"Quem tudo quer tudo perde"
“Em terra de cego quem tem um
olho é rei”;
“Quem tem telhado de vidro não
joga pedra no do vizinho”;
“Macaco não olha para o rabo”;
“Pé que não anda não dá topada”;
“Casa de ferreiro, espeto de pau”;
“Por fora bela viola, por dentro
pão bolorento”;
“Quem boa romaria faz em sua casa
tá em paz”;
“Boca falou cú pagou”.
Estes ditos eram muitos comuns na
minha casa; cresci ouvindo isto em muitas situações. Minha mãe tinha, e ainda
tem, mania de provérbios, não só ela, minha avó Nieta também se expressava
muito com os provérbios. Com o uso deles elas
tentavam educar, a mim e aos meus tios e irmãos; tentavam mostrar determinadas coisas que à época não
entendia direito, porque sempre achava
que quando elas estavam aplicando algum
provérbio em alguma situação eu estava
errada, alguma coisa eu fizera mal feito, ou tencionava fazer malfeito e lá
vinha o desgraçado do provérbio a me fazer voltar à situação anterior, à realidade, enfim, desfazia-me as ilusões e colocava-me, outra
vez, na minha própria vida, na minha realidade, no caminho, para as “proverbistas”, certo.
Lembro-me que quando pedia a
minha mãe para ir brincar na casa de alguma amiga, ela dizia “quem boa romaria
faz em sua casa esta em paz”. Não negava,
nem deixava, apenas lançava isto no ar como uma sentença e pronto; desfazia-me
todas as ilusões de que poderia fazer o
que eu queria, que era, efetivamente, brincar com a minha amiga na casa
dela. Ouvi isto por toda, mas toda a minha vida mesmo,
inclusive depois de adulta.
Em outros momentos, quando alguém
lá de casa fazia alguma coisa malfeita, tipo traquinagens, ou praticava alguma
falta de educação, como por exemplo: ir a aniversário e comer os doces, ela
dizia “boca falou cú pagou” numa alusão às criticas que fazia quando, em
aniversários, os filhos das conhecidas dela avançavam nos pratos de doce. Se
vocês não lembram, há algum tempo atrás, a gente saia para o aniversário de
barriga cheia, para não parecer que estávamos
mortos à fome e avançassemos nos doces que estavam ali, exatamente, para
serem comidos. Pensem aí!
Um outro dito que tinha muita
aplicação na minha casa era: “quem tem
telhado de vidro não atira pedra no do vizinho”. Isto eu ouvi muito mesmo, todas as vezes que criticávamos
alguma coisa de alguém, minha mãe ou a minha avó dizia isto. A gente se calava
mesmo, pois se bem pensássemos
fazíamos ou fizemos algum dia, exatamente aquilo que estávamos criticando. Outro ditado com o mesmo significado era mais
ouvido ainda: “macaco não olha para o rabo”. Este último é divino. Aliás,
devíamos lembrar sempre destes dois ditos, porque se lembrarmos deles paramos
de criticar o próximo.
“Em boca fechada não entra
mosquito”! Este aqui era um grande aliado meu, que gostava de falar demais. Eu
falava de tudo e muito, me metia onde não devia, dava palpites, falava coisas
com as pessoas erradas, e, muitas vezes, fui salva da “porrada” certa que vinha
se eu continuasse falando, com este provérbio, que minha mãe muito seriamente e
com a voz meio empostada dizia olhando fixamente para a minha pessoa. A senha
estava dada, e eu calava a boca na hora, justo em tempo de evitar a besteira
que iria fazer. Ainda hoje guardo isto
na mente, guardo tanto que por vezes fico até calada demais, com certeza, de
boca fechada, mas “comendo moscas”. Aqui também pode ser aplicado um outro
provérbio que ouvi muito: “quem fala
demais dá bom dia a cavalo”. Fui falar isto para o meu neto, ela quase morreu
de rir, não deve ter entendido o sentido da coisa, com certeza.
Tudo enfim, lá na minha casa, podia ser ou
solucionado, ou evitado, ou até mesmo perdoado com um provérbio.
Quando eu o Tininho apanhávamos muito e minha mãe
recebia alguma repreensão de vizinhos, de irmãos ou amigos, ela sempre dizia: “pé
de galinha não mata pinto”. Porra, isto funcionou bem lá em casa, esta estória
do pé da galinha não matar pinto justificou mesmo muitas, mas muitas surras,
seja de palmatória, de cinto de couro, de cipó caboclo; pode não ter matado,
mas machucou e doeu para cacete.
“Por fora bela viola, por dentro
pão bolorento” uma alusão a quem gostava de demonstrar o que não era. Este aqui
era uma característica do meu avô Regis, ouvi algumas vezes ele dizer isto, não
me lembro em que circunstância, mas ele dizia isto com certeza. Eu achava isto engraçadíssimo; quando ouvi as primeiras vezes não entendia perfeitamente o que isto queria
dizer, mas, com os anos, e em muitos momentos conhecendo as pessoas a quem o
meu avô, ou qualquer pessoa que o empregasse, referia-se, passei a entender
perfeitamente o significado. Continuo achando que este provérbio tem grande
aplicação e muitos deviam ouvir isto todos os dias.
“Filho de puta tira a mãe da
culpa”. Este é dos bons! Quantas vezes ele tem aplicação. Os pais que não
querem assumir os seus filhos que o digam ( sem qualquer alusão). Tenho de dizer
que o meu filho é a cara do pai e que conheço muitos pais que “tem a cara dos
filhos”!!!!
Todavia, apesar de tantos e
tantos provérbios, que sempre trazem uma lição de vida, trabalham a moral, os
bons costumes, a educação, pois com eles podemos aprender e ensinar de uma
maneira mais simples e direta regras de
conduta que, se seguidas, impediriam muitas e muitas ações erradas, muitos
contratempos, muitos conflitos; há um que eu tenho em mente e que sigo ao longo
de toda a minha vida, que é: “PÉ QUE NÃO
ANDA NÃO DÁ TOPADA”. Com isto na cabeça cresci sempre entendendo que não se
pode parar, não se pode desistir, que a caminhada pode ter muitos obstáculos,
mas não devemos recuar, que para alcançarmos
as nossas metas é necessário
procurar os meios para isto, enfim, não podemos ficar parados esperando
a morte chegar, temos de arriscar sem sermos irresponsáveis, mas há que se correr riscos em busca do sonho, do
objetivo, as topadas fazem parte do próprio caminho, lembrando, também, que “coloca-se
o chapéu onde o braço alcança” .
Então, que tal dar mais atenção
aos provérbios, aos ditos que seus pais, avós, parentes e pessoas mais velhas aplicam
para nos alertar de tantas e tantas coisas, que podiam ser evitadas, apenas, se
lembrássemos do que eles, com a sua sabedoria e na sua simplicidade falam? E nunca esqueçam: "PIMENTA NO DOS OUTROS É REFRESCO"!!!!!
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