sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Agradando a si próprio

Acabo de ler uma crônica de Marta Medeiros; por acaso entrei  num site e  vi a crônica que não tem título, mas ela não precisa de título, por si só se basta e cada qual que dê e o seu titulo.
Achei muito interessante, porque a autora descreve um acontecimento corriqueiro, que acontece com muitos de nós, que, em algum momento, por força de um “amor”,  lógico que um falso amor, a gente se esquece de si próprio e passa a fazer tudo o que o outro gosta, ou melhor: o que pensamos que o outro gosta.
A estória contada fala de uma mulher que teve um relacionamento, que teve o seu termo final através de um e-mail, numa mensagem lacônica:  “não dá mais”.  Daí em diante ela passa a fazer mil e uma coisas para chamar atenção do seu ex parceiro, que, para ela,  ainda continuava como parceiro, achando que aquilo era mais uma rusga de namorados.
Para tanto, passou a fazer ginástica, passando a ser a mulher mais malhada da região, passou fome para emagrecer e ter o corpo da moda, barriga chapada, pernas musculosas, bunda dura, braços torneados.  Não contente com isto, e porque o espírito não estava  tranquilo, passou a fazer Yoga, meditação, ler  muitos livros de auto ajuda. Ficou craque neste tipo de discussão. 
Como nada conseguiu, fez uma viagem para a Europa, onde passou trinta dias acostumando-se com o estar ela e ela, sem mais ninguém, diz que curtiu esta solidão forçada, aprendendo e apreendendo.
Fez tudo isto, e o “cara” nem aí. Acordava todos os dias a pensar o que poderia fazer para chamar a atenção daquele que era o seu amor, procurava saber  dos amigos o que ele estava curtindo  naquele momento, diz que fez promessas para Santo Antônio, e tudo o mais que lhe fizesse ser a preferida dele, mas não obteve qualquer êxito, até que um dia acordou feliz e satisfeita, olhou-se no espelho e viu o quanto era linda, e o quanto se bastava, sem a presença, agora fastidiosa  daquele que, naquele momento, nem sequer lembrava o nome, a quem queria agradar para se valorizar e se reafirmar como mulher.
É isto mesmo! Quantas vezes nos esquecemos de nós mesmos para agradar  o "Outro", aquele que pensamos que amamos, que valorizamos, que queremos ter conosco, sem nos aperceber que, cada vez que queremos mostrar ao outro o que  pensamos que ele quer ver, pode ser exatamente que ele esteja vendo o que ele não quer ver.  E nós, como ficamos quando fazemos apenas  o que  pensamos que agrada ao outro? Não temos vida própria, não nos gostamos da maneira que somos, fingimos o que não somos para agradar A. B ou C. Por que fazemos isto? Que  coisa mais boba é esquecer a nossa identidade para assumir a de outrem, uma identidade que não agrada nem a nós próprios e nem a quem a queremos demonstrar! Que tipo de  relacionamento é este que temos para com nós mesmo, que faz que esqueçamos de nós para  nos dar ao outro de uma maneira para lá de imbecil?
Não estamos com outro porque ele nos quer  desta ou daquela maneira, não temos que nos adaptar ao que as pessoas querem para nos sentirmos amadas. Primeiramente temos que nos amar da maneira que realmente somos. Podemos, bem verdade, modificar alguma coisa que  achamos que esta errada, ou que, mesmo sem estar errado, pode melhorar, mas  temos de fazer isto porque vai nos fazer sentir bem, por que nós fizemos a opção, é um ato completamente voluntário, que parte de nós mesmos.
Por exemplo: Quando resolvemos fazer uma plástica, seja ela corporal, facial,  a droga que for, temos que fazer isto porque  não estamos nos sentido bem, não porque alguém  nos olhou e nos achou envelhecida, como se não fosse uma coisa normal envelhecer. Se alguém não lhe quer porque você envelheceu, é porque realmente nunca lhe mereceu, porque o passar dos anos lhe dá uma outra beleza, a invisivel, a que se manifesta apenas nas suas ações, no seu interior, aquela que só é visível para as pessoas que tem sensibilidade, respeito, companheirismo.
Prestem atenção: não sou contra a plástica, de maneira alguma, vou fazer todas que tiver direito,  mas  definitivamente, não será para agradar ninguém Vou fazê-lo por mim, pois não gosto de ver as rugas que tenho  nos cantos dos olhos. Não gosto de olhar  meus seios caídos, quero-os  empinados e mostrando a sua áureola rosa; quero que a minha boca seja como era antes, mais delineada, enfim, quero  me agradar, me olhar no espelho e me sentir bonita.
Se tudo isto agradar a alguém, otimo, caso contrário, eu estarei satisfeita e é o que interessa. Se não fizer a plástica, vou continuar me olhando no espelho e vendo todos os defeitos causados pelo tempo, defeitos que demonstram o quanto vivi, o quanto  sofri,  o quanto amei, o quanto fui amada, o que fiz, enfim,vou me ver como eu, com tudo o que adquiri ao longo do tempo, que somente pode ser partilhado com quem merece, com quem  vê tudo isto com os mesmos olhos que me vejo;  os olhos do amor.  



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