Ontem, véspera do dia 01 de maio – Dia do Trabalhador - , antes do Jornal
Nacional, ouvi o pronunciamento da Sra. Presidenta da República Brasileira –
Dilma Roussef, que, apesar do nome, é brasileira, aliás, orgulhosa e ostensivamente, a
primeira mulher a exercer o cargo no nosso país, dirigido aos brasileiros e brasileiras trabalhadores.(aviso que presidenta o foi por decreto da própria presidente, que faz questão de assim ser chamada).
Confesso que não ouvi todo o discurso, não gosto da maneira Roussef de se dirigir ao público,
tampouco aos seus pares, enfim, não
gosto mesmo, no caso de política, de palavras, e sim de ações, por isso mesmo não assisto a tais pronunciamentos, o que é um erro da
minha parte, mas cansei de ouvir promessas não cumpridas, de jogo de palavras
para enganar pessoas, de alteração de dados para confirmar o inconfirmável, e
de ouvir grandes baboseiras, como acontecia em passado recente com um
presidente que continuava achando que
era um lider sindical.
Bom o fato é que ouvi algo sobre a queda dos juros, o que efetivamente está
ocorrendo, não é nenhuma balela, embora isto nao seja nenhum favor que se está
fazendo aos brasileiros, é sim um atributo constitucional do governo, Art. 5º, XXXII, que tem obrigação de promover, na forma da lei, a defesa do
consumidor, mas o que veio depois
disto, inclusive após o pedido da presidenta
para que os bancos particulares sigam o exemplo dos bancos oficiais,
Caixa Econômica Federal e Banco do Brasil, baixando os juros, foi que me deixou
estarrecida. Talvez a palavra seja muito forte, mas foi assim mesmo que fiquei, numa surpresa sem tamanho,
porque a senhora presidenta, que estava se dirigindo aos trabalhadores e
trabalhadoras deste país, dizia que os juros
estavam baixando, e iam baixar muito mais, e os brasileiros e
brasileiras teriam acesso a financiamentos mais baratos, inclusive, em
relação aos empréstimos consignados.
Porra! então nós queremos que os juros
baixem para nos endividarmos, para comprometermos os nossos parcos salários
mais ainda? É este o discurso de desenvolvimento? Bom, provavelmente, teremos que nos endividar para colocar nosso filhos nas escolas
particulares, para pagar as universidades particulares, os cursos técnicos
particulares – lembrando que de uns tempos para cá, os cursos oferecidos pelo
SESC e SENAC são pagos, para pagar
assistência médica particular, pagar mais IOF e outros impostos ao governo
para que este tenha maior arrecadação, e
para que os senhores empresários aumentem os seus lucros em razão do
crescimento do consumo.
Como não assisti todo o pronunciamento, não sei se a senhora presidente falou de algum aumento real, se lembrou dos
aposentados, outrora trabalhadores e trabalhadoras deste país, que não terão
aumento, porque certamente, depois que fazemos 60, 65 ou 70 anos,
possivelmente, não precisamos de comer, dormir, ter lazer, nada, ficamos
velhos e pronto, embora continuemos a contribuir para o sistema de previdencia
social, tal qual um trabalhador da ativa.
Também não sei se a senhora presidente falou sobre a formação profissional
do trabalhador brasileiro, se há alguma perspectiva do aumento de vagas para
cursos de qualificação, claro que patrocinados pelo Estado, para que as vagas
que existem para os trabalhadores, as que estão sendo oferecidas, possam ser preenchidas a curto prazo.
Fico indignada com a imagem que se
está formando no exterior sobre o
Brasil, posso dizer isto com uma grande
certeza. Há uma propaganda enganosa retada, porque depois que o Senhor Presidente Lula convocou os brasileiros que estavam fora do
país para retornarem ao país das maravilhas, uma grande maioria deles começou a voltar e a divulgar que no Brasil
ia se dar bem, que havia muitas vagas de emprego, que estava na hora de "go back home".
Sem dúvida que eles merecem voltar.
Uma grande maioria vive de forma precária, embora muitos deles vivam melhor lá de que nas suas cidades de
origem aqui no Brasil. Uma grande
maioria tem subempregos, aliás, coisa
que também aqui teriam, no entanto, sobrevivem e, se conseguem a sua
regularização no país onde estão, têm acesso a um imenso número de beneficios.
Logicamente que são tratados diferentemente, afinal a xenofobia está em plena “moda” no Ocidente, porque eles também estão a
passar por grandes dificuldades, vide Portugal, Espanha, Grécia, Itália, e
outros países da zona euro. Sarkosy que
divide com a Ministra Alemã, a poderosa,
as rédeas da comunidade européia,
há alguns meses atrás tentou, e até conseguiu, fazer uma limpeza “étnica” em
França, pois mandou embora muitos e muitos
“ciganos” europeus para fora do
seu país, embora de nada tenha adiantado muito, isto porque alguns já
retornaram. Agora, uma das promessas da sua campanha politica é exatamente
endurecer em relação a entrada de estrangeiros no país, ao menos é o que ouvoi
hoje no Jornal da Globo pela manhã, quando noticiaram os números da campanha na
França, assegurando a diminuição da diferença entre o presidente da França e o
outro candidato.Por falar em campanhas políticas, o Osama Been Laden a esta
altura está mesmo se revirando na cova, se é que morreu mesmo e foi enterrado,
porque o seu “assassinato” está sendo usado como um trunfo pelo presidente
candidato à reeleição nos Estados Unidos.
Portugal está cheio de “poloneses” “romenos” “ucranianos”, “tchecos”, “russos”, “indianos”, “chineses”
(estes estão em todas as partes do mundo, acho eu, porque em todos os lugares
que ja estive há guetos de chineses, bairros chineses, restaurantes chineses, lojas de chineses),
que conseguem vender coisas por um preço
imbatível, ainda que as coisas não sejam de boa qualidade e muitos dos artigos
sejam imitações baratas de grandes marcas, que são vendidas nas feiras livres
de Portugal, onde os “ciganos” são os
grandes comerciantes. Vende-se tênis de marca fabricados na Indonésia,
bolsas da Gucci, Lui Vouiton, Armani,
Dolce Gabana, Tous, Lacoste, etc., todas as grandes marcas enfim, em barracas de lona armadas nos
finais de semana em Lisboa, e nos dias de semana em outras praças.
As jovens que saem dos seus países ou vão ser domésticas, ou exercem a
profissão do “corpo”, sem muito prazer é claro, acho eu, porque quando passo
pelas esquinas das ruas do centro de Lisboa e vejo os tipos que elas
pegam dá mesmo vontade é de vomitar, isto também acontece com
brasileiras, que se prostituem para juntarem “ algum” e voltarem para o
Brasil, hoje não mais com dinheiro suficiente para compar um barraco. Já
conheci muita gente que conseguiu trabalhar duro na Europa e fazer casa aqui no
Brasil. Já se foi o tempo, mas isto já existiu.
Em relação aos homens, a grande maioria vai trabalhar na construção civil,
quando muito nos cafés de Portugal, onde
todos, e aí é sem exceção, fazem de tudo, do trabalho de servir mesas à
limpeza do estabelecimento, tudo enfim, embora isto seja uma cultura de Portugal, em que a grande maioria dos
cafés e tascas são empresas familiares, em que toda uma família trabalha e faz
todo o serviço, desde a limpeza até à comida.
Pois são estes trabalhadores brasileiros, que tem de ter mais de um ou dois
empregos para sobreviverem fora do país, que estão sendo convidados a voltar,
atraídos com o engôdo de que aqui no Brasil
há vagas de emprego. Que tipo de vagas será oferecido para um “cidadão”, que trabalhou clandestinamente na
construção civil ? Qual a qualificação
de um cidadão ou cidadã que trabalhou
servindo mesas em algum café ou restaurante de Portugal,ou de qualquer
outro país? Qual o emprego que será oferecido a um brasileiro ou brasileira que
limpava as arquibancadas do estádio de football(este teve muita sorte, porque
embora trabalhando com os recibos verdes estava regularizado no país)? Vai ser
ele lixeiro? Penso que nem isto, porque o nível de escolaridade que se exige
agora para a contratação de um empregado é fora da nossa realidade, aliás, se o
emprego de lixeiro não for terceirizado,
exige aprovação em concurso público, em
que é imprescindível escolaridade mínima.
A construção civil esta precisando de mão-de-obra: não duvido, a
televisão toda a hora mostra a necessidade, mas o que se quer é mão-de-obra
qualificada, o que não temos, porque o país não proporciona esta qualificação,
descumprindo mais um mandamento constitucional, Art. 23, V. No entanto, os juros
baixaram e a senhora presidente,
indiretamente, convida a que os poucos trabalhadores (funcionários públicos
inclusive) que podem ter o seu salário comprometido com as consignações, se
endividem para conseguirem viver
condignamente, para que possam ter os seus direitos sociais, Art. 6º da
Constituição Federal.
Os funcionários públicos, que vem sendo sacrificados desde o Governo antecessor, continuam sendo
desprestigiados, mas podem e devem,aliás necessitam, tomar empréstimos
consignados a juros baixos, um presente de grego do governo, para manter seus filhos em escolas particulares, para que
que possam ter uma assistência médica particular, para que eles aprendam uma língua
estrangeira e possam concorrer a uma vaga de emprego, enfim, para se
qualificarem, sem que o Estado, a quem cabe a obrigação de promover o acesso à
cultura, à educação e à ciência, se desobrigue
de tal encargo.
Bom, como realmente não assisti todo
o programa, não posso falar de mais nada. Sem dúvida que a medida de “baixar os
juros” é bem vinda, o país precisava
dela há muito tempo, no entanto, ela não pode substituir obrigações do governo
para com os seus cidadãos, que não podem se endividar para qualificar a si e
aos seus familiares para que possam exercer, plenamente, a sua cidadania,
porque esta somente pode ser plena
quando todos tem acesso a um emprego, a um salário, Art. 6º da Constituição
Federal, que lhes possa assegurar uma vida digna e isto só se consegue com
educação, e não com o endividamento de cidadãos, que hoje estão na ativa e que
amanhã, como hoje, serão desprezados como se fossem um entulho qualquer, embora
continuem a ter descontados dos seus vencimentos a contribuição previdenciária,
o imposto de renda (salário).
Obrigada senhora presidente, tentaremos seguir o vosso conselho, quem sabe
possamos viver de consignação em consignação até a hora final, quando quem nos
suceder assuma as nossas dívidas, que, com certeza, não serão perdoadas. Quem
sabe mais um seguruzinho para os bancos possa resolver este pequeno
detalhe.
Gostei! Anda mm c/veia artística. Bjs.
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