sábado, 24 de fevereiro de 2024

DANÇAR, DANÇAR, DANÇAR




 Por que as pessoas param de dançar?

 Fico irada com este tipo de atitude: parar de dançar. Quando você para de dançar, parece que você perdeu a alegria, perdeu o elo com a vida e com o outro.

Não existe melhor coisa do que dançar para você sentir que está vivo, que tudo em você está funcionando. Quando você dança com alguém você está interagindo com essa pessoa,

Embora você possa perfeitamente dançar sozinho, não vai ser a mesma coisa que dançar com outro, é uma questão de troca de energia.

Pense aí: quando você dança com alguém, você transfere o seu calor, a sua energia para outra pessoa e também recebe dela energia. Os corpos estão colados, os movimentos são sincronizados para que a dança seja fantástica, compassada, adaptando os movimentos, os passos à música. No momento em que os dois estão unidos dançando forma-se uma aura energética tão intensa que, se pudéssemos ver esta aura, veríamos apenas uma nuvem a circundar os dois corpos e você não saberia, ou não saberá, distinguir um do outro.

 Dançar è um abraço   demorado de duas almas que procuram trocar as suas energias. Você pode dançar com uma criança, com um idoso, com mulher, com homem, enfim você pode dançar com qualquer um, há quem se contente até com um cabo de vassoura, embora este último comprometa a energiakkkkkkkkkkkkk.

Lembro-me, quando criança, que o meu pai nos ensinava a dançar; essas sessões normalmente ocorriam aos domingos depois do almoço, meu pai colocava-nos sobre os seus próprios pés e ia dançando até nos acostumarmos com os movimentos dos pés, quando ele notava que já podíamos movimenta-los por nós mesmos ele mandava gente tirar os pês de cima dos dele e continuava a nos levar, agora conosco movimentando os pés sozinhos.

Sim ensinar-nos a dançar, talvez seja o maior gesto de amor de nosso pai para conosco, pois o bicho era bem espanhol, ríspido, muitas vezes grosseiro, sem saber como demonstrar o amor que tinha pela família, que era liberado exatamente nesse ensinamento umgesto simples: primeiro te ensino, depois te mostro praticando e apos seguimos juntos ou separados, mas você já tem o conhecimento e pode usá-lo e ainda pode transmiti-lo.

Esta foi, talvez, a primeira lição fantástica que nós, em casa, tivemos através da dança.

 


Depois, crescidos, sem nunca pararmos de dançar, pois dançávamos entre nós, com nossos pais, nossos tios e tias, primos, enfim, éramos felizes e esta felicidade era constatada através da nossa alegria ao dançarmos juntos quase sempre nas tardes domingueiras. Minha família era realmente dançante, a espanholada de um lado e a brasileirada do outro, estávamos quase sempre em festa, motivos para comemorar não faltavam, o só fato de estarmos reunidos já virava uma festa e dançávamos porque a dança traduzia em gestos o que nos ia na alma, até minha mãe que vivia injuriada sempre, preocupada com a nossa (dela) própria sorte, dançava. Alguns não dançavam, uns por vergonha, outros por timidez, o que não impedia que vibrassem com os demais. Vezes havia que minha mãe pedia que dançássemos, talvez eu não entendesse bem o motivo, pois passamos por diversos perrengues, e nos piores momentos desses problemas ela pedia a nós, eu e meus irmãos que dançássemos, isto se prolongou pela vida, todos que andaram algum dia comigo, lá pelas casas de Arembepe, sabiam da sessão das cinco, quando,  já cheios de pau kkkkkkk, retornávamos para casa e Mainha, sentadinha no sofá, dizia: vamos dançar e era a senha para todos, os da casa, os vizinhos, enfim todos que estavam na casa, de criança aos mais velhos e ela sentadinho no sofá vibrava, quando não ensaiava alguns passos;  sim dançávamos para afastar a tristeza, para prolongar momentos de encontro, para confraternizar. O dançar é uma terapia fabulosa.

 E quando estamos apaixonados! Vocês já perceberam o efeito afrodisíaco de dançar? Claro que sim, estes efeitos são visíveis e tocáveis kkkkkkk a energia de um casal apaixonado dançando é assustadora, o abraço prolongado faz todo o corpo ter reações, eu adorava, e adoro, senti-las todas.

 Aos 14 anos, talvez pela primeira vez, uma vez que antes disto só dançava com tios, irmãos, meu pai, Aloisio (a este dançarino fantástico) e não tinha este tipo de sensação, senti toda a potencialidade de um  membro

Masculino, a princípio me afastei claro, afinal aquilo para mim era um pecado, colocaram isto na minha cabeça, (família e internato), mas depois deixei que aquele intumescimento, a então famosa “ terra” fosse feita em mim: kkkkkk, sensação da porra, aquilo chegou mesmo a machucar um pouco o meu púbis, mas tinha uma outra sensação maior que esta dorzinha,  que era o pulsar interior que me fazia encostar mais naquele que, a partir dali, passou a ser o meu. ” Namorado”; não os namoradinhos bobos, aqueles que quando muito você pega na mão e troca uns beijinhos sem qualquer pretensão de nada:  aquele era diferente, o desejo de estar mais tempo me esfregando, a vontade de não desagarrar nunca, quem me despertou foi aquele homem uns dez anos mais velho que eu, aquele Deus do Olimpo, que me chegou através de santo Antônio, pois era a noite dos jovens da novena, trezena, sei lá o que, de santo Antônio, e ao som de “o milionário”. Aquele homem me chamou para dançar, eu e minha melindrosa de bolinhas azuis estávamos enlaçadas pelo aquele rapaz que me apertava, primeiro suavemente e depois de uma maneira, que hoje sei, voluptuosa, e a falar no meu ouvido o quanto eu era linda, a mais bonita daquela festa e que ele não ia largar de mim, o que realmente aconteceu durante alguns anos em que ele reinou, e tudo isto, observem vocês, por causa de uma dança.

 Aos 53 anos também conheci uma outra pessoa através da dança, também senti e já sabendo exatamente o que era, o tesão do outro: fantástico. Com esse eu dancei religiosamente todas as quartas, sextas sábados e domingos. O homem gostava de dançar mesmo, éramos almas gêmeas nisto, dançávamos todos os momentos que podíamos. Ele dava muita risada quando ele, por algum motivo, parava de dançar, e eu continuava sozinha, sob o olhar atento claro, no salão dançando, e as pessoas, segundo ele, comentavam: “esta tua mulher é lixada para dançar”. Ele ria muito e adorava esses comentários, me dizia que falava para si mesmo, quando ocorriam esses comentários: “todos querem, mas ela é a minha mulher”kkkkkkkkkk.


Depois que esse meu dançarino se foi, acreditem ele nos deixou, indo para a eternidade dançar com outras pessoas, no mesmo espaço em que o conheci, encontrei uma outra pessoa, e se nos achegamos foi exatamente por causa da dança, o rapaz me chamou para dançar, eu fui e desde aquele dia não nos largamos mais, até o bendito dia que, tive de retornar ao Brasil, do que me arrependo até hoje. Detalhe, a dança foi tão importante nesse particular, que apesar da coragem inicial de me chamar para dançar, o parceiro teve de confessar, que não sabia dançar, mas achou que se não fizesse isso (me chamasse para dançar) ia me perder, o que ele não permitiria jamais. Acredite, dançamos muitas vezes, nos apertamos muitas vezes, mesmo com apenas o “dois para lá, dois para cá”. “Maravilhoso tempo”.

Agora danço só, os parceiros que tinha desistiram de dançar, até o meu irmão se aquietou na dança, mas eu continuo insistindo: dancem, dancem, dancem como é bom; não posso esquecer do Dico, meu querido amigo, que todas as vezes que temos oportunidade, nossos encontros das costuretes, dançamos muito.

Observem bem, não é somente o dançar, entretanto, pensem em sair, se arrumar, se perfumar, ir a algum lugar que tenha música e receber o convite de alguém para dançar, claro que não precisa se esfregar em ninguém, apenas dance, se você gostar, se esfregue, não há problema é energia circulando. Se você já chegar com alguém, aí melhor ainda, aproveite e se esfregue mesmo, saia dali prontinha para viver muitas emoções, ah meu Deus como é bom!!!!!!!!!! 

 


 

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