de Évora
foi iniciada em 1186, os castelos
medievais, as muralhas, os grandes mosteiros, andar pelas ruinhas e praças, ver a Unversidade,(1559) dali ir a Elvas,
atravessar para a Espanha, alcançar Badajoz é sensacional. De todas as direções que tomar, saindo de
Lisboa, você vai alcançar a Espanha, é a fronteira natural do país, só com ele
é que Portugal tem fronteiras na Europa, por isso mesmo os portugueses avançaram para o mar. Se
seguir para o sul vai atravessar todo o Alentejo e ter várias opções de entrar
na Espanha, você vai conhecer
o Algarve, vai ver a influência árabe em Portugal, vai alcançar Vila de Santo Antonio e daí entrar na Espanha
por Ayamonte, tudo isto margeado pelo
Guadiana, rio que separa, em diversas
localidades, a Espanha de Portugal, a exemplo de Elvas, que de um lado é Portugal e do outro lado Espanha.
Todavia, antes de chegar a este ponto, você já passou por Setubal, pela rota
dos vinhos, Pela Prainha, e pode também ter acesso a belas praias do Alentejo, a exemplo de Lagoa de Melides, Vila Nova de Milfontes, Zambujeira do Mar, e muitas outras; você pode ainda no Alentejo alcançar o Algarve visitar Vila
Moura, Portimão, Albufeira, Olhão, Tavira, Faro pode ir a Sagres, Lagos, e
tantos outros lugares, tudo isto antes de adentrar à Espanha.
Praia de Nazaré-Pt. |
Canais-Aveiro-Pt. |
Se preferir outro roteiro, você vai para Espinho, Braga, Viana do Castelo, pode esticar mais um pouco e vai entrar em Trás os Montes e vai conhecer Guimarães, antes porém vai passar em Vila Real, e segue para alcançar Chaves, que fica a poucos Km de Verin também na Galícia.
Ponte de Lima-Pt. |
Igreja de Nossa Senhora do Sameiro Viana do Castelo-Pt |
Por tudo isto, por ser
brasileiro, pela cultura, pela história, vá a Portugal, tenho certeza que não
se arrependerá e ajudará a que ninguém mais diga que aquele país não esta dentro do seu roteiro de
viagem a Europa, não repita mais isto e
nem deixe que ninguém o faça, pois quando você fala que Portugal não presta,não
oferece atrativos para o turismo, você está dando um grande atestado do seu
desconhecimento, seja cultural, seja histórico. Vá lá com o espírito aberto,
desfaça-se de qualquer preconceito e qualquer pré-conceito. Viva Portugal,
conheça Portugal. Tenho certeza que você jamais esquecerá deste pequenino
grande país.
Bibliografia
MAXWELL, Kenneth, NIZZA DA SILVA, Maria Beatriz, “A Política”. Nova História da Expansão Portuguesa, O Império Luso-Brasileiro, 1750-1822, (direc). Joel Serrão e A.H. Oliveira, Marques, Vol. VIII, (coord). de Maria Beatriz Nizza da Silva, Lisboa, Editorial Estampa, 1986.
MAXWELL, Kenneth, NIZZA DA SILVA, Maria Beatriz, “A Política”. Nova História da Expansão Portuguesa, O Império Luso-Brasileiro, 1750-1822, (direc). Joel Serrão e A.H. Oliveira, Marques, Vol. VIII, (coord). de Maria Beatriz Nizza da Silva, Lisboa, Editorial Estampa, 1986.
FLEIUSS, Max. Historia Administrativa do Brasil, 2ª.ed. São Paulo, Cia Melhoramentos de São Paulo, 1922.
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