sexta-feira, 22 de março de 2019

Garcia D´Ávila XIX - A volta do "DAS MANHAS'


O Senhor Garcia desaparecer completamente, fazia alguns meses que ele não dava qualquer sinal de vida (morte) kkkk. Eu estava preocupada, não porque gostasse do senhor Garcia, sb ia perfeitamente que ele não fora nada que prestasse em vida, além do mais tinha aquele ar de superioridade colonial que me irritava muito, todavia, para os meus propósitos, ele era fundamental,
Gosto de história, tanto que, após alguns anos de formada em direito resolvi fazer história, acreditem se quiserem: sem matricula especial. Fiz um novo vestibular e fui aprovada na Universidade Católica do Salvador, onde fiz dois dos primeiros semestres, os demais fiz na UNEB no campus de Santo Antonio de Jesus, para on de fui transferida por força do trabalho, entretanto,  isto não vem ao caso agora, a não ser para dar a exata noção da minha paixão póla história.
Como nem todos tem o mesmo interesse  por História como eu, tendo ouvido muitas vezes algumas pessoas dizerem que “odeiam” a matéria história, é que pensei em escrever, ao menos história da Bahia colonial, de uma maneira  lúdica, engraçada, que prendesse a atenção dessas pessoas que dizem odiar a história sem saberem  o quanto ela é fantástica, o quanto do saber  de outras disciplinas a ela está ligado e quão  mais fácil fica, quando  aprendemos a contextualizar os fatos nos seus devidos momentos e lugares. Mas também não quero  falar da história como ciência aqui, o que quero, e tinha e tenho em mente, é exatamente levar  o leitor a aprender história, entretanto ele só irá perceber que  está lendo um texto de história quando acaba de o ler  e apreender as informações ali contidas. A ideia é despertar o interesse para que ele, o leitor, se aprofunde mais naquelas informações que ele acabou de perceber e apreender, durante a leitura do texto. Isto seria e será uma grande realização pessoal.
Foi assim que o Garcia D´Ávila entrou na minha vida, como ele se fixou e como agora me faz falta quando deixa de aparecer por tanto tempo. O Senhor Garcia se fazendo presente, me presenteava com as informações que ele presenciara, vivera. Eu tinha uma fonte de informação privilegiada, mas o danado é voluntarioso e só aparece quando quer.
Este desaparecimento estava realmente me preocupando, e eu começava a achar que algo de ruim tinha acontecido.  Será que ele faleceu?  Pergunta idiota: vocês podem estar dizendo isto a mim, mas ela tem toda lógica dentro do contexto meu e do Senhor Garcia. Olhem bem, o homem pensava que estava vivo, não me aparecia como alma penada que era, e que alma penada!  Conversava comigo como se vivo fosse, me dava informações do seu tempo e da sua hora. Me contava fatos, alguns muito pouco conhecidos, do momento histórico que viveu nestas plagas. Assim, para mim tinha toda lógica o pensamento de seu falecimento. Se ele morresse e aceitasse esta morte ele poderia não mais aparecer e conversar comigo: isto me dava uma ansiedade e uma tristeza danada.
Sem dúvida que para mim era uma perda irreparável.]
Bom, e foi com estes pensamentos que ouvi um barulho na sala. Parecia que alguém tinha levado um tombo. Larguei o computador em cima do sofá e sai correndo para o local de onde teria vindo o ruído. “Que cena hilária”!  E não pude deixar de rir: Ali estava o senhor Garcia ainda sentado no chão e, o cavalo dele dera uma empenada e o derrubara, se apressando para levantar, mas a idade já não permitia tanta agilidade, e eu o peguei ali, no chão.
Kkkkkkkkkkkk, o que houve Senhor Garcia?
- Não me encha os pacova, não estas a ver?
Contendo o riso perguntei-lhe – quereis ajuda para levantar-se.
- Esmeralda!  Não sei para que ainda venho aqui e converso consigo: És insuportável e pensas que podes comigo.  Não podes não, não sei como ousas pensar em ajudar um homem como eu a levantar.
- Desculpe senhor Garcia eu só queria ser educada, mais nada.
- Guarde a sua educação, eu a dispenso e já estou arrependido de vim aqui.
Aquela última frase me deu um friozinho na espinha. Desgraçado; bulira no meu ponto fraco, ah se ele realmente resolvesse não voltar! Como, sem ele, eu continuaria com o meu projeto? Amenizei, então, a coisa.
Desculpe Senhor Garcia, é que esqueço o quão forte o senhor é. Então o senhor ia lá precisar de uma mulher para levantar?  Jamais, jamais mesmo. Sou mesmo uma abestada como pensaria e verbalizaria uma coisa desta.
Claro que isto   para aquele velho prepotente, fazia toda a diferença. O Senhor Garcia estava envelhecendo, aquela queda era uma constatação. Por mais que ele não admitisse, ele estava ficando frágil.
-  O que houve com o senhor? Pensei que tinha acontecido alguma coisa consigo? Desapareceu faz algum tempo.
- Tenho muitas coisas a fazer, além de estar vindo visitar-te., mas hoje, efetivamente fiquei com saudades tuas e vim aqui, além do mais tenho uma grande novidade para ti.
- Uma novidade? Chegou algum novo governador? Alguma coisa está para acontecer que eu não tenha conhecimento?  Ah como fiquei excitada com esta fala do Senhor Garcia.
-Calma!  Vou falar-te, mas antes quero uma coisa.
Uma esfriada; que diabos aquele homem ia querer? Sexo com ele, apesar de sabe-lo um espirito, seria impossível. Eu não gostava da aparência daquele velho, não gostava dele, não admitiria, nem mesmo a nível espiritual que aquele sacana me pegasse. O que seria?
- Quero que olhes na sua madeira preta uma coisa
- O que:  Quase tenho uma crise de riso: então o senhor Garcia queria que eu olhasse algo na minha madeira preta!  Ele realmente achava que eu era uma bruxa e que aquela madeira preta, como ele chamava meu computador, deveria ser uma bola de cristal.
- Sim, vai chegar mesmo um novo governador e eu quero saber como este homem ficará aqui, como ele vai se portar. Afinal o último governador deixou uma marca triste para nós, homens de bem que engrossamos tesouro real.
- Eu olho senhor Garcia, mas o senhor tem que me dizer algumas coisas?
- O que por exemplo?
-Em que ano estamos, ou quem foi o último governador que deixou tão grande nódoa. Enfim, alguma coisa que me permita encontrar o que que quer.
- Então não sabes, tu mesmo que me falaste das vergonhas e safadezas do Diogo Botelho.
-Ah, agora sim.  O Senhor quer saber quem virá agora? Vou olhar.
- Todavia gostaria muito de saber qual o motivo desta sua preocupação. O senhor é uma pessoa bem informada e sabe de tudo antes mesmo das coisas acontecerem.
- Agora é diferente, só quero mesmo confirmar uma coisa que estamos temendo. Há uma intenção da divisão do poder em dois governadores, um que terá sede no Rio de Janeiro e outro aqui na Bahia, e quero saber mesmo se El Rey vai fazer isto mesmo. Noutra ponta, tenho mais receio ainda de que o Francisco das M9nas volte.
- Senhor Garcia o senhor devia se afastar destas questões, devia é cuidar da sua saúde, dos seus bens, as mudanças administrativas   não vão interferir muito na vossa vida.
-Podes ver isto ou não?
- Claro que posso
Pequei o computador e coloquei no google – Quem foi o governador geral em 1908: Sem qualquer surpresa.  O Diogo Botelho seria substituído por um outro Diogo – o Diogo de Menezes Cerqueira, que ficaria na Bahia, e pelo Francisco das Manhas, o Francisco das Minas, como o senhor da torre havia falado.
- Maldição! Gritou o Senhor da Torre. Onde estes réis espanhóis estão com a cabeça. O Francisco só quer saber de encontrar minas de ouro, não irá governar nada, além do mais esta divisão de governo somente vai complicar as coisas.    Já não viram que não deu certo da primeira vez?
Fiquei intrigada com aquela reação do senhor Garcia, ele já estava para lá de Bagdá, e eu saia que ele não ia durar muito, então para que aquela reação? -  O que será que ele estava planejando ainda?
-Senhor Garcia, se eu soubesse que o senhor ia ficar tão zangado não lhe diria nada, Por que esta raiva. O Das Manhas fez alguma coisa contra o senhor? Ele não vai it referir no governo daqui, pois ele comandará o Sul, a partir do Rio de Janeiro, o senhor poderá, caso se interesse por minas de ouro, continuar com as suas buscas por aqui, pelo norte nordeste. ~-
- Não estou zangado não, estou mesmo é possesso. Então os reis não sabem que o das Manhas, quando estava à frente do governo geral, ao saber que fora encontrado outro em no “Jaraguá e em Voturana  decretou: “Hey por bem, e serviço de sua majestade, em nome de dito senhor, fazer mercê a Diogo Gonçalves Laço do cargo de Capitão das Minas de ouro e  prata e metais , que são descobertas cobrirem nesta vila de São Paulo”.[1]  Não contente com isto, ele “ foi pessoalmente  ver as minas com seus próprios olhos e colocar  uma parte do metal em seu próprio bolso”[2]  Francisco de Souza , o governador geral do Brasil era obcecado por ouro”.[3]
-Ora senhor Garcia, é óbvio que os reis espanhóis estão também atrás de ouro, e o Senhor das Manhas tinha informações preciosas a respeito do metal, portanto, não há o que se surpreender. A alcunha do Francisco (das Manhas) não lhe foi dada atoa.
- Ele não vai fazer nenhuma coisa pelo Brasil, pois estará simplesmente envolvido em encontrar ouro.
- Bom Senhor Garcia não há nada mais a ser feito, ele será o governador do Sul e pronto, simples assim.
Assim que eu disse isto, o Sr. Garcia ficou muito irritado e partiu para cima de mim, parecendo que iria me agredir, cheguei mesmo a sair do caminho, mas Graças a Deus ele simplesmente passou por mim e desapareceu como sempre. Deixando-me a me perguntar: Qual seria a novidade que ele queria me contar. Recorde-se que ele teria vindo para isto. Me contar uma novidade.


[1] CALDEIRA, Jorge. Padre Guilherme Pompeu de Almeida. O Banqueiro do Sertão, Vol. II, São Paulo, Mameluco, 2006.pg. 86
[2] Idem, pág. 87.
[3] Idem pág. 87.


Um comentário:

  1. Estou curiosa... qual seria a novidade? Confesso que já estava com saudades do Sr. Garcia. Quer saber Esmeralda? Espero que ele não demore para vir contar a novidade!

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