sexta-feira, 20 de maio de 2011

Beijo Gelado

Fui andar aqui pela Serra de Carnaxide, por incrível que pareça, ao meio dia, porque antes é impraticável. A esta hora o sol já está mais firme e a gente não sente frio, mesmo que esteja ventando muito. O dia estava lindo e o céu azul disputando com o Tejo o encanto da cor.

Vou subindo a serra, já sinto o peso dos 57 mesmo, parece até brincadeira, a subida me deixa cansada, mas isto até o meio, porque do meio em diante parece que os músculos e as articulações se acostumam e ai não sinto mais nada.

Andar para mim é, e sempre foi, uma grande terapia; penso, recordo, choro, rezo, enfim, faço tudo andando, isto no nível mental, não pensem em coisas erradas, ou ando, ou faço outras coisas no plano físico, mas no espiritual o espírito vagueia mesmo. Viajo, chego, retorno, vou de novo, uma maravilha!

Mas fiz esta introdução toda para chegar onde quero, e do que vou falar agora.

De repente, subindo a serra, que é linda, calma, e de onde vejo o Tejo, mesmo de bem longe, mas numa visão panorâmica maravilhosa,me peguei cantando:

Já não sinto em teus braços,
O mesmo calor,
Já não sinto em teus beijos,
O mesmo sabor,
Tua voz já não tem a mesma ternura,
Teu olhar indiferente me tortura,
Teus carinhos, onde estão os teus carinhos de outrora,
Se já não me queres amor, por favor, me manda embora,
Não, eu não quero viver ao teu lado,
Nem sentir o teu beijo gelado
Destruistes os sonhos meus,
Vai, me deixa sozinho, dá a outro o teu carinho
Sejas feliz, Adeus.

De inicio me surpreendi em lembrar-me de toda a letra; depois, fiquei remoendo o motivo de me lembrar desta música. Onde eu a ouvia? Por que será que eu me lembro dela todinha assim? Será que ela me diz alguma coisa no presente? Será que disse no passado?

Não, não diz nada a mim em especial. A memória não me levou a qualquer fato que me ligasse a esta canção, que se chama Beijo Gelado. O seu autor, olhe que vi isto na internet, porque não ligaria a canção ao nome do compositor ou do cantor de maneira alguma,é Rubens Machado, e o cantor era uma pessoa de nome José Augusto (O cantor Galã), mas depois vi, na mesma internet, que ela já foi regravada por outros nossos cantores: Agnaldo Timotéo, Chrystian e Ralph.

Bom, como a música não me levou a lugar nenhum, muito vagamente a algum serviço de alto-falante em alguma cidade do interior, o que não creio, porque pelo que vi nas informações, o Jose Augusto cantava isto na década de 70, e eu, se bem me lembro, já não morava mais no interior e já não ouvia o alto falante, passei a analisar a letra por ela própria.

Rapaz, não nego não; tem gente para tudo mesmo. Por que será que as pessoas mentem, por que será que elas, ao invés de, por pior que ela seja, dizerem a verdade na cara do outro, principalmente quando se trata de relação amorosa preferem a mentira, o omitir, o enganar? Por que elas fazem o outro sofrer sem qualquer piedade e cabimento. Pensem a dor que é você saber que a pessoa não mais lhe quer, que demonstra isto por todos os poros, mas não lhe deixa e nem assume isto?

Veja quando o autor da letra diz: “sua voz já não tem a mesma ternura, e o seu olhar indiferente me tortura”. Porra! Que dor não é para aquele que esta se sentindo desamado sentir o desprezo do outro até mesmo pela voz; não falo nem dos olhos, porque este são mais difíceis de enganar, os olhos são mesmo espelhos de cada um, somente um grande artista, um grande enganador, um grande cínico consegue enganar com os olhos, mas quando nem com a voz você consegue mais esconder o que lhe vai no íntimo é ruim: Para que insistir? Quanto pior, quando o parceiro sente tudo isto e pergunta o que esta acontecendo, e o outro tem a desfaçatez de dizer : “nada, você está vendo coisas onde elas não existem “.

Pois é amigos, vejam esta letra, analisem as suas palavras, analisem a dor, e vejam se vale a pena enganar alguém tanto. Tome atitudes corajosas, não esperem que o Outro é que, com tanta dor, como demonstrada nesta canção, tome a iniciativa de por fim a um “grande amor”, porque ele continua a amar, tanto que prefere desistir a viver com outrem que demonstra toda a sua indiferença em gestos, palavras, corpo.

Não queira sentir um beijo gelado, nem mesmo em sendo “sorvete”. Beijo só serve quente, porque quando o danado é bem dado, quando todo o corpo treme na hora que os lábios se tocam, na hora em que eles são sugados, na hora que a gente pensa que vai entrar no outro pela boca a dentro, não há como se pensar em coisa gelada, a não ser para baixar o fogo que vai crescendo e esquentando tudo, o que as vezes é necessário. Que saudade !!!!!!!


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