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quinta-feira, 20 de julho de 2023

ASÍ FUE XII

Assim que sai do mensseger fui direto para o Facebook, que eu acho o mais fácil de procurar aas coisas, e procurei grupos de motorhome em Portugal. Procurei um bom tempo, achei diversos grupos, mas não em Portugal, e sim para toda a Europa, e eu achava que teria mais chance se o grupo fosse de Portugal. E achei uns três grupos ligados ao país. Estava com muita fé nisto, e lá se fui eu. Luís para lá, Luís para cá, mas nada do Luís Paulo, até que achei um perfil com um comentário num destes grupos.

“Estou torcendo para me aposentar e realizar este grande sonho, que é viajar por este país em um mortorhome, e tinha a foto de uma Kombi verde e branca. Eu achei interessante não tanto pelo sonho, este eu também tenho, mas por ser uma Kombi. Acho, pessoalmente a Kombi muito pequena para a adaptação. Enfim, cliquei em comentar e disse exatamente isto:  que achava que a Kombi era pequenina para ser adaptada.

No perfil havia apenas a foto de um carrinho pequenino, o que já indicava que o dono daquele perfil gostava mesmo de carros originais, mas não tinha um nome, e sim uma alcunha “fanático por motorhome”

Evidentemente que fui para o perfil, mesmo com o fanático por motorhome. Muitas fotos de carros, muitas mesmo,
muito particularmente a de um carrinho vermelho, que eu jurava já ter visto em Lisboa em algum lugar.

Nas informações somente, nascido em 1962, de Beja.  Nada mais, tudo o mais era sem informações.

Bom fui olhando a página, olhei tudo, no final vi alguma coisa tipo seguindo eu acho, uma mulher do amazonas, um grupo chamado intensidade e desejo, e muitos outros de motorhome, entretanto, dentre tantas fotos de motorhome e carros, vi um texto, e era deste Grupo Intensidade e desejo.

“Acredito nas sensações da pele, no relâmpago do instinto. Acredito em tudo que o corpo colhe e “escolhe” antes da cabeça... Quantas vezes na tua vida a primavera surgiu...E você simplesmente nesta tua cegueira diária...Nem viu o balanço das flores... Não desperdice o espetáculo da vida, pois ele não tem reprise! Bonita é a alma que coleciona cicatrizes, mas prefere espalhar amor... Busque a igualdade, mesmo sendo desigual...Equalize as diferenças e faça-se ao lado de quem ama, uma única unidade...Pense que, se há união sob os lençóis, para que haver distância sob o mesmo teto? ” (Richard Pierry)

Achei o texto fantástico, e comentei, não resisti e coloquei lá:

-Quanta sensibilidade, como as pessoas perdem tanto tempo sem observar o quanto a vida oferece todos os dias, as oportunidades que passam sem que percebamos” Texto fantástico.

Bom, fiz o comentário e lógico que não fiquei a esperar qualquer resposta, afinal eu tava ali era procurando o Luís.

Dia seguinte, ainda procurando nos grupos de motorhome, encontro neste mesmo, onde havia comentado o texto.

“Gostei muito do seu comentário, entendeste perfeitamente a mensagem, mandei-te um mimo no Messenger.”

Um mimo! Que será que me mandaram?

Fui diretamente para o menssager, onde vi uma foto de uma mulher, toda de roupa preta transparente, com uma rosa vermelha entre os seios e mais um exto do mesmo autor

-Olá, quem é você.

Eu sou o Luís

Não nego não, meu coração deu um salto; Coincidência? Não sei, mas senti que algo estranho tinha acontecido em mim, era como se eu estivesse descobrindo algo muito importante, muito interessante algo que estava escondido e estava, neste exato momento aflorando.

Luís?

Sim Luís, sou português, do Alentejo.

Como é? Do Alentejo?

Sim, do Alentejo? Alguma restrição a alentejanos?

-Kkkkkkk, claro que não, muito pelo contrário, de vinho a lugares e aos alentejanos, gosto de tudo.

-Gostas de vinho?

-Gosto sim, mui particularmente os alentejanos.

-Eu também gosto. A menina é de onde?

Sorri, realmente era um português, esta expressão “a menina” realmente era bem característica deles.

-Sou do Brasil, do Nordeste

-Estive para ir ao Brasil em 2019?2020, mas as restrições do COVID não me deixaram.

Outro salto, Meu Deus! Será que encontrei o tal Luís (Francisco) da minha amiga.

- Foi mesmo? E virias para onde aqui no Brasil. 

-Rio de Janeiro, ia passar 30 dias viajando de motorhome com uns amigos

Não nego não, se eu tivesse em pé tinha caído, mas estava sentada e apenas tremi um pouco.

-Como é, passarias aqui 30 dias viajando de motorhome?

Sim, adoro isto, este é um dos meus sonhos, estou esperando a aposentadoria, e depois, pé na estrada.

- Eu também, queria muito fazer isto, viver num motorhome por algum tempo.

É mesmo? Que coincidência.

-Coincidência nenhuma, eu achei o texto do comentário que postastes exatamente num grupo de motorhome.

-Pois, aquela postagem não deveria estar ali, eu fiz alguma trapalhada e foi parar no grupo, que, apesar das pessoas gostarem, fui chamado atenção pelo administrador. Rsrsrsrs.

- Mas o texto é lindo.

-Podes ver muito mais na página Intensidade e Desejo, é muito bom

-E eu, descaradamente: vou ver, sendo que já tinha visitado a página, a qual recomendo a todos, é muito boa.

E ficamos naquela conversa mole, e eu comecei a achar que não era o Luís da minha amiga, era um outro qualquer, mas que eu iria dar corda sim, gostei da conversa, da abordagem

- Bom aqui já é tarde, vou dormir porque amanhã logo cedo tenho de ir fazer inspeção em Carnaxide.

Inspeção? Carnaxide?

Sim, eu trabalho num banco e amanhã teremos uma inspeção logo pela manhã

-Sabes que quando vivi um período em Portugal morava em Carnaxide.

- Vivestes aqui? E eu nunca encontrei-te?

Kkkkkkkkkkk. Como ias encontrar-me.

-Não sei, mas se soubesse que vivias aqui certamente procurar-te-ia por toda a Lisboa-E por que farias isto?

Entrei no teu perfil, es uma mulher linda, deslumbrante, esplendorosa, sensual e tens um pé!....

Cacete!  Que fdp, o homem já sabia muito de mim, e eu nada, bom, mas que foi bom ouvir isto, a lá isto foi.

-Oh mito agradeço, mas fotos são fotos.

-Sei que sim, mas fotos que não são trabalhadas, que demonstram a realidade como as tuas, não mentem.

- Bom continuo agradecendo, mas é tarde para si, vamos dormir.

Boa noite.

Enquanto eu falava com o Luís não vi o sinalzinho verde da minha amiga no Messenger, mas isto seria somente uma coincidência.

Vamos aguardar o amanha.

 

  

 

quarta-feira, 7 de junho de 2023

ASÍ FUE VII - Pistas

 


E agora, parece-me que minha amiga ficou meio zangada comigo, mas o que eu posso fazer, tinha que lhe abrir os olhos, tinha realmente ficado preocupada com a estória, então o homem não ia falar com ela no final de semana porque um dos filhos estava em casa, será que ele não tinha um único local na privacidade que pudesse conversar com ela, mandar-lhe uma mensagem, um bom dia, um boa tarde, boa noite, sei lá que porra, Aquilo me intrigou, fiquei ainda mais  ansiosa para achar o cidadão no face, ou em qualquer outro lugar.

Catei a página da minha amiga, cansei de olhar as mensagens, até que achei o comentário sobre o tal vestido branco, fui direto para o perfil de quem comentou. Entretanto quem havia comentado ali era um tal de Luís Roque, também havia outros comentários de outras pessoas, também um de outro homem chamado Esteves. É minha amiga estava bem na faixa, o comentário era unanime – LINDA! 

Procurei nos amigos, nada, busquei aqui e acolá. Coloquei o nome Francisco, me apareceu vários, mas nada parecido com o que minha amiga havia descrito.

Fiquei curiosa com aquilo, então o Francisco havia comentado a foto e o comentário não lá estava? Será que a fdp apagou?

Idiota! Então não te lembras que a sua amiga disse que o homem usa o perfil do irmão e o nome dele também? E que o nome era Luis Paulo? Tinha me passado mesmo, não lembrava disto, portanto não adiantava procurar pelo Francisco.

Bom, por hora tenho mesmo é de ficar ouvindo o que ela tem a dizer, e nestes próximos dias tinha a certeza que ela não falaria comigo.

Passados dez dias da nossa última conversa, vi que havia uma mensagem sem ser lida, e era dela.

-Olhe só o que recebi logo na segunda: “Mas o idealizarmos vidas é um exercício natural do ser humano meu tesão lindo...E devemos faze lo SEMPRE...e a verdade é que temos vindo até aqui a dar passo atrás de passo...e isso é maravilhoso...

- A propósito de que ele disse isto.

- Porque eu falei para ele que estava idealizando coisas que ele podia não querer, e que não me custava sonhar e querer.

- E o que você estava mesmo idealizando.

- Minha ida a Lisboa, minhas visitas a lugares, andar de mãos dadas pela feira da ladra, enfim, você bem sabe do que gosto de fazer em Lisboa, e disse a ele o que queria quando lá chegar em setembro.

- Mulher, vá com calma! Quanto mais você se envolve, quanto mais você se entrega, mas sofrerá se esta coisa não der certo.

-Como não há de dar certo? Claro que vai dar certo, já deu. Isto aqui não tem retorno, só avanços, não leste o que ele disse?

Vi sim,

- Por outro lado argumentei se ele estava mesmo ciente de que o eu ir a Lisboa era uma coisa mais de que provável, se ele tinha mesmo a noção disto. E olhe a resposta.  “ Quero que venhas mesmo????? E achavas que não????????????

Ordinário, como se faz isto com alguém, mas eu achava que ele não acreditava na possibilidade de ela ir, eu estava ficando desconfiada em demasia deste homem, mas não perdia o interesse de conhece-lo de ter contato com ele, ia continuar procurando-o

- Olhe só outra resposta dele quando argumentei que as coisas me pareciam estar andando rápido demais, e que não queria me enganar: “JAMAIS estamos a salvo do engano, do erro.... é isso a vida e até acho bom isso, certezas certas sempre me parecem coisas cinzentas...E isso uma cousa.... Outra é o engano deliberado...O que temos entre nós é um desejo profundo, sincero... e isso é maravilhoso...”

Filho de uma puta! Olha o que o sacana escreveu, achei fantástico e como queria me enganar assim também, mas havia ali algo que me chamou atenção. Certezas certas:  Já escrevi até um texto sobre isto “Certezas de não ter certezas”. Realmente nesta parte acho que ele tem toda razão, as certezas impedem que evoluamos, não dá chance de mudar o pensamento, de reconhecer até erros, mas havia um outro trecho que me deixou com pulga atrás da orelha; “o engano deliberado”. Sim, o engano deliberado era aquilo que eu achava que estava a acontecer com a minha amiga, o que aquele filho da mãe estava levando-a a cometer. Ele dera um recado muito claro para ela, vou torcer que tenha entendido errado. O que veio depois somente foi para aliviar a merda que disse claramente. Outra coisa que me deixa bem intrigada é o uso constante das reticências, as reticencias sempre deixa algo por acabar, é como se você não quisesse terminar o pensamento e o interlocutor pode completar aquele pensamento de acordo com o que lhe for conveniente, para a minha amiga, as reticências significavam união, amor, relacionamento, beleza, e isto era muito mal, pelo menos é o que eu achava.

- Sim minha amiga este homem escreve bem, acho interessante a maneira como escreve, sempre deixando o pensamento da receptora fluir com as suas reticências, e procurando dar ênfase às palavras que podem dizer mais alguma coisa, talvez o seu sentimento, sei lá, mas no geral ele escreve bem sim, e é também encantador nisto.

Encantador nisto! Também!  Estás doida mulher, como você se entrega assim, daqui a pouco a mulher vai perceber que você está mais de que interessada no homem que agora ela julga ser dela. Nem toque mais neste assunto, passe para outro porque este não vai lá muito bem em relação ao que andas a sentir.

Sim, mas como foi o final de semana dele com os filhos, desde este dia que não nos falamos.

- O rapaz que mora em Andorra e que é piloto, veio para Lisboa para fazer um curso, e anda metido em casa todos os dias. O outro mora com a mãe, mas por força do irmão estar na casa dele, foi ter o final de semana inteiro lá. Diz que saíram para almoçar, para uns petiscos, para jantar, enfim, ele adorou esta chance de estar com os dois ao mesmo tempo, mas o de Andorra voltou depois de sete dias.

Não nego que gostei de saber disto, o homem era a amigo dos filhos, tinha prazer em estar com eles, o que é muito bom mesmo. Diga-me uma coisa, estive lá na sua página na face e tornei a ver os comentários a respeito do vestido branco e não achei lá nada do Francisco.(Luis Paulo)

-Apaguei.

-Apagastes? E por que fez isto.

- Quero aquele comentário só para mim, tirei uma foto e está guardado, mas não quero que ninguém mais participe disto.

-Mulher, que bobagem, então um comentário que para você foi tão bom é para ser apagado.

-Claro, é que de alguma maneira aquele comentário tinha intenções outras, como você pode ver, e aí não queria que ninguém tivesse pensamentos outros, as pessoas julgam os outros e como não quero isto, apaguei, como ele está no Messenger você bem sabe disto, portanto é melhor evitar.

Poxa vida, não era por aí então que eu ia achar o Francisco, mas como ia fazê-lo. Comecei a perguntar a todos como poderia descobrir alguém no face book, o que tenho de fazer, através dela eu já sabia que nada conseguiria.

- Qual é mesmo a foto que ele usa, a do irmão que você disse que está no perfil. - O irmão dele era bem jovem quando faleceu, parece-me ter sido uma pessoa interessante, porque a foto ele está sem camisa, bem musculado e segura uma frigideira, kkkk e tem um dizer assim, que ugar de mulher é na cozinha, sentada vendo o marido cozinhar

-Que interessante! Então tanto ele quanto o irmão têm senso de humor, ao que parece.

-Sim ele tem mesmo,

Para quebrar um pouco aquelas investidas perguntei: Tu sabes qual o time que ele torce?

- Benficakkkkkkk, igual ao Virgílio.

Interessante e lembrei-me da faculdade de direito da Nova de Lisboa em que, a grande maioria dos professores, eram benfiquenses, muito deles diretores. Aliás o esporte em Portugal é assunto corriqueiro, eles lá gostam muito e levam bem a sério a questão de ser este ou aquele time. Salvo engano, também o Felipe torce pelo Benfica.

- Lembras do Felipe da Merendinha do Arco/

Lembro-me sim.

Ele também é Benfica.

- Criatura de Deus, agora que falastes no Felipe, sabes que descobri com quem o irmão do Francisco parece. O Felipe, parece ter a mesma altura, o mesmo formato de rosto e o mesmo corpo musculado.

Eureka, disse eu, agora acho este perfil no face, agora eu tinha duas pistas, a foto e o nome que o cara usava Luís Paulo. Oh amiga o papo está bom, mas já lá se vão as horas, vamos dormir, amanhã, se você tiver tempo, continuamos.

Boa noite.

 

          

terça-feira, 18 de junho de 2019

Emoção igual -Mais uma vez de volta


Estou excitadíssima, o dia da viagem está chegando e eu já não sei controlar a minha ansiedade, misto dela com emoção. Depois de mais de um ano estou voltando à Portugal. É simplesmente fantástico. Estou idealizando cada passo. A Vera hoje mora em Oeiras e, por isto, tenho o privilégio de pegar o Comboio que sempre me levou a Cascais, antes entrava trava no comboio pelo simples prazer de ir de Lisboa a Cascais pela linha, como eles chamam o caminho de ferro que liga as duas cidades. Agora, obrigatoriamente, para chegar em casa, tenho de fazê-lo, mas o faço com um prazer enorme. Alie-se a isto a possibilidade de ver o Alentejo, Sinto até frio na espinha, dá um arrepio danado.
Casa do Alentejo -Lisboa
Primeiro de tudo é chegar na estação do Cais do Sodré, tomar umas imperiais ali em um dos quiosques ou um bar. Pena que o antigo restaurante fechou, ali onde eu conheci uma senhora português, que, apesar dos seus setenta e lá vai anos, ainda era uma garçonete, ou melhor, uma empregada de mesa.  Gostava de ver aquela senhora a andar pelas mesas servindo um e outro. Não entendia direito porque naquela idade ainda o fazia, mas acredito que depois de tanto tempo ali na lida, ela não tinha muito o que fazer em casa. A velhota foi com os meus cornos, aliás, no dia em que conseguiu falar comigo, olhe que ela tentava, disse-me: Que ficava olhando para mim ali sozinha, tomando meus whiskies, pagando a minha conta, e saindo para voltar no outro dia.
Torre de Belem
Uma vez disse-me que me admirava porque eu era uma brasileira diferente. Segundo ela dificilmente uma brasileira estaria ali sozinha e pagava as suas próprias contas. Não entrei em muitos detalhes, não ia dar corda para ela falar mal de brasileira, mas, dali em diante, ela parecia que me esperava. Se passasse alguns dias sem lá ir, muitas perguntas: A menina está bem? Aconteceu alguma coisa?
Sim, tenho saudades disto e de tantas outras coisas. Do português bigodudo, que tinha olhar do homem do fado da Amália, era engraçado, todas as vezes que o encontrava vinha-me à cabeça a figura do fadista da Amália Rodrigues. Ah como lembro-me da Mouraria!  não somente por causa do fado, mas porque ali vivi momentos intensos de felicidade. Vi a reinauguração da praça Martim Moniz ao lado do meu querido alentejano. Quantas e quantas vezes atravessei aquela praça: inúmeras.  Como era bom entrar na Rua da Palma, talvez procurando exatamente o fadista  da Amália, mas, se nunca o encontrei, a Rua me presenteou com uma outra figura, esta  mais real e palpável, que entrou no meu coração e nele se grudou e parece-me que para sempre, porque por mais que a distância seja oceânica, o mar não consegue apagar tantas lembranças, tantas coisas boas vividas com tanta intensidade.
Praça Martim Moniz
Élvas

Ah Nossa Senhora da Saúde! A igrejinha pequenina ponto de referência para tantos encontros e tantas observações. No ano passado quando lá estive, tomei tanto vinho ouvindo a Raquel, salvo engano, Tavares, cantando Roberto Carlos, que já sai grogue dali, ainda fui para o Zé da Mouraria. É verdade que não comi o bacalhau, já não tinha mais, a Vera esqueceu de fazer a reserva esclarecendo que queríamos o bacalhau, mas, ainda assim, provei do dito cujo, pois diante de tantas queixas e de tantos pedidos ao  empregado de mesa para me dar alguma sobre de algum prato, acreditem que foi verdade, um gentil e alegre brasileiro que estava ao meu lado, deu-me um porção do dele. Agradeci imenso,
Pois é, lembro-me de tantas coisas que aconteceram em Portugal: Uma vez estava eu passando pela frente da estação de ferro do cais do Sodré e a florista disse: “pois não é que a puta está linda hoje”. Primeiro achei estranho que aquele comentário fosse feito sobre mim e para mim, mas foi sim, não havia qualquer pessoa(mulher) passando à frente da florista. Estava eu toda de azul, e o azul cai-me bem, sei disso. Só não sabia que a mulher me observava e que achava que eu era “puta”, mas vá lá: valeu o elogio, kkkkkk.
De outra feita, recordo-me que andava pela serra de Carnaxide, onde a Vera morava na época e eu também ,pois morava com ela, e um carro parou; eu, solicita, porque sempre que estava ali a caminhar(exercício) dava informações sobre o Hospital Santa Maria, parei e esperei ao homem abrir o vidro do carro, pois não é que o desgraçado perguntou-me – “Estas a serviço?. Puta merda! Quando, em alguns segundos a ficha caiu, quase viro mesmo uma rameira: mandei o homem a porra e outros impropérios mais. Acreditem que foi verdade mesmo.
Mais as coisas não pararam por aí. Uma vez tomei um taxi, e não sei porque  a conversa com o taxista chegou a um ponto em que eu falei algo, tipo: “Não, eu já passei da idade de fazer muitas coisas, acho que o senhor estava a falar em festas, procurando uma maneira de me dizer alguma piada, com certeza, E o sacana me vem com esta: “ Que velha o que, a menina ainda dá muitas voltas”.  Não sei bem o que ele quis dizer com as “muitas voltas            , mas certamente significava alguma sacanagem.
Sim, mas estou mesmo com saudades, muitas, mesmo sabendo da curiosidade dos lusitanos e do que eles pensam a respeito das brasileiras.  Eu tirei de letra, mas é muito chato, entretanto isto não retira e nem arrefece a minha paixão por esse país, cheio de lugares, lugarejos, lugarezinhos, onde você entra e sai pela mesma rua onde entrou. Todos lhe reservando uma surpresa, uma emoção diferente.
Coimbra
Grandes cidades como Braga, Coimbra, Guimarães, Viana do Castelo, somente depois que comecei a estudar Garcia D’Ávila e em consequência a história da Bahia, vim entender a minha atração por Viana do Castelo. Pois não é que o Caramuru era de lá? Aliás, tantos e tantos portugueses que para cá vieram, e não só para cá, quanto para África, Índia, alhures, saiam de Viana, não porque de lá fossem, mas porque era um centro de navegação, onde se aprendia a navegar, continuam a fazer navios por lá.
Agora quero ir em Rates, vou fazer de tudo para lá ir.  Já fiquei sacaneada, pois vi que aconteceu, ou vai acontecer uma grande homenagem à Thomé de Souza que de lá era, e as datas não coincidem. Uma pena, pois gostaria muito de participar dessa homenagem. Aliás, será que o Senhor da Torre não me aparecia por lá? Seria bem engraçado! Será que ele me confirmaria que o Thomé de Sousa era mesmo seu pai?  Pois o Garcia D´Ávila também era de lá, tanto que inspirou-se em uma torre de Rates, para fazer a sua em Tatuapara. É o que dizem os historiadores que estudam o Senhor
Igreja em Rates
da Torre.
Sim, gostaria muito de fazer muitas coisas em Portugal, uma delas, com certeza ainda farei, desde que a Vera me suporte, embora agora esteja mais difícil, a casa ficou mais pequenina, passarei uns três meses pesquisando a Bahia colonial, mas aquela dos primórdios mesmo, não sei o que vou encontrar, porque  documentos do século XVI e a respeito do que que quero são escassos, mas ainda assim tentarei. Quero falar dos governadores e das suas devassas, entendendo como devassas uma inspeção que deveria ser feita quando eles retornavam a Lisboa, ou melhor, deixavam de ser governadores e eram substituídos. Normalmente estas devassas eram feitas por quem estava chegando. Vamos ver o que achamos. Preciso de tempo e dinheiro para fazer esta pesquisa, morarei por algum tempo na Torre do Tombo e no AHU, mas sei que vai valer a pena, e, como os meus sonhos, de uma maneira ou de outra, se tornam realidade, sei que farei isto.
Ai, enquanto faço esta pesquisa, e como não sou de ferro, outras paragens: vou conhecer mais lugares, lugarejos, lugarzinhos. Oxalá tenha um motorista particular, se não tiver, sem problema, transporte público é o eu não falta, e irei andar por aquele país e ter mais emoções, mais aprendizado, mais espaço no meu coração para o amor.
Tejo
Até breve, meu querido Pais. Até muito breve amado Tejo, vista a seu pijama de prata para me esperar e vamos, nós dois, olhar a nossa querida Lisboa, e quem sabe, oxalá ainda possa cantar, em alguma noite nos bons arraiais da cidade. “Um craveiro, numa água furtada, cheira bem, cheira a Lisboa, uma rosa a florir na tapada, cheira bem, cheira a Lisboa..., cheira bem, cheira a Lisboa, cheiram bem, porque são de Lisboa, Lisboa tem cheiro de flores e de mar”
Saudades!     

domingo, 6 de janeiro de 2019

Uma saudade de matar


Domingo, meio da tarde, a casa cheia,mas,  por incrível que pareça, eu to sozinha e com a saudade entrando por todos os caminhos possíveis. Pela televisão, pelo computador, pelo meu celular. Engraçado é que, em um único momento, consegui  que a minha juventude, representada pela minha amiga Diná aparecesse aqui em casa, assim como se nada se  tivesse passado há muito tempo. Lembrei de tantas coisas que ocorreram naquele Colégio da Bahia, o Central, e das grandes e inocentes aventuras que vivi. Ah minha amiga, como eram doces os nossos momentos. Uma saidinha aqui, outra ali, e nós vivendo a nossa juventude. Admiradas por muitos, odiadas por tantos outros. O nosso colégio, era assim que ainda chamávamos o central, onde fizemos, eu e você, o nosso clássico, que virou cientifico no último ano e  quase acabava o nosso sonho de uma UFBA., mas não foi o suficiente, porque  passamos, se faz presente.. Lembro de tanta coisa., Dina trabalhando com os Gatos, eu trabalhando com os Gatos, mas na água, ela na engenharia. Coisa engraçada:  áreas diferentes, mas o assédio igual, hoje estaríamos ricas. A vida passou minha amiga. Minha querida e eterna amiga, nem o tempo e nem pessoas tirarão isto de nós, virou uma grande mãe de família. Eu continuei a minha vida, não tinha vocação para grande mãe de família, sempre tive vocação para ser família, mas não construir, eu, sozinha, uma, e deu no que deu: mas Deus recuperou e, de uma maneira ou de outra, continuo tendo uma família, a minha e a que criei – FABIO.
Continuo lembrando do  Central: dos Carlos, dos Bergsons, dos Josias, dos Christovinhos,, dos Lucios, e de tantos outros, especialmente, dos Charles e dos Oyamas, os dois últimos  na minha privacidade. Ah! e como foi bom o amor inocente de dezoitanos apaixonados, querendo viver, em um só momento, uma vida inteira de repressão e dificuldades. Ainda hoje lembro da Carlos Gomes,, quando ainda podíamos transitar nela às onze da noite, esperando o último ônibus passar para casa, depois deste horário o problema estava formado.   
Vou recordando, o tempo passa rápido no virtual e nas recordações: somos capazes de, em poucos minutos, fazer  sessenta e cinco anos virar minutos, quase segundos. Os flashes continuam: e agora eu vejo o quintal do Zeca (cd) trazendo o  bahiano, Nelson Rufino, a cantar – “Descobri que te amo demais, descobri em você minha paz, descobri em você a vida, verdade, ”. Rapaz o coração dói, sai pululante do peito: aí eu lembro de  você a me dizer isto: (descobri que te amo demais) na frente de todos e encoberto pela musica que todos ouvem. Na frente  de todos, sem que ninguém notasse, esta bela declaração de amor, era transmitida e entendida, o receptor atento conseguia receber a mensagem. Queria mesmo que fosse no privado, mas você era assim, preferia dizer através de  outrem o que você sentia, até porque não poderia literalmente dizer abertamente isto. Que choque! Que saudades Meu Deus! Que saudade intensa, chega até dói na alma. Lembranças boas, mas que doem  porque se foram, não estão e nem estarão  mais aqui, e ninguém mais repete, ,ainda que por versos alheios, o amor que você  conseguiu me dizer que sentia, aliás, aliado a tantos gestos e ações, não sei se notadas por outrem. Mas,  que importa agora? Só importa mesmo a mim, porque verbalizei, com as minhas próprias palavras e gestos, sem o intermédio de quem quer que seja, o meu grande amor, talvez tenha tido  mais coragem que você. Sobrevivi, continuo, como já disse, ouvindo  a mesma música, mas os seus olhos já não encontram mais os meus, para, brilhando, dizer que descobriu o quanto me amava

Praia da Costa- Aveiro -foto de Idalina 
Por do sol em Nazaré - foto de Idalina
Como se tudo isto não bastasse, vem a Dadá a me trazer, pelo face, o meu amado Portugal. Primeiro Aveiro, depois Fátima,  agora Nazaré: Ai meu Deus! Nunca pensei em amar tanto. Todos os amores ficaram para trás, quando percebo a intensidade do meu amor por um lugar – PORTUGAL. Gente, é uma saudade, uma dor misturada à satisfação de sabe-lo amado por outrem. Cada foto, cada palavra faz aumentar a minha saudade, o amor ninguém mais consegue aumentar, porque ele está incrustado em mim,o que me faz sentir Portugal com o se lá estivesse em meio a esta distância taõ imensa:  O ar impregnado de odores: em junho de sardinhas, e,  nos demais meses, de tantos e tantos outros odores: odores cheirosos, odores fétidos, mas odores de uma terra viva e amada. Ah! Como era bom e é bom, porque eu volto, a sentir o odor daquela   Largo São Domingos impregnado de suor, da gente que na pele traz a sua identidade e o seu cheiro. Como é bom subir as escadinhas que levam aos becos outros de Alfama e sentir o cheiro  das casas que só se abrem  se alguém entrar ou sair: nada além disto, mas, ainda assim, se der a sorte de sentir o cheiro nesta abertura de porta, vai sentir  o cheiro da idade de Lisboa, dos seus casarios, da sua tradição. Alguns dirão que é mofo; claro que é mofo: então  a idade não cheira a mofo.! Saudade  da Ribeira, dos bailes da tarde em tantos lugares: saudades, de sentir o mofo nas roupas dos  velhinhos que esperavam estes dias, sábados e domingos, para  mostrarem os seus dons (dançarinos)


Saudades  de andar  pelas ruas internas  do Cais do Sodré; de ver, há algum tempo atrás, as (putas) de Lisboa, na decadência da vida, entretanto, dando vida àquele espaço, à época, sombrio: hoje retiraram-nas para dar espaço  a bares fantásticos. A juventude acabando com a tradição, mas, ainda assim ,bom.  Realmente,  continuo impregnada de amor por Lisboa e por Portugal, não sei como isto vai acabar, porque se eu não voltar para lá, vai acabar comigo esta dor, este amor. É como se fosse uma paixão sem resolução, quando um não quer corresponder. Mas, eu sei que não é assim, porque Lisboa e o meu Tejo me querem, eu sei, eles me amam na mesma intensidade que eu os amo. O Tejo, talvez mais volúvel, entretanto mais poderoso, pode chegar até a mim através do Atlântico. Fico esperando que ele esteja nas águas em que entro aqui em Patamares. Talvez uma corrente mais fria seja ele me avisando que está ali. Que bom! Só assim consigo, ao menos, por um minuto, ter o seu amor quase dentro de mim, entrando por todos os orifícios possíveis. Ah Meu Deus, termino ficando doida de tanto amor.
Sei que é comprometedor amar tanto e esta declaração pública de amor, mas com você, meu querido e amado Portugal, é diferente: tenho a ousadia de dizer publicamente do meu amor, queria mesmo é que você me amasse numa correspondência tão intensa quanto a do meu.
Pois é, em uma tarde de domingo, hoje dia 06 de janeiro em que se comemora o dia dos Reis, em que na Espanha se troca presentes, espero que seja merecedora de um. – Voltar a Portugal, Ver Lisboa, molhar os pés no Tejo, agradecer à Nossa Senhora de Fátima, caminhar pela calçada de Figueira da Foz, andar pelas ruelas de Alfama, ir no miradouro (qualquer um deles) passar pela ponte do Minho, do Douro, ir à Chaves, Bragança, Guimarães, Braga, Viana do Castelo, Ponte de Lima, |Ah Meu Deus quanta saudade!
Ir o Alentejo :andar sozinha pelas praias de Melides, Lagoa de Santo Andres, sentar naquele restaurante em Vila Nova de Mil Fontes,  comer em Zambujeira do Mar, ir ao Algarve, ver Portimão, Olhão, Tavira, Albufeira, Vila Moura e tantos outros lugares, não interessa onde, mas lá, na terrinha, escrevendo num final de tarde de domingo  lá, em Cascais, olhando o por do sol naquele farol que sempre conseguiu me dar rumo em todos os momentos, de preferência, na companhia do meu querido Alentejano, que soube, como ninguém, me dar amor e me mostrar o melhor de Portugal.
Que saudade!