Outro dia, no Facebook, vi um Homem dizer a uma mulher que, se ela fosse uma cidade, ela seria Lisboa .
Confesso que fiquei muito enciumada, porque queria que este elogio fosse a mim dirigido: logo me imaginei no lugar dessa abençoada mulher que é a Lisboa da vida daquele homem, e fui me deixando levar pelos pensamentos e me colocando, ao mesmo tempo, no lugar dele e dela.
Imaginei alguém,( ele no caso) percorrendo vagarosamente os meus becos, as minhas colinas, afazer um estudo demográfico detalhado, a buscar e identificar todos os meus pontos de referência, que a um leve toque de suas mãos e dedos, se colocam à sua disposição e se amostram exuberantemente para que ele, localizando-os bem, para que não se perca na cidade a procurar caminhos que não o levarão a lugar nenhum. Imagino-o à percorrer esses caminhos: ora aflito, ora calmo, hora extasiado, ora voluptuoso, ora sensível, mas sempre a procurar o máximo de prazer em cada canto, em cada curva, em cada bequinho escondidinho e mais úmido a lhe proporcionar horas de prazer, indecifrável e indisível, nessa busca recheada de descobertas e constatações de completo domínio do conhecimento de uma cidade vibrante, colorida e molhada pelas águas do Tejo amado, que comporia, junto com a sua bela esposa, este labirinto de delícias descoberto por todos os sentidos: tato, olfato, paladar, visão e audição.
Deixá-lo-ia tocar nas minhas colinas, nos meus montes, permitiria que ele sentisse as minhas cascatas despertadas pelos seus toques nos lugares certos que ele já conheceria.
Ouviria na voz do vento os seus gemidos de amor, as suas juras, os seus desejos e o seu amor traduzindo em palavras ao estilo Camões, Fernando Pessoa, Florbela Spanca,
Sentiria o sabor da sua boca ávida procurando a minha, permitiria o encontro das nossas línguas querendo guerrear dentro do nosso próprio céu, deixaria que os líquidos desta cidade fantástica se encontrassem formando até, quem sabe, uma nova vida.
Olharia inebriado/a os nossos reflexos nas calçadas dos passeios famosos e formosos da cidade, veríamos os nossos corpos refletidos no Tejo em suas águas que correm, vagarosamente ou não, no caminho que esse rio percorre até o seu destino final, quando não saberíamos mais distinguir as nossas águas misturadas que estariam por este mundão.
Sim, queria ser essa mulher amada por aquele homem que ama a sua cidade e, por amá-la tanto, fez esta grande e interessante analogia com o amor de sua vida.
Se fora para mim tanto amor, já o teria recebido de portas abertas exatamente como Lisboa faz com o seu amado Tejo e com tantos quantos a visitem; retribuiria sim, em beleza, amor, sensualidade, bondade, cumplicidade a todo esse imensurável amor desse homem.
Parabéns a quem fez a analogia e parabéns para quem a inspirou. Um conselho: Seja a LISBOA de alguém.
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