domingo, 20 de outubro de 2024

O empregado de mesa conquistador



Entrei num restaurante no cais Sodré para beber umas imperiais, quem quiser acredite, conheci Miguel, o empregado de mesa. Muito gentil, muito solicito, pedi uma bruscheta de cogumelos: grande escolha, maravilhosa, mas muito grande mesmo, sabia perfeitamente que não comeria sozinha. Quando o prato chegou fiz uma grande exclamação: Puta que pariu! É muito grande, momento em que o  empregado de mesa disse que ele tinha tempo, que eu poderia comer bem devagar e que poderia ficar ali sem preocupações.

Dei risada e continuei ali sentada a olhar o meu Tejo amado e o impossível aconteceu: o então empregado de mesa, me perguntou se eu morava em Portugal, disse-lhe que não, perguntou-me quando ia embora, disse-lhe que na terça, e ele disse-me que era uma pena: concordei, talvez por motivos diversos, o meu era porque ali era o meu antigo espaço, ali eu ficava a olhar o Tejo, o vai e vem dia barcos, as gaivotas, enfim, olhar a vida que vivi sendo este o meu espaço fantástico. Como amo este lugar realmente achei uma pena não ter vindo antes, pois na hora que pedi a terceira imperial e a conta, o rapaz disse-me

-  não podes ir embora sem conhecer a casa de banho daqui

-Qual o motivo? Perguntei-lhe,

-A casa de banho é muito bonita.

Levantei-me e perguntei onde era a casa de banho ele

-Queres ir sozinha ou quer que te acompanhe?

Achei bem estranho, mas disse-lhe: Como não sei onde é, melhor que me acompanhes.

Até então eu não dei por conta de nada, o corredor estreito e escuro era longo, e o rapaz vinha atrás de mim, de qualquer maneira estava intrigada e aí a ficha caiu: percebi o que o rapaz tinha em mente, embora não quisesse acreditar, até porque o dito cujo, que agora sabia chamar-se Miguel tinha idade para ser meu neto, mas era isto mesmo: o sacana me mostrou o banheiro, que era realmente interessante e eu voltei para a mesa.

-És casada?

Será que ouvi direito? Sim, ouvi direito e respondi: Não sei bem o meu estado civil, mas estou cá sozinha.

Porra! Parece que esta resposta foi mesmo a senha e o menino endoidou, perguntou-me se eu voltaria mesmo na segunda, como eu já tinha dito isto para mim mesma antes de qualquer coisa: disse-lhe que sim, pois havia pensado em vim com a Vera e a João, vez que o lugar  é mesmo sensacional, aí ele me falou:

- Estarei aqui à tua espera na segunda pela manhã.

Não acreditei mesmo no que estava acontecendo. Um rapaz bonito, olhos verdes, interessante, a me dar cantada explícita. Paguei a conta e ele disse:

-Venha aqui, chamando-me para dentro do restaurante, onde ele estava perto do final do balcão

Como queria saber o que ia dar aquilo fui ter com ele, que de imediato, começou a me conduzir para o banheiro novamente.

Não sei como estava a minha cara, mas ela devia estar demonstrando alguma coisa, pois o Miguel perguntou-me:

-Estás com medo?

-Perguntei-lhe: medo de que?

-De estar comigo?

-Não, não estou com medo.

- Então não queres?

- Não quero o que?

-Nunca tiveste um relacionamento com uma pessoa mais jovem?

Nossa, nesse momento confesso que me assustei, será que o cara estava me levando para o banheiro e ia tentar me agarrar, ou sei lá que porra mais!, Acho que agora eu devia estar com uma cara apavorada mesmo.

O rapaz, ao chegar ao banheiro, já empurrou a porta e entrou me puxando para dentro, a sua excitação era notória, a roupa de malha deixava demonstrar o que, na verdade ele não queria esconder. Disse a mim mesmo: este filha da puta é tarado, entretanto, mesmo diante daquelas circunstâncias, não nego que estava lisonjeada, o rapaz parecia ter, se muito, uns 28 anos, e eu ali aos 71 naquela situação, mas o universo conspirou contra ele e a meu favor, pois exatamente na hora que entramos no banheiro uma porta se abriu e apareceu um senhor

-Que se passa aqui?

- Tem algo errado na casa de banho, respondeu o Miguel

 E eu, para salvá-lo daquela situação, disse:

Aqui está um mal cheiro insuportável, parece que há alguma coisa entupida menti descaradamente, aos 71 anos, para salvaguardar o menino travesso, que não contem o seu tesão.

Evidentemente que saímos do banheiro, tendo o senhor me pedido desculpas e me agradecendo por falar com o funcionário.

Pela mesma porta que o dito tinha aparecido ele desapareceu, e o Miguel me empurrou para a casa de banho dos homens, Tentou me agarrar e me pediu que lhe desse ao menos um beijo, aliás, isto com a língua já se metendo pela minha boca a dentro.

Me desvencilhei dele e sai quase correndo dali num misto de incredulidade e de satisfação kkkkkkkkkk

Na rua, dirigindo-me a estação, não conseguia conter o riso, chegava a parar para questionar-me: Isto aconteceu mesmo? Não acredito! Meus Deus aos setenta e um anos me acontece uma coisa desta! Ninguém vai acreditar se contar esta estória.

No comboio eu não conseguia parar de rir e de me perguntar: Isso ocorreu mesmo? Tu tá ficando doida mulher! Entretanto eu não conseguia parar de repetir: E verdade mesmo, isto aconteceu?

Não gente, não aconteceu! Percebi isto quando acordei kkkkkkkk. Tudo foi um sonho, mas de verdade um sonho bom, pois me fez, em alguns momentos, acreditar que sou poderosa e que posso conquistar um rapaz bem mais novo que eu.

Juro que, se mais tempo tivesse em Lisboa, eu iria ali naquele restaurante, pois ele existe mesmo, ele fica no lugar que antigamente era o IBO, o nome kkkkkkkkk, sugestivo para o acontecimento,  é BIPOLAR, e fica bem em frente ao Tejo, um lugar maravilhoso de onde, com Miguel ou não, podemos apreciar a beleza do Tejo bebendo um bom vinho ou apenas uma imperial. Boa sorte.

 

 

 

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