Quando o corpo e a mente começam
a falhar e a nos pregar peças, o melhor é tirar o time de campo, aposentar as
chuteiras, recolher-se, ou, então, tentar mudar a atividade.
Por que estou a falar isto?
Porque ontem vi uma cena nada agradável na televisão, que teve como
protagonista o Presidente do Supremo Tribunal Federal, o Ministro Joaquim
Barbosa. Pois não é o que o homem, que é o “chefe” do Poder Judiciário
brasileiro, destratou um repórter, que estava apenas fazendo o seu trabalho,
podendo até mesmo ser considerado inconveniente, mas nem por isso deixaria de
estar trabalhando, mandando que este fosse “chafurdar o lixo”.
Em que pese a demonstração de
erudição com a utilização do verbo, que muitos não sabem o significado neste
país de semianalfabetos, que assim continuam e vão continuar sempre, enquanto
forem patrocinados pelas diversas bolsas de programas sociais pagas com o suor
de outros tantos, que trabalham e pagam os seus impostos, não há qualquer
justificativa para a atitude do Senhor Presidente.
Disse o Ministro em nota
divulgada momentos após o lamentável incidente e em pedido de desculpa formal e
oficial, pois quem se pronunciou foi o Supremo que ele estava “muito cansado e
com dores”. As dores do Ministro já se prolongam pelo tempo, parecem ter algum
alivio, apenas e tão somente, quando ele cruza o Atlântico e vai entregar-se a
mãos habilidosas, arianas e cuidadosas da medicina “germânica”, que se não
conseguiu resolver-lhe o problema de coluna, osmosiou-lhe a grosseria no trato
para com o “outro”. Só um conselho: o último que procurou a medicina forasteira
faleceu com insuficiência respiratória no mesmo dia em que o Ministro perdeu as
“estribeiras”.
Denote-se que o ato em relação ao
repórter não é um ato isolado, porque quem assiste, como eu, à TV Justiça pode
perceber, perfeitamente, o desconforto provocado pelo Ministro em muitos
momentos, seja entre seus próprios colegas, seja com advogados que estão na
defesa de suas causas. O Ministro e atual Presidente não tem qualquer
constrangimento em mostrar a sua insatisfação quando é contrariado em suas ideias.
Chega mesmo a tratar mal alguns querendo impor as suas teorias. Ainda bem
que o órgão é mesmo um colegiado, caso contrário não sei o que seria de nós, brasileiros, com uma presidente e um partido político, que
a exemplo das “democracias ditatoriais”
da América do Sul e Latina querem se perpetuar no poder e à sua vontade, modificar leis, usar de artifícios legais
para governar à sua maneira, vide o
exemplo das medidas provisórias neste país, com um Legislativo comandado por
homens que respondem a “processos”
exatamente por utilizarem o poder em benefício próprio e agora com um "Chefe" do Judiciário destemperado, enfim.
Evidentemente que o Sr.
Presidente tem de ser enérgico, ele tem de manter a ordem, e por vezes alguns
passam do limite, mas isto não significa que deva ser descortês. As caras e
bocas do Sr. Presidente ao presidir as sessões não condizem com a excelência da
posição ocupada. Não nego que gosto da maneira
com que os senhores Ministros criticam os seus pares. Gosto de ver os pedidos
de vênia, toda vez que isto acontece lá vem uma bomba para cima do relator, revisor,
enfim, de quem está lendo o voto.
Aprecio a maneira irônica, mordaz em alguns. Gosto de ver as hipérboles, as
parábolas, as metáforas. Eles são mesmo inteligentíssimos, cultos, e por isso
mesmo é que fico atenta a tudo, aos gestos, às palavras, às expressões faciais,
que demonstram a contrariedade de cada um deles quando discordam do que está
sendo exposto, mas nada se compara à expressão facial e corporal do Presidente
do Tribunal. Ele tem muitos “tics”, se mexe na cadeira, vira para um lado, para
outro, balança a cabeça, enfim, não esconde de maneira nenhuma a sua
insatisfação, quanto pior, quando parece estar sempre apressado para acabar a
votação e a sessão.
Saudades tenho do Presidente
poeta, tenho um colega que insiste em falar mal dele, mas que mal há em ser
cordato, educado? Eu não tenho nenhuma destas características, por isso mesmo
me afastei da vida pública, porque caso contrário, estaria agora presa e
acusada de agressão, porque por muito pouco, pouco mesmo, não parti para a
violência contra alguns profissionais e partes que, descaradamente, arrumavam
testemunhas falsas, faziam declarações falsas, enfim, utilizavam a justiça
efetivamente como meio de enriquecimento ilícito. Das vezes que pude interceptar isto, o fiz,
mas, muitas vezes tive de calar, me vilipendiar por dentro, chorar dentro dos
meus quartos de hotel, por, apesar de saber estar diante de mim uma prova
forjada, nada poder fazer, porque não tinha como provar isto e tive, muitas
vezes de me calar e “não fazer justiça”: cumpri sim, como sempre, a lei, mas
não fiz justiça. Por isso mesmo, deixei o judiciário. Fico hoje imaginando os
meus colegas a se debaterem com as causas de indenização por danos morais, acho
que teria uma sincope em plena audiência.
É Senhor Presidente, o Mensalão acabou, os
seus dias de herói já se foram, a sua lua de mel com a imprensa acabou. O Senhor
é o Presidente do Superior Tribunal Federal, o senhor tem de manter, querendo
ou não, uma postura adequada com a sua posição e também deve lembrar que o
judiciário está passando uma fase muito difícil, os juízes desprestigiados,
desrespeitados, acéfalos. O País precisa de um Supremo Tribunal Federal
atuante, chefiado por um homem que realmente faça a diferença, entretanto não
precisamos de destemperos, porque eles demonstram fragilidade. Também não
queremos um presidente que venha a presidir sessões em camas hospitalares,
naturalmente fabricadas em terras outras, as nossas não devem ser tão boas.
Cuidado com a saúde, física e mental, pois.
Ele que vá chafundar num hospicio de primeira!
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