O Senhor Garcia desaparecer
completamente, fazia alguns meses que ele não dava qualquer sinal de vida
(morte) kkkk. Eu estava preocupada, não porque gostasse do senhor Garcia, sb ia
perfeitamente que ele não fora nada que prestasse em vida, além do mais tinha
aquele ar de superioridade colonial que me irritava muito, todavia, para os
meus propósitos, ele era fundamental,
Gosto de história, tanto que,
após alguns anos de formada em direito resolvi fazer história, acreditem se
quiserem: sem matricula especial. Fiz um novo vestibular e fui aprovada na
Universidade Católica do Salvador, onde fiz dois dos primeiros semestres, os
demais fiz na UNEB no campus de Santo Antonio de Jesus, para on de fui
transferida por força do trabalho, entretanto, isto não vem ao caso agora, a não ser para dar
a exata noção da minha paixão póla história.
Como nem todos tem o mesmo
interesse por História como eu, tendo
ouvido muitas vezes algumas pessoas dizerem que “odeiam” a matéria história, é
que pensei em escrever, ao menos história da Bahia colonial, de uma
maneira lúdica, engraçada, que prendesse
a atenção dessas pessoas que dizem odiar a história sem saberem o quanto ela é fantástica, o quanto do saber de outras disciplinas a ela está ligado e
quão mais fácil fica, quando aprendemos a contextualizar os fatos nos seus
devidos momentos e lugares. Mas também não quero falar da história como ciência aqui, o que
quero, e tinha e tenho em mente, é exatamente levar o leitor a aprender história, entretanto ele
só irá perceber que está lendo um texto
de história quando acaba de o ler e apreender
as informações ali contidas. A ideia é despertar o interesse para que ele, o
leitor, se aprofunde mais naquelas informações que ele acabou de perceber e
apreender, durante a leitura do texto. Isto seria e será uma grande realização
pessoal.
Foi assim que o Garcia D´Ávila entrou
na minha vida, como ele se fixou e como agora me faz falta quando deixa de
aparecer por tanto tempo. O Senhor Garcia se fazendo presente, me presenteava
com as informações que ele presenciara, vivera. Eu tinha uma fonte de informação
privilegiada, mas o danado é voluntarioso e só aparece quando quer.
Este desaparecimento estava
realmente me preocupando, e eu começava a achar que algo de ruim tinha acontecido. Será que ele faleceu? Pergunta idiota: vocês podem estar dizendo
isto a mim, mas ela tem toda lógica dentro do contexto meu e do Senhor Garcia.
Olhem bem, o homem pensava que estava vivo, não me aparecia como alma penada
que era, e que alma penada! Conversava
comigo como se vivo fosse, me dava informações do seu tempo e da sua hora. Me
contava fatos, alguns muito pouco conhecidos, do momento histórico que viveu
nestas plagas. Assim, para mim tinha toda lógica o pensamento de seu
falecimento. Se ele morresse e aceitasse esta morte ele poderia não mais
aparecer e conversar comigo: isto me dava uma ansiedade e uma tristeza danada.
Sem dúvida que para mim era uma
perda irreparável.]
Bom, e foi com estes pensamentos
que ouvi um barulho na sala. Parecia que alguém tinha levado um tombo. Larguei
o computador em cima do sofá e sai correndo para o local de onde teria vindo o
ruído. “Que cena hilária”! E não pude
deixar de rir: Ali estava o senhor Garcia ainda sentado no chão e, o cavalo
dele dera uma empenada e o derrubara, se apressando para levantar, mas a idade
já não permitia tanta agilidade, e eu o peguei ali, no chão.
Kkkkkkkkkkkk, o que houve Senhor
Garcia?
- Não me encha os pacova, não
estas a ver?
Contendo o riso perguntei-lhe – quereis
ajuda para levantar-se.
- Esmeralda! Não sei para que ainda venho aqui e converso
consigo: És insuportável e pensas que podes comigo. Não podes não, não sei como ousas pensar em
ajudar um homem como eu a levantar.
- Desculpe senhor Garcia eu só
queria ser educada, mais nada.
- Guarde a sua educação, eu a
dispenso e já estou arrependido de vim aqui.
Aquela última frase me deu um
friozinho na espinha. Desgraçado; bulira no meu ponto fraco, ah se ele
realmente resolvesse não voltar! Como, sem ele, eu continuaria com o meu
projeto? Amenizei, então, a coisa.
Desculpe Senhor Garcia, é que
esqueço o quão forte o senhor é. Então o senhor ia lá precisar de uma mulher
para levantar? Jamais, jamais mesmo. Sou
mesmo uma abestada como pensaria e verbalizaria uma coisa desta.
Claro que isto para aquele velho prepotente, fazia toda a
diferença. O Senhor Garcia estava envelhecendo, aquela queda era uma
constatação. Por mais que ele não admitisse, ele estava ficando frágil.
-
O que houve com o senhor? Pensei que tinha acontecido alguma coisa
consigo? Desapareceu faz algum tempo.
- Tenho muitas coisas a fazer,
além de estar vindo visitar-te., mas hoje, efetivamente fiquei com saudades
tuas e vim aqui, além do mais tenho uma grande novidade para ti.
- Uma novidade? Chegou algum novo
governador? Alguma coisa está para acontecer que eu não tenha
conhecimento? Ah como fiquei excitada
com esta fala do Senhor Garcia.
-Calma! Vou falar-te, mas antes quero uma coisa.
Uma esfriada; que diabos aquele
homem ia querer? Sexo com ele, apesar de sabe-lo um espirito, seria impossível.
Eu não gostava da aparência daquele velho, não gostava dele, não admitiria, nem
mesmo a nível espiritual que aquele sacana me pegasse. O que seria?
- Quero que olhes na sua madeira
preta uma coisa
- O que: Quase tenho uma crise de riso: então o senhor
Garcia queria que eu olhasse algo na minha madeira preta! Ele realmente achava que eu era uma bruxa e
que aquela madeira preta, como ele chamava meu computador, deveria ser uma bola
de cristal.
- Sim, vai chegar mesmo um novo
governador e eu quero saber como este homem ficará aqui, como ele vai se
portar. Afinal o último governador deixou uma marca triste para nós, homens de
bem que engrossamos tesouro real.
- Eu olho senhor Garcia, mas o
senhor tem que me dizer algumas coisas?
- O que por exemplo?
-Em que ano estamos, ou quem foi
o último governador que deixou tão grande nódoa. Enfim, alguma coisa que me
permita encontrar o que que quer.
- Então não sabes, tu mesmo que me
falaste das vergonhas e safadezas do Diogo Botelho.
-Ah, agora sim. O Senhor quer saber quem virá agora? Vou
olhar.
- Todavia gostaria muito de saber
qual o motivo desta sua preocupação. O senhor é uma pessoa bem informada e sabe
de tudo antes mesmo das coisas acontecerem.
- Agora é diferente, só quero
mesmo confirmar uma coisa que estamos temendo. Há uma intenção da divisão do
poder em dois governadores, um que terá sede no Rio de Janeiro e outro aqui na
Bahia, e quero saber mesmo se El Rey vai fazer isto mesmo. Noutra ponta, tenho
mais receio ainda de que o Francisco das M9nas volte.
- Senhor Garcia o senhor devia se
afastar destas questões, devia é cuidar da sua saúde, dos seus bens, as
mudanças administrativas não vão
interferir muito na vossa vida.
-Podes ver isto ou não?
- Claro que posso
Pequei o computador e coloquei no
google – Quem foi o governador geral em 1908: Sem qualquer surpresa. O Diogo Botelho seria substituído por um outro
Diogo – o Diogo de Menezes Cerqueira, que ficaria na Bahia, e pelo Francisco
das Manhas, o Francisco das Minas, como o senhor da torre havia falado.
- Maldição! Gritou o Senhor da
Torre. Onde estes réis espanhóis estão com a cabeça. O Francisco só quer saber
de encontrar minas de ouro, não irá governar nada, além do mais esta divisão de
governo somente vai complicar as coisas. Já não viram que não deu certo da primeira
vez?
Fiquei intrigada com aquela
reação do senhor Garcia, ele já estava para lá de Bagdá, e eu saia que ele não
ia durar muito, então para que aquela reação? -
O que será que ele estava planejando ainda?
-Senhor Garcia, se eu soubesse
que o senhor ia ficar tão zangado não lhe diria nada, Por que esta raiva. O Das
Manhas fez alguma coisa contra o senhor? Ele não vai it referir no governo
daqui, pois ele comandará o Sul, a partir do Rio de Janeiro, o senhor poderá,
caso se interesse por minas de ouro, continuar com as suas buscas por aqui,
pelo norte nordeste. ~-
- Não estou zangado não, estou
mesmo é possesso. Então os reis não sabem que o das Manhas, quando estava à
frente do governo geral, ao saber que fora encontrado outro em no “Jaraguá e em
Voturana decretou: “Hey por bem, e
serviço de sua majestade, em nome de dito senhor, fazer mercê a Diogo Gonçalves
Laço do cargo de Capitão das Minas de ouro e prata e metais , que são descobertas cobrirem
nesta vila de São Paulo”.[1]
Não contente com isto, ele “ foi pessoalmente
ver as minas com seus próprios olhos e
colocar uma parte do metal em seu próprio
bolso”[2]
Francisco de Souza , o governador geral
do Brasil era obcecado por ouro”.[3]
-Ora senhor Garcia, é óbvio que
os reis espanhóis estão também atrás de ouro, e o Senhor das Manhas tinha
informações preciosas a respeito do metal, portanto, não há o que se
surpreender. A alcunha do Francisco (das Manhas) não lhe foi dada atoa.
- Ele não vai fazer nenhuma coisa
pelo Brasil, pois estará simplesmente envolvido em encontrar ouro.
- Bom Senhor Garcia não há nada
mais a ser feito, ele será o governador do Sul e pronto, simples assim.
Assim que eu disse isto, o Sr.
Garcia ficou muito irritado e partiu para cima de mim, parecendo que iria me
agredir, cheguei mesmo a sair do caminho, mas Graças a Deus ele simplesmente passou
por mim e desapareceu como sempre. Deixando-me a me perguntar: Qual seria a novidade
que ele queria me contar. Recorde-se que ele teria vindo para isto. Me contar
uma novidade.
[1] CALDEIRA,
Jorge. Padre Guilherme Pompeu de Almeida. O Banqueiro do Sertão, Vol. II, São
Paulo, Mameluco, 2006.pg. 86
[2]
Idem, pág. 87.
[3] Idem
pág. 87.
Estou curiosa... qual seria a novidade? Confesso que já estava com saudades do Sr. Garcia. Quer saber Esmeralda? Espero que ele não demore para vir contar a novidade!
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