Estou aqui em casa, o dia é chuvoso, estou na rede e olho as
minhas plantas balançando os seus galhos a cada pingo de chuva que cai sobre
elas. Gosto de olhar a chuva cair, gosto sim, mas, ao mesmo tempo que gosto
disto, fico pensando em quantas pessoas devem estar a pedir que esta mesma
chuva pare, porque ela pode lhes causar prejuízo, dores, até mesmo mortes. Fico
entediada e penando como a vida é dicotômica. O que pode ser prazer para um,
como é o meu caso, pode ser uma tormenta para outrem.
A chuva aumenta e o meu pensamento divaga; volto ao passado,
à minha infância: lembro que, quando criança, lá na nossa casa em Camaçari, uma
chuva desta era motivo de muita alegria; primeiro porque não precisaríamos
encher os tonéis de água naquele dia e até, dependendo da quantidade de chuva,
por um dia ou mais. A responsável por encher o tonel era minha. Eu tinha de
carregar mais de 20 latas de água, daquelas quadradas de tinta, de uma fonte
que havia no fundo do nosso quintal, a fonte não era nossa, era pública, todos
dali da região utilizavam água daquele poço. Essa fonte distava da minha casa uns 500m ou
mais um pouco. Era uma boa caminhada para ser feita com uma lata de água na
cabeça. Eu precisava fazer a caminhada por umas 20 vezes, no mínimo, não era
uma coisa fácil, mas obrigação era obrigação, e esta era a minha, todos os
dias, durante todos os dias do ano, sem direito a descanso semanal, feriados,
etc. Eu não reclamava, pois se assim o
fizesse ainda podia ser castigada, e, ou apanhava, ou então seria de mim tirado
algum mínimo prazer que tivesse, como por exemplo conversar, na boquinha da
noite, com os meninos e meninas da minha idade até as sete da noite.
Bom, mas eu estava falando do dia de chuva. O segundo motivo para a alegria com a chuva
era a festa que fazíamos, ah, que maravilha a inocência! Ali alegres, só pensávamos
em nos deixar molhar pela água da chuva, disputar a água mais grossa que descia
da bica formando um grande chuveirão, ficávamos pulando embaixo da chuva,
chutando a água empoçadas nas poças formadas pela água no chão. A água ficava
escura e nós nos sujávamos todos de lama, lama que, em poucos minutos,
desaparecia da roupa por força da própria chuva. Passávamos horas embaixo da chuva, as vezes
aproveitávamos para lavar a própria casa, aproveitando a água da chuva. Era
fantástico, e sequer nos passava pela cabeça que, logo embaixo da nossa casa,
uns três km mais abaixo, havia um riacho, que se transbordasse, atingiria todas
as casas que ficavam alrrededor dele.
Com este pensamento volto ao aqui e agora: a chuva continua
caindo, as palhas do coqueiro embalançam, penso como lúdico é tudo isto, e me
vem à cabeça que esta poderia ser uma chuva cósmica com poderes de, com os seus
pingos, limpar tudo, afastar este maldito vírus, que aqui no Brasil provoca
tantas divergências, tantas barbaridades jurídicas, tantas questões políticas,
tantas interferências na nossa liberdade.
O corona vírus aqui no Brasil serviu para, mais uma vez
demonstrar, como são os oportunistas de plantão, que se aproveitam de uma catástrofe
como está para se promoverem, para enriquecerem ilicitamente, para aparecerem politicamente
a qualquer custo. Esses miseráveis criticam toda e qualquer ação governamental,
sem, entretanto, apresentarem quaisquer soluções que possam ajudar a vencer
este flagelo. Apontam erros em tudo, e, esquecem dos seus próprios erros, vide
que alguns dos grandes críticos do governo, são, em menor escala, administradores
de estados. Esses miseráveis demonstram toda a capacidade que tem de tomar
medidas totalitárias, que visam a dominação da população que “pensam comandar”.
Vemos, a cada dia, medidas de jaez ditatoriais proibindo a liberdade do
cidadão, ferindo, sem qualquer pudor, o Art. 5 da Constituição Federal, o
quanto pior, tudo isto com a “autorização” do STF, que sem nenhum escrúpulo,
sem nenhum respeito ao povo, dão poderes a esses miseráveis governantes, afastando
qualquer ingerência local ao Governo federal. O mais interessante é que, no que
tange as medidas a serem tomadas, o governo federal está fora, proibido de qualquer
atividade, mas quando se trata de dinheiro e de fornecimento de material, aí
sim o governo federal é que é o obrigado.
É inacreditável o que vem acontecendo aqui no Brasil. Os
senhores do supremo, os deuses do Olimpo brasileiro, se metem em tudo, obrigam
os demais poderes a fazer o que determinam, infringindo descaradamente as
atribuições dos demais poderes. Viraram os ditadores brasileiros, parecendo
haver uma disputa interna na corte para ver quem consegue determinar a medida mais
interventiva e ditatorial.
Agora, Marco Aurélio determinou que o governo faça o censo de 2021, que havia sido suspenso
por força da própria Covid, pois se precisamos de todo o dinheiro disponível para
combatê-la, o gasto com o censo seria economizado em seu favor, mas o Ministro,
sem observar nada disto, e fazendo política, atendendo, mais uma vez aos
partidos que não tem qualquer força política no congresso, atende aos seus
pedidos em detrimento de tudo.
O interessante é que, ao mesmo tempo que o STF ratifica as atitudes dos administradores locais no que tange às
medidas de restrições, que chegam mesmo a decretar toque de recolher,
restrições a liberdade de ir e vir, aplicação de multas, enfim, barbaridades
contra o povo, é o mesmo STF que, contraditoriamente, determina que o censo
seja realizado, o que significa expor os agentes, que vão trabalhar na pesquisa, ao Covid, porque esses agentes vão ter de entrar
nas casas de todos os brasileiros para fazer as perguntas necessárias,
expondo-se e expondo as famílias.
Observemos bem: se um dos agentes estiver contaminado e ele for responsável por
vinte ou mais casas por dia, ele poderá transmitir o vírus a, no mínimo, 25
pessoas diferentes, esses, por sua vez, pode contaminar uma quantidade imensa
de pessoas, desde a família, aos vizinhos, colegas de trabalho, enfim. Não
percebo como um ministro do supremo pode saber mais que um especialista, e, como
deuses que estão acima de tudo e todos, resolvem que tem solução para tudo, sem
se importar com orçamentos, com planos do governo. Não se preocupam nem um
pouco com as metas estabelecidas pelos demais poderes, metas essas que foram
estudadas, trabalhadas, acordadas, planejadas. Tiram a autoridade do presidente
para, logo depois, cobrarem dele atitudes que eles mesmo impediram, com as suas
decisões, que ele tomasse.
Certamente isto vai mudar, precisa mudar: não suportamos mais
que esses onze deuses nos imponham o que eles politicamente, acham corretos.
Somos uma Nação, temos uma Constituição, que, apesar de ser todos os dias vilipendiada
por esses falsos deuses (mais para diabos que deuses), vai prevalecer e, como a
chuva que ainda cai neste momento, eliminará este vírus mais maléfico de que o
vírus chinês.
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