Domingo, meio da tarde, a casa
cheia,mas, por incrível que pareça, eu to sozinha e com a saudade entrando por
todos os caminhos possíveis. Pela televisão, pelo computador, pelo meu celular.
Engraçado é que, em um único momento, consegui
que a minha juventude, representada pela minha amiga Diná aparecesse
aqui em casa, assim como se nada se tivesse passado há muito tempo. Lembrei de
tantas coisas que ocorreram naquele Colégio da Bahia, o Central, e das grandes
e inocentes aventuras que vivi. Ah minha amiga, como eram doces os nossos
momentos. Uma saidinha aqui, outra ali, e nós vivendo a nossa juventude.
Admiradas por muitos, odiadas por tantos outros. O nosso colégio, era assim que
ainda chamávamos o central, onde fizemos, eu e você, o nosso clássico, que
virou cientifico no último ano e quase
acabava o nosso sonho de uma UFBA., mas não foi o suficiente, porque passamos, se faz presente.. Lembro de tanta coisa., Dina
trabalhando com os Gatos, eu trabalhando com os Gatos, mas na água, ela na
engenharia. Coisa engraçada: áreas
diferentes, mas o assédio igual, hoje estaríamos ricas. A vida passou minha
amiga. Minha querida e eterna amiga, nem o tempo e nem pessoas tirarão isto de nós,
virou uma grande mãe de família. Eu continuei a minha vida, não tinha vocação
para grande mãe de família, sempre tive vocação para ser família, mas não
construir, eu, sozinha, uma, e deu no que deu: mas Deus recuperou e, de uma maneira
ou de outra, continuo tendo uma família, a minha e a que criei – FABIO.
Continuo lembrando do Central: dos Carlos, dos Bergsons, dos Josias,
dos Christovinhos,, dos Lucios, e de tantos outros, especialmente, dos Charles e
dos Oyamas, os dois últimos na minha
privacidade. Ah! e como foi bom o amor inocente de dezoitanos apaixonados,
querendo viver, em um só momento, uma vida inteira de repressão e dificuldades. Ainda hoje lembro da Carlos Gomes,, quando ainda podíamos transitar nela às onze da
noite, esperando o último ônibus passar para casa, depois deste horário o
problema estava formado.
Vou recordando, o tempo passa rápido no virtual e nas
recordações: somos capazes de, em poucos minutos, fazer sessenta e cinco anos virar minutos, quase
segundos. Os flashes continuam: e agora eu vejo o quintal do Zeca (cd) trazendo
o bahiano, Nelson Rufino, a cantar –
“Descobri que te amo demais, descobri em você minha paz, descobri em você a
vida, verdade, ”. Rapaz o coração dói, sai pululante do peito: aí eu lembro
de você a me dizer isto: (descobri que
te amo demais) na frente de todos e encoberto pela musica que todos ouvem. Na
frente de todos, sem que ninguém notasse,
esta bela declaração de amor, era transmitida e entendida, o receptor atento conseguia
receber a mensagem. Queria mesmo que fosse no privado, mas você era assim,
preferia dizer através de outrem o que
você sentia, até porque não poderia literalmente dizer abertamente isto. Que
choque! Que saudades Meu Deus! Que saudade intensa, chega até dói na alma.
Lembranças boas, mas que doem porque se foram,
não estão e nem estarão mais aqui, e
ninguém mais repete, ,ainda que por versos alheios, o amor que você conseguiu me dizer que sentia, aliás, aliado
a tantos gestos e ações, não sei se notadas por outrem. Mas, que importa agora? Só importa mesmo a mim,
porque verbalizei, com as minhas próprias palavras e gestos, sem o intermédio de
quem quer que seja, o meu grande amor, talvez tenha tido mais coragem que você. Sobrevivi, continuo,
como já disse, ouvindo a mesma música, mas
os seus olhos já não encontram mais os meus, para, brilhando, dizer que
descobriu o quanto me amava
Praia da Costa- Aveiro -foto de Idalina |
Por do sol em Nazaré - foto de Idalina |
Saudades de andar pelas ruas internas do Cais do Sodré; de ver, há algum tempo atrás, as (putas) de Lisboa, na decadência da vida, entretanto, dando vida àquele espaço, à época, sombrio: hoje retiraram-nas para dar espaço a bares fantásticos. A juventude acabando com a tradição, mas, ainda assim ,bom. Realmente, continuo impregnada de amor por Lisboa e por Portugal, não sei como isto vai acabar, porque se eu não voltar para lá, vai acabar comigo esta dor, este amor. É como se fosse uma paixão sem resolução, quando um não quer corresponder. Mas, eu sei que não é assim, porque Lisboa e o meu Tejo me querem, eu sei, eles me amam na mesma intensidade que eu os amo. O Tejo, talvez mais volúvel, entretanto mais poderoso, pode chegar até a mim através do Atlântico. Fico esperando que ele esteja nas águas em que entro aqui em Patamares. Talvez uma corrente mais fria seja ele me avisando que está ali. Que bom! Só assim consigo, ao menos, por um minuto, ter o seu amor quase dentro de mim, entrando por todos os orifícios possíveis. Ah Meu Deus, termino ficando doida de tanto amor.
Sei que é comprometedor amar tanto e esta declaração pública
de amor, mas com você, meu querido e amado Portugal, é diferente: tenho a ousadia
de dizer publicamente do meu amor, queria mesmo é que você me amasse numa
correspondência tão intensa quanto a do meu.
Pois é, em uma tarde de domingo, hoje dia 06 de janeiro em
que se comemora o dia dos Reis, em que na Espanha se troca presentes, espero
que seja merecedora de um. – Voltar a Portugal, Ver Lisboa, molhar os pés no Tejo,
agradecer à Nossa Senhora de Fátima, caminhar pela calçada de Figueira da Foz,
andar pelas ruelas de Alfama, ir no miradouro (qualquer um deles) passar pela ponte do Minho, do Douro, ir à Chaves, Bragança, Guimarães,
Braga, Viana do Castelo, Ponte de Lima, |Ah Meu Deus quanta saudade!
Ir o Alentejo :andar sozinha pelas praias de Melides, Lagoa
de Santo Andres, sentar naquele restaurante em Vila Nova de Mil Fontes, comer em Zambujeira do Mar, ir ao Algarve,
ver Portimão, Olhão, Tavira, Albufeira, Vila Moura e tantos outros lugares, não
interessa onde, mas lá, na terrinha, escrevendo num final de tarde de domingo lá, em Cascais, olhando o por do sol
naquele farol que sempre conseguiu me dar rumo em todos os momentos, de preferência,
na companhia do meu querido Alentejano, que soube, como ninguém, me dar amor e
me mostrar o melhor de Portugal.
Que saudade!
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