Entrei num restaurante no
cais Sodré para beber umas imperiais, quem quiser acredite, conheci Miguel, o
empregado de mesa. Muito gentil, muito solicito, pedi uma bruscheta de
cogumelos: grande escolha, maravilhosa, mas muito grande mesmo, sabia perfeitamente
que não comeria sozinha. Quando o prato chegou fiz uma grande exclamação: Puta
que pariu! É muito grande, momento em que o empregado de mesa disse que ele tinha tempo,
que eu poderia comer bem devagar e que poderia ficar ali sem preocupações.
Dei risada e continuei
ali sentada a olhar o meu Tejo amado e o impossível aconteceu: o então
empregado de mesa, me perguntou se eu morava em Portugal, disse-lhe que não,
perguntou-me quando ia embora, disse-lhe que na terça, e ele disse-me que era
uma pena: concordei, talvez por motivos diversos, o meu era porque ali era o
meu antigo espaço, ali eu ficava a olhar o Tejo, o vai e vem dia barcos, as
gaivotas, enfim, olhar a vida que vivi sendo este o meu espaço fantástico. Como
amo este lugar realmente achei uma pena não ter vindo antes, pois na hora que
pedi a terceira imperial e a conta, o rapaz disse-me
- não podes ir embora sem conhecer a casa de
banho daqui
-Qual o motivo?
Perguntei-lhe,
-A casa de banho é muito
bonita.
Levantei-me e perguntei
onde era a casa de banho ele
-Queres ir sozinha ou
quer que te acompanhe?
Achei bem estranho, mas
disse-lhe: Como não sei onde é, melhor que me acompanhes.
Até então eu não dei por
conta de nada, o corredor estreito e escuro era longo, e o rapaz vinha atrás de
mim, de qualquer maneira estava intrigada e aí a ficha caiu: percebi o que o
rapaz tinha em mente, embora não quisesse acreditar, até porque o dito cujo,
que agora sabia chamar-se Miguel tinha idade para ser meu neto, mas era isto
mesmo: o sacana me mostrou o banheiro, que era realmente interessante e eu
voltei para a mesa.
-És casada?
Será que ouvi direito?
Sim, ouvi direito e respondi: Não sei bem o meu estado civil, mas estou cá
sozinha.
Porra! Parece que esta
resposta foi mesmo a senha e o menino endoidou, perguntou-me se eu voltaria
mesmo na segunda, como eu já tinha dito isto para mim mesma antes de qualquer
coisa: disse-lhe que sim, pois havia pensado em vim com a Vera e a João, vez
que o lugar é mesmo sensacional, aí ele
me falou:
- Estarei aqui à tua espera
na segunda pela manhã.
Não acreditei mesmo no que
estava acontecendo. Um rapaz bonito, olhos verdes, interessante, a me dar
cantada explícita. Paguei a conta e ele disse:
-Venha aqui, chamando-me
para dentro do restaurante, onde ele estava perto do final do balcão
Como queria saber o que
ia dar aquilo fui ter com ele, que de imediato, começou a me conduzir para o
banheiro novamente.
Não sei como estava a
minha cara, mas ela devia estar demonstrando alguma coisa, pois o Miguel
perguntou-me:
-Estás com medo?
-Perguntei-lhe: medo de
que?
-De estar comigo?
-Não, não estou com medo.
- Então não queres?
- Não quero o que?
-Nunca tiveste um
relacionamento com uma pessoa mais jovem?
Nossa, nesse momento
confesso que me assustei, será que o cara estava me levando para o banheiro e
ia tentar me agarrar, ou sei lá que porra mais!, Acho que agora eu devia estar
com uma cara apavorada mesmo.
O rapaz, ao chegar ao
banheiro, já empurrou a porta e entrou me puxando para dentro, a sua excitação
era notória, a roupa de malha deixava demonstrar o que, na verdade ele não
queria esconder. Disse a mim mesmo: este filha da puta é tarado, entretanto,
mesmo diante daquelas circunstâncias, não nego que estava lisonjeada, o rapaz parecia
ter, se muito, uns 28 anos, e eu ali aos 71 naquela situação, mas o universo
conspirou contra ele e a meu favor, pois exatamente na hora que entramos no
banheiro uma porta se abriu e apareceu um senhor
-Que se passa aqui?
- Tem algo errado na casa
de banho, respondeu o Miguel
E eu, para salvá-lo daquela situação, disse:
Aqui está um mal cheiro
insuportável, parece que há alguma coisa entupida menti descaradamente, aos 71
anos, para salvaguardar o menino travesso, que não contem o seu tesão.
Evidentemente que saímos
do banheiro, tendo o senhor me pedido desculpas e me agradecendo por falar com
o funcionário.
Pela mesma porta que o
dito tinha aparecido ele desapareceu, e o Miguel me empurrou para a casa de
banho dos homens, Tentou me agarrar e me pediu que lhe desse ao menos um beijo,
aliás, isto com a língua já se metendo pela minha boca a dentro.
Me desvencilhei dele e
sai quase correndo dali num misto de incredulidade e de satisfação kkkkkkkkkk
Na rua, dirigindo-me a
estação, não conseguia conter o riso, chegava a parar para questionar-me: Isto
aconteceu mesmo? Não acredito! Meus Deus aos setenta e um anos me acontece uma
coisa desta! Ninguém vai acreditar se contar esta estória.
No comboio eu não
conseguia parar de rir e de me perguntar: Isso ocorreu mesmo? Tu tá ficando
doida mulher! Entretanto eu não conseguia parar de repetir: E verdade mesmo,
isto aconteceu?
Não gente, não aconteceu!
Percebi isto quando acordei kkkkkkkk. Tudo foi um sonho, mas de verdade um
sonho bom, pois me fez, em alguns momentos, acreditar que sou poderosa e que
posso conquistar um rapaz bem mais novo que eu.
Juro que, se mais tempo
tivesse em Lisboa, eu iria ali naquele restaurante, pois ele existe mesmo, ele
fica no lugar que antigamente era o IBO, o nome kkkkkkkkk, sugestivo para o
acontecimento, é BIPOLAR, e fica bem em
frente ao Tejo, um lugar maravilhoso de onde, com Miguel ou não, podemos
apreciar a beleza do Tejo bebendo um bom vinho ou apenas uma imperial. Boa
sorte.
Nenhum comentário:
Postar um comentário