domingo, 27 de maio de 2012

Uma certa tarde de sábado

Com todos os problemas acontecendo e ela estava sorrindo, sorrindo não: rindo, dando verdadeiras gargalhadas. Os olhos também sorriam, era uma bela cena. Via a felicidade daquela mãe  sentada ouvindo os seus filhos falarem das suas experiências sexuais. Logicamente os dois devem ter floreado um pouco, mas que foi muito interessante ver e ouvir aquelas estórias dos dois, isto lá foi..
O mais novo, que tem uns olhos lindos, é mais safado, pelo menos é o que transparece. Tem dezoito anos. O Outro, parece ser  mais sério, no entanto, naquele dia mostrava-se completamente à vontade e falava muito, tem uns vinte anos  e um rosto lindo..
A mãe ria muito, algumas vezes olhava para a amiga  sem saber muito bem como ela receberia  aqueles comentários, que surgiu exatamente pelo fato de que a amiga  disse que teria feito, a algum tempo atrás, um livro de “sacanagem”,  com muito sexo e uma grande história de amor, todos se interessaram pelo livro, queriam ler, mas a autora disse que não,porque pretende publicá-lo e não gostaria de que as pessoas soubessem o seu pseudônimo antes do livro estar no mercado, afinal, o que ela quer é ganhar dinheiro sem se prejudicar, porque sabe perfeitamente que o povo é mesquinho, principalmente as pessoas que já passaram, profissionalmente, pela sua vida.  Assim, prefere manter o sigilo absoluto em relação ao livro e ao pseudônimo.
Bom o fato é que da conversa do livro, quando foi explicado que as coisas que ali foram ditas e o enredo, bem como os personagens eram fictícios, porque os dois jovens estavam achando que a pessoa, ela, tinha passado mesmo pela situação; o rumo mudou,  e eles começaram a falar de si próprios como se fosse a coisa mais natural do mundo.
Talvez a amiga da mãe deixe eles tão a vontade que eles não tem qualquer acanhamento de falar de tudo, de “gozo”, “coito anal”, “quantidades de relações em um só dia”, “ejaculação precoce”, “coito oral” “falta de erecção”, “exigências das diversas mulheres”, “efeitos do alcool na hora da transa”, enfim, falou-se abertamente  da relação sexual, sem traumas, sem problemas, sem vergonhas. Um deles  disse que  transar com coroa é mesmo de lenhar, a bicha parece que nunca teve sexo, vai  numa vontade enorme que ele tem medo, em alguns momentos, de ser decepado, tal a volúpia das “coroas”. Até disse que vai  trabalhar num navio para comer as velhas todas que  estiverem no cruzeiro, é muito engraçado ver ele falar isto, porque ele tem uma voz engraçada, com um sotaque do interior misturado com a maneira jovem( rapazes) de se falar hoje,  parece que estão muito cansados, falam arrastando as letras e os sons delas como se não quizessem acabar as palavras e as frases, perenizando a expressão, é mesmo muito interessante.
O mais velho, mais sério, mas nem menos pouco safado por causa disto, tem uma voz mais forte, não canta tanto falando, é mais nordestino, mais macho, falava muito alto sobre as coisas, as suas aventuras. É bom que se diga que nenhum nome foi citado, os dois rapazes tem moral e dignidade e não sairiam comentando  a vida sexual das suas parceiras nominando-as, Estavem falando das suas experiências, apenas.  Algumas vezes a amiga da mãe pediu que ele falasse mais baixo, exatamente por causa dos vizinhos, afinal ela mora sozinha numa pequena aldeia, onde todo mundo fala de todo mundo, e não  soaria bem aos ouvidos desta população uma conversa desta  com dois rapazes dentro da sua casa. Como não se ouvia a voz da mãe, que orgulhosamente, ouvia as aventuras dos filhos, demonstrando todo o prazer de ter dois filhos “machos”, “comedores”, que honram  o gênero a que pertencem,- ainda se pensa assim-  a impressão para quem estava de fora é que ela estava sozinha com dois rapazes.
Foi muito interessante: primeiro por força da naturalidade em que a conversa estava sendo feita; segundo pela confiança deles numa pessoa que não era da família, bem mais velha que eles que ouvia e participava da conversava de igual para igual com os dois; terceiro pelas boas risadas que deram os quatro, Mãe, filhos, ela, que  ficava pensando como reagiria a sua mãe, seu pai, seus tios, até os amigos, se ela, com a idade deles, contasse alguma das suas aventuras, abrisse a boca até para dizer que deu um “beijo de língua”. O caos seria completo,  certamente tomaria castigos, não iria para nenhum lugar se não estivesse acompanhada de alguém, ou tomaria logo um “tapão” do pai ou da mãe.No seu tempo era bem assim.
Ela agradece a tarde que passou com os três, espera repetir a dose, porque quando do próximo livro de “sacanagem” que escrever, algumas das experiências  serão contadas, as suas personagens vão se inspirar nestas estórias. Os leitores viajarão, se indentificarão, porque realmente, com exagero ou não, a realidade de hoje é assim.
   

segunda-feira, 21 de maio de 2012

S.O.S: Arembepe pede socorro


Mais um final de semana em Arembepe, desta vez, entretanto, um pouco diferente, e para pior. A chuva caia forte e os moradores da Rua da Glória, como sempre, apreensivos, rezavam para que a chuva parasse.
A chuva, entretanto, continuava, ininterrupta durante todo o final de semana. Não bastasse a chuva alagando tudo, entrando pelos portões, invadindo casas, deixando gente ilhada em suas casas, faltou energia durante quase todo o dia de sábado, entretanto, isto não arrefeceu o ânimo de quem aniversariava, nem daqueles que, ilegalmente, continuam a funcionar afrontando os poderes públicos, os vizinhos, enfim, a sociedade.
Na Rua da Glória, que parece ser mesmo o calo de Arembepe, na casa de eventos, que, segundo a própria Prefeitura de Camaçari, não tem alvará para funcionamento, houve mais um evento.  Bem verdade que, primeiro sem energia, não havia som, e, mesmo quando a energia retornou, o som estava muito calmo, certamente por força dos donos da festa, porque do contrário, se a festa fosse patrocinada pela dona da casa de eventos ilegal, ninguém teria direito de ouvir algum som em suas casas, ligar a televisão, enfim. Outro dia a senhora ligou o som as 9.00 da manhã e só desligou à noite; a Rua da Gloria, até a metade, podia ouvir o som, mas não há a quem recorrer, e ainda tem quem diga, desconhecendo a lei, que de dia pode. Não pode não!O barulho, a poluição ambiental não ocorre só à noite, em qualquer horário do dia ou da noite se o som alcança uma quantidade de decibéis, ou ainda incomoda a vizinhança, isto pode ser denunciado e o órgão responsável tem de tomar providências, entretanto, isto não ocorre em Arembepe, e nem mesmo a Juíza, que, segundo alguns, manda num tal de “Brito” ou sei lá quem, que chefia uma “força tarefa”, conseguiu, através dos meios legais, pois não conhece outros, impedir que os eventos aconteçam. Por acaso conheço a Juíza e sei que ela não tem qualquer envolvimento com força tarefa e nem com ninguém da Prefeitura de Camaçari, ela recorre aos meios legais.
Se a tal da Juíza tivesse mesmo o poder que lhe é atribuído por gente que nunca viu, não sabe nem quem é, que inclusive não lhe conhecem, certamente  os sons de carros e das casas vizinhas, ao menos onde mora, não  mais incomodariam ninguém. 
O fato é que o aniversário aconteceu embaixo de toda a chuva. Parabeniza-se a aniversariante, mas não se pode concordar com a proprietária da casa de eventos que continua a afrontar o poder público e as pessoas.
Festa do dia 19.05.2012
Carros estacionados dia 19.05.2012
O incomodo da casa de eventos, todavia, não se resume somente ao som. Como não há qualquer infraestrutura para que a casa funcione, porquanto não existe estacionamento privativo para quem frequenta o ambiente, os carros dos convivas ficam estacionados na rua, que por acaso, é de mão dupla. Nesta festa alguém resolveu estacionar, também, do outro lado da rua, resultado, um carro grande não podia passar, mas, certamente, isto não tem qualquer problema, “as pessoas é que gostam de criar confusão”, como disse uma vez a senhora dona da casa de eventos. Em relação ao estacionamento há outro grave problema, quando os carros estão estacionam do outro lado da rua, não respeitam quaisquer espaços, e as pessoas que tem casas do outro lado da rua não conseguem colocar os seus carros nas garagens. Alguns já chegaram a dizer que tais pessoas são barbeiras, porque há espaço suficiente... o que não é verdadeiro.(as fotos estão ruins, mas dá para perceber),
21.05.2012 -Rua da Glória 
Rua que desemboca na Rua da Glória
De tanto estacionarem carros nos passeios, alguns moradores tiveram de colocar ferros protegendo os passeios em frente às suas casas, isto depois de terem os canos de água quebrados algumas vezes, devido ao peso dos carros nos canos
.
Mas não foi só na Rua da Glória que teve festa neste final de semana chuvoso, houve também um aniversário de um eterno candidato a vereador, que, embora nunca ganhe a eleição, é muito conhecido no meio político de Camaçari, Município a que Arembepe pertence, somente isto pode justificar que no exato dia do aniversário, a rua que fica entre a Rua da Glória e a Rua principal estivesse sendo capinada, limpa por mais de quatro garis de uma só vez, todos concentrados ali. Isto não teria grandes problemas, embora todos, assim pensa-se, paguem IPTU para ter direito à limpeza da rua, a tratamento de esgotos, escoamento de água, dentre outras coisas necessárias aqui em Arembepe, onde esgotos correm pela rua afora, fossas entupidas estouram e os dejetos são jogados na rua, devido a pouca capacidade para os inúmeros utentes de um “condomínio” não aprovado pela Prefeitura, assim espera-se, que foi crescendo sem que os senhores proprietários se preocupassem com as necessidades fisiológicas dos condôminos. Certamente com o crescimento do condomínio eles pensaram que somente iam alugar as casas a pessoas que estivesse fazendo regimes. Isto tem muito tempo, com chuva ou com sol, a fossa escorre rua adentro e vai parar na pobre e sacrificada Rua da Glória, mas isto, com certeza, não deve preocupar o poder público, os vereadores eleitos por Arembepe, por Camaçari, enfim, as pessoas que teriam obrigação de defender os interesses da comunidade.
Toldo no meio da rua
Rua da Glória manha dia 22.05.2012
Voltando ao aniversário: Pois não é que o candidato a político fechou a rua!  Colocou um toldo de um lado para outro da rua com mesas e cadeiras, fazendo da rua, onde inclusive circula carros, propriedade privada, como se isto fosse a coisa mais natural do mundo, e ninguém fez nada.
E assim Arembepe continua uma terra de ninguém todo mundo faz o que quer, de garagem particular na rua à festa privada também na rua. O engraçado é que, recentemente, Arembepe foi alvo de uma reforma em suas praças, reforma que ainda não acabou e que teve como consequência, tão somente, o acabar com o estacionamento na Praça. As duas Praças ficaram até bonitas, mas desnecessária a reforma, porque precisamos não de praças bonitas e sim de rede de esgotos, de mais escolas, de emprego para os jovens que a cada dia que passa procuram as drogas. Precisamos encontrar um meio de escoar a água da Rua da Glória, e de outras ruas de Arembepe ( a Caraúna esta, mais uma vez, alagada, desta vez a água alcançou até o Vilarejo) para evitar os constantes alagamentos, os prejuízos das famílias que ali residem e que não tem qualquer ajuda do poder público para refazer as suas casas depois das enchentes.
Praça das Amendoieras
É mesmo vergonhoso, ver tanto dinheiro gasto em embelezamento de uma vila, que sem infraestrutura não vai para lugar nenhum.
obra embargada sem solução
Entretanto, a Rua da Glória tem outro grave problema. Uma obra que já tem uns dez anos, foi embargada, parou, mas virou uma ruína em que pessoas entram para “fazer necessidades fisiológicas” “se esconder”, “tomar drogas”, e ninguém faz nada; é como se tudo ali fosse normal e legal.As construções ilegais avançam pela lagoa adentro, mas ninguém faz nada. As construções ilegais acontecem em todos os lados, vizinhos entram no espaço dos outros, sobem casas usando o muro do alheio, mas ninguém faz nada, denuncia-se o fato, mas não vem qualquer fiscal da prefeitura, enfim, é uma verdadeira baderna. As piscinas dos hotéis são esvazeadas e a água acumula-se na Rua da Glória, e a prefeitura municipal não faz nada.
Construção irregular
Mas os políticos querem fazer de Arembepe um cartão postal, uma vila turística. Louvo até a idéia, mas, com certeza, um turista mais atento só virá aqui uma vez, e não mais, porque ninguém quer ver a sua privacidade sendo prejudicada por um poder público inoperante. 
Mais Rua da Glória alagada
Aqui, da Rua da Glória, ilhada tenta-se fazer alguma coisa, por isso vou divulgar as fotos e este resumo dos fatos, esperando que, alguém que tenha alguma influência com os senhores administradores da Prefeitura de Camaçari possa interceder e que eles tomem as providências necessárias para o crescimento desta vila e dos seus habitantes, que com os seus votos ajudam a elegê-los.
esgoto  na Rua da Glória
Mar  revoltado em Arembepe

Socorro!!!!  
Felizmente, mesmo com toda a violência de um dia de chuva, temos o mar para ver e sentir toda a beleza da própria natureza, que não depende de ninguém, só, e exclusivamente, das forças do Universo e de Deus.



Um resgate histórico cultural


Rua Augusta-Lisboa
Tejo-Lisboa
Mais uma vez ouço pessoas falarem de que vão a Europa, mas não vão passar por Portugal, porque aquele país não tem nada. Falam da França, enchem a boca para falar da Torre Eiffel, dos vinhos franceses, da Notre Dame, do Sena, etc., mas não encontram atrativos em Portugal.
Não entendo mesmo, primeiro porque acho que é quase uma obrigação de brasileiro que tem condição de ir até a Europa,  conhecer Portugal, afinal de contas, queiramos ou não, a nossa história está imbricada com a daquele país, e todos nós, brasileiros, precisamos saber da nossa própria história, talvez, se soubéssemos mesmo da nossa história, não abriríamos a boca para falar com desdém de Portugal.
Eu tive motivos diversos do de ser “brasileira” para conhecer Portugal, ou melhor, a Península Ibérica; meu pai era galego de Pontvedra, Galícia, Espanha, e, portanto, queria entrar na Europa pela Espanha, mas tive de entrar por Lisboa e daí partir para a Espanha, no entanto, no meu roteiro estava Portugal, porque é um país que participou da nossa história, aliás, nós fomos Portugal em determinado tempo, porque como colônia quer éramos, pertencíamos a Portugal, portanto, o nosso território, apesar do Atlântico separando, era território português e nós, portanto, portugueses. Se eles queriam ou não que nos considerássemos assim, não interessa, o fato é que o território português era o de Portugal e suas colônias.
Santa Catarina-Lisboa

Do Brasil já governamos Portugal, ou seja, por um período as coisas se inverteram, e nós sediamos o Reino Português, e todos precisam ter a exata noção do que isto significa.  Fomos a única colônia portuguesa que teve este privilégio. Aliás não foi a toa que  estivemos sempre na vanguarda  de todo as colônias, e não foi  sem causas que alcançamos a nossa independência tão cedo,  isto se lembrarmos que as demais colônias(africanas) só conseguiram as suas respectivas independências na década de 70 do século XX, a grande maioria em 1974.
Se a Corte Portuguesa não tivesse vindo para o Brasil e se aqui não se instalasse a  Monarquia Portuguesa,(1808)talvez a nossa independência também só tivesse acontecido contemporaneamente às demais colônias.
O Rei de Portugal veio com a sua corte para o Brasil, deixou Portugal entregue ao seu próprio destino, com  Napoleão invadindo Lisboa (1807). A decisão de transferir a Corte para o Brasil não derivou, essencialmente, da invasão napoleônica, a decisão fora tomada antes, tendo em vista “a posição central ocupada pelo Brasil no sistema comercial luso-brasileiro”(MAXWELL E NIZZA DA SILVA,1986:382). O rei Dom João VI veio para o Brasil, com toda a sua corte, trazendo consigo, artistas, letrados, doutores.  Segundo (FLEIUSS;1922:64), a comitiva do rei era composta de aproximadamente quinze mil pessoas. O Brasil, portanto, em 1808 perde a sua condição de colônia, para alcançar a de Reino, e em 1816 cria-se o Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves.
Viseu-Pt.
Chaves-Pt
 Evidentemente que Portugal não fez nada de graça,  eles vieram para o Brasil porque aqui  as coisas  estariam muito melhores para eles, mas não podemos esquecer de um detalhe: a vinda da família real e da corte portuguesa para o Brasil foi um “plus” para a própria economia, para a cultura, para o desenvolvimento, para a liberdade do país, começando com a providência real de decretar a abertura dos portos às nações amigas, sem dúvida alguma o primeiro passo à caminho da independência. Com a chegada da corte, apesar da injusta medida de desabrigar os brasileiros das suas casas para que a corte se instalasse nelas, criou-se o Banco do Brasil, a Biblioteca Nacional, com o acervo trazido pelo rei composto de 4301 obras em 5764 volumes (FLEIUSS; 1922:83), dentre tantas providências.
Lisboa
Lisboa
Assim, todos nós brasileiros devíamos conhecer  o país que nos deu tanto; se nos tirou muito, também nos deu muito. Os centros das nossas cidades mais antigas são pequenas Lisboas; não que Lisboa seja grande, é que nossas cidades cresceram muito e se desconfiguraram, enquanto Lisboa continua  única, com seus sobrados, com suas ruas estreitas, com os seus becos, com as suas escadinhas, com a sua identidade.   Quando chegamos a Alfama no centro de Lisboa, e caminhamos pelos seus becos e ruelas, em muitos trechos nos vemos em São Luiz do Maranhão, em Salvador,  na Lapa no Rio de Janeiro, em Outro Preto, Congonhas, Olinda, a influência de Portugal está em toda parte.
Os fortes: Ah os fortes! Maravilhas da construção portuguesa no nosso país, guardavam a terra contra outros invasores. As nossas igrejas, a exemplo da Igreja de São Francisco em Salvador – Bahia. Há obra mais perfeita  de arquitetura? Quem  idealizou isto e fez isto possível? Quem, de uma maneira ou de outra, usando os nossos índios ou não, utilizando ou não braços escravos, construiu aquedutos, fortes, fortalezas, cidades? Lembrem-se de Olinda, em Pernambuco, do forte de São Marcelo na Baía de Todos os Santos, do forte de Santa Maria, do Montserrat, das fortalezas em Recife, Itamaracá, Reis Magos em Rio Grande do Norte e tantos outros no nordeste brasileiro e em todo o país.
Bom não vou mais falar da influência portuguesa no Brasil, ela é visível e não adianta  ninguém querer apagar esta história, até porque ela é a nossa história; quero falar mesmo é de Portugal hoje. Pequeno!  Sim, é um país pequeno; mas se pensarmos  exatamente nesta pequenez e  lembrarmos o que ele conseguiu fazer em tantas partes do mundo, já conseguimos vislumbrar a sua grandeza. Não estou querendo fazer qualquer apologia de Portugal, mas temos de tirar o chapéu para um país que conseguiu chegar a tantos lugares, Ásia, África, América do Sul e deixar as marcas da sua passagem.
Rossio -Lisboa

Quando vocês chegarem à Lisboa, certamente, todas estas  impressões errôneas cairão por terra,  Ninguém que for a Portugal vai esquecer  Lisboa, onde você pode partilhar cultura com tantos, a cidade é cosmopolita. Há  gente de todos os lugares naquela  capital, seja das antigas colônias, seja  da Europa atual. Cruzamos nas suas ruas com gente de todos os cantos do mundo, bem verdade que  os africanos, indianos, chineses, são mais facilmente identificáveis, os traços físicos os fazem inconfundíveis. Portugal teve colônias em Macau, Timor, Índia, África (Angola, Cabo Verde, São Thomé, Moçambique, Guiné) e seria impossível não encontramos  pessoas destes lugares  instaladas na cidade. Os chineses são  diferentes, porque eles estão em todos os lugares do mundo, parecem onipresentes, tudo igual, mesmo cabelo, mesma cara, mesmo olho puxado, enfim.
Nos transportes podemos ver pessoas falando diversos idiomas, ficamos  com cara de besta vendo tantos falarem tantas línguas diferentes.  Vamos ficar encantados quando um motorista de ônibus, um atendente que trabalha no guichê de passagens, um garçom, muitos outros profissionais, falarem francês, inglês, espanhol, alguns até mesmo alemão. É bem verdade que não são todos, mas você vai se surpreender mesmo com a quantidade.
Há preconceitos? Há sim, mas o que nós queremos? Afinal aquele país  nos perdeu, e ninguém pode ficar satisfeito perdendo  um país como o nosso, ficaram um tanto complexados, mas isto não  obscurece a grandeza de Portugal .
Badajoz-Es
Ruína romana-templo de Diana-Évora-Pt
Passear pelo interior de Portugal, encontrar ruínas romanas, ver a influência árabe, deambular pelas suas cidades, pelas suas praias, é sensacional. Temos muito que ver naquele país.As pessoas que  dizem que não tem interesse em conhecer Portugal que preferem a França, a Inglaterra,  vão mesmo ficar boquiabertos.
Ir até o Alentejo, visitar o templo romano dedicado a Diana em Évora, ver as Igrejas seculares,a Sé de Évora foi  iniciada em 1186, os castelos medievais, as muralhas, os grandes mosteiros,  andar pelas ruinhas e praças, ver  a Unversidade,(1559) dali ir a Elvas, atravessar para a Espanha, alcançar Badajoz é sensacional.  De todas as direções que tomar, saindo de Lisboa, você vai alcançar a Espanha, é a fronteira natural do país, só com ele é que Portugal tem fronteiras na Europa, por isso mesmo  os portugueses avançaram para o mar. Se seguir para o sul vai atravessar todo o Alentejo e ter várias opções de entrar na Espanha,  você  vai conhecer  o Algarve, vai ver a influência árabe em Portugal, vai alcançar  Vila de Santo Antonio e daí entrar na Espanha por Ayamonte, tudo  isto margeado pelo Guadiana, rio que  separa, em diversas localidades, a Espanha de Portugal, a exemplo de Elvas, que de um lado é  Portugal e do outro lado Espanha. Todavia, antes de chegar a este ponto, você já passou por Setubal, pela rota dos vinhos, Pela Prainha, e pode também ter acesso a belas praias do Alentejo,  a exemplo de  Lagoa de Melides,  Vila Nova de Milfontes, Zambujeira do Mar,  e muitas outras; você pode ainda no Alentejo alcançar o Algarve visitar Vila Moura, Portimão, Albufeira, Olhão, Tavira, Faro pode ir a Sagres, Lagos, e tantos outros lugares, tudo isto antes de adentrar à Espanha.
Praia de Nazaré-Pt.
Canais-Aveiro-Pt.
Se você prefer ir pelo norte vai ver  Nazaré, Fátima, Figueira da Foz, Coimbra, esta última  você não pode perder mesmo,  a influência  acadêmica de Coimbra no nosso país é reconhecida, principalmente  na área jurídica. Os nossos grandes estudaram lá.  Aveiro, Porto, Gaia, Vila do Conde, Póvoa do Varzim, Valença e vai alcançar a Galícia.
Se preferir outro roteiro, você vai para  Espinho,  Braga, Viana do Castelo, pode esticar mais um pouco e vai entrar em Trás os Montes e vai  conhecer Guimarães, antes porém vai passar em Vila Real,  e segue para alcançar Chaves, que fica  a poucos Km de Verin também na Galícia.
Ponte de Lima-Pt.
Igreja de Nossa Senhora do Sameiro Viana  do Castelo-Pt
Olhe o que estou lhe dizendo, você vai se surpreender a cada momento.  Em Ponte de Lima você vai se sentir no medievo, vai  a qualquer  momento achar que uma batalha entre  tropas  vai acontecer, de tão real que é aquela cidade.  Em Braga, quando chegar ao centro da cidade, na parte antiga, por um segundo você vai se sentir numa cidade medieval, grandes construções,  cidade cercada, inúmeras igrejas.    
Por tudo isto, por ser brasileiro, pela cultura, pela história, vá a Portugal, tenho certeza que não se arrependerá e ajudará a que ninguém mais diga que  aquele país não esta dentro do seu roteiro de viagem a  Europa, não repita mais isto e nem deixe que ninguém o faça, pois quando você fala que Portugal não presta,não oferece atrativos para o turismo, você está dando um grande atestado do seu desconhecimento, seja cultural, seja histórico. Vá lá com o espírito aberto, desfaça-se de qualquer preconceito e qualquer pré-conceito. Viva Portugal, conheça Portugal. Tenho certeza que você jamais esquecerá deste pequenino grande país.

Baía de Cascais-Pt.

Bibliografia
MAXWELL, Kenneth, NIZZA DA SILVA, Maria Beatriz,  “A Política”.  Nova História da Expansão Portuguesa, O Império Luso-Brasileiro, 1750-1822, (direc). Joel Serrão e A.H. Oliveira, Marques, Vol. VIII, (coord). de Maria Beatriz Nizza da Silva, Lisboa, Editorial Estampa, 1986.     

FLEIUSS, Max. Historia Administrativa do Brasil, 2ª.ed. São Paulo, Cia Melhoramentos de São Paulo, 1922.










         

domingo, 6 de maio de 2012

Propaganda Enganosa


Estava muito cansada; saíra da Faculdade de Direito onde estava pesquisando leis coloniais, um trabalho chato, desgastante, insípido para ela e para o seu nariz que odeia poeira. Saia dos arquivos completamente entupida, com dificuldade de respirar, nariz escorrendo e, muitas vezes, com dor de cabeça. Nesse dia resolveu não ir direto para casa, foi espairecer um pouco, mesmo com o peso das cópias de documentos que havia tirado na biblioteca.
Pegou o Metro na Cidade Universitária, saiu na estação do Marques de Pombal e desceu a Avenida da Liberdade, já eram quase 7 horas da noite, mas o dia, apesar de frio, ainda estava claro em Lisboa, veio descendo e procurando um espaço para comer, até àquela hora não havia comido nada. 
Praça do Comércio-Lisboa
Alcançou o Rossio e continuou em direção à Praça do Comércio. Nesse momento lembrou-se que ia haver a inauguração da árvore de natal da cidade de Lisboa, pensou que isso ia ser cedo e se dirigiu para o local, ficou embaixo das arcadas, do prédio secular de um dos muitos Ministérios que se abrigam no Terreiro do Paço. Estavam testando a iluminação e ela ainda viu algumas luzes da árvore formando renas, sinos, anjos, os símbolos do natal, em cores lindas, mas, de repente: tudo se apaga de vez. Uma pane no equipamento. Ainda bem que estava errada, porquanto não era o dia da inauguração, que ocorreria no dia seguinte.
Com a cabeça ainda doendo, desta vez já era mesmo por causa da fome, ela continuou andando. Pegou a rua que leva ao cais Sodré, tentou entrar em vários restaurantes, mas desistiu, estavam todos cheios de homens, ficou com vergonha, pois estava sozinha e sabia o que a sua entrada ia provocar. No Irish, então, um bar de irlandeses, pior ainda! Gringo para danar e ela seguiu, depois veio, a saber, qual era o motivo daquela invasão: O Benfica jogava com um time da Inglaterra.
Chegou até o Mercado da Ribeira pela parte dos fundos, e viu uns três homens saírem comentando que aquilo ali era um museu, que a pessoa menos velha ali já passava dos cinqüenta e muitos. Ouviu som de música e pensou em entrar, foi o que fez. Atravessou todo o mercado, que estava a fechar, e ainda tinha um forte cheiro de peixe e alcançou o hall de entrada onde ficam as escadas que dão acesso ao primeiro andar. O prédio do Mercado da Ribeira é lindo, visto pelo lado de fora chega a ser suntuoso, há uma cúpula maravilhosa. No hall de entrada há duas escadas bem largas e você pode subir por qualquer dos lados. Se subir pelo lado direito vai dar no espaço em que fica a loja de artesanato, livros e vinhos, e que vinhos! Do outro lado você dá no salão que tem um restaurante com comidas portuguesas, que não é típico, porque apesar de ser vir comida portuguesa, o faz no sistema "self service". No centro há um outro salão, e ali, naquele dia, havia uma festa, era dali que vinha o som. Chegou, olhou, mas não entrou, precisava comer alguma coisa mesmo.
Dirigiu-se, então, para a lanchonete que fica do lado direito e sentou-se ao balcão onde já estava uma senhora. Pediu uma água e um vinho do porto enquanto escolhia a sandie que ia comer, quando ouviu a senhora que estava ao seu lado dizer: "É muito grande, não vou conseguir comer sozinha!" Olhou para o lado e viu qual motivo do comentário. A sandie era mesmo enorme, nem mesmo a sua própria fome daria conta daquele pão imenso. Então, sem pensar muito, virou-se para a senhora e perguntou se queria dividir com ela que pagaria a metade. A senhora concordou e então começaram a conversar.
Ficou sabendo que aquela festa acontecia três ou quatro vezes na semana, eram bailes, segundo a senhora. As mulheres pagavam 2 euros para entrar e os homens pagavam 3. Que aos domingos o preço era maior. Que, normalmente, na quarta e quinta feiras, começava as 15 e acaba as 19 e, nos demais dias, começava as 16 e acabava as 20. Era uma sexta feira, portanto, naquele dia ainda podia ver alguma coisa, foi o que fez, acabou de comer a sandie no momento em que a música, que havia parado, recomeçou.
Levantou-se e pagou a entrada. Surpreendeu-se: Muitas cadeiras de plástico branco enfileiradas. Deveria ter umas vinte filas de cadeiras. Nas laterais da sala também, circundando quase toda ela, e em fila única, havia cadeiras encostadas á parede. No espaço entre as cadeiras enfileiradas e um palco, um bom espaço para dançar. No palco havia três homens cantando e tocando: órgão e violão, um deles só fazia mesmo cantar. Alguns casais dançavam. Ela então se sentou na última fila de cadeiras, aquela mais próxima da entrada. Na verdade só queria ver aquilo. Algumas pessoas já lhe haviam falado dos bailes da Ribeira, mas ela não sabia, não tinha noção mesmo do que era.
Colocou a sacola com os livros em uma cadeira e sentou-se na outra e começou a olhar bem para tudo. Era uma observadora naquele momento, queria entender tudo, ver tudo. E era efetivamente uma surpresa mesmo. Casais de senhores dançavam ali, dançavam muito e bem. Afinidades nos pés e no corpo, rodopiavam, faziam passos diferentes, de quem aprendeu a dançar mesmo, embora ela não gostasse daquele tipo de dança, que parece que tem os passos contados, programados, apreciava quem sabia trabalhá-los. Outras pessoas, tanto mulheres como homens, estavam sentados nas cadeiras laterais e nas das filas. Ficou observando tudo e entendeu que as senhoras ficavam sentadas nas cadeiras a espera que um daqueles senhores a tirassem para dançar. Os senhores, por sua vez, ficavam ali olhando, escolhendo quem seria a próxima parceira. Aquilo tudo lhe recordou os bailes da adolescência. Achou engraçado, hilariante até, porque estava vendo isto em pleno século XXI, numa cidade europeia e entre pessoas com idade avançada, como se diz hoje, a terceira ou quarta idade.
Ficou ali quieta admirando tudo aquilo. A música tornou a parar e ela pensou que tudo já estava acabado, viu alguns casais saindo e outros a se dirigirem para o fundo do palco. Permaneceu no mesmo lugar até que a música voltou a tocar, mas notou que o baile estava terminando mesmo, porque muitas pessoas estavam deixando o local.
Como percebeu que se ficasse olhando na direção dos homens podia ser chamada para dançar, e não sendo este o seu objetivo, estava de cabeça baixa, mas não o suficiente para não ver um senhor caminhando para o final da sala em direção à saída. Um homem alto, moreno, de bigodes, com um casaco preto até os joelhos. Viu, achou-o diferente, porque não tinha a idade dos demais que já haviam passado por ela e saído. Baixou a vista, mas foi tarde demais, o homem parou na sua frente e lhe chamou para dançar, ela recusou, dizendo que estava cheia de coisas, mostrando a sacola cheia de cópias e livros. Ele não fez por menos: Isto não é problema, tirou o casaco e colocou por cima das coisas, inclusive da sua bolsa e disse: Vamos! Ninguém vai bulir em nada. Relutou um pouco, mas foi dançar.
O cidadão dançava bem e ela percebendo, disse logo: Olhe, eu gosto de dançar, mas não sou nenhuma dançarina, ao que o homem respondeu: eu ensino-te. Estranhou a colocação do pronome, mas estava em Lisboa, era assim mesmo.
Procurava dar a distância regulamentar entre ela e o cidadão, mas este cada vez mais a puxava para junto do corpo. A cada puxada para frente ela colocava mais e mais a bunda para trás, por algum tempo foi uma guerra de vai e vem. Ela queria que o homem notasse que não queria qualquer avanço, qualquer intimidade.
O cidadão, puxando-a mais uma vez para si, disse-lhe que a primeira coisa que ela tinha de aprender era colocar os braços, que deveriam ficar em volta do seu pescoço. Ela sorriu e continuou como estava dançando, da forma tradicional, uma mão no ombro do parceiro e a outra entrelaçada com a dele e com os braços esticados á direita do corpo. Todavia, ele colocou os braços dela em volta do pescoço dele e continuou dançando, era realmente um bom dançarino e tinha uma pegada diferente, sua mão direita ficava no meio das costas dela e a mão esquerda na cintura, de maneira tal que o movimento era controlado exatamente naquele sitio.
Lisboa vista do Tejo
Gostando de dançar como gostava foi deixando aquele desconhecido lhe levar, dançou uns vinte minutos e de repente o cara pergunta: Quer namorar comigo? A pergunta lhe pegou de surpresa e ela, afastando-se do homem, começou a rir muito, nem conseguia dançar, estava parada no meio do salão numa crise de riso incontrolável.
A pessoa, também sorrindo, ficava tentando pegar outra vez o seu corpo, mas não dava, ela desandava a rir de novo. Quando ela conseguiu se refazer e recomeçar a dançar a sério, já permitiu que o homem se achegasse mais, já não evitou as tentativas de aproximação do corpo. De repente ela começa a sentir um volume esquisito na altura certa, ali onde todos vocês estão pensando. Afastou-se, queria ter uma noção melhor, mas não dava para ser tão indiscreta.
Desacostumada de tudo, pois só dançava com o ex-companheiro, que de há muito, dançando com ela, não tinha mais este tipo de excitação. Queria se aproximar para sentir mesmo a novidade antiga, mas, ao mesmo tempo, queria evitar qualquer contato, ou melhor, que o cidadão achasse que ela estava a gostar. Todavia o português era um sacana mesmo, e em um dado momento da música que estavam a dançar, que por incrível que pareça era uma musica do Bruno e Marroni, "Quer casar comigo", o cidadão fez um passo diferente e no refrão da música, que repete umas quatro vezes o quer "quer, quer, quer, quer casar comigo, ser mais que bons amigos"...: ele dava uma parada, colocava a sua perna quase no meio da dela e fazia um movimento que era como se fosse uma ida e vinda ritmada ao som da música, fazia isto tanto do lado direito quanto do lado es querdo dando uma pancadinha com o seu corpo no dela na região que vocês sabem qual. Aí é que ela se assustou! O mesmo volume que ela tinha sentido de um lado, agora, com este movimento, ela sentiu do outro lado. Pirou! O que aconteceu? Que homem é este? A imaginação foi lá para casa do cacete, isto mesmo, do cacete, porque ela tava querendo entender mesmo como é que a pessoa colocava o cacete daquela maneira, em que se podia sentir de um lado e de outro.
Ficou intrigada e, discretamente, permitia-se uma esfregadinha mais intensa do parceiro dançarino, embora tentando ser bem discreta. O volume de um lado era mais duro e maior que do outro lado. Entendeu menos ainda!
Terminal ônibus no Parque Eduardo VII
A música parou novamente e ele a convidou para beber alguma coisa. Seguiram até o bar que ficava atrás do palco. Tentou olhar direito o cidadão, mas o casaco grande, que ele já tinha vestido outra vez, porque as coisas dela já estavam mais próximas, em uma das cadeiras laterais que permitiam a vigilância constante, impedia qualquer constatação.
Pediu licença, pegou a bolsa e foi até o banheiro: Abriu a bolsa, pegou o tele móvel "celular" e ligou:
- Alô, tudo bem: Só quero saber de uma coisa, e rápido: Em que lado você bota o pau?
- A pergunta pegou o irmão de surpresa: O que? Onde eu boto o que?
- Ela responde tranquilamente: É isto mesmo! Responda rápido, de que lado você bota o pau?
- Ele, a rir muito, responde: Do lado esquerdo doida!
O Tejo e Lisboa 
È bom que se diga que a ligação foi de Portugal para o Brasil
Saiu da casa de banho e foi ter com o cidadão que estava a conversar com outras pessoas, aproximou-se e disse-lhe que iria embora, ele pediu para ela ficar mais um pouco, pois o baile já estava a acabar e que aquele era o último intervalo.
Concordou e foi dançar outra vez, até porque, agora, ela iria tirar tudo a limpo, saber mesmo onde estava se encostando. Recomeçaram a dança, e de novo, as tentativas de aproximação se sucederam. Ela deixava uma hora, outra não, no jogo safado da sedução que todos conhecem, estava a gostar daquilo, relembrava-lhe a sua adolescência, quando nos bailes, os rapazes, quando acabavam de dançar, se afastavam com a mão no bolso para disfarçar o indisfarçável. Deu o espaço suficiente para sentir toda a movimentação corporal do senhor. De novo sentiu volumes em todos os dois lados, o do lado direito mais rijo. Aí não entendeu nada mesmo, mas ficou ali, permitindo a aproximação, aquela intimidade que não era para acontecer, todavia ela estava gostando mesmo daquilo. Havia ali um começo de um jogo de sedução ao qual ela já tinha se desacostumado e, naquele momento, percebeu que nem tudo acabara com o fim da sua relação. As sensações se renovam, o desejo aparece, a vontade volta, enfim, se redescobre a vida e a vontade de vivê-la intensamente. Teve esta certeza mesmo, aquele ilustre desconhecido estava lhe devolvendo a vontade de estar com alguém, de ser feliz, de partilhar amor.

O fato é que dançou mais algumas músicas com o português bigodudo e, quando finalmente acabou o baile, quando ele parou de dançar e se afastou dela para ir embora, ela o viu colocar a mão no bolso direito e de lá tirar a chave do carro, que tinha um chaveiro de corda roliço, com mais ou menos uns 10 cm. Desatou a rir. Ria e ria mais e o cara a olhar para ela sem nada entender e a lhe perguntar o que houve? Não dava para dizer.
Cais do Sodré -Lisboa
Saiu dali e foi para casa, ria todo o tempo, e, no dia seguinte, resolveu voltar à Ribeira, afinal era sábado e tinha baile e poderia com sorte encontrar o português bigodudo. Não deu outra, ele estava lá, mesmo casaco e, parecia que estava a sua espera, pois estava bem na porta de entrada e, antecipando-se, pagou a sua entrada. Entrou e ele já lhe pegou pela mão e se dirigiram a pista de dança, não antes de colocar a bolsa dela numa das cadeiras. Começaram a dançar e ela não se conteve: ria tanto que chegava a soluçar de tanto rir. Para amenizar a situação encostou-se bem nele e colocou o rosto no seu pescoço, como se para evitar que os outros percebessem que ela estava rindo tanto, como se o balanço do corpo não denunciasse isto.
O cidadão lhe perguntava o que ela tava sentindo e ela disse que lhe falaria quando parassem de dançar. Curioso, pediu ele que parassem logo, ela assentiu e foram até o bar. O problema agora era dizer, contar a história, o motivo do riso.
Tomou coragem e disse: Não sei como você vai perceber isto, mas é melhor contar logo e tirar qualquer dúvida a respeito do motivo do meu riso:
-Você se lembra que ontem deixei você aqui no bar e fui até o banheiro?
-Ele diz que sim.
-Pois é, continua ela: Naquela hora eu fui perguntar a meu irmão em que posição ele colocava o pênis no dia a dia.
O homem, pego de surpresa,  olhou para ela com uma cara indescritível: O que? De que estás a falare?
-É isto mesmo que você ouviu. Perguntei a meu irmão isto porque você estava fazendo uma "propaganda enganosa".
-Ele, entendendo menos ainda: - Eu estava a fazere o que?
- Ela repete: Propaganda enganosa, porque você colocou a chave do carro no bolso direito da calça e ela faz um volume imenso; só que você também tinha um volume do outro lado, e eu fui perguntar para saber mesmo, dos dois lados, qual era a "propaganda enganosa".
Agora foi a vez de ele rir! Ria tanto que muitos dos seus amigos chegaram junto de si para saber qual o motivo de tanta alegria e ele, quase a chorar de tanto rir, dizia que foi a piada que ela contara sobre a "propaganda enganosa".

terça-feira, 1 de maio de 2012

Um convite presidencial ao endividamento


Ontem, véspera do dia 01 de maio – Dia do Trabalhador - , antes do Jornal Nacional, ouvi o pronunciamento da Sra. Presidenta da República Brasileira – Dilma Roussef, que, apesar do nome, é brasileira,  aliás, orgulhosa e ostensivamente, a primeira  mulher a exercer o cargo no  nosso país, dirigido aos brasileiros e brasileiras trabalhadores.(aviso que presidenta o foi por decreto da própria presidente, que faz questão de assim ser chamada). 
Confesso que não ouvi todo o discurso, não gosto  da maneira Roussef de se dirigir ao público, tampouco  aos seus pares, enfim, não gosto mesmo, no caso de política, de palavras, e sim de ações,  por isso mesmo não assisto  a tais pronunciamentos, o que é um erro da minha parte, mas cansei de ouvir promessas não cumpridas, de jogo de palavras para enganar pessoas, de alteração de dados para confirmar o inconfirmável, e de ouvir grandes  baboseiras, como  acontecia em passado recente com um presidente  que continuava achando que era um lider sindical.
Bom o fato é que ouvi algo sobre a queda dos juros, o que efetivamente está ocorrendo, não é nenhuma balela, embora isto nao seja nenhum favor que se está fazendo aos brasileiros, é sim um atributo constitucional do governo, Art. 5º,  XXXII, que tem obrigação de promover, na forma da lei, a defesa do consumidor,  mas o que veio depois disto, inclusive após o pedido da presidenta  para que os bancos particulares sigam o exemplo dos bancos oficiais, Caixa Econômica Federal e Banco do Brasil, baixando os juros, foi que me deixou estarrecida. Talvez a palavra seja muito forte, mas foi assim  mesmo que fiquei, numa surpresa sem tamanho, porque a senhora presidenta, que estava se dirigindo aos trabalhadores e trabalhadoras deste país, dizia que os juros  estavam baixando, e iam baixar muito mais, e os brasileiros e brasileiras teriam acesso a financiamentos mais baratos, inclusive, em relação  aos empréstimos consignados.
Porra! então  nós queremos que os juros baixem para nos endividarmos, para comprometermos os nossos parcos salários mais ainda? É este o discurso de desenvolvimento? Bom, provavelmente,  teremos que nos endividar  para colocar nosso filhos nas escolas particulares, para pagar as universidades particulares, os cursos técnicos particulares – lembrando que de uns tempos para cá, os cursos oferecidos pelo SESC e SENAC  são pagos, para pagar assistência médica particular, pagar mais IOF e outros impostos ao governo para que este  tenha maior arrecadação, e para que os senhores empresários aumentem os seus lucros em razão do crescimento do consumo.
Como não assisti todo o pronunciamento, não sei se  a senhora presidente  falou de algum aumento real, se lembrou dos aposentados, outrora trabalhadores e trabalhadoras deste país, que não terão aumento, porque certamente, depois que fazemos 60, 65 ou 70 anos, possivelmente, não precisamos de comer, dormir, ter lazer, nada, ficamos velhos e pronto, embora continuemos a  contribuir para o sistema de previdencia social, tal qual um trabalhador da ativa.
Também não sei se a senhora presidente falou sobre a formação profissional do trabalhador brasileiro, se há alguma perspectiva do aumento de vagas para cursos de qualificação, claro que patrocinados pelo Estado, para que as vagas que existem  para os trabalhadores, as que estão sendo oferecidas, possam ser preenchidas a curto prazo.
Fico indignada com  a imagem que se está formando no exterior  sobre o Brasil, posso dizer isto  com uma grande certeza. Há uma propaganda enganosa retada, porque  depois que o Senhor Presidente Lula  convocou os brasileiros que estavam fora do país  para  retornarem ao país das maravilhas,  uma grande maioria deles começou a voltar e a divulgar que no Brasil ia se dar bem, que havia muitas vagas de emprego, que estava na hora de "go back home".
Sem dúvida que eles merecem voltar.  Uma grande maioria vive de forma precária, embora muitos deles  vivam melhor lá de que nas suas cidades de origem aqui no Brasil.  Uma grande maioria tem subempregos, aliás,  coisa que também aqui teriam,  no entanto,  sobrevivem e, se conseguem a sua regularização no país onde estão, têm acesso a um imenso número de beneficios. Logicamente que são tratados diferentemente, afinal a xenofobia  está em plena “moda”  no Ocidente, porque eles também estão a passar por grandes dificuldades, vide Portugal, Espanha, Grécia, Itália, e outros países da zona euro.  Sarkosy que divide com a Ministra Alemã, a poderosa,  as rédeas  da comunidade européia, há alguns meses atrás tentou, e até conseguiu, fazer uma limpeza “étnica” em França, pois mandou embora muitos e muitos  “ciganos” europeus  para fora do seu país, embora de nada tenha adiantado muito, isto porque alguns já retornaram. Agora, uma das promessas da sua campanha politica é exatamente endurecer em relação a entrada de estrangeiros no país, ao menos é o que ouvoi hoje no Jornal da Globo pela manhã, quando noticiaram os números da campanha na França, assegurando a diminuição da diferença entre o presidente da França e o outro candidato.Por falar em campanhas políticas, o Osama Been Laden a esta altura está mesmo se revirando na cova, se é que morreu mesmo e foi enterrado, porque o seu “assassinato” está sendo usado como um trunfo pelo presidente candidato à reeleição nos Estados Unidos.
Portugal está cheio de “poloneses” “romenos” “ucranianos”,  “tchecos”, “russos”, “indianos”, “chineses” (estes estão em todas as partes do mundo, acho eu, porque em todos os lugares que ja estive há guetos de chineses, bairros chineses,  restaurantes chineses, lojas de chineses), que conseguem vender coisas  por um preço imbatível, ainda que as coisas não sejam de boa qualidade e muitos dos artigos sejam imitações baratas de grandes marcas, que são vendidas nas feiras livres de Portugal, onde  os “ciganos” são os grandes comerciantes. Vende-se tênis de marca fabricados na Indonésia, bolsas  da Gucci, Lui Vouiton, Armani, Dolce Gabana, Tous, Lacoste, etc., todas as grandes marcas enfim, em barracas de lona armadas nos finais de semana em Lisboa, e nos dias de semana em outras praças.
As jovens que saem dos seus países ou vão ser domésticas, ou exercem a profissão do “corpo”, sem muito prazer é claro, acho eu, porque quando passo pelas esquinas das ruas do centro de Lisboa e vejo os tipos que  elas  pegam dá mesmo vontade é de vomitar, isto também acontece com brasileiras, que se prostituem para juntarem “ algum” e voltarem para o Brasil, hoje não mais com dinheiro suficiente para compar um barraco. Já conheci muita gente que conseguiu trabalhar duro na Europa e fazer casa aqui no Brasil. Já se foi o tempo, mas isto já existiu.
Em relação aos homens, a grande maioria vai trabalhar na construção civil, quando muito nos cafés de Portugal, onde  todos, e aí é sem exceção, fazem de tudo, do trabalho de servir mesas à limpeza do estabelecimento, tudo enfim, embora isto seja uma cultura  de Portugal, em que a grande maioria dos cafés e tascas são empresas familiares, em que toda uma família trabalha e faz todo o serviço, desde a limpeza até à comida.
Pois são estes trabalhadores brasileiros, que tem de ter mais de um ou dois empregos para sobreviverem fora do país, que estão sendo convidados a voltar, atraídos  com o engôdo de que aqui no Brasil há vagas de emprego. Que tipo de vagas será oferecido para um  “cidadão”, que trabalhou clandestinamente na construção civil ?  Qual a qualificação de um cidadão ou cidadã que trabalhou  servindo mesas em algum café ou restaurante de Portugal,ou de qualquer outro país? Qual o emprego que será oferecido a um brasileiro ou brasileira que limpava as arquibancadas do estádio de football(este teve muita sorte, porque embora trabalhando com os recibos verdes estava regularizado no país)? Vai ser ele lixeiro? Penso que nem isto, porque o nível de escolaridade que se exige agora para a contratação de um empregado é fora da nossa realidade, aliás, se o emprego de lixeiro  não for terceirizado, exige  aprovação em concurso público, em que é imprescindível escolaridade mínima.
A construção civil esta precisando de mão-de-obra: não duvido, a televisão toda a hora mostra a necessidade, mas o que se quer é mão-de-obra qualificada, o que não temos, porque o país não proporciona esta qualificação, descumprindo mais um mandamento constitucional, Art. 23, V. No entanto, os juros baixaram e a  senhora presidente, indiretamente, convida a que os poucos trabalhadores (funcionários públicos inclusive) que podem ter o seu salário comprometido com as consignações, se endividem para  conseguirem viver condignamente, para que possam ter os seus direitos sociais, Art. 6º da Constituição Federal.
Os funcionários públicos, que vem sendo sacrificados desde  o Governo antecessor, continuam sendo desprestigiados, mas podem e devem,aliás necessitam, tomar empréstimos consignados a juros baixos, um presente de grego do governo, para manter  seus filhos em escolas particulares, para que que possam ter uma assistência médica particular, para que eles aprendam uma língua estrangeira e possam concorrer a uma vaga de emprego, enfim, para se qualificarem, sem que o Estado, a quem cabe a obrigação de promover o acesso à cultura, à educação e à ciência, se desobrigue  de tal encargo.
Bom, como realmente não  assisti todo o programa, não posso falar de mais nada. Sem dúvida que a medida de “baixar os juros” é bem vinda, o país  precisava dela há muito tempo, no entanto, ela não pode substituir obrigações do governo para com os seus cidadãos, que não podem se endividar para qualificar a si e aos seus familiares para que possam exercer, plenamente, a sua cidadania, porque  esta somente pode ser plena quando todos tem acesso a um emprego, a um salário, Art. 6º da Constituição Federal, que lhes possa assegurar uma vida digna e isto só se consegue com educação, e não com o endividamento de cidadãos, que hoje estão na ativa e que amanhã, como hoje, serão desprezados como se fossem um entulho qualquer, embora continuem a ter descontados dos seus vencimentos a contribuição previdenciária, o imposto de renda (salário).
Obrigada senhora presidente, tentaremos seguir o vosso conselho, quem sabe possamos viver de consignação em consignação até a hora final, quando quem nos suceder assuma as nossas dívidas, que, com certeza, não serão perdoadas. Quem sabe mais um seguruzinho para os bancos possa resolver este pequeno detalhe.