segunda-feira, 22 de maio de 2023

ASÍ FUE V


Acreditem se quiserem: dormi mal-humorada e acordei igual, tive sonhos com o “Meu Francisco” da minha amiga, sonhos eróticos mesmo, com a voz rouca do homem a me dizer coisas boas no ouvido, dormindo comigo de conchinha, fazendo um sexo meio selvagem entremeado de momentos muito delicados, enfim, sonhei com o cidadão, como idealizado por mim, figura que se materializou no sonho.  Um homem de 62 anos, cabelos finos e grisalhos, pele morena, olhos claros, bem claros, quase verdes, boca delineada, porem com lábios finos, com o lábio inferior mais cheio de que o superior, não quero confiar na descrição feita pela minha amiga.

No sonho  o “Meu Francisco” não era assim chamado por mim, ele virara “meu Pablo”, assim mesmo, eu o apelidara de “ Meu Pablo”, se ele fosse português iria chama-lo de “meu pau lo”  e espero que vocês entendam exatamente o motivo da separação nas silabas kkkkkkkkkkk

Depois deste sonho aí fiquei mesmo desesperada, já pedindo a Deus que me livrasse daquilo, eu não queria claro, falar com minha amiga, a respeito deste sonho, talvez ela nunca soubesse disto, pelo menos eu não falaria. Que força tinha aquilo para eu chegar a sonhar já dormindo com o cidadão?

Bom, o dia passou e eu remoendo o sonho, já agora eu queria que ela me dissesse como ela a figura do Francisco, me relembrasse, aliás eu queria saber disto hoje, e esperava, mais uma vez, ansiosa que ela chamasse.

As oito e meia da noite, depois de umas duas horas olhando a luzinha verde do “On line” no perfil dela, ela chama

-Estás aí?

Porra, esta sacana já está a falar português de Portugal, que sacana, pensei comigo mesma.

-Sim, to aqui.

-Estava com o meu Francisco, passamos umas duas horas conversando.

FDP, então ela tinha assunto para falar duas horas com o sacana do Francisco? Tenho certeza que ela não vai me dizer o que falaram  e se falar, acho que ela não vai dizer tudo.

-Duas horas: Porra quanto assunto tu tens!

-Claro que temos, só nos demos boa noite, porque são três horas de diferença, e lá já são 11;30 e meu Francisco tem de acordar cedo para trabalhar, é uma pessoa para lá de responsável, e parece, apesar do cansaço e do trabalho exaustivo, gostar do que faz.

-- Disse-me você que ele faz inspeção em balcões.

-Sim, parece-me ser um auditor do Banco onde trabalha.

-Muita responsabilidade, É um cargo muito ruim em relação aos colegas, porque as inspeções são para descobrir se há falhas no sistema, corrigi-las e apontar quem errou. Os colegas não devem gostar dele.

-Impossível não gostar do meu “Francisco” ! Ele me parece uma casa cheia, hoje mesmo disse-me que, amanhã, vai com os colegas para petiscar.

Petiscar! Lembrei-me automaticamente da Vera, ela é que fala muito isto, vai petiscar alguma coisa, mas nunca percebi que esta expressão era usada para uns copos.

-Sim, disse-me ele que um colega de outro departamento desafiou a si e aos outros colegas a tomar uns copos em uma nova tasca, felizmente, segundo ele, perto da sua casa. E aí não vamos nos falar a noite.

Eu doida para fazer perguntas, mas eu precisava ser discreta, muito discreta, não podia dar qualquer pista do que estava sentindo em relação a tudo aquilo, mas o diabinho me cutucando para fazer perguntas.

- Mulher você me disse que falou uma vez em vídeo chamada com o Francisco? Você conseguiu vê-lo bem? Como ele é mesmo?

Precisava saber disto, queria ver se a descrição tinha alguma coisa a ver com o homem com quem sonhar o então “ Meu Pau ló”

- Bom no momento do vídeo não consegui muito bem, já lhe disse que foi muito rápido e que ele ficou surpreso, me parecendo até um pouco tímido e emocionado, mas hoje, por coincidência, ele mandou-me uma foto, quando estava todo arrumado para ir para o trabalho.

Meu coração deu um salto, cheguei mesmo a tremer. E aí? perguntei, como ele é mesmo?

- Um senhor homem. Um homem que aparenta mesmo a idade que tem, 62 anos, uma expressão forte e determinada, tem a pele mais para o moreno, lábios bem delineados, os lábios inferiores mais grossos que os superiores, nariz ibérico, olhos expressivos, mas não consegui determinar a cor. Estava muito bem vestido, levava um cachecol verde, um casaco marrom de couro. Cabelos finos e grisalho. Enfim, um homem que me deu a sensação de segurança.

Puta merda, O que anda acontecendo comigo meu Deus!  Pois não é que a descrição da minha amiga era a do homem com o qual eu tinha dormido de conchinha no meu sonho, o homem que me tinha feito caricias, que falava coisas (segredos de liquidificador) ao meu ouvido, o homem que me deixara excitada a um nível tal que me deixou descontrolada. O que fazer? Como responder sem demonstrar a minha emoção?

-Pois, me parece que é um homem mesmo! Que boa amiga, que bom (falsidade pura, eu estava mesmo era puta dentro das calças)

-Perguntei a ele, para o que estava sendo dirigido aquele olhar, quando ele tirou a foto: resposta: “ Ao meu delírio, estava dirigindo este olhar a pessoa que está olhando a foto agora.

Desgraçado! O homem era mesmo um conquistador, cativante, safado. Sabia envolver a pobre coitada da minha amiga.  Eu, por que pobre coitada? Está doida mulher, a sua amiga está feliz, muito feliz, idealizando coisas, sonhando, achando que encontrou mesmo a sua “alma gêmea” e você a chama de coitada: Vai te curar mulher, você está doente.

-Como não consegui mesmo identificar a cor dos olhos, perguntei: Que cor tem os seus olhos.  Resposta: “Esverdeados”

Cacete! Aí me desgraçou de vez, pois o “meu pablo” era aquele homem que a minha amiga acabara de descrever.  Comecei a pensar uma maneira de ela me mandar a fotografia, queria ver a figura, queria ter a certeza que era mesmo o homem do “meu sonho”.  Eu tinha de arquitetar um plano para ver o cidadão. Pelo perfil não poderia, pois já lhes falei que o perfil que ele usa, segundo a minha amiga, e graças a Deus que o faz, porque do contrário o mulherio não ia deixa-lo em paz, e é do “irmão falecido a quem ele quer prestar uma homenagem”,  há de haver uma maneira para que eu pudesse ver isto. Vou pensar como farei, mas deixe eu saber o que eles conversaram mais.

- Sim e pela foto o que você acha?

-Amiga, penso que é um homem de gostos finos, a echarpe, o casaco de couro muito bem-acabado, não eram aquelas coisas grosseiras, a gola tinha um belo acabamento, que somente casacos finos tem, um pesponto em toda ela, o casaco era castanho, como já disse o cachecol verde bem arrumado no pescoço, cabelo bem arrumado.  Perguntei-lhe: Que perfume usas.

 Minha respiração parou! No sonho eu tinha sentido o cheiro daquele homem, o sonho fora muito real, eu tocava no homem, eu lhe peguei eu o beijei, abracei, deitei minha cabeça no seu peito e senti o cheiro gostoso de madeira, e lhe perguntei qual perfume usava e ele disse –me   “Há muito que uso “Eau Savage” “ e eu teria comentado, adoro amadeirados. Ao que respondeu; eu também.

- Sim e qual é o perfume?

EAU SAVAGE

-Boa noite, hoje não dá mais para continuar, estou aflita, visivelmente emocionada e querendo entender o que está se passando...

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