segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

Poder e posse

O dia está lindo, há sol, o céu azul, o verde das árvores. Sentada na cama observa tudo isto pela janela do quarto “da Gatucha” é assim que a amiga trata este cômodo da casa. É engraçado como personaliza-se algo: seja um espaço, seja uma coisa, seja até mesmo uma pessoa, pois quando personaliza-se também dá-se, ou toma-se posse, seja atribuindo-a a si próprio seja a outrem, por exemplo: o quarto da Gatucha; o quarto é dela, não é de Maria e nem de João, é dela e ela é que tem a posse dele, no caso do quarto em questão, ela tem apenas uma posse temporária, completamente justa, exerce-a de vez em quando, mas tem uma posse.

quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

Uma nova tentativa - Continuação da análise

Já acordou de “calundu”; então insistia naquela história de analista, mesmo tendo a certeza que não daria certo, insistia; devia ser o desejo de participar do mundo dos “ins”. Agora, ao menos, tinha a consciência que seria analisada por uma mulher, pois até mesmo o sobrenome já era sugestivo do sexo. LARANJEIRA. Um laranjeiro, certamente, não daria frutos, seria uma árvore estéril. Bom, o certo é que tinha consulta marcada às 15h00min com a Doutora Laranjeira.
Arrumou-se toda, parecia que ia a uma festa. Por que isto? Perguntou para si mesma, então você vai ao analista, que é uma mulher, e se emperiquita toda desta maneira?

terça-feira, 13 de janeiro de 2015

ENCONTRO NÃO MARCADO

Estava, mais uma vez, em Lisboa e, portanto, não lhe custava nada tentar um contato com o Madeira. Já vinha pensando nisto no avião e, assim que colocara os pés no solo português, ainda dentro do aeroporto da Portela, decidiu que tentaria contatá-lo.
- Será mesmo que ele ainda lembra-se de mim? Tanto tempo se passara desde o último contacto, quando ela decidira que seria mesmo o último. No seu consciente, no seu racional, sabia que era melhor não tentar nada, mas o diabinho interior, com os seus tridentes futucando ali e aqui já decidira por si. Sim, ela ia entrar em contato, só não o fazia naquele momento porque estava sem rede no tele móvel e ansiosa pelas malas que não apareciam na esteira. Já se passara quase quarenta minutos do desembarque ela não via as malas.