domingo, 6 de janeiro de 2019

Uma saudade de matar


Domingo, meio da tarde, a casa cheia,mas,  por incrível que pareça, eu to sozinha e com a saudade entrando por todos os caminhos possíveis. Pela televisão, pelo computador, pelo meu celular. Engraçado é que, em um único momento, consegui  que a minha juventude, representada pela minha amiga Diná aparecesse aqui em casa, assim como se nada se  tivesse passado há muito tempo. Lembrei de tantas coisas que ocorreram naquele Colégio da Bahia, o Central, e das grandes e inocentes aventuras que vivi. Ah minha amiga, como eram doces os nossos momentos. Uma saidinha aqui, outra ali, e nós vivendo a nossa juventude. Admiradas por muitos, odiadas por tantos outros. O nosso colégio, era assim que ainda chamávamos o central, onde fizemos, eu e você, o nosso clássico, que virou cientifico no último ano e  quase acabava o nosso sonho de uma UFBA., mas não foi o suficiente, porque  passamos, se faz presente.. Lembro de tanta coisa., Dina trabalhando com os Gatos, eu trabalhando com os Gatos, mas na água, ela na engenharia. Coisa engraçada:  áreas diferentes, mas o assédio igual, hoje estaríamos ricas. A vida passou minha amiga. Minha querida e eterna amiga, nem o tempo e nem pessoas tirarão isto de nós, virou uma grande mãe de família. Eu continuei a minha vida, não tinha vocação para grande mãe de família, sempre tive vocação para ser família, mas não construir, eu, sozinha, uma, e deu no que deu: mas Deus recuperou e, de uma maneira ou de outra, continuo tendo uma família, a minha e a que criei – FABIO.
Continuo lembrando do  Central: dos Carlos, dos Bergsons, dos Josias, dos Christovinhos,, dos Lucios, e de tantos outros, especialmente, dos Charles e dos Oyamas, os dois últimos  na minha privacidade. Ah! e como foi bom o amor inocente de dezoitanos apaixonados, querendo viver, em um só momento, uma vida inteira de repressão e dificuldades. Ainda hoje lembro da Carlos Gomes,, quando ainda podíamos transitar nela às onze da noite, esperando o último ônibus passar para casa, depois deste horário o problema estava formado.   
Vou recordando, o tempo passa rápido no virtual e nas recordações: somos capazes de, em poucos minutos, fazer  sessenta e cinco anos virar minutos, quase segundos. Os flashes continuam: e agora eu vejo o quintal do Zeca (cd) trazendo o  bahiano, Nelson Rufino, a cantar – “Descobri que te amo demais, descobri em você minha paz, descobri em você a vida, verdade, ”. Rapaz o coração dói, sai pululante do peito: aí eu lembro de  você a me dizer isto: (descobri que te amo demais) na frente de todos e encoberto pela musica que todos ouvem. Na frente  de todos, sem que ninguém notasse, esta bela declaração de amor, era transmitida e entendida, o receptor atento conseguia receber a mensagem. Queria mesmo que fosse no privado, mas você era assim, preferia dizer através de  outrem o que você sentia, até porque não poderia literalmente dizer abertamente isto. Que choque! Que saudades Meu Deus! Que saudade intensa, chega até dói na alma. Lembranças boas, mas que doem  porque se foram, não estão e nem estarão  mais aqui, e ninguém mais repete, ,ainda que por versos alheios, o amor que você  conseguiu me dizer que sentia, aliás, aliado a tantos gestos e ações, não sei se notadas por outrem. Mas,  que importa agora? Só importa mesmo a mim, porque verbalizei, com as minhas próprias palavras e gestos, sem o intermédio de quem quer que seja, o meu grande amor, talvez tenha tido  mais coragem que você. Sobrevivi, continuo, como já disse, ouvindo  a mesma música, mas os seus olhos já não encontram mais os meus, para, brilhando, dizer que descobriu o quanto me amava

Praia da Costa- Aveiro -foto de Idalina 
Por do sol em Nazaré - foto de Idalina
Como se tudo isto não bastasse, vem a Dadá a me trazer, pelo face, o meu amado Portugal. Primeiro Aveiro, depois Fátima,  agora Nazaré: Ai meu Deus! Nunca pensei em amar tanto. Todos os amores ficaram para trás, quando percebo a intensidade do meu amor por um lugar – PORTUGAL. Gente, é uma saudade, uma dor misturada à satisfação de sabe-lo amado por outrem. Cada foto, cada palavra faz aumentar a minha saudade, o amor ninguém mais consegue aumentar, porque ele está incrustado em mim,o que me faz sentir Portugal com o se lá estivesse em meio a esta distância taõ imensa:  O ar impregnado de odores: em junho de sardinhas, e,  nos demais meses, de tantos e tantos outros odores: odores cheirosos, odores fétidos, mas odores de uma terra viva e amada. Ah! Como era bom e é bom, porque eu volto, a sentir o odor daquela   Largo São Domingos impregnado de suor, da gente que na pele traz a sua identidade e o seu cheiro. Como é bom subir as escadinhas que levam aos becos outros de Alfama e sentir o cheiro  das casas que só se abrem  se alguém entrar ou sair: nada além disto, mas, ainda assim, se der a sorte de sentir o cheiro nesta abertura de porta, vai sentir  o cheiro da idade de Lisboa, dos seus casarios, da sua tradição. Alguns dirão que é mofo; claro que é mofo: então  a idade não cheira a mofo.! Saudade  da Ribeira, dos bailes da tarde em tantos lugares: saudades, de sentir o mofo nas roupas dos  velhinhos que esperavam estes dias, sábados e domingos, para  mostrarem os seus dons (dançarinos)


Saudades  de andar  pelas ruas internas  do Cais do Sodré; de ver, há algum tempo atrás, as (putas) de Lisboa, na decadência da vida, entretanto, dando vida àquele espaço, à época, sombrio: hoje retiraram-nas para dar espaço  a bares fantásticos. A juventude acabando com a tradição, mas, ainda assim ,bom.  Realmente,  continuo impregnada de amor por Lisboa e por Portugal, não sei como isto vai acabar, porque se eu não voltar para lá, vai acabar comigo esta dor, este amor. É como se fosse uma paixão sem resolução, quando um não quer corresponder. Mas, eu sei que não é assim, porque Lisboa e o meu Tejo me querem, eu sei, eles me amam na mesma intensidade que eu os amo. O Tejo, talvez mais volúvel, entretanto mais poderoso, pode chegar até a mim através do Atlântico. Fico esperando que ele esteja nas águas em que entro aqui em Patamares. Talvez uma corrente mais fria seja ele me avisando que está ali. Que bom! Só assim consigo, ao menos, por um minuto, ter o seu amor quase dentro de mim, entrando por todos os orifícios possíveis. Ah Meu Deus, termino ficando doida de tanto amor.
Sei que é comprometedor amar tanto e esta declaração pública de amor, mas com você, meu querido e amado Portugal, é diferente: tenho a ousadia de dizer publicamente do meu amor, queria mesmo é que você me amasse numa correspondência tão intensa quanto a do meu.
Pois é, em uma tarde de domingo, hoje dia 06 de janeiro em que se comemora o dia dos Reis, em que na Espanha se troca presentes, espero que seja merecedora de um. – Voltar a Portugal, Ver Lisboa, molhar os pés no Tejo, agradecer à Nossa Senhora de Fátima, caminhar pela calçada de Figueira da Foz, andar pelas ruelas de Alfama, ir no miradouro (qualquer um deles) passar pela ponte do Minho, do Douro, ir à Chaves, Bragança, Guimarães, Braga, Viana do Castelo, Ponte de Lima, |Ah Meu Deus quanta saudade!
Ir o Alentejo :andar sozinha pelas praias de Melides, Lagoa de Santo Andres, sentar naquele restaurante em Vila Nova de Mil Fontes,  comer em Zambujeira do Mar, ir ao Algarve, ver Portimão, Olhão, Tavira, Albufeira, Vila Moura e tantos outros lugares, não interessa onde, mas lá, na terrinha, escrevendo num final de tarde de domingo  lá, em Cascais, olhando o por do sol naquele farol que sempre conseguiu me dar rumo em todos os momentos, de preferência, na companhia do meu querido Alentejano, que soube, como ninguém, me dar amor e me mostrar o melhor de Portugal.
Que saudade!

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