sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

Ainda a visita ao analista

Como foi a visita ao analista? Gostou? Ela bem que já esperava a pergunta, mas, ainda assim, ficou para lá de irritada.  “Que merda, os “ins” acham que esta é mesmo uma solução para os problemas que eles vêem em mim. Acho que não vou responder nada”
-Diga lá mulher, como foi a sessão, vocês gostou?
-Quer que eu fale a verdade?
-Claro
-Uma merda, não sei como vocês conseguem achar que aquilo é bom. Fiquei lá com cara de tacho olhando uma pessoa que nunca vi antes a esperar que eu falasse do que não quero. Não entendo como vocês têm a capacidade de falar de si a um desconhecido frio, distante, até mesmo seco.
-O que você queria? Uma mãe que lhe colocasse no colo e alisasse seus cabelos e perdoasse os seus erros?

terça-feira, 9 de dezembro de 2014

Pós visita ao analista

Chegou a casa visivelmente mal humorada. Não conseguia entender por que se tinha permitido passar por uma cena daquelas; então pagara quase a metade de um salário mínimo para falar duas palavras com um híbrido e acabar o tempo sem que nada de, minimamente, esclarecedor, ou com alguma possibilidade de sê-lo, acontecesse.
Vinha no carro e, de vez em quando, como para se acreditar que aquilo ocorrera mesmo, se olhava pelo retrovisor e via a sua cara de tacho e de besta com toda aquela situação, perdera uma hora do seu dia, perdera dinheiro, ficara mal humorada, perdera inclusive o horário de chegar a casa, um tempo precioso para corrigir algumas provas, estas sim importantes, porque sua obrigação, que fora atrasada por aquele acontecimento que não se repetiria.