Como de costume ás terças e
quintas feiras acordou mais cedo; era dia de ginástica. Seguindo a moda
academia, vestiu a calça colada no corpo, o bustiê e uma camisa, também colada
ao corpo, mais apertada. Hoje não iria de macacão colado, iria assim, era um
novo modelito, ainda não conhecido pelos colegas de academia. Ela se sabia uma mulher interessante. Sem ser
alta, mas com uma boa altura, com o corpo bem delineado. Tinha um orgulho da
porra da bunda dura que, torneada, era muito bem valorizada pelas calças coladas
no corpo. A bunda, especificamente ela, era o que chamava atenção mesmo, tanto
de homem, quanto de mulheres; as mulheres com inveja, os homens com tesão.
Tinha malandro que fazia questão de ficar bem atrás dela, assim a oportunidade
de “comer com os olhos” era bem maior. Sim, porque ela era casada e, em princípio,
os colegas só poderiam comê-la com os olhos.
A miserável fazia mesmo charme.
Quando estava nos aparelhos, principalmente na bicicleta, o rabão ficava lá, à
mostra, todo mundo entusiasmado. As colegas irritadas porque não conseguiam,
tanto quanto ela, chamar atenção. Algumas até chamavam, não por força de
perfeição, muito pelo contrário, por força da falta de senso de ridículo. Olhe
que não há nada pior de que uma roupa de ginástica, as da moda atual, vestida
por quem não tem qualquer condição de usá-la.
Bundas murchas, bundas moles, largas,
culotes, barriga caída, barriga grande, banhas laterais, tudo isto fica ridículo
dentro de uma roupa de ginástica, mas elas parecem não ligar. Quando usam
aquelas meias até o meio da perna então, que coisa mais feia, parece que a miserável não tem espelho em casa.
E os cabelos. Os cabelos têm o
seu lugar. Invariavelmente louros e presos no meio da cabeça em rabo de cavalo, alguns não conseguem
nem ser de jegue, estão amarrados por uma borracha ou qualquer outra zorra, que,
no meio do treino, é retirada para permitir um movimento, para novamente enrolar o cabelo com
alguma destreza e impaciência delas, que quase perdem a cabeça somente para
fazer este pequeno gesto. O movimento é tão forte que elas quase perdem a própria
cabeça, aliás, perdida elas já estão mesmo, porque ninguém, em sã consciência, poderia se auto ridicularizar dessa maneira.
Todavia, o fato é que ela, mais
uma vez, chega à academia. Como de costume marca a presença já pelo pequeno
atraso, que, aliás, faz parte do show, pois a bunda pode ser mais analisada
enquanto ela se encaminha para a sua esteira, ou para qualquer aparelho outro,
ou ainda, para o seu tapetinho.
Religiosamente, chegava cinco minutos atrasada, todos os dias em que frequentava
a academia, os professores já nem ligavam mais. Ela encaminhava-se para o seu
destino passando pelos olhares voluptuosos dos homens e invejosos das mulheres.
Sabia perfeitamente a sensação que causava e abusava disto.
Nesse dia, uma quinta feira,
final de mês, ela tinha feito uma boa farra no dia anterior. Tomou todas, comeu
muito, saiu da sua rotina. Estava feliz, fora comemorar com o marido a aprovação
dele em um concurso da Policia Federal; agora ela teria mais uma proteção, um
policial, tempo integral, como seu guarda bunda. O seu esposo não fazia por
menos, gostava de mostrar a todos aquele monumento, que ele pensava só ele
comia, ou melhor, degustava. Ele sempre queria que ela estivesse de roupas
coladas no corpo, de preferência de malha, aquelas que desenhavam mesmo e que
mostravam, sem qualquer dúvida, que a bunda da moça era mesmo dura, sem artifícios.
Pois bem; ela chega e dá sua
caminhada até o colchão. Hoje resolveram que não se usaria aparelhos. Abdômen e
pernas iam ser trabalhados, mas sem a ajuda de aparelhos. E lá se vai a zorra: aquecimento,
corrida parada, flexões, agachamento, etc. Ela seguindo os movimentos, quase
que como um autômato, parece ter decorado a série.
“todos deitados no tapetinho” diz
o professor.
Ela se deita juntamente com os
demais. Estava cercada: lado direito,
esquerdo, frente e costas, todos homens, nada de mulheres ao seu redor.
“Braços estendidos ao lado do
corpo, pernas dobradas: levanta o quadril no inspiro, solta no expiro. Série de
dez vezes.”
Ela, graciosamente, faz o exercício,
mas começa a sentir algum desconforto.
“Pernas estendidas, braços acima
da cabeça, levanta a perna e a cabeça se aproxima do joelho.”
E lá vai ela fazendo tudo certinho, mas estava
sentindo-se incomodada.
“Segura os joelhos e aproxima do
abdome”.
PUMMMMMMMMMMMMMMMMMMM em alto e
bom som. Os que estavam juntos começam a tentar tampar o nariz, primeiro disfarçadamente,
depois sem qualquer constrangimento. Ela apavorada nem sequer olhava para os
lados, estava lívida. Ela mesma não conseguia suportar a sua própria
produção. Fazendo de conta que não fora
ela, tentava com a mão espalhar aquele ar fétido.
Insegura, continuou com o
exercício, sabia que não devia fazê-lo, mas como levantar dali e denunciar-se,
mostrar a todos o que ela queria a todo custo esconder. Se ela fosse embora
todos saberiam que fora ela mesma; como coisa que eles já não tivessem percebido.
De novo, o mesmo exercício, agora
já não repetido com tanto vigor. E aí, novamente, o inevitável acontece: PUMMMMMMMMMMMMMM, mais alto e mais
fedido. E ela, rubra, agora já não podia
disfarçar, sente algo quente e pegajoso entre a sua calça colada e sua pele e
percebe que, não fora só "um alivio", no momento o serviço fora
completo e a roupa demonstrava o que a todo custo ela queria esconder.
Todos pararam e se afastaram
dela, que sem saber o que fazer, completamente envergonhada, cagada e mal
cheirosa, ficou a espera de um milagre, que não aconteceu.
Depois que todos deixaram a sala
ela enrolou-se no tapetinho e foi-se dali, para nunca mais voltar, até porque a
sua bunda podia ser perfeita, linda, dura, sensual, mas os seus dejetos eram
fedorentos e iguais aos de qualquer outro mortal. Toda a sua empáfia, o seu
charme foi embora, deixou a academia, mas nunca foi esquecida pelos colegas: as
mulheres riam-se da situação vingadas por obra da própria natureza, e os homens já não queriam aquele rabo, afinal era
igual a qualquer outro quando cumpria uma de suas mais elementares funções.
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