É domingo, mais
um deles, iguais na nomenclatura, diferente por todos os outros motivos.
Cheguei da caminhada bem a tempo de não pegar uma chuva, que, sem qualquer aviso, cai forte. Resisto por um momento, mas a chuva cai tão forte ganhando mais força
nos beirais por força da água que escorre do telhado, que eu venho deitar na
rede. Gosto de ver a chuva cair, sempre tive um sonho de ter uma casa toda de
vidro exatamente para ver a chuva cair. Em Portugal achava o máximo olhar o
teto do Vasco da Gama e ver a água escorrendo por ele.
O cano do esgoto
faz um som estranho, deve ter sapo dentro dele o que impede a água de ter o seu
curso normal, olho para o cano e não dou
muita atenção. De onde estou vejo o tanque azul da casa do vizinho. O tanque
resiste ao tempo, deve ser por isso mesmo que o seu fabricante tem o nome de FORTLEV,
uma junção ótima, penso eu, pois ser forte e leve ao mesmo tempo deve ser
estupendo.
A chuva molhou
toda a varanda, a mesma que eu tinha acabado de limpar, não me importo, pois se
não tivesse chovido eu não teria deitado na rede para apreciar esta coisa mais
bela da natureza que é o céu chorar. As lágrimas de hoje parecem ser de
felicidade, porque mesmo com pingos fortes, com uma grande intensidade, ela não
impede que o sol brilhe um pouco entre as nuvens; ele quer sair e procura
esgueirar-se entre as nuvens, criando espaço para expandir os seus raios
amarelos.
A chuva parou,
tudo está muito verde, os pássaros voltam a cantar, inúmeros deles, não os
identifico. Em cima do carro um pássaro enorme com um bico marrom e uma penugem
amarela no papo insiste em picar o vidro do para brisa. Por que será que ele
faz isto? Não nota que o negócio é muito duro, que não é comida. Ele insiste.
A palmeira está
ali verdinha, palmas novas aparecem, ela está ficando linda. Ouço um miado
insistente, espero que o fdp do gato do vizinho não esteja na minha casa, ontem
tirei um de dentro do quarto, imaginem vocês, que raiva. Depois que os meus cachorros
morreram, meus belos cães um rottweiler e um enorme de uma raça que não lembro
agora, penso que um fila, não quero mais criar bicho, além do mais detesto gatos.
Não, não há
nenhum aqui no momento, mas eles, no decorrer do dia, certamente aparecerão. As
pombas ainda não chegaram, outras que abomino, as paredes ficam todas sujas.
O bouganville já
se encheu de folhas outra vez, cortamos ele bem no talo; é impressionante seu poder
de regeneração, aliás, os vegetais são recordistas neste particular, lembro das
videiras em Portugal, um período você passa por elas todas estão podadas, no
talo, de repente, as folhas e os frutos retornam com toda a força. É mesmo
impressionante. Coisas de Deus, com certeza.
Tenho de
levantar, vou fazer a comida, que por incrível que pareça, tem o predomínio do
verde, pois vou fazer quiabada. Vou ao sanitário, dou risada sozinha, pois não
é que a cortina e as toalhas do banheiro são verdes?
Tenham um bom
domingo, com muita luz e muito verde, esta que é mesmo a cor da esperança, a
cor da vida, a clorofila da alma.
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