quarta-feira, 8 de novembro de 2017

Diga, simplesmente, Não

“Eu lhe disse que era melhor ficar calada, mas você, como sempre, nunca segue os meus conselhos, tampouco faz caso das minhas ponderações.”
Estava evidente que isto ia acontecer, tantos anos se passaram, mas parece que nada mudou, embora ela saiba, mudou e muito, mas no relacionamento deles é como se o tempo tivesse parado.
As mesmas rusgas, as mesmas queixas, os mesmos problemas, tudo igual. Neste final de semana, entretanto, o que ela mais temia aconteceu. Um ponto de divergência enorme. Aquilo não era para ser lembrado, nem discutido, nada enfim. Para ela estava pacificado aquele entendimento, mas depois de tantos anos, o filme passou e ela não gostou do enredo, nem antes e nem agora.  Um enredo traumático, ruim de se ver. Sem a lógica necessária para um bom entendimento. Parecia um filme sem roteirista, continuista, etc., etc., até mesmo sem figurinista.
Estava espantada ao ver a reação dos espectadores, bem como dos próprios personagens. No fim do filme só o desgaste emocional da espera de um final, que já sabe, não virá tão cedo, há muita divergência entre os personagens principais, eles não se entendem em relação aos coadjuvantes, ao seu ver, um  mar de pessoas completamente desnecessárias, que nada lhe acrescem, pelo contrário, já lhe sugaram demais, arrancaram muitos ais de seu peito, já lhe deixaram sem chão, sem voz, sem alma até, por um grande período, aquele período em que os atos que lhe decepcionavam costumavam  atolar a sua alma de tal maneira, que era difícil sair. Era preciso, ou melhor: foi preciso muita coragem, tempo, e uma boa dose de auto estima.
Sim, ela passara tudo isto e saíra daquela morbidez que se impusera, embora coativamente, pois nunca desejou isto.  Fizeram tudo para que ela assim ficasse, uma imposição mesmo. Ela, desnorteada até, deixou que as coisas, os acontecimentos, a dor entrasse em   si. Demorou muito tempo, chorou, sofreu, enfim, mas conseguiu sair daquele desespero, no entanto ficou, como sempre, marcada e as marcas deixam mesmo feridas cicatrizadas, quase incuráveis, que podem, com um só gesto, uma só palavra, serem reabertas e, de novo, não com a intensidade de antes, pois o tempo faz isto, diminui a intensidade de tudo, seja do amor, seja do ódio, mas não apaga nada por completo.
Por que será que as pessoas não entendem a dor do outro?  Não sou adepta da “a dor é minha e não é de mais ninguém”. Sim, sei perfeitamente que a dor é nossa, pessoal, ninguém sofre a nossa dor e nem a sente, mas ela precisa ser respeitada. Você pode não compartilhar a dor, mas quem estar por perto de você, precisa entender a sua dor e evitar que ela se renove.
Quão mórbido é o prazer de alguém que renova a dor do alheio. Será que nunca sentiu nenhuma dor? Não falo aqui, por óbvio da dor física, embora ela possa ser consequência de uma dor interior mesmo, que fragiliza tanto o eu,  que o  corpo pode reagir a isto; falo da dor  da alma, esta que machuca tanto, tanto  que faz você esquecer de si próprio, porque ela é que passa a ser você, entra em todos os seus poros, circula em toda a sua  teia sanguínea, lhe consome por dentro.
Já passou diversas situações assim, de ficar tão debilitada interiormente que não tinha qualquer reação durante algum tempo.  Não sabe se ama tanto algumas pessoas que,  quando a decepção vem delas,  é maior do que pode assimilar! O fato é que por elas e por causa delas, tem tentado mudar, mas é difícil: quando pensa que esta curada de tudo, vem uma palavrinha, uma lembrança e tudo perdido: e o peito retoma uma frequência anterior.

 É difícil, mas não é impossível. Não se deixem pegar por qualquer dor, não sofram, não chorem. Afastem da sua vida aquilo que lhes causa qualquer dor, até mesmo um pequeno desconforto, porque ele evoluiu e pode lhe causar grandes sofrimentos, que podem ser evitados apenas com uma decisão:  “Não quero

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